terça-feira, 29 de março de 2011

Papa Alexandre VII

Depois de Alexandre VI, poucos poderiam prever que haveria um Alexandre VII, isso porque o sexto havia deixado muito a desejar, se envolvendo com escândalos e corrupção das mais variadas formas. Que Papa iria se assumir como o sétimo dessa linhagem? Mas sim, houve esse Papa. O Cardeal  Fabio Chigi assumiu o título de Papa Alexandre VII quando foi eleito no ano de 1655.

Ele era natural de Siena, na Itália, e nasceu no dia 13 de fevereiro de 1599. Ao longo de sua vida no clero exerceu inúmeros postos na hierarquia da Igreja Católica e se tornou um homem importante dentro da instituição quando se tornou secretário de Estado do Vaticano, sendo uma espécie de braço direito do Papa Inocêncio X. Homem estudioso, poeta e escritor, ele contou também com alianças familiares para subir em sua carreira. Era sobrinho do Papa Paulo V.

Começou como um Papa extremamente humilde e devoto que odiava o luxo de Roma. Dizia-se que mantinha seu próprio caixão por perto, para que sempre lembrasse que era um homem mortal que um dia morreria. Porém com o tempo e o poder esse Papa foi perdendo parte dessa mentalidade. Passou a se sentir confortável com todo o luxo do Vaticano e passou a empregar parentes, revelando um de seus piores pecados, o nepotismo.

Ele que havia sido inquisidor também mostrava pouca tolerância para com pessoas que eram consideradas hereges pela doutrina católica. Isso dificultava a diplomacia do Vaticano em relação a embaixadores de países protestantes. Ele morreu de insuficiência renal, após ficar 12 anos no trono de Pedro. Crônicas da época diziam que ele ainda mantinha seu caixão por perto e morreu após rezar a missa da Páscoa, mesmo contra a opinião de seus médicos pessoais. Foi um Papa controvertido, amado e odiado pelas pessoas de sua época na mesma proporção.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Deus está Morto!

Certa vez Friedrich Nietzsche escreveu a impactante frase: "Deus está Morto!". Claro que isso mexeu com os brios de muitos. Só que esqueceram mesmo de analisar a fundo o que havia por trás de uma afirmação tão polêmica e sugestiva. A verdade é que temos que analisar um pouco o contexto histórico da própria vida do escritor e filósofo Nietzsche.

Ele nasceu em uma família muito religiosa. E isso naquela época significava ser criado em um núcleo familiar muito fechado, muito opressor. Tudo era pecado, tudo ia contra a vontade de Deus. As pessoas se vestiam de negro, as casas eram escuras e mal ventiladas. Era complicado até mesmo respirar em um ambiente como aquele. Castigos físicos eram naturais. Qualquer frase mal colocado era reprimida com um forte tapa na cara!

É natural que sendo uma pessoa sensível e inteligente como Nietzsche ele algum dia iria se revoltar contra aquilo tudo, contra aquela loucura onde seres espirituais cuidavam e puniam os vivos. Mortos cuidando da vida de pessoas vivas! Onde algo assim iria fazer algum sentido? Nietzsche leu o evangelho, o estudou com cuidado. Ele foi um ser humano dos mais inteligentes e logo descobriu que na prática nada do que estava nos textos do evangelho era aplicado. Muitas vezes era o oposto disso! As pessoas mais religiosas da comunidade eram as piores. Verdadeiros patifes!

O pai queria que ele fosse pastor, mas Nietzsche conhecia os religiosos de seu tempo. Eram todos grandes hipócritas, gente que lia uma coisa e que na vida fazia outra. O Deus estava mesmo morto! Se formos levar em conta o Deus idealizado dos primeiros escritos cristãos, certamente está morto! O Deus original foi deixado de lado, principalmente no Brasil onde a religiosidade se resume a fanatismo e busca por bens materiais. Deus está morto e foi morto por todos os que diziam seguir sua mensagem.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de março de 2011

Marx e o Ópio do Povo

Karl Marx certa vez escreveu a seguinte frase: "A Religião é o Ópio do povo". O que ele quis dizer com isso? Ora, em muitos países a religião era usada para manter a mesma exploração de classes que sempre existiu. O povo pobre e oprimido que trabalha para ser explorado por classes mais ricas tinha mesmo que ter algo para amanciar sua ira natural. A religião, quando usada como ferramenta de opressão e alienação, se cabe muito bem nesse papel.

A religião, principalmente em termos de Brasil, está corroída pela corrupção religiosa. E até as pedras da calçada sabem disso. Aqui no Brasil a religião é tão rasa e pobre que a tal teologia da prosperidade avança cada vez mais. Vá para a igreja, fique rico! 

