sábado, 10 de novembro de 2007

Paul Newman

Quando Paul Newman faleceu em setembro do ano passado muitos jornalistas escreveram que ele seria o último membro da geração de Marlon Brando e James Dean. Não era bem assim. Newman pode ser considerado no máximo uma espécie de caçula daquele grupo fantástico de atores que despontaram nas telas de cinema nos anos 50. Embora no começo de sua carreira o ator tenha sido fortemente influenciado pelo estilo de interpretação de Brando e cia, ele só se firmou e criou identidade na segunda metade daquela década. Foi com "Marcado pela Sarjeta" que Newman finalmente encontrou o seu próprio estilo, criando a imagem que todos conhecemos. Esse tenso drama havia sido escrito inicialmente para ser estrelado por James Dean, que chegou inclusive a elogiar o personagem em entrevistas antes do trágico acidente que o vitimou. Com o falecimento de Dean, o papel foi parar nas mãos de Newman que não desperdiçou a grande oportunidade.

Seu segundo grande papel porém só veio após três outros longas, em Mercador de Almas. Essa é a primeira grande interpretação do ator. O personagem em si é um presente, um sujeito sem qualquer tipo de valor moral, que quer apenas subir na vida, não importando em nenhum momento os meios para atingir seus objetivos. Com ele Newman foi premiado no prestigioso Festival de Cannes e consolidou-se como um dos mais talentosos astros de Hollywood. Depois disso foi uma sucessão de grandes momentos: Desafio a Corrupção, O Doce Pássaro da Juventude. Rebeldia Indomável e o famoso filme em que foi dirigido por Hitchcock, o drama de espionagem Cortina Rasgada. No final da década de 60 estrelou ainda o grande sucesso de toda a sua filmografia: Butch Cassidy, onde ao lado do parceiro Robert Redford recriou um dos grandes mitos da história do western americano. A parceria inclusive renderia outro grande sucesso, Golpe de Mestre, delicioso filme que foi merecidamente consagrado pelo Oscar.

Elencar a longa lista de grandes filmes soa desnecessário. Newman foi um caso raro de astro que não perdeu o pique ao longo dos anos. Mesmo quando já estava com uma certa idade nunca deixou de estrelar boas produções. Também foi singular em sua vida pessoal. Foi casado por longos anos com a atriz Joanne Woodward, tendo inclusive estrelado vários filmes ao seu lado ao longo da carreira. Quando perguntado como conseguia ser fiel em Hollywood, Newman se saía com uma tirada bem humorada: "Para que fazer besteira com hambúrgueres se tenho um filé de primeira em casa?" Porém como nenhuma história é perfeita, Newman também sofreu sua cota de tragédias pessoais, sendo a mais marcante a morte de seu filho Scott, por overdose de drogas, na década de 70.

No mês passado completou-se um ano de sua morte. Paul Newman deixou sua marca certamente. Ao contrário da introspecção de um Montgomery Clift, dos dramas pessoais de um James Dean ou da paixão de um Marlon Brando, Newman preferiu abraçar personagens menos profundos e atormentados, fazendo geralmente sobreviventes do dia a dia, pessoas que tentavam vencer as adversidades da vida da melhor forma possível e com os meios que tinham ao alcance das mãos. Foi reconhecido tardiamente pela academia ao ganhar o Oscar por "A Cor do Dinheiro", filme que estrelou ao lado de Tom Cruise. De qualquer forma antes tarde do que nunca. No fim da vida anunciou sua aposentadoria com muita dignidade ao afirmar: "Eu não sou capaz de trabalhar mais, não no nível em que eu quero. Você começa a perder sua memória, você começa a perder sua confiança, você começa a perder sua invenção. Então eu acho que o livro fechou para mim". De qualquer forma uma coisa é certa, o ciclo de sua obra jamais se fechará pois certamente sempre será renovada no interesse das novas gerações de cinéfilos que conhecerão sua extensa e rica filmografia nos anos que virão.

Pablo Aluísio.

O Humor de Jerry Lewis

Sem exageros, Jerry Lewis foi certamente um dos humoristas mais populares e queridos do cinema americano. O curioso é perceber que sua ida para as telas foi quase um acaso do destino. Jerry era comediante de palco, fazia apresentações em hotéis, cassinos e restaurantes. Sua grande sacada foi se unir ao cantor Dean Martin. Jerry interpretava o pateta da dupla, enquanto seu colega era o galã, o conquistador. Desse choque de diferenças nascia a maioria das situações de humor.

A fórmula deu tão certa que a dupla foi convidada pelo produtor Hal Wallis (de "Casablanca") para aparecer no filme "A Amiga da Onça" (My Friend Irma, 1949). Era uma comédia romântica bem bobinha (mas igualmente divertida) estrelada pela atriz Diana Lynn. Era verdade que não havia muito espaço dentro do roteiro para Martin e Lewis, mas isso acabou se revelando uma vantagem e não um problema. Isso porque nas poucas cenas que tiveram para mostrar seu trabalho eles conseguiram se destacar. Mais do que isso, muitos críticos foram além, dizendo que eles tinham roubado o show, o filme, só para si.

