segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Morituri

Título no Brasil: Morituri
Título Original: Morituri
Ano de Lançamento: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Bernhard Wicki
Roteiro: Werner Jörg Lüddecke, Daniel Taradash
Elenco: Marlon Brando, Yul Brynner, Janet Margolin, Trevor Howard, Wally Cox, Hans Christian Blech

Sinopse:
Durante a II Guerra Mundial um estranho sujeito, Robert Crain (Marlon Brando), se faz passar por um oficial nazista SS em um cargueiro em alto-mar que transportava uma preciosa carga para o esforço de guerra alemão. Na realidade ele seria um agente britânico infiltrado na embarcação. Seu objetivo seria facilitar a captura do cargueiro pela marinha inglesa antes que ele chegasse em seu porto de descarga. E se para isso fosse preciso atuar como sabotador, ele estaria pronto para alcançar esse desafio. 

Comentários:
Marlon Brando não queria fazer esse filme, mas precisando de dinheiro, acabou aceitando. As filmagens foram complicadas, realizadas em um velho cargueiro ancorado no porto de Los Angeles. A velha embarcação estava cheia de ferrugem e Brando confessou que tinha até mesmo medo de trabalhar naquele lugar. De qualquer forma ele usou sua influência de grande astro para mudar o roteiro, que originalmente era muito bom, escrito pelo mesmo roteirista do clássico "A Um Passo da Eternidade". Não foi uma boa ideia pois Brando não era roteirista de cinema. Suas mudanças prejudicaram o desenvolvimento da história do filme. Também forçou a contratação de seu amigo de longa data, Wally Cox. O resultado ficou apenas regular. O filme teve duas honrosas indicações ao Oscar nas categorias de melhor fotografia em preto e branco (indicação mais do que merecida) e melhor figurino. Comercialmente o filme foi um fracasso de bilheteria o que para Brando na época foi uma péssima notícia pois seus últimos filmes também não tinham feito qualquer sucesso. De uma forma ou outra, mesmo com tantos problemas, ainda considero um dos filmes mais interessantes da filmografia de Marlon Brando. Claro, poderia ser muito melhor, mas do jeito que ficou, até que não se tornou tão ruim como muitos dizem. 

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

A Noite das Bruxas

Título no Brasil: A Noite das Bruxas
Título Original: A Haunting in Venice
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos, Reino Unido, Itália
Estúdio: Scott Free Productions
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Michael Green
Elenco: Kenneth Branagh, Tina Fey, Kelly Reilly, Michelle Yeoh, Jamie Dornan, Rowan Robinson, Riccardo Scamarcio

Sinopse:
O inspetor Hercule Poirot (Kenneth Branagh) é desafiado a solucionar mais um mistério. A morte de uma jovem adolescente, em uma velha mansão de Veneza, se torna estopim para novos assassinatos na noite de Halloween, só que o verdadeiro assassino (ou assassina) parece ter coberto bem seus rastros nos crimes. Apenas Poirot com sua lógica dedutiva vai conseguir solucionar esse grande mistério. 

Comentários:
Pelo visto o ator Kenneth Branagh tomou mesmo gosto pelas adaptações para o cinema dos livros escritos por Agatha Christe, em especial os que envolvem o personagem Hercule Poirot. E isso é interessante porque no passado, principalmente entre os anos 80 e 90, Branagh se especializou em levar para o cinema grandes e fidedignas adaptações de textos de Shakespeare, mas tudo bem, muda-se o tempo, mudam-se as fases na carreira. Nada é para sempre. Pois bem, aqui nada temos a reclamar em termos essencialmente cinematográficos. O filme é muito bem realizado, com ótima produção e aquele clima de filme antigo que faz falta nos cinemas nos dias atuais. Claro que, com a evolução do cinema, não se vai ter mais o mesmo impacto em relação a esse tipo de história. O mundo mudou desde que a autora publicou esse livro originalmente. Agatha Christie era excelente, mas temos que admitir que sua fórmula soa agora bem antiquada. De qualquer maneira sempre é uma diversão descobrir quem seria o assassino, ainda mais em clima de noite das bruxas, com supostos eventos sobrenaturais ocorrendo em cada quarto escuro daquela velha mansão. 

