Não, Frank Sinatra não dividiu uma cabine de gravação com nenhum outro artista. Ele não ficou face a face com nenhum outro cantor ou cantora na gravação desse álbum. Isso não significa porém que não estamos na presença de um disco maravilhoso, realmente um dos mais belos que já ouvi em toda a minha vida. Usando da tecnologia a voz de Sinatra foi unida a de outros grandes nomes do mundo da música para que o ouvinte pudesse apreciar o que havia de melhor e mais elegante em termos de música quando esse CD foi lançado, por volta de 1993. Eu o comprei apenas alguns anos depois quando o vi em promoção em uma loja de discos (lembram delas? Sim, existiram em um passado não muito remoto).
A mescla da voz de puro jazz de Frank Sinatra com os astros do rock e da pop music do mundo atual, resultou em um maravilhoso baile sonoro. Entre os convidados só medalhões como Barbra Streisand, Julio Iglesias e Bono do U2. Natalie Cole, que havia herdado a bela voz de seu pai Nat King Cole também se destaca, porém minha faixa preferida, dentre todas é "The Lady Is a Tramp" que abre o álbum. Ali, logo na primeira faixa do disco, Sinatra já dá seu cartão de visitas e manda o recado, de que ainda era o bom e velho "The Voice", algo que nem o tempo havia conseguido apagar ou deixar opaco. Quem é rei jamais perde mesmo a majestade.
Frank Sinatra - Duets (1993)
The Lady Is a Tramp
What Now My Love
I've Got a Crush On You
Summer Wind
Come Rain or Come Shine
New York, New York
They Can't Take That Away From Me
You Make Me Feel So Young
Guess I'll Hang My Tears Out to Dry
In the Wee Small Hours of the Morning
I've Got the World on a String
Witchcraft
I've Got You Under My Skin
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Elvis Presley - Jailhouse Rock
A imagem de um jovem Elvis Presley vestido com roupa de prisioneiro, dançando e cantando dentro de uma cadeia, foi considerada pelos conservadores americanos, na década de 1950, como uma das coisas mais ultrajantes que a cultura pop poderia produzir. Pastores evangélicos disseram em cultos que Elvis iria levar toda a juventude para a perdição eterna. Alguns foram ainda mais longe, afirmando que Elvis era um enviado de Satã para corroer os valores mais tradicionais da sociedade. Foi mesmo algo chocante para os padrões da época. Afinal, o que ele queria passar com aquilo tudo? Que se tornar um marginal, um preso, era algo positivo para as jovens que o seguiam?
Tudo bobagem. "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o título de "O Prisioneiro do Rock", nada mais era do que mais um musical da Metro, o estúdio de Hollywood que mais produziu filmes musicais clássicos na história do cinema americano. Com tanto Know-how de seus técnicos e membros na equipe de filmagem não é de se admirar que esse tenha sido mesmo um dos melhores filmes da carreira de Elvis Presley. Uma simbiose perfeita entre a velha Hollywood, dos tempos de Fred Astaire, com essa nova geração de jovens roqueiros que surgia. Se o Rock era a nova moda entre a juventude, então a Metro iria se adaptar para essa nova realidade.
Para Elvis o filme surgia como uma chance dele realizar seu grande sonho, que era se tornar um ator ao estilo de James Dean e Marlon Brando, seus grandes ídolos no cinema. Só que Elvis era ainda muito jovem e inexperiente para atuar nesse sentido. A Metro também não queria produzir um drama, mas sim um musical mesmo, com boas cenas de coreografia, com muita dança, ritmo e música. Embora o filme anterior de Elvis, "Loving You", tivesse sido filmado em cores, a Metro decidiu que esse novo musical seria todo realizado em fotografia preto e branco. E para realçar ainda mais isso mandou que Elvis pintasse seu cabelo na cor mais escura que pudesse encontrar. O preto forte iria agradar tanto Elvis a partir daí que ele decidiu adotar essa cor do cabelo para sempre.
Um dos pontos altos do filme surgiu exatamente na cena em que ele dançava com os demais prisioneiros. Para muitos essa sequencia acabou se tornando o primeiro clip da história da música, uma vez que a cena funcionava perfeitamente bem fora do contexto do filme. Claro, na época, a cena se tornou antológica, caindo no gosto dos jovens de uma maneira que ninguém poderia esperar. Fruto de muito empenho, ensaio e trabalho da equipe de coreografia do estúdio. Não é de se admirar que esse momento acabou se tornando um dos mais lembrados da carreira de Elvis no cinema, a tal ponto que entrou para sempre na história da cultura pop.
"Treat Me Nice" pode ser considerada a melhor canção dessa trilha sonora, logo após "Jailhouse Rock". O tema foi composto pela dupla Leiber e Stoller, grandes nomes do surgimento do rock. Curiosamente uma série de versões foram gravadas. Uma mais aprimorada foi gravada em estúdio para ser lançado no compacto duplo que traria as músicas do filme. Essa mesma versão também foi aproveitada no single. Já outra, bem mais simples, foi gravada para ser usada na cena do filme, quando Elvis a interpreta á beira da piscina.
Particularmente prefiro a versão do filme. Aliás ela só estaria à disposição dos fãs em disco muitos anos depois, em vinil, No meu caso tive acesso através do LP "The Great Performances". Infelizmente, como bem se sabe, Jerry Leiber e Mike Stoller seriam afastados da carreira de Elvis pelo Coronel Tom Parker. Eles escreveram inúmeros sucessos comerciais para o cantor, mas nem isso convenceu Tom Parker. Ele achava que a dupla cobrava alto demais pelas músicas. Veja que visão medíocre do empresário. É óbvio que cobravam acima da média, já que eram ótimos compositores. O velho Coronel Parker porém pensava como puro comércio, sem se importar com o aspecto artístico da situação. Lamentável.
E como grande parte da trilha sonora de "Jailhouse Rock" foi mesmo composta por Leiber e Stoller, outra faixa gravada feita por eles foi "I Want To Be Free". Essa nunca chegou a fazer sucesso. Como o próprio Leiber explicaria anos depois essa música era "um tema de prisão", ou seja, imaginemos o sujeito ali preso vendo a janela onde avista um pássaro, com toda a sua liberdade para voar para onde quiser. É o próprio conceito de ser livre. Para alguém que estava preso não poderia haver alegoria melhor.