Havia ficado meio óbvio para Hal Wallis e os executivos da Paramount Pictures que ali poderia haver uma grande oportunidade de ganhos e lucros. Afinal muitas duplas cômicas tinham feito sucesso antes no cinema como, por exemplo, O Gordo e o Magro e Abbott & Costello. Curiosamente Wallis também logo percebeu que a cabeça pensante da dupla não era Dean Martin, como muitos poderiam pensar. O verdadeiro talento para negociar contratos e impor cláusulas e condições para novos filmes vinha de Jerry Lewis. Basicamente ele havia criado aquele número e não estava disposto a abrir mão do controle artístico dos filmes em que iria atuar.

No começo Jerry Lewis abriu espaço para vários diretores, mas depois de um tempo ele mesmo assumiu a direção dos filmes, aumentando seu controle sobre tudo. Dean Martin era um sujeito bem cool, que parecia não se importar e nem se preocupar muito. Para ele o importante era que a dupla estava fazendo cinema em Hollywood, ganhando bem e com enorme potencial de sucesso nos anos que viriam. Era um sonho realizado. Já Lewis não era tão tranquilo assim. Mesmo no começo da carreira ele fazia questão de discutir os roteiros dos filmes com os diretores, sempre colocando "cacos" em sua interpretação. Nesses primeiros filmes ele ainda não havia mostrado toda a sua sede de controle, mas era apenas questão de tempo para tudo isso acontecer.

Pablo Aluísio.

Marilyn Monroe

 

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Frank Sinatra, JFK e a Máfia

Um dos aspectos mais curiosos da história de Frank Sinatra foi sua aproximação ao senador John Kennedy (futuro presidente dos Estados Unidos) e a ligação que ele acabou exercendo entre o clã de JFK e a máfia italiana durante a década de 1960. Inicialmente tudo foi fruto de uma série de coincidências que foram acontecendo. Não havia um plano por parte de Sinatra em aproximar a máfia de John Kennedy, nada disso, foi algo que apenas aconteceu.

O interesse de Sinatra em relação a Kennedy era algo natural de acontecer. O cantor sempre foi ligado ao Partido Democrata, sendo um eleitor e um partidário até bastante animado. Sinatra não tinha nenhuma razão para ser republicano, uma vez que ele nasceu em uma família de imigrantes, teve um começo difícil e não era um riquinho ou algo do tipo. Assim Sinatra se identificava basicamente com a classe trabalhadora.

O senador John Kennedy (que todos chamavam de Jack na intimidade) era um jovem político, representando uma brisa de inovação na saturada e envelhecida classe política americana. Assim que Sinatra conheceu Kennedy pessoalmente ele ficou animado para colaborar. Frank tinha mesmo uma forte convicção que JFK era a solução para os problemas do país, um homem que iria marcar para sempre caso conseguisse ganhar a eleição.

Sua opinião porém não era compartilhada por seus amigos mafiosos. A família Kennedy era velha conhecida da máfia. Os principais chefões conheciam bem o pai de JFK, considerado por eles como um velho escroque irlandês. Um homem que passava longe das ideias de Sinatra. O velho patriarca Kennedy havia inclusive se envolvido no contrabando de bebidas ilegais durante a Lei Seca. Ele passava longe de ser um exemplo para quem quer que seja. Depois de casar com a rica herdeira do banco Fitzgerald, ele obviamente ficou muito rico e deixou suas trambicagens de lado, mas a Máfia sabia muito bem de onde vinha Kennedy e seu passado. Assim não havia nenhuma surpresa sobre aquela família. O próprio John não era bem visto pela Cosa Nostra. O chefão Salvatore Giancana, por exemplo, costumava dizer que JFK era um verme, resumindo a questão numa frase: "Dê uma mulher a esse cara e ele fará o que você quiser!"

Frank Sinatra soube que o presidente John Kennedy havia sido assassinado em Dallas quando estava bem no meio das filmagens de "Robin Hood de Chicago", uma comédia musical com toques pontuais de filmes policiais que ele estava filmando ao lado de seus amigos Dean Martin e Sammy Davis Jr. O cantor estava bem no meio de uma cena que estava sendo rodada em um cemitério quando foi chamado de lado por Dean Martin. Ele então falou para Sinatra que John Kennedy estava morto, que ele havia sido baleado na cabeça durante uma parada e que ninguém sabia ainda ao certo o que havia acontecido. Ao ouvir aquilo Sinatra ficou branco como uma parede!