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Em Ruínas

Título no Brasil: Em Ruínas
Título Original: Hwang-ya
Ano de Lançamento: 2024
País: Coreia do Sul
Estúdio: Big Punch Pictures
Direção: Heo Myeong Haeng
Roteiro: Kim Bo-Tong, Kwak Jae-Min
Elenco: Ma Dong-seok, No Jeong-ee, Ahn Ji-hye

Sinopse:
Seul está em ruínas. Os sobreviventes lutam por comida, água e um lugar seguro para viver pois as ruas estão dominadas por gangues de jovens criminosos violentos. Então surge a oportunidade de ir até uma comunidade, onde se espera encontrar alguma paz e tranquilidade, mas é tudo uma grande farsa que encobre a realização de experimentos com seres humanos, transformados em cobaias vivas. 

Comentários:
Esse filme coreano chegou ao primeiro lugar entre os mais vistos na plataforma Netflix, ou seja, despertou mesmo interesse. Pena que o espectador não recebeu boa qualidade cinematográfica em troca. É uma daquelas produções que tentam imitar em tudo os filmes americanos do mesmo estilo. E aí reside o maior problema. Ao invés de usar a rica filmografia oriental para colocar elementos novos, os produtores desse misto indigesto apenas copiaram o que existe de mais formulário no cinema dos Estados Unidos. Então é uma sucessão de clichês, um atrás do outro, cena após cena. Chegou a me irritar. Além disso os personagens tem um lado "engraçadinho" que não combina muito bem com esse cenário pós-apocalíptico. O que sobra é um roteiro raso e vazio. Até mesmo os efeitos digitais, que poderiam se tornar uma saída para um filme sem conteúdo como esse, são fracos demais. Tem um crocodilo meio esquisito por lá feito por computação gráfica e nada mais. Enfim, o pior do cinema oriental, aqui tentando apenas imitar os ianques, mas sem sucesso. 

Pablo Aluísio.

O Sargento Trapalhão

Título no Brasil: O Sargento Trapalhão
Título Original: Sgt. Bilko
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jonathan Lynn
Roteiro: Nat Hiken, Andy Breckman
Elenco: Steve Martin, Dan Aykroyd, Phil Hartman

Sinopse:
Não, não é um filme sobre os aloprados militares brasileiros tentando dar mais um golpe Tabajara em sua nação e em seu povo. Esse filme americano conta a história de um sargento do Exército dos Estados Unidos que está sempre enrolado com pequenos golpes e vigarices, inclusive se envolvendo no desenvolvimento de um tanque flutuante que nunca sai do papel. 

Comentários:
Não me entenda mal. Eu gosto muito do Steve Martin. Sempre curti suas comédias dos anos 80, sempre o considerei um dos melhores comediantes do cinema em sua geração. Só que esse filme aqui não dá. É muito, mas muito fraco mesmo! O Steve Martin estava em uma fase meio esquisita de sua carreira. Ele não sabia para que lado ir. Podia tentar fazer filmes com sabor cult, como bem fez o Bill Murray, ou então apelar para comédias cada vez mais bobocas, tentando se tornar comercialmente interessante, como fez o Eddie Murphy. No caso dessa produção ele tentou o segundo caminho e se deu mal demais. Vamos ser sinceros, essa coisa de fazer humor com exército, forças armadas e similares, já deu o que tinha que dar. Ficou datado e assim esse filme já nasceu velho e obsoleto. Um dos piores da filmografia do, repito, bom Steve Martin. Bola fora que nem bateu na trave a ainda levou vaia da torcida. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A Maldição do Queen Mary