Esse tema inclusive me lembra um filme clássico chamado "O Homem de Alcatraz". Nesse excelente filme um prisioneiro de Alcatraz ajudava um passarinho ferido que havia caído na janela de sua cela. Isso acabaria despertando nele o desejo de aprender a ciência que estudava esses animais. Depois de longos anos lendo e estudando em sua prisão ele acabaria se tornando um dos maiores especialistas do tema nos Estados Unidos. História real, que realmente aconteceu. O nome dele era Robert Franklin Stroud e foi interpretado no cinema pelo grande Burt Lancaster. Claro que "O Prisioneiro do Rock" não tinha toda essa densidade dramática, mas de qualquer forma vale a analogia cinematográfica. Afinal ambos os filmes, cada um ao seu modo, tinha como protagonista um prisioneiro.
Essa trilha sonora de Elvis contou com poucas canções. A RCA Victor optou pelo lançamento de um compacto duplo (EP) ao invés de um álbum completo (LP). É um desses erros que ficam para a história. Curiosamente, apesar de haver poucas faixas para gravar, Elvis levou três sessões de gravação para finalizar toda a trilha. Em termos de Elvis, que era conhecido por gravar um álbum inteiro em apenas uma ou duas sessões, foi realmente muito. A primeira sessão foi realizada no dia 30 de abril de 1957, em West Hollywood. O produtor dessa famosa sessão foi Jeffrey Alexander, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar.
Nesse dia Elvis gravou diferentes versões de "Jailhouse Rock" para ser usada no filme e no vinil, no disco oficial. Nessa mesma ocasião ele ainda trabalhou nas primeiras versões de "Treat Me Nice". A intenção era gravar logo as duas músicas que iriam fazer parte do primeiro single do filme. Obviamente foi um dos discos mais vendidos de toda a carreira de Elvis. Um marco de sucesso na indústria fonográfica da época. Nunca se vira tantos pedidos antecipados de um artista na história. A RCA colocou suas fábricas empenhadas em produzir as cópias em ritmo acelerado.E quando chegou no mercado, em poucos dias, ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas. Um sucesso absoluto.
Para finalizar esse dia Elvis se empenhou em terminar as diferentes versões de uma bela balada chamada "Young and Beautiful". É interessante salientar que esse tipo de coisa, de gravar versões diferentes para uma mesma música, sendo algumas usadas no filme e outras nos discos, iria ser abandonada por Elvis e banda. Dava muito trabaho. Era melhor gravar apenas uma versão definitiva e isso já estava de bom tamanho. Nas cenas dos filmes Elvis iria apenas fazer playback. De qualquer modo a versão oficial, a que foi lançada em vinil, era uma das mais bonitas músicas românticas dessa fase da carreira de Elvis.
E as diferentes versões também foram renomeadas pelo produtor da sessão. Por exemplo, "Young and Beautiful" foi chamada de "versão oficial", "solo version" e "Florita Club version". O mesmo aconteceu com as demais. O produtor Jeffrey Alexander era considerado um sujeito bem obcecado por organização. Por fim uma dúvida interessante: quem tocou guitarra em "Young and Beautiful"? O próprio Scotty Moore anos depois iria dizer que não havia sido ele, que ele não tinha tocado nessa faixa. Seria a única que ele não tocaria nessa trilha sonora. O único outro músico creditado nas sessões tocando guitarra e violão nessa sessão de gravação foi Elvis. Teria sido ele o guitarrista dessa gravação? Em minha opinião, sim. Tanto que anos depois Elvis voltaria a tocar guitarra numa versão improvisada (e bonita) dessa mesma música nas sessões de ensaio de 1972 para o filme "Elvis On Tour".
Raramente Elvis Presley gravava duas vezes uma mesma música em estúdio. Isso aconteceu poucas vezes em sua longa discografia. Posso me lembrar imediatamente de "Blue Suede Shoes", que foi gravada em 1956 para seu primeiro álbum na RCA Victor e em 1960 numa versão mais acústica para o filme "G.I.Blues". Outro caso que me vem na mente agora foi a da canção "Love Letters", gravada inicialmente na segunda metade da década de 1960 e depois regravada na década seguinte, dando origem inclusive ao título de um de seus álbuns oficiais. "You Don't Know Me" também ganhou duas versões de estúdio. Uma para o filme "Clambake" e outra para ser lançada em single. Nesse caso Elvis justificou dizendo que gostava bastante da música e que não havia ficado satisfeito com sua versão para o filme de Hollywood.
Então chegamos no estranho caso de "Don't Leave Me Now". Essa canção surgiu pela segunda vez na discografia de Elvis no EP que trazia as músicas do filme "Jailhouse Rock". Os fãs da época estranharam já que essa mesma balada também havia sido lançada no álbum "Loving You", nesse mesmo ano. O que aconteceu? Composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman, essa música ganhou duas versões de estúdio em um curto período de tempo. Falha da RCA Victor, esquecimento por parte de Elvis ou uma escolha do próprio cantor que preferiu melhorar a música? As cartas ficam na mesa, sem uma resposta definitiva.
Outra música composta pelos ótimos Jerry Leiber e Mike Stoller para esse filme da MGM foi a conhecida "(You're So Square) Baby I Don't Care". A versão final foi completada no dia 3 de maio de 1957. Durante as filmagens aconteceu um fato engraçado. O guitarrista Scotty Moore se esqueceu que o filme tinha que seguir uma continuidade. Assim ele tirou e colocou os óculos entre as tomadas de cena. Dois takes básicos de filmagens foram produzidos. Um mais de perto, mostrando Elvis e banda em primeiro plano. Outro mais distante, do outro lado da piscina. No primeiro Scotty surge sem óculos escuros. No segundo ele está com eles. Na montagem final as duas cenas foram editadas em conjunto, o que criou um estranho efeito em quem assistia ao filme. Era o guitarrista que fazia seus óculos desaparecerem em um estalar de dedos! No fundo um erro de continuidade mesmo.
No final de tudo a RCA Victor decidiu que "Jailhouse Rock" não ganharia um álbum completo em LP, como havia acontecido com "Loving You". Ao invés de gravar mais cinco faixas para o lado B, algo que nem iria dar muito trabalho para Elvis e banda, a gravadora decidiu que iria colocar no mercado um mero EP, mais conhecido no Brasil como compacto duplo. Assim havia feito com "Love Me Tender" e assim fariam com "Jailhouse Rock". Olhando para o passado esse foi outro erro cruacial na discografia de Elvis. Trilhas sonoras tão importantes, com músicas tão marcantes, precisavam de álbuns completos, com toda a riqueza de detalhes. Lançar em um formato de vinil considerado menor, de segundo escalão, era uma decisão completamente equivocada.
Pablo Aluísio.