Frank Sinatra ficou devastado com aquela notícia. Ele havia trabalhado ao lado do jovem senador para elegê-lo presidente dos Estados Unidos. Havia uma certa mágoa por parte de Sinatra porque uma vez eleito JFK se afastou dele por causa das suas ligações com chefões mafiosos, mas mesmo essa pequena "traição" não havia abalado muito sua admiração por Kennedy. "Como isso é possível?! Como isso foi acontecer?!" - repetia as mesmas perguntas aos seus amigos no set de filmagens. Embora não falasse isso no choque do momento o fato é que Sinatra pensou em Salvatore Giancana, o chefão da máfia de Chicago, quando soube que JFK estava morto!

Giancana também havia trabalhado pela eleição de JFK na campanha, mas sentia-se completamente traído por ele após seu irmão, Bobby Kennedy, iniciar uma verdadeira cruzada contra as famílias mafiosas nos Estados Unidos. Sinatra se via numa situação delicada pois havia pedido o apoio de Sam Giancana e depois ele passara a ser perseguido pelo FBI e pelo procurador geral, cargo ocupado justamente por Bobby. Foi uma saia justa delicadíssima para Sinatra. Assim quando foi informado que Kennedy havia levado um balaço certeiro na cabeça, Sinatra pensou no chefe mafioso. Depois se acalmou um pouco ao descobrir que o assassino do presidente era um ex-fuzileiro naval chamado  Lee Harvey Oswald, sem ligações com o submundo do crime de Chicago.

As suspeitas porém voltaram alguns dias depois quando Oswald foi apagado por Jacob Rubenstein, alcunha de Jack Ruby, esse sim um sujeito que tinha ligações com a máfia. Sinatra ficou intrigado com aquilo. Ele já ouvira falar de Ruby, inclusive de encontros com Sam Giancana! O que havia por trás de tudo aquilo? Um dos problemas que Sinatra tinha que enfrentar era que o FBI estava começando a pegar no seu pé por causa desse tipo de ligação do cantor com chefes mafiosos. O FBI andava desconfiando que Sinatra não passava de um laranja de Giancana em seu empreendimento do Cal Neva Lodge & Casino, que muitos diziam ser na verdade do chefão da máfia e não de Sinatra. Afinal qual era a verdade no meio de tantos mistérios não resolvidos?

Pablo Aluísio. 

Arnold Schwarzenegger,


 Arnold Schwarzenegger,

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

10 Curiosidades - ...E o Vento Levou

1. Embora o estúdio só tenha creditado o cineasta Victor Fleming na direção, o filme na realidade teve três diretores diferentes. Além de Fleming trabalharam na complicada produção os diretores George Cukor e Sam Wood. Cada um deles, ao seu modo, também contribuíram para esse grande clássico da história do cinema.

2. A atriz Vivien Leigh não se deu muito bem com Clark Gable durante as filmagens. O astro era conhecido em Hollywood por sempre tentar seduzir as estrelas com quem trabalhava. Leigh não tinha nenhuma atração pessoal por Gable e isso criou um certo clima de tensão entre eles. Nos dias atuais, pelos padrões da nossa sociedade, poderia se dizer que Gable assediou Vivien Leigh de uma forma nada profissional.

3. O filme até hoje é considerado a maior bilheteria da história do cinema americano. Embora em números absolutos essa bilheteria tenha sido superada por outros filmes ao longo dos anos, o fato é que se fazendo cálculos de atualização monetária, nenhum outro filme rendeu tanto como "...E O Vento Levou", que chegou nas telas de cinema pela primeira vez em 1939.

4. A diferença de cachê entre Vivien Leigh e Clark Gable foi absurdo. Ele ganhou quarenta vezes a mais que sua parceira de cena. A razão era que Gable já era um superstar quando o filme foi feito. Ele era um dos astros mais populares de Hollywood. Já Vivien Leigh era considerada na época apenas uma atriz de sorte que acabou sendo escolhida para interpretar uma das personagens mais cobiçadas pelas estrelas de Hollywood.

5. Hattie McDaniel se tornou a primeira atriz negra a ser indicada e premiada pelo Oscar por sua atuação no filme.

6. Durante a pré-produção o estúdio ficou com sérias dúvidas se o filme seria colorido ou em preto e branco. Na época alguns executivos defenderam a ideia de que sendo em preto e branco o filme teria mais chances no Oscar. Depois o chefão da MGM decidiu que o filme seria rodado em cores. Nesse aspecto "... E O vento Levou" acabou sendo o grande pioneiro, se tornando assim a primeira produção colorida da história a vencer o Oscar de Melhor Filme.

7. Também se tornou o filme mais longo da história a ser premiado em todas as grandes categorias do Oscar. A média dos vencedores anteriores era de uma hora e meia de duração. "...E O Vento Levou" derrubou esse paradigma com seus longos 240 minutos de duração.