A Maldição do Queen Mary 
Quando tomei conhecimento da existência desse filme pensei que seria mais um daqueles filmes banais de terror, ao estilo "O Navio Fantasma" e produções semelhantes. Afinal velhos navios assombrados não constituem o que poderíamos chamar de novidade no mundo do cinema, muito pelo contrário, há filmes bem antigos que exploram justamente esse tipo de situação. Pois bem, esse filme aqui tem coisas bem interessantes em seu roteiro, isso apesar de lidar com algo que já é bem conhecido dos fãs do cinema de terror. Não chegaria ao ponto de dizer que é um filme excelente, mas dentro de suas pretensões se sai muito bem mesmo. O enredo mostra o velho navio Queen Mary ancorado para visitação pública. Um casal pensa fazer uma varredura virtual da embarcação para lançar um site na internet como se fosse uma visita online ao navio, que hoje em dia é apenas um museu. Uma boa ideia, que conta inclusive com a simpatia dos administradores do Queen Mary.

Só que o lugar guarda seus segredos do passado e assim o roteiro abre linhas narrativas paralelas, mostrando os eventos sobrenaturais do presente, intercalando com as pessoas que passaram pelo navio no passado distante e ali viveram grandes tragédias, inclusive com mortes em massa. E nesse ponto temos a grande qualidade desse roteiro, muito bem escrito, que vai tecendo a narração entre passado e presente, no final explicando tudo, ligando as pontas soltas da história. Também merece elogios a boa produção, que considerei bem elegante, requintada até. O Fred Astaire dançando em um jantar no navio é uma boa ligação com o passado de glamour do Queen Mary. Enfim, um filme de terror que surpreende pelo bom roteiro. Um filme que procura assustar sem ofender a inteligência do espectador. Nos dias de hoje isso é uma verdadeira raridade. 

A Maldição do Queen Mary (Haunting of the Queen Mary, Reino Unido, Estados Unidos, 2023) Direção: Gary Shore / Roteiro: Stephen Oliver, Tom Vaughan / Elenco: Alice Eve, Joel Fry, Tim Downie, Wesley Alfvin / Sinopse: Antigos fantasmas do velho navio de luxo Queen Mary voltam à atividade após um casal entrar em seus recintos mais obscuros. 

Pablo Aluísio.

The Long Shadow

The Long Shadow
Gostei bastante dessa minissérie inglesa. Conta a história real do Estripador, não o Jack dos tempos vitorianos, mas outro assassino em série que começou a matar jovens mulheres na Inglaterra durante a década de 1970. A polícia inglesa, tão orgulhosa de sua eficiência, acabou sendo colocada em dúvida pela população pois apesar de todas as tentativas eles não conseguiam chegar no verdadeiro assassino. E isso depois de montarem uma verdadeira operação de guerra para identificar o criminoso. Conforme os meses foram passando e esses viraram anos, a coisa ficou ainda mais caótica. E o tal serial killer não parava de matar, principalmente mulheres que viviam da prostituição. Chegou ao ponto do assassino começar a debochar dos policiais, escrevendo cartas irônicas, dizendo que esperava mais dos investigadores!

O clima da série é um dos destaques. É um um clima frio, quase jornalístico e burocrata, mostrando o lado policial, o grande trabalho que tiveram para chegar no Estripador. Um fato curioso é que em certos crimes ele procurou seguir o estilo de matar daquele que é considerado o maior serial killer da história, ou pelo menos, o mais famoso. Claro que estou me referindo a Jack, o Estripador, cuja identidade real até hoje desperta controvérsias. Enfim, um bom retrato desse caso. Inclusive, para finalizar, também indico um documentário da Netflix sobre esse mesmo assassino. Como se pode perceber material não falta para conhecer esse curioso caso criminal. 