É tudo tão grotesco, mas serve para enriquecer ainda mais as classes superiores. Já os mais pobres afundam ainda mais na pobreza. A desigualdade social se aprofunda. Nâo é para menos que o Brasil é um dos países mais desiguais de todo o mundo. Chega a um patamar vergonhoso.

Marx dizia que a religião é um véu, que aliena os povos. Enquanto as classes pobres são exploradas elas são alienadas com religião, tal como se fosse uma droga, o ópio. Nesse ponto ainda podemos discordar? Marx viveu sua época e presenciou o que acontecia ao seu redor. Imagine se ele pudesse ter contato com a situação do Brasil atual. Certamente daria uma farta gargalhada com o que veria. Afinal nada confirma mais sua frase do que o que acontece atualmente.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de março de 2011

Duas Lendas sobre Jesus Cristo

Duas Lendas sobre Jesus Cristo
Existem duas lendas sobre Jesus que nunca poderão ser confirmadas, nem pelos historiadores mais especialistas na sua vida. A primeira lenda afirma que Jesus era casado com Maria Madalena. O novo testamento silencia sobre o tema. Nem diz que Jesus era casado e nem que era solteiro. Para falar a verdade as escrituras estão interessadas na mensagem e nos milagres de Jesus e não sua vida amorosa, sentimental. O evangelho era realmente cheio de lacunas. Não existe nada sobre a vida civil de Jesus e nem sequer uma descrição física de como ele era. São situações que ficam no limbo. De qualquer maneira se essas duas lendas fossem confirmadas seria uma abalo e tanto na doutrina cristã.

O que historiadores podem fazer é analisar o tempo de Jesus. Naquela época um homem solteiro com mais de 30 anos de idade seria mal visto pela comunidade. Fofocas e rumores sobre sua sexualidade logo se tornariam comuns. E o que dizer de um solteirão que andava rodeado de outros homens? Embora hoje em dia esse tipo de pergunta soe até mesmo absurda, não subestime a mentalidade tacanha das pessoas que viviam no século I. E isso piorava ainda mais no meio de pessoas religiosas. O preconceito seria ainda maior. A doutrina do Judaísmo pregava que um bom judeu tinha que se casar, constituir família e ter muitos filhos. Algo que Jesus realmente ignorou em sua missão. E não nos esqueçamos que Jesus era um judeu. Assim do ponto de vista histórico faria mais sentido se Jesus fosse casado e não solteiro, só que não existem provas concretas sobre essa questão. Uma coisa porém é certa, Maria Madalena foi muito próxima a ele. No mínimo era uma amiga muito, muito íntima. Era sua esposa? Essa pergunta ficará sem resposta pelas limitações históricas das fontes que existem.

Outro rumor ainda choca os cristãos que dele tomam conhecimento. Uma velha lenda, que data inclusive dos primeiros séculos do cristianismo, dizia que Jesus era na verdade filho de um legionário romano chamado Pantera ou Panterus. Maria, ainda não casada oficialmente com José, um homem mais velho e em seu segundo casamento, teria se apaixonado por esse soldado romano. Teria ficado grávida dele. Ora, naquele tempo o Judaísmo afirmava que em tal situação ela devia ser apedrejada em praça pública por seu pecado.

Então a história da virgem Maria teria sido criado para evitar esse fim trágico. Ficou chocado com isso? E o que dizer de antigos textos de religiosos judeus que chamavam Jesus de "o bastardo". Teria alguma ligação com o fato de que José não era o pai verdadeiro de Jesus? E o que aconteceu com seu pai José que simplesmente desaparece do evangelho? Ele morreu antes de Jesus se tornar adulto? E o tal de Panterus, existiu mesmo? Penso que em algum momento Jesus foi alvo de fofocas e mexericos, o que justificaria sua pregação contra esse tipo de comportamento. Jesus dizia que o que tornava impuro o homem não era o que ele comia, mas sim o que saía de sua boca, tal como falar esse tipo de coisa da vida alheia. Entretanto esse tipo de lenda é outra que provavelmente jamais será confirmada. Não existem registros históricos precisos e confiáveis sobre essa questão.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Jesus Cristo e os Homossexuais

Jesus Cristo e os Homossexuais
Responda rápido: Em qual versículo Jesus condena a homossexualidade na Bíblia? A resposta é simples: Em nenhum! Não há uma única palavra saída da boca de Jesus que trate sobre o tema da homossexualidade nos textos bíblicos. Ficou surpreso? Pois é, meus caros! Não estava na agenda de Jesus condenar os gays enquanto caminhou pelo mundo. Ele nunca pregou contra a homossexualidade, nunca afirmou nada no sentido de condenar os gays. O que existe é o silêncio completo de Jesus sobre o tema.