Tudo bobagem. "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o título de "O Prisioneiro do Rock", nada mais era do que mais um musical da Metro, o estúdio de Hollywood que mais produziu filmes musicais clássicos na história do cinema americano. Com tanto Know-how de seus técnicos e membros na equipe de filmagem não é de se admirar que esse tenha sido mesmo um dos melhores filmes da carreira de Elvis Presley. Uma simbiose perfeita entre a velha Hollywood, dos tempos de Fred Astaire, com essa nova geração de jovens roqueiros que surgia. Se o Rock era a nova moda entre a juventude, então a Metro iria se adaptar para essa nova realidade.
Para Elvis o filme surgia como uma chance dele realizar seu grande sonho, que era se tornar um ator ao estilo de James Dean e Marlon Brando, seus grandes ídolos no cinema. Só que Elvis era ainda muito jovem e inexperiente para atuar nesse sentido. A Metro também não queria produzir um drama, mas sim um musical mesmo, com boas cenas de coreografia, com muita dança, ritmo e música. Embora o filme anterior de Elvis, "Loving You", tivesse sido filmado em cores, a Metro decidiu que esse novo musical seria todo realizado em fotografia preto e branco. E para realçar ainda mais isso mandou que Elvis pintasse seu cabelo na cor mais escura que pudesse encontrar. O preto forte iria agradar tanto Elvis a partir daí que ele decidiu adotar essa cor do cabelo para sempre.
Um dos pontos altos do filme surgiu exatamente na cena em que ele dançava com os demais prisioneiros. Para muitos essa sequencia acabou se tornando o primeiro clip da história da música, uma vez que a cena funcionava perfeitamente bem fora do contexto do filme. Claro, na época, a cena se tornou antológica, caindo no gosto dos jovens de uma maneira que ninguém poderia esperar. Fruto de muito empenho, ensaio e trabalho da equipe de coreografia do estúdio. Não é de se admirar que esse momento acabou se tornando um dos mais lembrados da carreira de Elvis no cinema, a tal ponto que entrou para sempre na história da cultura pop.
"Treat Me Nice" pode ser considerada a melhor canção dessa trilha sonora, logo após "Jailhouse Rock". O tema foi composto pela dupla Leiber e Stoller, grandes nomes do surgimento do rock. Curiosamente uma série de versões foram gravadas. Uma mais aprimorada foi gravada em estúdio para ser lançado no compacto duplo que traria as músicas do filme. Essa mesma versão também foi aproveitada no single. Já outra, bem mais simples, foi gravada para ser usada na cena do filme, quando Elvis a interpreta á beira da piscina.
Particularmente prefiro a versão do filme. Aliás ela só estaria à disposição dos fãs em disco muitos anos depois, em vinil, No meu caso tive acesso através do LP "The Great Performances". Infelizmente, como bem se sabe, Jerry Leiber e Mike Stoller seriam afastados da carreira de Elvis pelo Coronel Tom Parker. Eles escreveram inúmeros sucessos comerciais para o cantor, mas nem isso convenceu Tom Parker. Ele achava que a dupla cobrava alto demais pelas músicas. Veja que visão medíocre do empresário. É óbvio que cobravam acima da média, já que eram ótimos compositores. O velho Coronel Parker porém pensava como puro comércio, sem se importar com o aspecto artístico da situação. Lamentável.
E como grande parte da trilha sonora de "Jailhouse Rock" foi mesmo composta por Leiber e Stoller, outra faixa gravada feita por eles foi "I Want To Be Free". Essa nunca chegou a fazer sucesso. Como o próprio Leiber explicaria anos depois essa música era "um tema de prisão", ou seja, imaginemos o sujeito ali preso vendo a janela onde avista um pássaro, com toda a sua liberdade para voar para onde quiser. É o próprio conceito de ser livre. Para alguém que estava preso não poderia haver alegoria melhor.
Esse tema inclusive me lembra um filme clássico chamado "O Homem de Alcatraz". Nesse excelente filme um prisioneiro de Alcatraz ajudava um passarinho ferido que havia caído na janela de sua cela. Isso acabaria despertando nele o desejo de aprender a ciência que estudava esses animais. Depois de longos anos lendo e estudando em sua prisão ele acabaria se tornando um dos maiores especialistas do tema nos Estados Unidos. História real, que realmente aconteceu. O nome dele era Robert Franklin Stroud e foi interpretado no cinema pelo grande Burt Lancaster. Claro que "O Prisioneiro do Rock" não tinha toda essa densidade dramática, mas de qualquer forma vale a analogia cinematográfica. Afinal ambos os filmes, cada um ao seu modo, tinha como protagonista um prisioneiro.
Essa trilha sonora de Elvis contou com poucas canções. A RCA Victor optou pelo lançamento de um compacto duplo (EP) ao invés de um álbum completo (LP). É um desses erros que ficam para a história. Curiosamente, apesar de haver poucas faixas para gravar, Elvis levou três sessões de gravação para finalizar toda a trilha. Em termos de Elvis, que era conhecido por gravar um álbum inteiro em apenas uma ou duas sessões, foi realmente muito. A primeira sessão foi realizada no dia 30 de abril de 1957, em West Hollywood. O produtor dessa famosa sessão foi Jeffrey Alexander, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar.
Nesse dia Elvis gravou diferentes versões de "Jailhouse Rock" para ser usada no filme e no vinil, no disco oficial. Nessa mesma ocasião ele ainda trabalhou nas primeiras versões de "Treat Me Nice". A intenção era gravar logo as duas músicas que iriam fazer parte do primeiro single do filme. Obviamente foi um dos discos mais vendidos de toda a carreira de Elvis. Um marco de sucesso na indústria fonográfica da época. Nunca se vira tantos pedidos antecipados de um artista na história. A RCA colocou suas fábricas empenhadas em produzir as cópias em ritmo acelerado.E quando chegou no mercado, em poucos dias, ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas. Um sucesso absoluto.
Para finalizar esse dia Elvis se empenhou em terminar as diferentes versões de uma bela balada chamada "Young and Beautiful". É interessante salientar que esse tipo de coisa, de gravar versões diferentes para uma mesma música, sendo algumas usadas no filme e outras nos discos, iria ser abandonada por Elvis e banda. Dava muito trabaho. Era melhor gravar apenas uma versão definitiva e isso já estava de bom tamanho. Nas cenas dos filmes Elvis iria apenas fazer playback. De qualquer modo a versão oficial, a que foi lançada em vinil, era uma das mais bonitas músicas românticas dessa fase da carreira de Elvis.
