domingo, 28 de outubro de 2007

Sigourney Weaver

Eu tenho um grupo de cinema no Facebook chamado "Filmes Clássicos". Não é o único, pois eu tenho também um chamado "Cinema Classe A". Por lá eu costumo jogar minhas bombinhas que escrevo por aqui nos blogs. Pois bem, até como teste eu coloquei essa foto da atriz no grupo perguntando o nome dela e qual filme as pessoas mais curtiam dela. Claro que a resposta mais comum foi "Aliens". Eu acho que seria simplesmente impossível ser diferente, ainda mais depois de tantos sucessos de bilheteria de uma franquia que até hoje está em cartaz. Ela sempre será a Tenente Ripley, isso é meio óbvio. Porém nem tudo foi tão previsível. 

Algumas pessoas lembraram de bons filmes que ela fez ao longo de todos esses anos de carreira como "Na Montanha dos Gorilas", "Uma Secretária de Futuro" e, sim meus caros, "Os Caça-Fantasmas". Quem poderia esquecer desse último? Filme dos mais divertidos dos anos 80, uma mistura maneira de terror, comédia e ficção, tudo muito bem misturado, equilibrado. Uma filme para nunca mais esquecer. Bom pelo menos para quem viveu os anos 80 e seu cinema.

Outro ponto digno de nota a se lembrar nessa madrugada foi que ela sempre foi considerada uma das atrizes mais altas do cinema. Algumas fontes dizem que tem entre 1.82 a 1.85 de altura. Poderia ser uma jogadora de vólei! Atualmente com 71 anos de idade (isso mesmo, eu também fiquei surpreso!) ela praticamente está aposentada. Porém, jamais será esquecida. Sempre estará viajando pelo espaço enfrentando criaturas do espaço... e se tudo correr bem sempre as vencerá pela imensidão do cosmos!

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de outubro de 2007

Charles Bronson

É a tal coisa... se você é muito jovem muito provavelmente nem saiba quem foi Charles Bronson. Já faz um bom tempo que ele morreu e seus filmes, salvo algumas exceções, passam longe de serem consideradas obras primas do cinema. Eu não peguei a fase inicial da carreira do Bronson. Na realidade ele surgiu ainda na década de 1950 e nessa época eu nem existia. O Bronson da minha infância e adolescência foi aquele ator já velho, com cabelos brancos, que arrebentava a bandidagem das ruas em filmes mais modestos que no Brasil foram lançados no mercado de vídeo VHS em selos como América Vídeo - sim, aquela da capinha azul com estrelinhas, uma coisa bem anos 80 é bom dizer.

Pois bem, como eram esses filmes? O Bronson naquela época já não trabalhava em grandes estúdios como Paramount, MGM ou Warner. Ele encontrou um nicho interessante em produtoras menores como a Cannon. Essa empresa produzia filmes baratos de ação para serem exibidos em cinemas mais populares mundo afora - eu estou falando de um tempo em que não havia cinemas multiplex em shopping center, mas apenas cinemas de rua, grandes salas de exibição que ficavam nos grandes centros das cidades. 

A Cannon tinha um grande "astro" naqueles tempos: Chuck Norris (não se preocupem, falaremos ainda dele por aqui). E qual era a do Chuck Norris? Bom, basicamente ele interpretava caras durões e indestrutíveis que mandava para os ares seus inimigos. Ora, bem lá atrás nos anos 70 quem mandava muito bem nesse tipo de filme era o Charles Bronson. Basta lembrar de "Desejo de Matar" para entender bem isso. Assim Bronson foi contratado pela Cannon para estrelar uma série de filmes de porrada e ação, bem ao seu velho estilo. Os machões que curtiam esse tipo de filme tiveram os seus anos de auge durante a década de 1980, justamente por causa de filmes como esse. Havia algo melhor do que ver o Bronson com uma bazuca limpando as ruas da escória? Claro que não!