E não  havia gays nos tempos de Jesus? Pelo contrário! Jesus caminhou em um mundo onde havia homossexuais por todas as partes. O povo romano que conquistou sua nação seguia uma religião que não tinha barreiras sobre a homossexualidade. Por isso era normal que um cidadão romano fosse gay ou bissexual. Para um romano isso era algo natural. Até mesmo dentro das legiões da Roma Imperial a homossexualidade era algo latente. Era comum o relacionamento entre os próprios legionários que até formavam casais dentro dos acampamentos militares.

Entre os judeus a homossexualidade também eram bem conhecida e disseminada. Sobre esse tema Jesus não tratou. Ao contrário de condenar ele simplesmente dizia que "aquele que nunca pecou que atirasse a primeira pedra!". O curioso é que Jesus nada disse contra gays e a comunidade homossexual de seu tempo, mas pregou muito contra os ditos religiosos hipócritas que lotavam os templos de Jerusalém.

Jesus os chamou de víboras e ladrões. Afirmou que a casa de Deus havia se tornado um covil de ladrões. Pessoas que usavam a religião e a fé em Deus para ficarem ricas. Isso lhe lembrou algo? Lembrou a você sobre gente que fica rica, milionária, com a fé alheia no Brasil? Claro que sim! Esse tipo de gente tirou Jesus de sua habitual calma e pacifismo. Ele virou as bancas dos mercadores do templo. Era contra religiosos cheio de hipocrisia que Jesus mais pregou em vida, não em relação aos gays e bissexuais. Será que esse tipo de explorador da fé ganhará o reino de Deus? Pense sobre isso.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O Moisés Histórico

O Moisés Histórico
Muitos personagens que aparecem no Velho Testamento parecem ser apenas personagens de literatura. Não foram pessoas reais que existiram. Um caso notório parece ser o de Noé. A história do Dilúvio parece ser apenas uma adaptação de histórias ainda mais antigas de civilizações do chamado Crescente Fértil. É uma boa história, sem dúvida, com a Arca de Nóe e tudo mais, entretanto suas bases, ao que tudo indica, são apenas contos de literatura. Mera ficção. Diria até que com um toque infantil, uma história para ser contada às crianças pois há os bichinhos e tudo mais.

Outro personagem do Velho Testamento que parece nunca ter existido, sendo apenas um personagem de literatura, é o tão aclamado Moisés. A história procura por dupla confirmação, ou seja, para ser considerado um personagem histórico real, Moisés teria que ser citado em outras fontes que não fossem o próprio velho testamento. E teria que ser uma fonte independente do povo judeu. Só que tirando a Bíblia, Moisés não é citado em nenhuma outra obra do mundo antigo. Para um homem que fez tanto pelo seu povo, algo que influenciou em outros povos, era de se esperar que seu nome fosse citado em algum pergaminho, principalmente proveniente do Egito antigo. Só que não existe nada. Silêncio completo e total.

A arqueologia também nunca encontrou nada sobre Moisés. Segundo o velho testamento ele teria caminhado por décadas ao lado de seu povo, por diferentes regiões. E seria uma multidão o seguindo, os judeus que tinham deixado a escravidão do Egito para trás. Milhares de pessoas teriam deixado vestígios históricos de sua passagem. Pesquisas foram feitas, mas a arqueologia nunca encontrou nada nas regiões por onde ele teria passado. Nada, absolutamente nada!

O mesmo problema pode ser encontrado nos antigos reis do povo judeu. Davi e seu filho Salomão, por exemplo, jamais tiveram sua existência histórica confirmada. A lenda do pequeno Davi matando o gigante Golias parece mesmo um conto de pura fantasia. Provavelmente Davi tenha sido apenas um personagem de literatura, tal como o Rei Arthur na Inglaterra. Até que a história e a arqueologia encontrem algo concreto, a existência deles vai continuar sendo apenas nas páginas antigas do velho testamento.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Ressurreição de Jesus

O texto aqui exposto é baseado em opinião de historiadores que estudaram o tempo em que Jesus viveu. Acreditar ou não na ressurreição de um homem como Jesus é questão de fé. Não se trata de uma crítica contra quem acredita. Dito isso vamos ao tema. Para historiadores Jesus não ressuscitou. Essa afirmação se baseia não apenas na questão puramente científica, onde nenhum ser humano jamais ressuscitou, mas também em fatos históricos. Hoje acredita-se que Jesus foi um camponês vindo da Galileia que realmente foi crucificado pelos romanos. Devemos partir desse fato básico para analisar o resto do que nos conta os evangelhos (nem todos, pois a ressurreição não está em todos os evangelhos, pois mais estranho que isso possa parecer ao leitor!).