E as diferentes versões também foram renomeadas pelo produtor da sessão. Por exemplo, "Young and Beautiful" foi chamada de "versão oficial", "solo version" e "Florita Club version". O mesmo aconteceu com as demais. O produtor Jeffrey Alexander era considerado um sujeito bem obcecado por organização. Por fim uma dúvida interessante: quem tocou guitarra em "Young and Beautiful"? O próprio Scotty Moore anos depois iria dizer que não havia sido ele, que ele não tinha tocado nessa faixa. Seria a única que ele não tocaria nessa trilha sonora. O único outro músico creditado nas sessões tocando guitarra e violão nessa sessão de gravação foi Elvis. Teria sido ele o guitarrista dessa gravação? Em minha opinião, sim. Tanto que anos depois Elvis voltaria a tocar guitarra numa versão improvisada (e bonita) dessa mesma música nas sessões de ensaio de 1972 para o filme "Elvis On Tour".
Raramente Elvis Presley gravava duas vezes uma mesma música em estúdio. Isso aconteceu poucas vezes em sua longa discografia. Posso me lembrar imediatamente de "Blue Suede Shoes", que foi gravada em 1956 para seu primeiro álbum na RCA Victor e em 1960 numa versão mais acústica para o filme "G.I.Blues". Outro caso que me vem na mente agora foi a da canção "Love Letters", gravada inicialmente na segunda metade da década de 1960 e depois regravada na década seguinte, dando origem inclusive ao título de um de seus álbuns oficiais. "You Don't Know Me" também ganhou duas versões de estúdio. Uma para o filme "Clambake" e outra para ser lançada em single. Nesse caso Elvis justificou dizendo que gostava bastante da música e que não havia ficado satisfeito com sua versão para o filme de Hollywood.
Então chegamos no estranho caso de "Don't Leave Me Now". Essa canção surgiu pela segunda vez na discografia de Elvis no EP que trazia as músicas do filme "Jailhouse Rock". Os fãs da época estranharam já que essa mesma balada também havia sido lançada no álbum "Loving You", nesse mesmo ano. O que aconteceu? Composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman, essa música ganhou duas versões de estúdio em um curto período de tempo. Falha da RCA Victor, esquecimento por parte de Elvis ou uma escolha do próprio cantor que preferiu melhorar a música? As cartas ficam na mesa, sem uma resposta definitiva.
Outra música composta pelos ótimos Jerry Leiber e Mike Stoller para esse filme da MGM foi a conhecida "(You're So Square) Baby I Don't Care". A versão final foi completada no dia 3 de maio de 1957. Durante as filmagens aconteceu um fato engraçado. O guitarrista Scotty Moore se esqueceu que o filme tinha que seguir uma continuidade. Assim ele tirou e colocou os óculos entre as tomadas de cena. Dois takes básicos de filmagens foram produzidos. Um mais de perto, mostrando Elvis e banda em primeiro plano. Outro mais distante, do outro lado da piscina. No primeiro Scotty surge sem óculos escuros. No segundo ele está com eles. Na montagem final as duas cenas foram editadas em conjunto, o que criou um estranho efeito em quem assistia ao filme. Era o guitarrista que fazia seus óculos desaparecerem em um estalar de dedos! No fundo um erro de continuidade mesmo.
No final de tudo a RCA Victor decidiu que "Jailhouse Rock" não ganharia um álbum completo em LP, como havia acontecido com "Loving You". Ao invés de gravar mais cinco faixas para o lado B, algo que nem iria dar muito trabalho para Elvis e banda, a gravadora decidiu que iria colocar no mercado um mero EP, mais conhecido no Brasil como compacto duplo. Assim havia feito com "Love Me Tender" e assim fariam com "Jailhouse Rock". Olhando para o passado esse foi outro erro cruacial na discografia de Elvis. Trilhas sonoras tão importantes, com músicas tão marcantes, precisavam de álbuns completos, com toda a riqueza de detalhes. Lançar em um formato de vinil considerado menor, de segundo escalão, era uma decisão completamente equivocada.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
The Beatles - Magical Mystery Tour
Esse disco é uma farsa! Calma, que eu vou explicar! Na verdade os Beatles nunca lançaram um álbum, um LP, de " Magical Mystery Tour". Eles apenar lançaram um EP na Inglaterra com as músicas do filme. EP era um formato com no máximo 4 ou 5 músicas que no Brasil era conhecido como compacto duplo. Os americanos, muito mais versados em marketing e vendas, decidiram que o EP era muito mixuruca, com poucas músicas e sem muito apelo comercial, até porque o telefilme só havia sido exibido na Inglaterra e mesmo assim levado muita pancada da crítica (obs: o filme é ruim demais, mesmo, não tiro a razão dos críticos da época).
Pois bem, então a Capitol tinha em mãos as poucas músicas do filme para lançar nos Estados Unidos. Então os executivos tiveram uma ótima ideia. Por que não juntar essas músicas com outras de singles que os Beatles tinham lançado recentemente? E assim nasceu esse álbum que, por ironia do destino, acabaria sendo adotado na discografia oficial inglesa alguns anos depois. "Magical Mystery Tour" tal como pensado pelos Yankes, ficou muito bom. A seleção, mesmo fruto de um certo malabarismo da Capitol, funcionou perfeitamente bem junto. Inclusive diria que é bem fiel ao que os Beatles gravavam na época. Mesmo sem que as músicas tivessem sido gravadas com pensamento em serem utilizadas em um disco, a coisa toda funcionou perfeitamente bem. Ei, isso só pode ser magia!
The Beatles - Magical Mystery Tour (1967)
Magical Mystery Tour
The Fool on the Hill
Flying
Blue Jay Way
Your Mother Should Know
I Am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
Baby, You're a Rich Man
All You Need Is Love
Pablo Aluísio.
Pois bem, então a Capitol tinha em mãos as poucas músicas do filme para lançar nos Estados Unidos. Então os executivos tiveram uma ótima ideia. Por que não juntar essas músicas com outras de singles que os Beatles tinham lançado recentemente? E assim nasceu esse álbum que, por ironia do destino, acabaria sendo adotado na discografia oficial inglesa alguns anos depois. "Magical Mystery Tour" tal como pensado pelos Yankes, ficou muito bom. A seleção, mesmo fruto de um certo malabarismo da Capitol, funcionou perfeitamente bem junto. Inclusive diria que é bem fiel ao que os Beatles gravavam na época. Mesmo sem que as músicas tivessem sido gravadas com pensamento em serem utilizadas em um disco, a coisa toda funcionou perfeitamente bem. Ei, isso só pode ser magia!
The Beatles - Magical Mystery Tour (1967)
Magical Mystery Tour
The Fool on the Hill
Flying
Blue Jay Way
Your Mother Should Know
I Am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
Baby, You're a Rich Man
All You Need Is Love
Pablo Aluísio.