8. Segundo descobriu-se anos depois em documentos, mais de mil atrizes foram entrevistadas para interpretar Scarlett O'Hara. Dessas, 400 foram chamadas para testes. No final de um processo exaustivo de seleção a MGM finalmente escolheu a atriz inglesa Vivien Leigh para interpretá-la, algo que causou controvérsia por causa de sua nacionalidade não americana.

9. Vivien Leigh confidenciaria anos depois em uma entrevista que a parte mais complicada de fazer o filme foi aturar o mau hálito de Clark Gable. O ator era fumante inveterado e tinha alguns problemas de estômago, o que piorava ainda mais a situação. E Leigh tinha que passar a impressão que era apaixonada por ele nas telas.

10. O produtor David O. Selznick procurou por Alfred Hitchcock, perguntando se ele estava disposto a trabalhar no filme. Educadamente Hitchcock disse que não era o tipo de filme em que ele costumava trabalhar. Mesmo recusando o convite aceitou ajudar em apenas uma cena do filme, em que o estúdio não considerava muito bem dirigida.

Pablo Aluísio.

500 Milhas

Esse filme estrelado por Paul Newman é bem curioso. Passa longe de ser um de seus mais conhecidos trabalhos no cinema mas também tem curiosidades que o fazem único. A primeira delas é o fato do tema do filme ser uma das grandes paixões do ator em sua vida pessoal: o automobilismo. Apaixonado por carros de corrida, Newman nunca mais abandonou as pistas depois das filmagens desse longa, tanto que anos depois acabou fundando sua própria equipe, a Newman / Racing, que acabou se tornando uma das principais escuderias da Formula Indy. De fato, ao se assistir 500 milhas percebemos bem que estamos na presença de um astro que bancou uma produção complicada apenas para homenagear sua grande paixão.

O filme até tenta colocar uma certa profundidade em seu roteiro. O personagem de Newman, por exemplo, se envolve com uma mulher divorciada (interpretada por sua esposa na vida real, Joanne Woodward) mas esse lado do filme logo naufraga. Mesmo tentando o ator não consegue convencer nas cenas dramáticas. Newman aparece apático e sem empolgação nesses momentos, algo completamente diverso do que ocorre nas cenas em que corre nas pistas. No volante de um carro possante Newman se transforma completamente e aí entendemos a razão de ser da produção, pois no fundo tudo se resume ao fato do ator se divertir no circo da Indy. As próprias locações refletem isso. Não satisfeito em filmar no templo de Indianapolis, Paul Newman faz um verdadeiro tour pelas principais pistas e categorias da época. Obviamente para quem gosta do esporte certamente é um prato cheio.

O grande destaque fica mesmo nas cenas de corrida. Nesse ponto o diretor demonstra que as tomadas e os ângulos de câmera que foram produzidas justificaram plenamente a existência do filme. Realmente as cenas de competição estão entre as melhores já mostradas nas telas de cinema. São empolgantes e bem documentadas. O interessante é que além de extremamente bem fotografadas dentro dos circuitos, o filme mostra ainda um panorama bem abrangente de toda a movimentação que cercava todos esses grandes prêmios. Enfim, Winning jamais será mais lembrado que os grandes clássicos da carreira de Newman, mas certamente mostra um dos aspectos mais curiosos e interessantes da personalidade do ator. Não vai mudar sua vida mas também não será nada penoso se divertir por duas horas no volante ao lado de Paul Newman.

500 Milhas (Winning, Estados Unidos, 1969) Estúdio: Universal Pictures / Direção: James Goldstone / Produção: John Foreman / Roteiro: Howard Rodman / Elenco: Paul Newman, Joanne Woodward, Robert Wagner, Richard Thomas Jr, David Sheiner / Sinopse: Capua (Paul Newman) é um piloto de corridas tenta se tornar o campeão em uma das corridas mais importantes do automobilismo americano, as 500 milhas de Indianapolis.

Pablo Aluísio. 


quarta-feira, 7 de novembro de 2007

James Bond - Roger Moore

O ator Roger Moore faleceu no último dia 23 de maio em sua casa na Suíça. O ator vinha lutando contra um câncer devastador, descoberto apenas recentemente. Ao longo de sua carreira Moore atuou em muitos filmes e séries, na TV e no cinema. No total foram 95 títulos, demonstrando como foi vasta, rica e interessante sua filmografia. Porém o fato inegável é que Roger Moore sempre será lembrado por seus filmes como James Bond. Ele atuou em sete produções, se tornando assim o ator que mais interpretou James Bond no cinema até hoje! Moore veio para substituir Sean Connery e George Lazenby no papel do famoso agente inglês. Connery era considerado insubstituível nesse quesito, algo que Lazenby sentiu na pele ao ver seu filme como Bond fracassar nas bilheterias. Apenas Roger Moore conseguiu levar em frente a franquia com sucesso após a saída de Sean Connery. Ele segurou o posto durante as décadas de 1970 e 1980. Abaixo segue todos os filmes de Moore como Bond, com seus altos e baixos. É a nossa singela homenagem a Roger Moore e seu legado cinematográfico como Bond.