Olhando para a arqueologia descobre-se que poucos restos mortais de pessoas crucificadas foram preservados pelo tempo. Para falar a verdade a arqueologia histórica possui apenas um osso do pé de um crucificado que sobreviveu ao passar dos milênios. Os romanos eram assassinos profissionais e os soldados que cuidavam da crucificação tinham técnicas especiais para executar os condenados. A tese de que Jesus não ressuscitou, mas apenas sobreviveu ao ato de tortura chamado crucificação não faz o menor sentido. Os romanos jamais deixariam isso acontecer. E os corpos dos crucificados não eram retirados da cruz. Eles ficavam pendurados, apodrecendo, sendo comidos por aves de rapinas e cães selvagens. Era parte do horror da intimidação do império Romano.

Então se o corpo de Jesus desceu da cruz realmente morto, o que aconteceu depois? Segundo o evangelho um homem chamado José de Arimatéia teria pedido a Pilatos que o corpo de Jesus fosse retirado da cruz para que ele o sepultasse em uma tumba recém escavada na rocha. Historiadores do período acreditam que esse homem citado no evangelho jamais existiu. E de que se tal pedido fosse feito a Pilatos ele jamais autorizaria a descida do corpo da cruz. Pilatos era um homem cruel e um déspota assassino de massas. Assim José de Arimatéia seria um personagem de literatura. Isso se baseia no fato de que os Romanos não iriam deixar tirar o corpo de Jesus da cruz. Como escrevi, os Romanos deixavam os mortos ali pendurados como exemplo para os demais. Não havia exceção.

Sem descida do corpo da cruz e sem que Jesus fosse levado para uma tumba, não haveria ressurreição. A narrativa do Novo Testamento ficaria sem base. Então seguindo o exemplo do que costumeiramente acontecia, o que teria acontecido com o corpo de Jesus? Ele teria ficado na cruz por dias, talvez até semanas, até que sobrasse muito pouco. Depois disso os Romanos jogariam os restos mortais em local não sabido do povo. Um ossário com os restos de outros executados. Era uma forma de evitar peregrinações e cultos. Será que foi isso mesmo que aconteceu? Os historiadores se baseiam no que normalmente acontecia naqueles tempos. É algo cruel, mas não devemos nos esquecer que aqueles tempos eram violentos e cruéis por definição.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de março de 2011

O Deus Falho

O Deus Falho
Afirmam textos religiosos que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Disso tiramos algumas conclusões. Certamente os escritores antigos que escreveram esse trecho queriam seguir o caminho das divindades do passado. Os deuses gregos e romanos tinham dois braços, duas pernas, uma cabeça, um tronco. Hominídeos. A imagem que mostravam era a imagem de um ser humano. E em termos de personalidade também demonstravam semelhanças com os homens. Muitas dessas divindades eram mesquinhas, cruéis, mentirosas e até mesmo criminosas. Tal como o homem. Nisso as antigas religiões, hoje consideradas meras mitologias, eram mais sinceras e honestas.

Porém dentro da tradição judaico-cristã o Deus único é considerado um ser espiritual perfeito e isento de falhas. Ops, temos aí uma contradição. Se Deus (o Jeová) é em tudo semelhante ao homem e esse tem profundas imperfeições, como ele poderia ser perfeito? Aliás se formos ler os textos do antigo testamento veremos que essa divindade realmente não seria perfeita. Os exemplos são muitos. O que você diria de uma divindade que promoveu um dilúvio, matando milhões de seres humanos? Quantos seres humanos inocentes, crianças e mulheres, não morreram nessa atitude de alagar todo o mundo?

Esse Deus das páginas do velho testamento é bem furioso, vingativo e nada bondoso. Apenas com a mensagem de Jesus é que essa divindade, chamada no passado de Jeová ou Yaveh, ganha contornos de amor e devoção. No passado era nitidamente um deus guerreiro, mortal e até mesmo genocida. Aliás de onde vem essa divindade? Historiadores ainda debatem. Alguns dizem que era uma divindade de segundo ou terceiro escalão na Babilônia, onde os judeus eram cativos.