The Long Shadow (Reino Unido, 2023) Direção: Lewis Arnold / Roteiro: George Kay, baseado no livro escrito por Michael Bilton / Elenco: Jack Deam, Kris Hitchen, Lee Ingleby / Sinopse: Minissérie inglesa que recria o trabalho policial desenvolvida pelos investigadores para identificar e prender o assassino em série conhecido como "O Estripador", durante a década de 1970. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Namorados Para Sempre

Em uma época em que o cinema parece ser um jovem que só lê gibis, "Blue Valentine"é um sopro de ar fresco nessa situação infanto juvenil. O filme tem temática adulta, é muito humano, sensível, realista e para falar a verdade até mesmo barra pesada. Isso porque ao longo do filme somos apresentados a duas linhas narrativas que retratam o mesmo casal em momentos distintos de sua vida, ao se conhecerem e ao vivenciarem a destruição de seu relacionamento. Como quase sempre acontece nas relações humanas tudo é lindo e maravilhoso no começo do namoro mas conforme a vida passa os dois acabam descobrindo que o amor, se um dia chegou a existir, simplesmente desapareceu. Uma situação tão realista que todos vão de uma forma ou outro se identificar.

Esse título nacional é simplesmente absurdo e só pode ter sido criado por alguém que não viu o filme! "Namorados Para Sempre" é tudo o que o filme não é. Aliás se eu fosse utilizar a mesma fórmula idiota do tradutor nacional colocaria o nome do filme de "Não Somos Mais Namorados e o Casamento é uma Droga". Isso porque é justamente essa frase que resume o enredo aqui. Todo argumento inteligente de um filme bom tem uma tese por trás. Na minha forma de entender a tese por trás de "Blue Valentine" é a de que não existe possibilidade de sucesso em um relacionamento de duas pessoas que estão em momentos diversos da vida. Ela, estudiosa e exercendo uma profissão está em um ponto diferente da vida dele, que nunca estudou, é uma pessoa sem ambições e estagnado. O fato é que conforme mostrado no filme as pessoas mudam ao longo do tempo, conhecem outras pessoas interessantes, criam outros vínculos e nesse processo o que poderia ser interessante em uma época já não é mais em outra fase da vida. E isso se refere a tudo, inclusive amores. Quantas vezes você não já se viu nessa situação? O namoradinho da adolescência já não é mais a pessoa que seria adequada a você nesse momento de sua vida. O filme discute justamente essa questão, pois muitas vezes o amor do passado pode se tornar facilmente o fardo do presente. Reflita sobre isso.

Namorados Para Sempre (Blue Valentine, Estados Unidos, 2010) Direção: Derek Cianfrance / Roteiro: Derek Cianfrance, Joey Curtis / Elenco: Ryan Gosling, Michelle Williams, John Doman / Sinopse: Jovem casal passa por várias dificuldades em seu prematuro e instável relacionamento.

Pablo Aluísio.

Foi Apenas um Sonho

Título no Brasil: Foi Apenas um Sonho
Título Original: Revolutionary Road
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks SKG, BBC Films
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Justin Haythe, Richard Yates
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Christopher Fitzgerald, Michael Shannon

Sinopse:
April (Kate Winslet) e Frank Wheeler (Leonardo DiCaprio) formam um casal em crise. Eles vivem em um subúrbio de Connecticut com seus dois filhos. O que parece ser o quadro ideal para uma vida feliz esconde um poço de frustrações pessoais de cada um deles. De certa forma o relacionamento foi se desgastando ao longo dos anos, chegando ao ponto de entrar numa encruzilhada. Na tentativa de salvar o casamento se inicia uma série de brigas sobre se devem ou não ir a Paris, numa desesperada tentativa de salvar o relacionamento. A tensão e a angústia resultantes disso trarão sérias consequências para todos.