1. Com 007 Viva e Deixe Morrer (1973)
Depois que Sean Connery resolveu abandonar de uma vez por todas o personagem do agente secreto James Bond a pergunta mais frequente passou a ser se outro ator conseguiria levar adiante a franquia. Após a saída de Connery houve uma tentativa com o modelo George Lazenby, mas definitivamente o público não gostou (embora o filme estrelado por ele fosse, em si, muito bom). Então eis que em 1973 a MGM apresentou finalmente o nome do novo James Bond, Roger Moore! Para quem conhecia os bastidores da série seu nome não foi exatamente uma novidade. A verdade é que Moore quase foi escolhido no lugar de Sean Connery no passado, mas o carisma do ator escocês falou mais alto. Agora com Connery fora do caminho começaria uma nova era nas aventuras do agente secreto mais famoso da história do cinema. Esse "Live and Let Die" porém não ficou conhecido apenas por ter sido a estreia de Roger Moore. Dois outros fatos contaram positivamente em seu favor. O primeiro foi a trilha sonora escrita e composta por Paul McCartney. Verdade seja dita, a canção tema é uma das melhores (isso se não for a melhor) de toda a filmografia Bond. Paul conseguiu como poucos capturar a essência do personagem, transformando sua canção em um hit e em um sucesso também de crítica (a ponto de ter sido indicada ao Oscar e ao Grammy). Inclusive até hoje Paul a usa em seu repertório fixo, se tornando um dos pontos altos de seus concertos mundo afora. Outro ponto que chama bastante a atenção do espectador é que nesse filme já surge o humor acentuado em primeiro plano, algo que seria a marca registrada dos filmes com Roger Moore. Claro que por ser uma estreia as coisas ainda andaram um pouco dentro da normalidade, algo que nos filmes seguintes se tornaria um pouco mais exagerado. De qualquer maneira gosto bastante desse filme e acredito que foi um dos mais felizes e bem sucedidos de todos os filmes da série. Com Roger Moore os filmes ganhariam uma nova etapa, retornando o personagem ao topo das bilheterias, para alegria dos fãs de James Bond em todo o mundo. / Com 007 Viva e Deixe Morrer (Live and Let Die, Inglaterra, 1973) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: Tom Mankiewicz / Elenco: Roger Moore, Yaphet Kotto, Jane Seymour.

2. 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974)
O serviço secreto inglês descobre que seu agente James Bond (Roger Moore) está na mira de um assassino profissional conhecido como Francisco Scaramanga (Christopher Lee). Suas intenções de liquidar 007 ficam óbvias após ser encontrado uma bala de ouro com o código de Bond impresso nela. Há suspeitas que o mesmo assassino tenha matado friamente o agente 002 numa missão. Para evitar maiores problemas a agência de espionagem resolve assim afastar Bond de seus serviços por um tempo. Livre de cumprir uma agenda de missões, Bond resolve então ir atrás por conta própria de Scaramanga. Como pista usa a própria bala que foi dirigido a ele. Em pouco tempo James Bond segue seu rastro em lugares tão distantes como Beirute, Hong Kong e Macau. O infame assassino profissional usa uma arma de ouro, com calibre próprio. Para Bond essa seria uma pista segura para se chegar até ele. Esse foi o segundo filme de Roger Moore como James Bond. O primeiro, "Com 007 Viva e Deixe Morrer", foi sucesso de público e crítica. Uma alívio para os produtores que temiam que a franquia chegasse ao fim com a saída de Sean Connery. Esse segundo filme não é tão bom quanto o anterior, mas inegavelmente tem seus méritos. O maior deles talvez seja a presença do ótimo ator Christopher Lee como o vilão Scaramanga. Ele é um tipo bizarro, com uma característica física incomum (tem três mamilos!) e um assistente anão tão perverso quanto o próprio. Esse papel foi interpretado pelo ator Hervé Villechaize (que ficou muito conhecido no Brasil interpretando o personagem Tatu na série "A Ilha da Fantasia", que fez bastante sucesso na TV brasileira durante os anos 70). O roteiro não tem muitos mistérios ou tramas internacionais a se revelar, se resumindo muitas vezes a ser apenas uma disputa de vida ou morte entre Bond e Scaramanga. Esse porém não é um problema exclusivo do filme em si. O livro escrito por Ian Fleming em 1965 também foi criticado por essa razão. Enfim, um bom filme da safra com Roger Moore que com ele se estabeleceria definitivamente como Bond, só deixando a série em meados da década seguinte. / 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun, Inglaterra, 1974) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: Richard Maibaum, Tom Mankiewicz, baseados no livro escrito por Ian Fleming / Elenco: Roger Moore, Christopher Lee, Hervé Villechaize, Britt Ekland / Sinopse: O agente inglês James Bond (Roger Moore) passa a ser caçado pelo assassino profissional Francisco Scaramanga (Christopher Lee), dando início a uma disputa de vida e morte entre eles. Filme premiado pelo Saturn Award na categoria Best DVD / Blu-Ray Collection.