The Beatles - Please Please Me
Esse foi o primeiro disco dos Beatles. Conforme dito por John Lennon alguns anos depois, eles ainda eram muito crus, jovens e inexperientes, mas mesmo assim ainda realizaram um bom disco. Isso foi em uma época em que a indústria fonográfica estava estava em um período muito bom de sua existência, com muitas vendas e lucros. As pessoas compravam discos em lojas e isso mantinha as grandes gravadoras sempre em busca de novos artistas, novas revelações. E os Beatles tiveram sua chance na EMI, no pequeno selo Parlophone que era comandado pelo excelente produtor George Martin (que também tocou piano em algumas das faixas do álbum).
Hoje em dia as músicas mais conhecidas do álbum não são as mesmas que fizeram mais sucesso na época em que o disco chegou nas lojas da Inglaterra. "Twist and Shout" é hoje em dia a música mais conhecida do disco. Contando com uma voz rasgada de Lennon, após horas de estúdio, realmente é um número vibrante, para puxar para o alto o astral de qualquer um. Outro hit é "I Saw Her Standing There", que Paul McCartney promoveu bastante em suas turnês internacionais. Já na época de lançamento do disco as duas faixas de destaque eram "Love Me Do", que já havia sido lançada em single e "Please Please Me" que George Martin acelerou pois achava que a versão original escrita por Lennon e McCartney não tinha pique suficiente. Completa a coleção de boas faixas a música "Boys" que também marcava a estreia de Ringo Starr como vocalista (ao longo dos anos ele sempre cantaria pelo menos uma música nos discos do quarteto).
The Beatles - Please Please Me (1963)
I Saw Her Standing There
Misery
Anna (Go to Him)
Chains
Boys
Ask Me Why
Please Please Me
Love Me Do
P.S. I Love You
Baby It's You
Do You Want To Know A Secret?
A Taste of Honey
There's A Place
Twist and Shout
Pablo Aluísio.
Hoje em dia as músicas mais conhecidas do álbum não são as mesmas que fizeram mais sucesso na época em que o disco chegou nas lojas da Inglaterra. "Twist and Shout" é hoje em dia a música mais conhecida do disco. Contando com uma voz rasgada de Lennon, após horas de estúdio, realmente é um número vibrante, para puxar para o alto o astral de qualquer um. Outro hit é "I Saw Her Standing There", que Paul McCartney promoveu bastante em suas turnês internacionais. Já na época de lançamento do disco as duas faixas de destaque eram "Love Me Do", que já havia sido lançada em single e "Please Please Me" que George Martin acelerou pois achava que a versão original escrita por Lennon e McCartney não tinha pique suficiente. Completa a coleção de boas faixas a música "Boys" que também marcava a estreia de Ringo Starr como vocalista (ao longo dos anos ele sempre cantaria pelo menos uma música nos discos do quarteto).
The Beatles - Please Please Me (1963)
I Saw Her Standing There
Misery
Anna (Go to Him)
Chains
Boys
Ask Me Why
Please Please Me
Love Me Do
P.S. I Love You
Baby It's You
Do You Want To Know A Secret?
A Taste of Honey
There's A Place
Twist and Shout
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Paul McCartney - Give My Regards to Broad Street
Essa é a trilha sonora de um filme que Paul fez nos anos 80 e que acabou fracassando nas bilheterias. O ex-Beatle poderia ter ficado apenas no ótimo clip da música "No More Lonely Nights" que já estava de bom tamanho. A balada inclusive é maravilhosa e fez muito sucesso nas rádios na época. Eu me lembro muito bem disso. E o resto do disco? Vale a pena? Aí é que está o problema. Ao que tudo indica Paul não tinha material inédito suficiente para completar um álbum, então ele optou por ir para o caminho mais fácil: regravar clássicos dos Beatles!
E aí, claro, o mundo caiu na cabeça dele. Santa heresia, Batman! Regravar as músicas imortais dos Beatles com arranjos novos? Onde Paul estava com a cabeça? - essas foram perguntas que passaram pela cabeça dos Beatlemaníacos. Como nunca fui um radical não me importei nada com isso. Afinal Paul compôs todas essas músicas e se havia alguém que podia fazer esse tipo de coisa era ele mesmo. Algumas das versões até ficaram bonitas. Só que Paul errou ao colocar trechos falados, tirados do filme, no meio das músicas. Esse erro realmente estragou a audição do álbum em vários momentos. Ele deveria ter deixado apenas a beleza dessas canções eternas prevalecerem. Ficaria muito melhor.
Paul McCartney - Give My Regards to Broad Street (1984)
No More Lonely Nights
Good Day Sunshine
Corridor Music
Yesterday
Here, There and Everywhere
Wanderlust
Ballroom Dancing
Silly Love Songs
Silly Love Songs (Reprise)
Not Such A Bad Boy
No Values
No More Lonely Nights (Ballad / Reprise)
For No-One
Eleanor Rigby
Eleanor's Dream
The Long And Winding Road
No More Lonely Nights (Playout Version)
Pablo Aluísio.
E aí, claro, o mundo caiu na cabeça dele. Santa heresia, Batman! Regravar as músicas imortais dos Beatles com arranjos novos? Onde Paul estava com a cabeça? - essas foram perguntas que passaram pela cabeça dos Beatlemaníacos. Como nunca fui um radical não me importei nada com isso. Afinal Paul compôs todas essas músicas e se havia alguém que podia fazer esse tipo de coisa era ele mesmo. Algumas das versões até ficaram bonitas. Só que Paul errou ao colocar trechos falados, tirados do filme, no meio das músicas. Esse erro realmente estragou a audição do álbum em vários momentos. Ele deveria ter deixado apenas a beleza dessas canções eternas prevalecerem. Ficaria muito melhor.
Paul McCartney - Give My Regards to Broad Street (1984)
No More Lonely Nights
Good Day Sunshine
Corridor Music
Yesterday
Here, There and Everywhere
Wanderlust
Ballroom Dancing
Silly Love Songs
Silly Love Songs (Reprise)
Not Such A Bad Boy
No Values
No More Lonely Nights (Ballad / Reprise)
For No-One
Eleanor Rigby
Eleanor's Dream
The Long And Winding Road
No More Lonely Nights (Playout Version)
Pablo Aluísio.
Jane Asher
Jane Asher
Você tem curiosidade em saber quem foi a inspiração de muitas das músicas mais românticas dos Beatles? Ora veja só, a garota da foto foi essa musa inspiradora. Ela namorava Paul McCartney quando ele era um dos membros dos Beatles nos anos 60. Seu nome é Jane Asher. Ela era atriz, filha de uma família de intelectuais e artistas de Londres. Conheceu Paul em uma boate da cidade e depois disso ficaram longos anos juntos. E desse romance nasceu muitas das mais belas músicas de amor dos discos dos Beatles. Entre as mais famosas poderíamos citar "And I Love Her", "Here, There and Everywhere", entre tantas outras. Foi fonte de inspiração para dezenas de músicas maravilhosas.