Curiosamente acabou virando o deus único dos judeus em um movimento cultural muito semelhante com o que aconteceu no Egito antigo. O Faraó Akhenaton havia abolido todos os deuses antigos da religião do Egito. Só havia sobrado Aton, o Deus Sol. Era o único que poderia ser cultuado. Por essa época havia muitos judeus vivendo no Egito. Não é de se admirar que tenham adotado o monoteísmo. Por certo acharam uma boa ideia. A conclusão que tiro desse texto é simples e clara aos que leram atentamente. Deuses antigos eram criações da mente humana. Zeus e todos os demais nasciam da criação dos homens. Depois suas histórias de fantasia eram escritas em textos antigos. Uma questão meramente cultural. É literatura, literatura de fantasia.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Idioma de Jesus

Qual era o idioma falado por Jesus Cristo? Qual era o idioma falado por ele e seus discípulos? Ora, nos tempos de Jesus, nas regiões por onde ele passou, havia basicamente quatro línguas dominando. O primeiro idioma era o hebraico. Essa era a língua original do povo judeu. Foi no hebraico antigo que os primeiros capítulos do velho testamento foram escritos. Era a língua também falada pelos sacerdotes em seus rituais religiosos. Não era a língua porém que o povo falava nas ruas e cidades da Judeia. Esse idioma falado por todos era o aramaico, língua que de certo modo se assemelhava ao hebraico, mas que desse se diferenciava por ser uma língua que os judeus aprenderam na Mesopotâmia, quando eram cativos da Babilônia.

Outras duas línguas usadas na época de Jesus eram o grego e o latim. O grego era a língua da cultura, dos intelectuais. Era considerada naqueles tempos antigos a língua universal, que todos os povos conhecidos poderiam falar. Exercia a mesma função do inglês nos dias atuais. Já o latim era a língua do povo romano, dos militares romanos, das legiões de Roma. O latim não era ensinado aos povos conquistados pelo império romano por uma questão prática, de Estado. Era melhor que essa língua se tornasse exclusiva dos soldados, para que eles se comunicassem sem que os povos conquistados soubessem o que eles diziam, quais eram as ordens dadas, etc.

Diante dessas quatro línguas, qual seria a falada por Jesus de Nazaré? Para os estudiosos e historiadores não há dúvidas que Jesus falava aramaico. Essa era a língua do povo judeu da época. O hebraico estava mais restrito aos estudiosos dos antigos textos sagrados, dos templos, etc. O aramaico era a língua falada no dia a dia, das ruas, das praças, etc. Hoje em dia é considerada uma língua morta, só falada por pequenos grupos em vilas no interior da Síria. Também é provável que Jesus falasse e entendesse hebraico, uma vez que ele esteve diversas vezes nos templos e nas sinagogas. E nesses ambientes o hebraico era a língua oficial.

Do latim e do grego não há muitas referências. No máximo se pode deduzir que Jesus tenha se comunicado com o centurião romano em grego e não em latim, pois o grego era a língua universal. No mais, as últimas palavras ditas por Jesus na cruz eram claramente do idioma aramaico pois trechos originais dessas frases chegaram até nós. Lembrando que o novo testamento foi escrito em grego e não em latim, nem hebraico e nem aramaico. Mesmo assim esses escritores em grego deixaram algumas palavras na língua nativa de Jesus, o aramaico. Com o passar dos séculos o aramaico passou a ser associado a uma "língua de escravos", algo que os judeus queriam esquecer de seu passado. Assim houve uma revalorização do hebraico, sendo nos dias de hoje a língua oficial de todos os povos judeus ao redor do mundo.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de março de 2011

Arquivos do Vaticano - Edição VIII

A Origem de Satanás - É curioso que ao longo do velho Testamento o personagem Satã assumiu diversas moldagens teológicas. No começo Satã era considerado apenas um anjo adversário, mas ainda sob a submissão de Deus. Era o adversário, o acusador. Essa persona pode ser encontrada nas primeiras referências a esse anjo nas escrituras. Muitos inclusive defendem a ideia de que Satã aqui não se referia a um anjo em particular, mas a qualquer anjo que se colocasse como adversário do homem.

Depois, com o passar dos textos sagrados, ainda no Velho Testamento, Satã finalmente assume uma identidade própria. Deixa de ser um adjetivo, para se tornar um substantivo, vira realmente um personagem próprio e não uma referência um tanto vaga. Ele se torna um príncipe entre os demônios. Um líder do inferno. É interessante também notar que Satã continua sendo referido como a um anjo, mas agora como um chefe angelical de principados infernais. Outro ponto que muitos teólogos afirmam é que Satanás não é Lúcifer. São dois anjos diferentes. Satanás também não deve ser confundido apenas com a figura do Diabo. Esse termo diabo é um gênero, assim como demônio. Satã seria um ser dessa categoria.