3. 007 - O Espião Que Me Amava (1977)
Nessa terceira aventura de Roger Moore como James Bond, o agente inglês 007, ele precisa desvendar uma grande conspiração internacional envolvendo submarinos nucleares das grandes potências, tramas de espionagem e, é claro, um novo envolvimento amoroso com uma agente russa da temida KGB. Esse filme da franquia oficial acabou ficando conhecido por várias cenas marcantes, porém hoje em dia é mais recordado por trazer a bela atriz  Barbara Bach como a Major Anya Amasova, uma agente do serviço secreto soviético. É curioso que em plena guerra fria os filmes de Bond tenham investido em uma Bondgirl vermelha, comunista e assassina. A atriz Barbara Bach na época era casada com o ex-Beatle Ringo Starr, o que não diminuiu os rumores de que ela havia se envolvido com Roger Moore durante as filmagens. Outro aspecto sempre lembrado desse filme foi o fato de aparecer pela primeira vez na franquia o vilão Jaws, interpretado pelo ator (e gigante) Richard Kiel. Ele era bem cartunesco em cena, conseguindo as maiores proezas (como mastigar fios de alta tensão) e fez tanto sucesso que acabou voltando no filme seguinte. Por fim um fato curioso: esse filme de James Bond conseguiu a proeza de ser indicado em três categorias do Oscar, Melhor Direção de Arte (Ken Adam e Peter Lamont), Melhor Trilha Sonora Incidental (Marvin Hamlisch) e Melhor Música original ("Nobody Does It Better", de autoria de Marvin Hamlisch e Carole Bayer Sager). Também arrancou duas indicações ao Globo de Ouro nessas mesmas últimas categorias. Não é de se admirar que com tantas músicas românticas bonitas tenha sido considerado o filme mais romântico de James Bond com Roger Moore. / 007 - O Espião Que Me Amava (Inglaterra, Estados Unidos,1977) Direção: Lewis Gilbert / Roteiro: Christopher Wood, Richard Maibaum / Elenco: Roger Moore, Barbara Bach, Curd Jürgens.

4. 007 Contra o Foguete da Morte (1979)
O Agente James Bond (Roger Moore) é enviado pelo serviço secreto para investigar um suposto plano internacional envolvendo armas espaciais. No meio das investigações acaba descobrindo que se trata de algo bem maior do que se pensava, um projeto visando dar origem a um verdadeiro genocídio no planeta Terra. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. É uma pena que logo o filme em que James Bond veio ao Brasil seja considerado um dos piores da franquia. A intenção seria modernizar o personagem, o colocando no meio de um enredo que lembrava até mesmo o grande marco de bilheteria da época, "Guerra Nas Estrelas". O problema é que o tiro saiu pela culatra. O enredo não ajuda em nada, os efeitos especiais revistos hoje em dia parecem completamente toscos e sem noção (apesar de terem sido indicados ao Oscar na época) e Roger Moore... bem, ele continuou sendo Roger Moore, fanfarrão até dizer chega, cheio de piadinhas e cenas supostamente cômicas que só estragam o resultado final. Jamais parece levar algo à sério durante todo o filme. De certa forma "Moonraker" serve apenas como uma forma de demonstrar que em plenos anos 70 o personagem perdia cada vez mais força e relevância. De bom mesmo apenas algumas boas sequências de ação, uma delas com o famoso vilão Jaws (interpretado pelo ator Richard Kiel, um grandalhão recentemente falecido) que luta com Bond nos bondinhos do Rio de Janeiro, imagine você! No geral não há muito por onde ir, "007 Contra o Foguete da Morte" é de fato muito ruim mesmo. Pelo jeito o Brasil fez mal a 007, Um James Bond para esquecer. / 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, Estados Unidos, 1979) Direção: Lewis Gilbert / Roteiro: Christopher Wood / Elenco: Roger Moore, Lois Chiles, Michael Lonsdale.