Um fato interessante é que os demais Beatles (John, George e Ringo) acreditavam que Paul iria mesmo se casar com Jane, mas isso não aconteceu. Não se sabe bem qual foi o motivo do rompimento, mas Paul e Jane termiram o romance antes do final dos anos 60. E Paul acabaria se casando com Linda, em uma relacionamento muito rápido, bem mais curto do que havia tido com Jane. Outra surpresa. De qualquer forma as músicas que embalaram esse namoro ficaram aí, para a eternidade. Como diria o poeta brasileiro, "Que o amor seja eterno, enquanto dure".
Pablo Aluísio.
Você tem curiosidade em saber quem foi a inspiração de muitas das músicas mais românticas dos Beatles? Ora veja só, a garota da foto foi essa musa inspiradora. Ela namorava Paul McCartney quando ele era um dos membros dos Beatles nos anos 60. Seu nome é Jane Asher. Ela era atriz, filha de uma família de intelectuais e artistas de Londres. Conheceu Paul em uma boate da cidade e depois disso ficaram longos anos juntos. E desse romance nasceu muitas das mais belas músicas de amor dos discos dos Beatles. Entre as mais famosas poderíamos citar "And I Love Her", "Here, There and Everywhere", entre tantas outras. Foi fonte de inspiração para dezenas de músicas maravilhosas.
Um fato interessante é que os demais Beatles (John, George e Ringo) acreditavam que Paul iria mesmo se casar com Jane, mas isso não aconteceu. Não se sabe bem qual foi o motivo do rompimento, mas Paul e Jane termiram o romance antes do final dos anos 60. E Paul acabaria se casando com Linda, em uma relacionamento muito rápido, bem mais curto do que havia tido com Jane. Outra surpresa. De qualquer forma as músicas que embalaram esse namoro ficaram aí, para a eternidade. Como diria o poeta brasileiro, "Que o amor seja eterno, enquanto dure".
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
The Beatles - You Know My Name (Look Up The Number)
John Lennon costumava dizer que as sessões de "Let It Be" eram puro lixo! Quem já ouviu as gravações cruas, feitas em estúdio, descobre logo que a preguiça, a displicência e as brigas estavam no auge. Os próprios membros do grupo sequer podiam se suportar mutuamente. Quando se dirigiam entre si geralmente o faziam em tom de crítica ou farpas. Dentro das centenas e centenas de horas gastas nessas sessões algumas "loucuras" foram gravadas pelos Beatles. A maior delas talvez seja a faixa "You Know My Name (Look Up The Number)".
Eu nem consigo chamar muito essa gravação de música, porque ela na verdade está mais para uma zoeira maluca promovida entre John e Paul. Uma insanidade. Tanto isso é verdade que a EMI Odeon resolveu tirar a gravação do álbum oficial "Let It Be", a colocando como lado B de um single. E só a encaixaram lá por pura insistência de John Lennon que amava uma bizarrice. A tal "composição" inclusive é uma criação de John e Paul que simplesmente começaram a brincar durante uma noite. John tirou a ideia de uma propaganda que viu em uma revista. Depois disso levou a ideia para que Paul a melhorasse. Isso foi em 1967. Durante os próximos anos os dois voltariam à ideia, colocando novas coisas e tirando outras.
Um fazia uma piada ou uma brincadeira bizarra e o outro corria atrás, tentando manter o pique. Para disfarçar um pouco sua essência o produtor George Martin (sempre ele!) resolveu acrescentar um pequeno arranjo melódico para que a faixa ao menos soasse como uma música e não apenas como um besteirol (que é o que ela realmente é). A coisa foi crescendo e acabou como quase cinco pedaços de canções em partes separadas. Até Brian Jones dos Rolling Stones deu uma canja. Ouça e veja até que ponto os Beatles podiam chegar quando não conseguiam se levar muito à sério.
The Beatles - You Know My Name (Look Up The Number) (John Lennon / Paul McCartney) / Produção: George Martin / Arranjos: John Lennon e Paul McCartney / Local de gravação: Abbey Road Studios, Londres / Músicos: John Lennon (guitarra e vocais), Paul McCartney (piano e vocais), Brian Jones (Sax), George Harrison (guitarra e vibrafone), Ringo Starr (bateria), Mal Evans (efeitos).
Pablo Aluísio.
Eu nem consigo chamar muito essa gravação de música, porque ela na verdade está mais para uma zoeira maluca promovida entre John e Paul. Uma insanidade. Tanto isso é verdade que a EMI Odeon resolveu tirar a gravação do álbum oficial "Let It Be", a colocando como lado B de um single. E só a encaixaram lá por pura insistência de John Lennon que amava uma bizarrice. A tal "composição" inclusive é uma criação de John e Paul que simplesmente começaram a brincar durante uma noite. John tirou a ideia de uma propaganda que viu em uma revista. Depois disso levou a ideia para que Paul a melhorasse. Isso foi em 1967. Durante os próximos anos os dois voltariam à ideia, colocando novas coisas e tirando outras.
Um fazia uma piada ou uma brincadeira bizarra e o outro corria atrás, tentando manter o pique. Para disfarçar um pouco sua essência o produtor George Martin (sempre ele!) resolveu acrescentar um pequeno arranjo melódico para que a faixa ao menos soasse como uma música e não apenas como um besteirol (que é o que ela realmente é). A coisa foi crescendo e acabou como quase cinco pedaços de canções em partes separadas. Até Brian Jones dos Rolling Stones deu uma canja. Ouça e veja até que ponto os Beatles podiam chegar quando não conseguiam se levar muito à sério.
The Beatles - You Know My Name (Look Up The Number) (John Lennon / Paul McCartney) / Produção: George Martin / Arranjos: John Lennon e Paul McCartney / Local de gravação: Abbey Road Studios, Londres / Músicos: John Lennon (guitarra e vocais), Paul McCartney (piano e vocais), Brian Jones (Sax), George Harrison (guitarra e vibrafone), Ringo Starr (bateria), Mal Evans (efeitos).
Pablo Aluísio.
The Drifters - Save the Last Dance for Me
Considero o grupo negro The Drifters muito injustiçado na história da música americana. Eles eram ótimos em qualquer ponto de vista que os analise mas mesmo assim não conseguiram se perpetuar na memória da maioria dos admiradores da musicalidade daquela época. O curioso é que não raro suas gravações originais eram gravadas posteriormente por outros artistas (geralmente brancos) e eles conseguiam melhores resultados comerciais do que os próprios Drifters! Uma face mais sutil do racismo americano?