Na língua aramaica Satã vira Satanás. Lembre-se que o aramaico era a língua falada por Jesus e seus apóstolos. No Novo Testamento Satanás ganha os contornos que conhecemos hoje em dia, uma criatura totalmente do mal. um ente que vive para destruir Deus e a humanidade. Nas palavras do próprio Jesus essa entidade maléfica seria "mentiroso e assassino desde o começo dos tempos". Por isso Jesus nunca dialoga com Satanás, ele simplesmente o expulsa quando o encontra.

Um aspecto a se levar em conta é que Satanás sempre surge como criatura, abaixo de Deus, mesmo quando identificado como um anjo. Ele seria um anjo caído, que foi expulso do céu. Por isso pessoalmente não acredito nas teorias que afirmam que Satanás seria apenas uma influência do Zoroastrismo, uma religião antiga em que existiam dois deuses, um do bem e outro do mal. Satanás nunca é retratado na Bíblia como um Deus, pelo contrário, ele jamais foi um criador, mas apenas uma criatura mesmo.

A Origem dos Anjos
Qual é a origem dos anjos? Essa pergunta pode ser respondida do ponto de vista da literatura, como também do ponto de vista da crença, da doutrina judaica. Na literatura não há como precisar a origem dos anjos nos textos. Ao que tudo indica a existência de seres angelicais era algo natural entre o povo judeu antigo. E mais do que isso, nas religiões persas, do Egito antigo e da Mesopotâmia já havia referências a seres alados que seriam uma intermediação entre os deuses e os homens. Assim os anjos não surgiram inicialmente nos textos religiosos dos povos judeus. Religiões ainda mais antigas já apresentavam esses personagens.

No ponto de vista da doutrina e da crença, rabinos do passado tentaram chegar na data exata da criação dos anjos. Alguns rabinos defendiam que os anjos tinham sido criados por Deus no segundo dia da criação. Outros defendiam que os anjos surgiram no quinto dia. O que não poderia ser aceito pelo judaísmo era a possibilidade dos anjos terem ajudado Deus na criação do universo. Eles também rejeitaram de todas as maneiras a possibilidade da criação dos anjos no primeiro dia do surgimento do universo criado por Deus.

Agora algo parece ser certo dentro da doutrina do judaísmo. Os anjos teriam surgido antes da criação dos seres humanos. Tanto que nas lendas mais antigas alguns dos anjos do Senhor teriam ficado enciumados e chocados com a criação dos homens. E isso teria piorado quando Deus teria determinado que os anjos protegessem a humanidade. A revolta de alguns anjos teria dado origem a uma guerra angelical, onde um terço dos anjos teriam sido jogados no inferno, sendo liderados por Lúcifer, que antes de sua queda seria o anjo mais maravilhoso do céu, o "filho da manhã". 

Papa Francisco mostra preocupação com Golpe Militar
O Papa Francisco mostrou solidariedade com o povo de Mianmar. O país sofreu um violento golpe militar nos últimos dias. Com brutalidade e o velho estigma de estupidez que caracteriza esse tipo de golpe de Estado, os militares daquele país retiraram do poder o governo civil de Aung San Suu Kyi. Depois fecharam e censuraram o acesso às redes sociais. Como se isso não fosse o bastante decidiram de forma arbitrária simplesmente cortar todo o acesso à internet no país. Quem tentasse acessar a net seria preso sem julgamento algum.

Sobre a situação, que vem sendo condenada por praticamente todos os países ao redor do mundo, o Papa assim se manifestou: "Expresso minha solidariedade ao povo birmanês. Rezo para que aqueles que assumem responsabilidades no país se comprometam, com sincera disponibilidade, com o serviço do bem comum, promovendo a justiça social e a estabilidade nacional a favor de uma coexistência democrática harmoniosa. Neste momento tão delicado, quero voltar a assegurar ao povo birmanês minha proximidade espiritual, minha oração e minha solidariedade."

Os Velhos do Velho Testamento
O leitor da Bíblia leva um susto quando lê que personagens do velho testamento como Matusalém, viveram mais de 900 anos! Como um ser humano poderia viver tanto naqueles tempos antigos? É verdade que havia pessoas na antiguidade que viviam mil anos? Ora, há duas respostas para esse tipo de pergunta. A primeira é literária e teológica e a segunda é histórica.

Do ponto de vista da teologia e da literatura esses velhos do velho testamento são explicados de duas maneiras. Na época em que os textos da Bíblia foram escritos havia um princípio de teologia que dizia que quando mais perto da criação o homem vivesse, mais ele viveria. Os filhos de Adão, por estarem cronologicamente próximos da criação, iriam viver mais anos do que os netos de Adão e assim por diante. Por isso esses escritores colocaram idades absurdas para essas figuras do velho testamento. Porém, como se sabe, essas são questões inerentes apenas à literatura e à teologia.