Comentários:
Quando esse filme foi lançado houve uma certa comparação com Mad Men (uma série de que gosto bastante). O tema é realmente parecido, a época, os conflitos, a rotina destruindo um casal etc. Apesar disso acho que na comparação Mad Men ainda é bem melhor. Não sei se é o fato de nos familiarizarmos melhor com personagens que vemos toda semana, mas o que me passou esse filme foi uma frieza muito grande, tanto do enredo como dos próprios personagens. Não consegui torcer por eles ou criar um vínculo. É um filme que não cria laços emocionais com o público. Pelo menos comigo não funcionou. Eu confesso que fui perdendo gradativamente o interesse no filme durante a projeção. Mesmo assim com esse tratamento frio e distante para com esse enredo, que na minha opinião deveria ser levado em clima caliente, o filme consegue se sobressair por causa da talentosa atuação do casal central de atores. Certamente o simples nome de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet no elenco de um mesmo filme vai lembrar na mente de muitos o sucesso "Titanic" mas esqueça qualquer tipo de comparação válida. Ao contrário do filme de James Cameron, que era pop puro, o que vamos encontrar aqui é um roteiro feito de pequenos momentos, o que para alguns vai soar como algo chato e entediante. "Revolutionary Road" definitivamente não foi feito para as massas e seu êxito vai depender muito da forma como o espectador vai encarar todo o desenrolar de sua estória. Comigo não funcionou muito mas quem sabe com outros a coisa seja diferente. Na dúvida arrisque uma conferida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Ator Coadjuvante (Michael Shannon).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Elvis Presley - Let's Be Friends - Parte 1

Elvis Presley - Let's Be Friends - Parte 1
Em 1970 a RCA lançou muitos álbuns de Elvis. Como não havia tanto material novo gravado em seus arquivos, a gravadora através de seu selo azul RCA Camden jogou no marcado mais um disco de preço promocional. O LP se chamou "Let's Be Friends" e seguindo os passos do disco "Almost In Love" também era recheado de sobras de estúdio, relançamento de singles e músicas de trilhas sonoras dos anos 60. Curiosamente esse disco nunca foi lançado no Brasil, talvez porque a filial da gravadora em nosso país tenha chegado na conclusão de que não haveria mercado para tantos álbuns de Elvis sendo lançados ao mesmo tempo. Afinal não havia como comparar o nosso país com o mercado consumidor americano. E os discos internacionais, quando era lançados em nosso país, chegavam nas lojas com atraso, muito depois do lançamento americano. 

Pois bem, esse disco abria com a faixa "Stay Away, Joe". Essa era a música título do filme "Joe é Muito Vivo". Essa é uma comédia nonsense, com roteiro maluco, que nunca chega a fazer muito sentido. De certa maneira é um dos filmes mais singulares da filmografia de Elvis onde ele interpreta um mestiço, um nativo americano, que anda de moto e se envolve em confusões. O final do filme tem uma cena digna das comédias pastelões de "Os Três Patetas" com uma casa inteira vindo abaixo! A música é divertida, segue o mesmo estilo de humor, recriando tambores e sonoridades que tentam copiar as velhas melodias indígenas, mas sem querer ser fiel. É de certa maneira mais um pop ao estilo Hollywood que obviamente não acrescentou praticamente nada dentro da discografia de Elvis Presley.

A segunda música do disco era "If I'm a Fool". Outra que soava como completa novidade para os colecionadores. Naqueles tempos as capas dos discos não traziam informações sobre as datas das gravações, os músicos participantes, nada! Assim era quase um trabalho de arqueologia descobrir onde foram produzidas determinadas músicas. Na realidade essa faixa era uma sobra (embora essa denominação possa parecer inadequada) das sessões do American Studios. Uma canção que não havia sido aproveitada em lugar nenhum até aquele momento. Escrita por Stan Kesler não é bem o que se poderia chamar de uma obra prima inesquecível. Na verdade é uma balada country até bem honesta, mas nada muito além disso. Jamais iria se destacar mesmo, ainda mais se levarmos em conta a extrema qualidade do material gravado por Elvis no American. Não foi por acaso que acabou ignorada. De qualquer maneira, para não passar em branco completamente, acabou sendo colocada aqui nessa seleção pelo produtor Felton Jarvis que adorava qualquer tipo de canção country.