Penso que sim, já que nem sempre as regravações tinham a mesma qualidade do que o material originalmente produzido pelo grupo. Pois bem, dentro da vasta riqueza musical desse conjunto eu destacaria esse verdadeiro clássico romântico chamado "Save the Last Dance for Me" que foi lançado em single em 1960. Uma linda balada escrita pela ótima dupla Doc Pomus e Mort Shuman (os fãs de Elvis Presley reconhecerão imediatamente esses nomes). Assim que chegou nas lojas a música logo estourou em vendas, afinal era ótima para os bailinhos que tanto sucesso faziam naquela época. Chegou ao primeiro lugar tanto na parada Pop como na de R&B, mostrando a força de sua melodia.
Além do evidente talento de todos os membros dos Drifters outros detalhes fizeram que essa gravação se tornasse o grande sucesso que foi. Para começar ela foi produzida por outra grande dupla de compositores americanos, Jerry Leiber e Mike Stoller. Eles capricharam aqui, escrevendo um arranjo maravilhoso, inclusive com uso de violinos, algo que era completamente raro em gravações pop. Some-se a isso a suposta participação (nunca comprovada historicamente) de Phil Spector que se sensibilizou com a história da composição da canção. E que história foi essa? Doc Pomus tinha poliomielite que o impedia de andar e dançar como as demais pessoas.
No dia de seu casamento com Willi Burke, atriz e dançarina da Broadway, ele ficou sentando em sua mesa vendo sua linda esposa dançando com amigos e convidados da festa. Então diante daquela situação pediu caneta e papel ao garçom e resolveu escrever os primeiros versos de "Save the Last Dance for Me" (que em português pode ser traduzida como "Guarde a últma dança para mim"). Bonita história não é mesmo? Assim deixo a dica dessa linda balada, um momento muito romântico dos anos 60 que merece ser redescoberta pelos amantes das belas melodias de amor.
Pablo Aluísio.
Penso que sim, já que nem sempre as regravações tinham a mesma qualidade do que o material originalmente produzido pelo grupo. Pois bem, dentro da vasta riqueza musical desse conjunto eu destacaria esse verdadeiro clássico romântico chamado "Save the Last Dance for Me" que foi lançado em single em 1960. Uma linda balada escrita pela ótima dupla Doc Pomus e Mort Shuman (os fãs de Elvis Presley reconhecerão imediatamente esses nomes). Assim que chegou nas lojas a música logo estourou em vendas, afinal era ótima para os bailinhos que tanto sucesso faziam naquela época. Chegou ao primeiro lugar tanto na parada Pop como na de R&B, mostrando a força de sua melodia.
Além do evidente talento de todos os membros dos Drifters outros detalhes fizeram que essa gravação se tornasse o grande sucesso que foi. Para começar ela foi produzida por outra grande dupla de compositores americanos, Jerry Leiber e Mike Stoller. Eles capricharam aqui, escrevendo um arranjo maravilhoso, inclusive com uso de violinos, algo que era completamente raro em gravações pop. Some-se a isso a suposta participação (nunca comprovada historicamente) de Phil Spector que se sensibilizou com a história da composição da canção. E que história foi essa? Doc Pomus tinha poliomielite que o impedia de andar e dançar como as demais pessoas.
No dia de seu casamento com Willi Burke, atriz e dançarina da Broadway, ele ficou sentando em sua mesa vendo sua linda esposa dançando com amigos e convidados da festa. Então diante daquela situação pediu caneta e papel ao garçom e resolveu escrever os primeiros versos de "Save the Last Dance for Me" (que em português pode ser traduzida como "Guarde a últma dança para mim"). Bonita história não é mesmo? Assim deixo a dica dessa linda balada, um momento muito romântico dos anos 60 que merece ser redescoberta pelos amantes das belas melodias de amor.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Nat King Cole - Unforgettable
Essa é uma daquelas músicas que fazem você se sentir feliz por estar vivo e ter a oportunidade de ouvi-la. Quando ouço melodias como essa fico muito entristecido de ver no que a música negra americana se tornou nos dias de hoje - um festival incrível de falta de talento, sensibilidade e romantismo. Aliás essas três qualidades fundamentais - talento, sensibilidade e romantismo - sobravam na pessoa de Nat King Cole! Que grande cantor! Aqui temos um exemplo do que talento aliado a fina técnica podem fazer por um artista. Cole cantava suavemente, delicadamente, o que lhe valeu o carinhoso apelido de "voz de veludo". Ao se ouvir gravações como essa quem pode discordar? Certamente muitos conhecem "Unforgettable" no dueto entre Cole e sua filha, algo que só foi possível graças às maravilhas da tecnologia moderna. Como sou um tradicionalista em termos musicais prefiro a versão crua, original, tal como chegou ao mercado em 1951. Aquilo senhoras e senhores é uma verdadeira obra prima em forma de notas musicais. Insuperável em todos os aspectos.
Também pudera, a canção foi produzida pelo gênio Nelson Riddle, que escreveu o arranjo com uma delicadeza ímpar. Para quem não se lembra ou não sabe, Riddle foi o grande parceiro musical de Frank Sinatra, estando por trás de todos os grandes álbuns da carreira do cantor. Era uma dupla perfeita, Sinatra no microfone e Nelson no controle, na sala de estúdio, lapidando tudo com uma sensibilidade fora do comum. A sofisticação e elegância que trazia para os discos do velho Blue Eyes, se repete aqui, em cada detalhe, em cada nuance da melodia. Irving Gordon, o famoso compositor nova iorquino negro, foi quem escreveu a música. Um veterano que chegou ao meio musical pelas mãos de ninguém menos do que Duke Ellington. Assim pare para analisar, temos aqui um trio de ouro por trás de "Unforgettable"! Com tantos talentos não poderia dar em outra coisa. Considero "Unforgettable", sem favor algum, uma das dez mais lindas canções da música norte-americana de todos os tempos. Simplesmente imortal!
Unforgettable (Irving Gordon) - Unforgettable, that's what you are / Unforgettable though near or far / Like a song of love that clings to me / How the thought of you does things to me / Never before has someone been more / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too.
Pablo Aluísio.
Também pudera, a canção foi produzida pelo gênio Nelson Riddle, que escreveu o arranjo com uma delicadeza ímpar. Para quem não se lembra ou não sabe, Riddle foi o grande parceiro musical de Frank Sinatra, estando por trás de todos os grandes álbuns da carreira do cantor. Era uma dupla perfeita, Sinatra no microfone e Nelson no controle, na sala de estúdio, lapidando tudo com uma sensibilidade fora do comum. A sofisticação e elegância que trazia para os discos do velho Blue Eyes, se repete aqui, em cada detalhe, em cada nuance da melodia. Irving Gordon, o famoso compositor nova iorquino negro, foi quem escreveu a música. Um veterano que chegou ao meio musical pelas mãos de ninguém menos do que Duke Ellington. Assim pare para analisar, temos aqui um trio de ouro por trás de "Unforgettable"! Com tantos talentos não poderia dar em outra coisa. Considero "Unforgettable", sem favor algum, uma das dez mais lindas canções da música norte-americana de todos os tempos. Simplesmente imortal!