Historicamente nenhum ser humano chegou a viver 900 anos. Essa parte da Bíblia é apenas uma alegoria, uma forma de defender uma visão teológica. Na realidade os homens da antiguidade viviam menos do que os homens da modernidade. isso porque não havia a tecnologia científica e médica dos dias atuais. Um homem de 40 anos de idade na era antiga era considerado um ancião, uma pessoa bem velha mesmo. Se Matusalém realmente existiu, se foi uma pessoa, uma figura histórica, ele deve ter chegado aos 80 anos de idade, o que espantava as pessoas que viviam naqueles tempos. Só não vá pensar que ele viveu 900 anos, pois isso seria biologicamente impossível, no presente e no passado também. 

A Existência Histórica de Pôncio Pilatos
Pôncio Pilatos realmente existiu? Ele foi uma figura histórica real? Ao longo dos séculos pouco se duvidou da existência histórica de Pôncio Pilatos. Ele havia sido citado não apenas no novo testamento, mas também em outras obras da época como Flávio Josefo. Para os historiadores todas essas citações já seriam válidas para determinar a certeza histórica desse romano.

Na década de 1960 uma pedra retirada do teatro romano em Cesárea Marítima colocou fim definitivo sobre a dúvida. Nessa pedra havia inscrições onde aparecia o nome de Pôncio Pilatos como prefeito daquela região. Ele era nomeado bem abaixo do nome do imperador Tibério, ou seja, todos os elementos históricos estavam no lugar certo, perfeitamente localizados naquela fase da antiguidade.

Essa pedra também foi importante pois além de citar Pôncio Pilatos, citava seu cargo, o de prefeito. Esse romano iria cair em desgraça alguns anos após a morte de Jesus. Ele era um déspota e um homem cruel que estava sempre provocando as crenças do povo judeu. Sua governança foi considerada tão complicada que não tardou e ele foi chamado de volta à Roma. Os eventos de sua morte e seus últimos anos não são bem conhecidos pela história, mas uma coisa é certa, ele de fato existiu, foi um homem real, confirmando mais um aspecto descrito nos evangelhos. Provavelmente morreu no ostracismo, em uma das muitas casas de nobres em Roma. 

Jesus Cristo e Apolônio de Tiana
Há muitas semelhanças entre as histórias de Jesus de Nazaré e o filósofo grego Apolônio de Tiana. Isso levou alguns a perguntar: seria a história de Jesus uma cópia, um plágio, da vida de Apolônio de Tiana? A resposta é negativa. E os historiadores concordam sobre esse aspecto por uma simples questão cronológica. Os Evangelhos foram escritos antes das principais obras que contam a história do grego Apolônio de Tiana. Embora Apolônio de Tiana tenha nascido no ano 2 da era cristã, as principais obras sobre sua vida foram escritas séculos depois de sua morte.

O fato é que esses livros que contavam a vida desse professor e pensador grego pecavam pela fantasia. Muitas das histórias atribuídas a Apolônio de Tiana não passam de mera ficção. O que aconteceu foi que sua obra foi muito popular no império romano. Imperadores como Adriano adoravam essas obras literárias que misturavam pequenos trechos do pensamento desse filósofo com camadas e mais camadas de pura literatura de ficção. Além disso esses textos foram escritos muitos anos depois da vida de Jesus.

Presume-se que muitos desses autores tardios sobre Apolônio de Tiana tenham inserido em suas narrativas, coisas que leram nos evangelhos. Assim Apolônio de Tiana poderia surgir como o filho de uma virgem, um homem que fazia milagres, que ressuscitava mortos, etc. Pedaços da vida de Jesus foram utilizados nesses livros de mera literatura sobre Apolônio de Tiana. Embora não seja de bom tom hoje em dia falar algo nesse sentido, o fato é que não foi Jesus um plágio de Apolônio de Tiana, mas justamente o contrário disso. 

O Barco de Jesus
Há um trecho no evangelho segundo Mateus em que Jesus acalma a tempestade no mar da Galileia. Ele estava em um barco nessa ocasião e acalmava o mar bravio e o céu chuvoso, da tempestade. Em 1986 um barco do século I, ou seja, da mesma época em que Jesus andou pela Terra, foi encontrado no Mar da Galileia, na mesma região onde Jesus pregou por anos e anos. Seria esse o barco de Jesus? Ou seria o barco que havia pertencido a Pedro, que era um pescador?