E depois tínhamos a música que havia dado título ao álbum, "Let's Be Friends". Esse disco não primava muito pela organização e nem por seguir qualquer critério visível. É mesmo uma colcha de retalhos sonora, muitas vezes dita como produto caça-níquel. A música título "Let's Be Friends" é boa, tem boa qualidade técnica e uma performance na média por parte de Elvis. Ela foi escrita pelo trio de compositores Calvin Arnold, David Martin e Geoff Morrow e provavelmente seria esquecida para sempre caso não tivesse dado título a esse álbum. Originalmente ela fez parte da trilha sonora do filme "Ele e as três Noviças" (Change Of Habit), tendo sido gravada em março de 1969 nos estúdios da Universal, na costa oeste. Muitos se confundem dizendo que a música teria feito parte do pacote de gravações do American Studios, mas isso é obviamente um erro.

Pablo Aluísio. 

The Beatles - I Want to Hold Your Hand / This Boy

The Beatles - I Want to Hold Your Hand / This Boy
Em fevereiro de 1964, há exatamente 60 anos, os Beatles, uma banda inglesa que poucos conheciam nos Estados Unidos, chegaram ao primeiro lugar da principal parada de sucessos americana, a Billboard, com o single "I Want To Hold Your Hand". Desde então o mundo musical jamais seria o mesmo. Nos anos seguintes os Beatles e outros conjuntos britânicos como os Rolling Stones tomariam de assalto todas as listas de mais vendidos, começando uma nova era que seria conhecida anos depois como "A Invasão Britânica". 

É interessante porque John Lennon dizia internamente para seus companheiros de banda que jamais iria tocar nos Estados Unidos se não tivesse um single (compacto) em primeiro lugar nas paradas. Isso soava tão presunçoso para eles naquele momento que os demais riram de suas afirmações. Mas John, com a personalidade que tinha, havia batido o pé nessa posição. Ele havia informado para Brian Epstein que os Beatles só tocariam na América com essa condição. E o mais surpreendente de tudo é que essa condição um dia realmente se tornou verdade e foi justamente com esse single que chegou ao primeiro lugar da Billboard, abrindo as portas dos Estados Unidos para os Beatles! 

"I Want to Hold Your Hand" foi escrita por John e Paul na casa de Jane Asher, a namorada de Paul na época. Ele havia se mudado para a casa da família dela pois se dava bem com todos os seus parentes e desde que sua mãe havia morrido, Paul sentia falta de um ambiente familiar como aquele. O Lado B vinha com a balada "This Boy" de John Lennon. Embora fosse uma música de John, Paul obviamente colaborou muito nos arranjos e na harmonia. Paul adorava canções românticas, ternas baladas de amor como essa. E podemos perceber também que John já começava a aprimorar suas letras, fugindo mais de temas genéricos e partindo para letras mais pessoais, ainda que em seus primórdios. Assim o que temos aqui nesse single são duas músicas fortes, ambas compostas por John Lennon, auxiliado de seu eterno parceiro Paul McCartney.  Um daqueles singles que mudaram a música mundial para sempre. 

I Want To Hold Your Hand (Lennon - McCartney) - Oh, yeah, I'll tell you something / I think you'll understand / When I say that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / Oh, please, say to me / You'll let me be your man / And, please, say to me / You'll let me hold your hand / Now let me hold your hand / I wanna hold your hand / And when I touch you I feel happy inside / It's such a feeling that my love / I can't hide, I can't hide, I can't hide / Yeah, you've got that something / I think you'll understand / When I'll say that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / And when I touch you I feel happy inside / It's such a feeling that my love / I can't hide, I can't hide, I can't hide / Yeah, you've got that something / I think you'll understand / When I'll feel that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand.

Pablo Aluísio.