Carlos Magno foi um dos mais importantes monarcas medievais da história. Embora a França como nação ainda não existisse nos moldes modernos, ele é considerado um dos mais marcantes reis franceses da história, dando nome a sua própria dinastia, conhecida como Carolíngia. Tamanho era seu poder em vida que ele acumulava diversos títulos, entre eles o de Rei dos Lombardos e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, uma tentativa tardia de restaurar os dias de glória do império romano. Carlos era filho de Pepino, o Breve. Quando esse morreu começou a luta pelo trono entre seus filhos. Como era costume na era medieval o verdadeiro sucessor iria se impor pela força de sua espada. O último que ficasse em pé, vivo, se consagraria monarca e imperador.
Após vencer a disputa pela coroa com seu irmão Carlomano, Carlos Magno começou seu projeto de expansão territorial. Ele foi efetivamente um Rei guerreiro que passou grande parte de sua vida em cima de um cavalo, com espada em punho, comandando seus exércitos reais por diversas nações. Suas campanhas militares foram extremamente bem sucedidas a ponto de Carlos Magno dominar praticamente todo o mapa da Europa, com terras conquistadas na Alemanha, na Itália, Áustria, Suíça, Bélgica e Bulgária (obviamente os países aqui nomeados não existiam na época de Carlos Magno, sendo essa apenas uma forma de localizar o leitor sobre os domínios desse Rei franco). De certa forma ele ajudou a redesenhar o mapa europeu ao seu bel prazer, como aconteceria séculos depois com Napoleão Bonaparte.
Tantos anos em um campo de batalha cobraram seu preço. Carlos Magno mal sabia ler e escrever, já adulto, quando era praticamente o monarca de toda a Europa continental, não conseguia entender nem uma frase simples escrita em um documento de seu reino. Um monarca analfabeto, como quase toda a Europa naqueles tempos medievais. Por essa razão o Rei teve o cuidado de disseminar e reformar o sistema educacional. Com o apoio da Igreja Católica o Rei sonhava com o dia em que todo menino europeu pudesse estudar em escolas mantidas pelo Estado - algo que iria se concretizar nos séculos seguintes. Esse aspecto também moldou seu modo de ajudar estudiosos, artistas e intelectuais. Para Carlos Magno nem o maior dos impérios teria futuro sem uma geração de pessoas instruídas e educadas. Até para comandar seus exércitos o Rei entendeu que era necessário que cada soldado e general pudesse se comunicar através de cartas escritas.
Carlos Magno também foi um dos fundadores do sistema feudal que iria predominar em praticamente toda a Idade Média. Os escravos da antiga Roma não teriam mais espaço em seus domínios. Ao invés disso ele determinou que cada escravo se tornasse servo, ligado a um feudo, dominado por um senhor feudal. O mais poderoso e rico senhor feudal seria o próprio Rei, ligado a uma rede de nobres que lhe deviam favores em tempos de paz e guerra. Os papas também condenavam a escravidão, pois seria anticristã. De certa forma a influência de Carlos Magno na história da Europa e do mundo ocidental foi ampla e duradoura. Ele fundou muitos aspectos que iriam dominar o mundo europeu, com influências até mesmo em nossa história.
Carlos Magno morreu de complicações pulmonares no campo de batalha. Ao invés de tentar se curar com a medicina da época ele optou por jejuar, o que piorou seu quadro, o levando à morte alguns dias depois. Corria o ano de 814 e o imperador de quase toda a Europa morria em um vilarejo lamacento em terras que hoje em dia pertencem à Alemanha. Foi obviamente enterrado com toda a pompa que um Rei tinha direito na Basílica de Saint-Denis, onde praticamente todos os reis franceses seriam enterrados, mas um fato sórdido ocorreu séculos depois. Seu túmulo foi profanado pela revolução francesa. Seu caixão foi aberto, roubaram as joias e as insígnias reais de seu corpo e depois do vandalismo seus restos mortais foram jogados no pântano. Só depois, quando a monarquia foi restaurada, já após o advento da queda de Napoleão Bonaparte é que o Rei Luís XVIII mandou que os corpos reais fossem recuperados e levados de volta para a catedral onde foram enterrados. Não foi algo fácil pois os restos mortais de todos os reis e rainhas estavam misturados, sendo impossível identificá-los. Dessa forma todos os ossos, crânios e restos mortais foram colocados em conjunto em urnas que atualmente estão em exposição para turistas que visitam a famosa igreja medieval.
Pablo Aluísio.