Infelizmente essas duas últimas perguntas não podem ser respondidas com certeza pela arqueologia. O que se pode afirmar através de exames que foram feitos na madeira desse barco antigo é que ele realmente pertenceu a um pescador do Mar da Galileia no século I da era cristã. Fazendo exercícios de imaginação poderíamos até pensar que esse mesmo barco foi um dia avistado por Jesus nas margens desse Mar ou então, indo mais longe, o próprio Jesus poderia ter navegado nele em algum momento de sua vida.

Apesar de não se afirmar com certeza sua ligação com Jesus de Nazaré, o fato é que esse artefato arqueológico é dos mais importantes já encontrados, mostrando uma peça da história do povo de Israel. Ali os historiadores encontraram também uma peça de argila e uma lâmpada antiga, mostrando artefatos que pertenciam aos povos que ali viviam há 2 mil anos! Algo muito raro e quase impossível de se encontrar nos dias de hoje. Se foi de Jesus ou de algum de seus apóstolos, nunca saberemos, mas que é uma peça incrível de um passado remoto, isso podemos afirmar com absoluta certeza. 

O Evangelho de Filipe
É um dos mais controversos textos antigos sobre Jesus que se tem notícia. Não faz parte do grupo de evangelhos canônicos, reconhecidos pela Igreja Católica e por essa razão é classificado como um texto apócrifo, de procedência e origem incertas. Mas o que chama tanto a atenção nesse texto antigo (escrito, segundo historiadores por volta do século I e II da era cristã)?

Há revelações (ou pontos de vista) bem interessantes aqui. Foi o próprio apóstolo Filipe que o escreveu? Não se sabe, mas muito provavelmente não! Historiadores acreditam que o texto foi escrito em cima de tradições orais, quase centenárias à época, que foram reunidos por seguidores de um grupo de cristãos que viveram muito provavelmente no norte da África ou no Egito.

Entre as coisas que mais chamam atenção nesse texto é a importância dada a Maria Madalena. Ela é mostrada como a seguidora preferida pelo próprio Jesus, sua companheira. O texto afirma que Maria Madalena era esposa de Jesus? Não, não chega a afirmar isso, mas ao mesmo tempo dá enorme importância a Maria Madalena no ministério de Jesus.

Inclusive é nesse evangelho que existe um trecho muito controverso que diz que Jesus havia beijado Maria Madalena na... Infelizmente não se pode saber onde Jesus a beijou. O trecho da palavra no papel foi destruído pela ação do tempo. Onde Jesus beijou Maria Madalena? Na boca? No rosto? Impossível se determinar. Até que se encontre outra cópia desse evangelho tudo o que existirá são suposições, para o deleite de teorias da conspiração. Que o diga o autor de "O Código Da Vinci". 

O Estranho Livro de Enoque
Hoje em dia se fala muito nesse livro de Enoque. Para alguns ele deveria estar na Bíblia pois é citado nela, em trecho escrito por Judas. Ora, se um dos autores da Bíblia o usa como citação, por que o livro de Enoque não está entre os livros do velho testamento? A Igreja Católica o retirou da Bíblia? Qual é sua origem? Por que não faz parte dos livros canônicos? Foi realmente escrito pelo profeta Enoque? Muitas perguntas ficam no ar, vamos responder algumas delas.

Antes de mais nada é importante dizer que historiadores e teólogos concordam que o chamado Livro de Enoque não foi escrito pelo Enoque que está na Bíblia. Esse é dito como o sétimo homem após Adão e o texto que chegou até nós data de aproximadamente dois séculos antes de Cristo. Logo as datas históricas não batem. Se Enoque realmente foi uma pessoa real e pertencia à sétima geração após Adão ele provavelmente viveu há aproximadamente 10 mil anos no passado!

O Livro de Enoque é basicamente um livro de fantasia, com monstros e gigantes vivendo entre os homens. É um livro que não se pode ler como se fosse um registro histórico do passado, a não ser que você queira ler livros como "O Senhor dos Anéis" como retratos fiéis de algo que realmente aconteceu. Esse livro de Enoque também tem origem desconhecida. Quem foi o seu verdadeiro autor? Ninguém sabe.

Judas realmente o cita na Bíblia, mas o faz para derrubar os argumentos de quem acreditava nele. Não é um texto de confirmação de nada, do valor de suas palavras. O Livro de Enoque nunca foi considerado como um livro inspirado por Deus, nem dentro do cristianismo e nem dentro do judaísmo. É um livro, repito, de pura fantasia. Um curioso caso de um livro antigo trazendo seres do mundo da fantasia, o que não deixa de ser, apesar de tudo, uma prova do pensamento imaginativo do homem antigo. É uma das obras de fantasia mais antigas que se tem notícia.

Pablo Aluísio.