5. 007 - Somente Para Seus Olhos (1981)
Um embarcação da frota britânica afunda e com isso uma importante arma secreta desaparece de forma misteriosa. Para investigar o paradeiro dela o serviço de inteligência real envia o agente 007, James Bond (Roger Moore), para dar solução a todo o mistério, pois caso a arma caia em mãos inimigas o mundo correrá um grande risco. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria Melhor Canção Original (Bill Conti e Michael Leeson pela música "For Your Eyes Only"). Quinto filme de Roger Moore na pele de James Bond. O ator segurou as pontas por duas décadas, de 1973 (quando realizou o primeiro filme com o personagem em "Com 007 Viva e Deixe Morrer") até 1985 (quando se despediu de Bond em "007 - Na Mira dos Assassinos"). Esse "007 - Somente Para Seus Olhos" seria seu antepenúltimo filme como o mais famoso agente inglês do cinema. Por essa época os produtores já se movimentavam para dar um novo fôlego para as aventuras de 007. Roger Moore já estava ficando velho para o papel e seu estilo, mais escrachado, quase indo para a galhofa completa, estava minando a credibilidade do personagem como herói de ação. Revisto hoje em dia muito dos filmes de Moore se tornam anacrônicos, datados, pouco atrativos, justamente por trilhar muitas vezes o caminho da auto paródia. Claro que Roger Moore foi importante dentro da franquia, principalmente após Sean Connery decidir abandonar os filmes de Bond, mas também trouxe um certo desgaste para a série de uma forma em geral. Não gosto muito desse filme em particular pois acho que teve uma das mais fracas produções, embora algumas cenas - como a perseguição na neve e o ataque de tubarões - tenham algum valor. A música tema também é bonita, embora ande esquecida. Em suma, um Bond de rotina na era de Roger Moore. / 007 - Somente Para Seus Olhos (Inglaterra, Estados Unidos,1981) Direção: John Glen / Roteiro: Richard Maibaum, Michael G. Wilson / Elenco: Roger Moore, Carole Bouquet, Topol.

6. 007 Contra Octopussy (1983)
Após a morte de um importante agente, um plano criminoso que envolve falsificação de obras de arte é descoberto. James Bond (Roger Moore) é designado para o caso mas acaba descobrindo algo maior, envolvendo até mesmo o uso de armas nucleares para dominar toda a Europa. No centro de tudo o agente inglês acaba se deparando com a perigosa contrabandista Octopussy (Maud Adams), que está disposta a tirar 007 de seu caminho. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy Horror Films nas categorias Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante (Maud Adams). Mais um filme de James Bond na era Roger Moore que será exibido essa semana pela TV a cabo brasileira. "Octopussy" é um dos mais conhecidos filmes com Moore e também um dos mais bem sucedidos de bilheteria - o que deu uma sobrevida ao ator na pele do agente secreto inglês. Mesmo com a boa recepção do público, a crítica achou que as palhaçadas (literalmente falando) em cima do personagem já tinham passado do limite. Existem cenas tão absurdas que acabam transformando o filme numa auto paródia de humor involuntário. Como se não bastasse ainda temos que encarar Bond dando uma de Jim das Selvas em momento tão sem graça como constrangedor. De bom mesmo apenas as boas locações na Índia - com destaque para o famoso Taj Mahal, além da produção bem mais caprichada e bem realizada do que a do filme anterior. Também merecem destaque algumas boas cenas de ação, entre elas aquela em que Bond pilota o que é chamado de menor jato do mundo (uma geringonça que mais parece um ultraleve turbinado) e outra, quando fica pendurado no teto de um avião em pleno vôo (um maravilhoso trabalho do dublê do filme). Esse seria o penúltimo filme de Moore no papel, algo que para muitos deveria ser o último. De qualquer maneira, como é um Bond da franquia oficial (pois o filme de Sean Connery estava saindo nesse mesmo ano nos cinemas para disputar nas bilheterias), vale a pena ser assistido por pelo menos uma vez na vida, afinal os fãs de 007 não deixariam passar mais essa aventura em branco. / 007 Contra Octopussy (Estados Unidos, 1983) Direção: John Glen / Roteiro: George MacDonald Fraser, Richard Maibaum / Elenco: Roger Moore, Maud Adams, Louis Jourdan