"Desejo de Matar 2" já mostrava o que estava por vir. Ao contrário do primeiro filme que tinha alguma preocupação com roteiro e enredo, essa sequência partia logo para os finalmentes. Extremamente violenta a fita fez um belo sucesso de bilheteria - embora tenha sido arrasado pela crítica que dizia ser o filme fascista e coisas do gênero. A Cannon nem ligou, eles queriam mesmo era faturar. "Dez Minutos Para Morrer" era um pouquinho mais sofisticado, com um enredo mais bem elaborado, colocando Bronson como um tira veterano atrás de um serial killer depravado. A cena final com o criminoso correndo nu ficou célebre. "Desejo de Matar 3" provava que o cinema de ação não teria mais vergonha em faturar com filmes em série. Se havia dado certo uma, duas, três vezes... por que não ir em frente? Bronson cada vez mais envelhecido ia se tornando ainda mais brutal e violento a cada nova sequência. Seu personagem deixava de ser humano para virar uma máquina assassina de matar. O público adorava!

Pablo Aluísio.

George C. Scott

Hoje, se estivesse vivo, quem estaria fazendo aniversário seria o ator George C. Scott. Sua carreira foi longa, produtiva e extensa, com 89 filmes. É comum citar os mais conhecidos como "Patton", por exemplo, mas gostaria aqui de destacar filmes menos conhecidos, que já assisti mais recentemente e que me deixaram surpreso com a qualidade do trabalho desse grande (e de certa maneira subestimado) ator.

Por exemplo, você sabia que George C. Scott protagonizou um filme da franquia "O Exorcista"? Pois é meus caros, ele esteve em "O Exorcista III" e querem saber de uma coisa? Esse filme é excelente. Pouco falado, pouco comentado, ele apresenta um roteiro de terror psicológico que acabou me deixando forte impressão. Pensei que seria uma fitinha B feita para faturar alguns trocados nas bilheterias. Ledo engano. O filme é realmente muito bom e Scott como um velho policial que precisará enfrentar milenares forças do mal está perfeito em cena.

Outro filme que indicaria aqui é "Hardcore: No Submundo do Sexo". Nesse filme hoje pouco lembrado, o ator interpreta um pai que vê sua filha sucumbir ao mundo da pornografia. É um grande trabalho de atuação do veterano ator. Ele precisa mergulhar nesse submundo para encontrar sua filha há muito desaparecida e acaba encontrando o lado mais sórdido do ser humano. O poster por si só já era um documento de seu grande talento, em pose dramática dizendo: "Essa é a minha filha!". Imagine a carga emocional de um momento como esse quando um pai descobre que sua filha faz filmes pornográficos.

Por fim deixo a recomendação do filme "A Fórmula" que reuniu em um mesmo elenco Marlon Brando e George C. Scott. O próprio Brando afirmou em sua autobiografia que só fez o filme para ter a chance de contracenar com Scott. O filme em si não é digno desses grandes talentos, não está à altura deles, mas só por ter reunido uma dupla tão memorável já vale como citação para os cinéfilos mais jovens. Foi lançado em VHS no Brasil, mas depois disso se tornou uma raridade. Assim encerro esse singelo texto que tentou fugir do óbvio, dando dicas de ótimos filmes do ator. Filmes que nem sempre circulam na lista dos mais conhecidos de sua rica filmografia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Jane Russell

Jane Russell
A atriz Jane Russell foi uma beldade dos anos 1940 e 1950. Ela começou praticamente como uma pin-up, em poses sensuais e expressões provocantes quando foi descoberta pelo bilionário excêntrico Howard Hughes. Como quase sempre acontecia ele ficava completamente apaixonado por esse tipo de garota e a partir daí movia mundos e fundos para promover sua nova estrela. E assim fez também com Russell. E o mais curioso de tudo é que ele escolheu o mais improvável dos gêneros cinematográficos para isso. Sim, estou em referindo ao western;

O ano era 1943 e o filme se chamaria "O Proscrito", o primeiro da jovem atriz no cinema. Hughes mandou produzir um grande poster com ela, dando destaque para seus seios que alguns jornalistas diziam na época ser de "granitos", tal sua consistência e resistência à gravidade. 