Unforgettable (Irving Gordon) - Unforgettable, that's what you are / Unforgettable though near or far / Like a song of love that clings to me / How the thought of you does things to me / Never before has someone been more / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too.
Pablo Aluísio.
The McGuire Sisters - Sincerely
Esse single chegou ao topo da parada Billboard top 100 em fevereiro de 1955 e ficou lá por seis semanas! Perceba bem a época em que a música se tornou um hit. O rock estava chegando e tomaria de assalto todas as paradas musicais mas ainda havia espaço para canções ternamente românticas como essa. Outro fato interessante a se chamar a atenção é que hoje em dia vários grupos vocais femininos famosos daquela época, como esse, estão completamente esquecidos, de forma bem injusta é bom frisar. Esse tipo de som era muito popular nos anos 50 e por várias razões emplacavam sempre bem comercialmente. As jovens estudantes certamente se identificavam com esse tipo de sonoridade, até porque as letras sobre romances perdidos ou paixões não correspondidas faziam parte das próprias vidas das ouvintes. Some-se a isso a participação fundamental de Alan Freed na divulgação das canções. Freed foi um radialista pioneiro no surgimento do rock e acabou no ostracismo anos depois após se envolver em um escândalo de corrupção envolvendo jabá entre gravadoras e rádios. De qualquer maneira teve papel essencial nesse momento histórico, sendo responsável pela aparição de inúmeros artistas novos. Para promover alguns singles pedia que seu nome fosse incluído como co-autor, mesmo que não escrevesse uma linha sequer da canção (foi justamente o caso desse single).
E o que aconteceu as irmãs McGuire? Christine, Phyllis e Dorothy McGuire começaram suas carreiras em Anderson, Indiana. Como tinham lindas vozes elas ganhavam alguns trocados cantando em casamentos e festas na região até que foram descobertas por um caça-talentos da pequena gravadora Coral Records em 1952. O sujeito viu potencial nelas pois além de boas cantoras eram bonitas (em especial Phyllis McGuire, a caçula). Certamente ele poderia vender alguns discos daquelas garotas. Sua aposta foi certeira mesmo. Assim que "Sincerely" chegou nas rádios se tornou um sucesso absoluto de execuções. Depois vieram mais sucessos na mesma linha como "Picnic" e "Sugartime" que vendeu cinco milhões de cópias! Um estouro. Depois do sucesso nas rádios veio o êxito na TV. As jovens eram simpáticas e muito adequadas para os programas daquele tempo. Se apresentaram nos programas de Ed Sullivan, Dean Martin, Danny Kaye e Milton Berle, sempre com belo sucesso de audiência. Apesar da fama, do dinheiro e do reconhecimento, como era de se esperar, elas logo se apaixonaram por bons partidos e se casaram. Depois disso o trio se afastou. Claro que como irmãs continuaram próximas mas a carreira musical já não significava muito se comparada com uma vida de dona de casa, mãe e esposa. Hoje em dia fica complicado para as pessoas entenderam esse tipo de mentalidade mas nos anos 50 era bem assim a forma de pensar da grande maiorias das mulheres. A família vinha em primeiro lugar. Esporadicamente elas voltariam para pequenas apresentações nostálgicas mas a carreira musical já não era mais o foco principal de suas vidas. Não importa, o que vale a pena mesmo é realmente registrar o sucesso que "Sincerely" causou em seu lançamento. O mundo nunca mais seria tão inocente como naqueles anos dourados.
Sincerely (Harvey Fuqua - Alan Freed) - Sincerely, oh yes, sincerely / 'Cause I love you so dearly / Please say you'll be mine / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Oh Lord, won't you tell me why / I love that fella so / He doesn't want me / But I'll never, never, never, never let him go / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Oh Lord, won't you tell me why / I love that fella so / He doesn't want me / But I'll never, never, never, never let him go / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Please say you'll be mine.
Pablo Aluísio.
E o que aconteceu as irmãs McGuire? Christine, Phyllis e Dorothy McGuire começaram suas carreiras em Anderson, Indiana. Como tinham lindas vozes elas ganhavam alguns trocados cantando em casamentos e festas na região até que foram descobertas por um caça-talentos da pequena gravadora Coral Records em 1952. O sujeito viu potencial nelas pois além de boas cantoras eram bonitas (em especial Phyllis McGuire, a caçula). Certamente ele poderia vender alguns discos daquelas garotas. Sua aposta foi certeira mesmo. Assim que "Sincerely" chegou nas rádios se tornou um sucesso absoluto de execuções. Depois vieram mais sucessos na mesma linha como "Picnic" e "Sugartime" que vendeu cinco milhões de cópias! Um estouro. Depois do sucesso nas rádios veio o êxito na TV. As jovens eram simpáticas e muito adequadas para os programas daquele tempo. Se apresentaram nos programas de Ed Sullivan, Dean Martin, Danny Kaye e Milton Berle, sempre com belo sucesso de audiência. Apesar da fama, do dinheiro e do reconhecimento, como era de se esperar, elas logo se apaixonaram por bons partidos e se casaram. Depois disso o trio se afastou. Claro que como irmãs continuaram próximas mas a carreira musical já não significava muito se comparada com uma vida de dona de casa, mãe e esposa. Hoje em dia fica complicado para as pessoas entenderam esse tipo de mentalidade mas nos anos 50 era bem assim a forma de pensar da grande maiorias das mulheres. A família vinha em primeiro lugar. Esporadicamente elas voltariam para pequenas apresentações nostálgicas mas a carreira musical já não era mais o foco principal de suas vidas. Não importa, o que vale a pena mesmo é realmente registrar o sucesso que "Sincerely" causou em seu lançamento. O mundo nunca mais seria tão inocente como naqueles anos dourados.
Sincerely (Harvey Fuqua - Alan Freed) - Sincerely, oh yes, sincerely / 'Cause I love you so dearly / Please say you'll be mine / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Oh Lord, won't you tell me why / I love that fella so / He doesn't want me / But I'll never, never, never, never let him go / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Oh Lord, won't you tell me why / I love that fella so / He doesn't want me / But I'll never, never, never, never let him go / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Please say you'll be mine.
Pablo Aluísio.
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