7. 007 - Na Mira dos Assassinos (1985)
É o último filme de Roger Moore como James Bond. Assistindo realmente chegamos na conclusão que era o fim da linha para Moore. Ele já estava velho demais para bancar o agente inglês (sinais da idade estão em toda parte, até seu pescoço, por exemplo, que mostra claros sinais da passagem do tempo). Além disso ele surge usando um cabelo estranho, de cor nada natural, bem artificial. Roger Moore foi um bom ator para a franquia. Ele nunca se levava muito à sério, seu filmes sempre tinham um lado de chanchada bem diferente dos que foram feitos por Sean Connery que apresentavam uma postura mais séria com o personagem. O roteiro é baseado em um pequeno conto de Ian Fleming publicado em 1960 (praticamente todos seus livros já tinham sido adaptados e por isso tiveram que apelar para pequenos textos deixados pelo autor). Para completar a trama misturaram com outros filmes de James Bond e o resultado de tanta mistura surge em cena. O filme não é ruim, tanto que anos depois o próprio Roger Moore confessou ser esse seu filme preferido com o personagem, mas a sensação de Deja Vu é muito forte. Os vilões são bacanas - o antagonista de Bond, o industrial Zorin, é interpretado por um Christopher Walken com peruca loira totalmente fake (o que torna tudo ainda mais divertido). Ele está totalmente sem freios em cena! Já a vilã é feita por uma estranha Grace Jones (ok, seu tipo exótico era bem curioso mas não tem como negar que ela era uma péssima, péssima atriz, daquelas que não conseguem falar uma linha de diálogo com veracidade). A trilha sonora é assinada pelo grupo Duran Duran (grupo extremamente popular na década de 1980). O interessante é que em seu último trabalho como o agente inglês as antigas galhofas que faziam parte dos filmes com Roger Moore são deixadas de lado. "007 Na Mira dos Assassinos" é bem mais sisudo e menos galhofeiro do que os outros filmes feitos por ele mas mantém o interesse por causa de algumas cenas legais (como as feitas na Torre Eiffel em Paris e na Ponte de São Francisco). Claro que a trama é uma bobagem, mas releve! Vale a curtição de se ver (ou rever). / 007 Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill, EUA / UK, 1985) Direção: John Glen / Roteiro: Richard Maibaum, Michael G. Wilson / Elenco: Roger Moore, Tanya Roberts, Christopher Walken, Grace Jones, Patrick Macnee, Fiona Fullerton, Desmond Llewelyn, Robert Brown./ Sinopse: James Bond (Roger Moore) é o agente do serviço secreto inglês que tem que enfrentar o industrial Max Zorin (Christopher Walken), um empresário francês que planeja provocar um grande terremoto para destruir o Vale do Silício, na Califórnia, se tornando assim o único a explorar o mercado de tecnologia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Grande Segredo

Gary Cooper foi um dos grandes astros de Hollywood nos anos dourados do cinema americano. Como cinéfilo sempre me interessei em assistir filmes antigos e clássicos e Cooper sempre despertou minha atenção em especial. Isso é fácil de explicar porque quanto mais raro se torna a filmografia de um ator do passado mais me interesso em sua carreira e em conhecer seus filmes. Gary Cooper se enquadra perfeitamente nessa situação. Embora tenha feito mais de cem filmes em sua longa carreira em Hollywood raros são os títulos disponíveis do ator para assistir no Brasil. Como todo grande astro ele tinha grande prestígio entre os fãs de cinema no passado, porém o que se percebe é que o fato de ter morrido há quase cinquenta anos dificulta e muito o acesso aos seus filmes. Tirando seus grandes sucessos (como o clássico do Western Matar ou Morrer ou então Sargento York), que foram regularmente lançados por aqui, nada mais se encontra. 

A realidade é que existe uma lacuna enorme de títulos pois quase 90% de sua obra cinematográfica permanece inédita em nosso país. Então foi com grande satisfação que recentemente tive a oportunidade de assistir um de seus filmes menos conhecidos. Trata-se de O Grande Segredo, filme de espionagem de 1946, lançado logo após o final da II Grande Guerra Mundial. O interessante dessa película é que aqui Cooper foi dirigido por um dos grandes diretores da história do cinema, Fritz Lang. Só por essa razão o filme já seria extremamente curioso, para não dizer obrigatório. Confesso que pouco sabia sobre o roteiro, a repercussão ou a importância desse momento de Cooper no cinema, que para minha surpresa foi quase que completamente esquecido.

O astro, que sempre se dava melhor em filmes de Western aqui faz um papel bem atípico em sua carreira, interpretando um cientista recrutado pelo órgão governamental de inteligência norte-americano. Sua missão é tentar resgatar uma importante cientista que poderia ser usada pelos alemães para a construção da bomba atômica nazista. O filme tem ótimo desenvolvimento e diálogos. Cooper está bem contido em sua interpretação. Geralmente ele interpretava o tipo caladão e tímido, porém virtuoso ao extremo. Aqui ele troca o rifle pelo giz. Não deixa de ser engraçada a cena em que ele aparece fazendo cálculos para "passar o tempo"! O filme é pura diversão e deve ter empolgado bastante os militares recém chegados na volta ao lar depois do fim da Guerra. 

Se tenho uma crítica a fazer em relação ao filme é em razão de seu final, que lembra bastante o epílogo do clássico Casablanca. Mas isso é de menor importância. O que realmente importa é que isso em nada comprometeu a ótima experiência de conhecer mais um filme da extensa - e bastante desconhecida - filmografia do mito Gary Cooper. Agora com o surgimento do Blu Ray bem que as produtoras poderiam olhar com mais atenção a quase completa ausência de filmes de Cooper no mercado brasileiro. Os admiradores da época de ouro de Hollywood agradeceriam bastante.

O Grande Segredo (Cloak and Dagger, Estados Unidos, 1946) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Albert Maltz, Ring Lardner Jr./ Elenco: Gary Cooper, Robert Alda, Lilli Palmer / Sinopse: Gary Cooper interpreta um cientista recrutado pelo órgão governamental de inteligência norte-americana. Sua missão é tentar resgatar uma importante cientista que poderia ser usada pelos alemães para a construção da bomba atômica nazista.

Pablo Aluísio.