E de fato ela esteve muito bem nesse faroeste diferente, onde uma mulher sensual assumia o primeiro plano. Na prática o filme foi dirigido por duas pessoas, curiosamente com o mesmo nome. Estou me referindo a Howard Hughes e Howard Hawks, o bilionário dono de indústrias e fábricas de avião e o cineasta talentoso, muito reconhecido em Hollywood por seu trabalho. Dessa união nasceu um filme muito bom, ainda hoje considerado um verdadeiro cult movie.

Pablo Aluísio.

Gata em Teto de Zinco Quente

Gata em Teto de Zinco Quente
Foto de recordação do elenco de um filme "Gata em Teto de Zinco Quente". Baseado na peça escrita por Tennessee Williams, que escreveu a peça "Cat on a Hot Tin Roof" para o teatro, a história era uma maneira do autor atingir o coração daquelas velhas famílias dita tradicionais, muito comuns no sul do país, onde imperava realmente a pura hipocrisia sulista. Isso sem falar no passado vergonhoso ligado à escravidão, afinal a grande maioria das riquezas dessas famílias tradicionais tinham nascido com o uso intensivo de mão de obra escrava nas grandes plantações de algodão.

O filme foi dirigido por Richard Brooks e foi bastante elogiado pela crítica da época. Para muitos esse seguiu sendo o melhor filme da carreira da atriz Elizabeth Taylor que teve a chance de contracenar com o ídolo e astro Paul Newman (que passava quase todo o filme com um gesso na perna, pois isso fazia parte do seu papel no roteiro). Paul Newman inclusive sempre elogiava o filme, dizendo que ele havia se tornado superior ao próprio texto original, da peça teatral. Será mesmo?

Lançado em 1958 a versão cinematográfica causou sensação, sendo indicado a seis categorias no Oscar. Paul Newman foi indicado ao Oscar de melhor ator. Elizabeth Taylor também teve sua indicação. Ela inclusive foi apontada na época como uma das favoritas a levar o prêmio. O roteiro a cargo do diretor Richard Brooks (em parceria com James Poe) também foi lembrado. Melhor filme e melhor direção de fotografia (para William H. Daniels) completaram a lista de indicações.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 1

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 1
Eternamente imortalizada pelo filme "E O Vento Levou" a atriz Vivien Leigh teve uma produtiva carreira no cinema americano e também no cinema inglês. No total foram 21 filmes. Ela foi premiada com o Oscar duas vezes. A primeira por Scarlett em "E O Vento Levou" e a segunda por interpretar Blanche DuBois na versão cinematográfica da peça "Uma Rua Chamada Pecado". Segue abaixo a lista completa de seus filmes, separados por an1o de lançamento. O que mais chama a atenção é como ela conseguiu emplacar em Hollywood. Ao ser escalada para interpretar a protagonista de "E O Vento Levou" tudo mudou. E isso aconteceu de forma muito rápida! Impressionante como ela virou uma estrela do cinema em tão pouco tempo.

1935:
The Village Squire
Gentleman's Agreement
Things Are Looking Up
 Look Up and Laugh
 

Esses foram seus primeiros filmes, todos feitos na Inglaterra. Não foram lançados no Brasil, por isso não possuem títulos nacionais.

1937:
Fogo Por Sobre a Inglaterra
Tempestade Num Copo D'Água


Após um ano parada, se dedicando aos estudos, a atriz voltou a filmar. Seus dois primeiros filmes chegaram ao Brasil.

1938:
Um Yankee em Oxford
As Calçadas De Londres

Dois bons filmes ingleses, ambos foram lançados no Brasil. Ela decide ir para os Estados Unidos depois que termina as duas produções. Almeja uma carreira em Hollywood.

1939:
...E o Vento Levou

O ano em que tudo mudou. Ela é escolhida para atuar em um dos mais populares filmes da história de Hollywood. A consagração é completa e ela leva o Oscar para casa, curiosamente em seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos! Da noite para o dia ela se torna uma das atrizes mais conhecidas do mundo em uma das mais incríveis histórias de sucesso do cinema.

Pablo Aluísio.

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 2

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 2
Vamos dar sequência nessa análise dos filmes da atriz Vivien Leigh, agora partindo da década de 1940, quando a ainda jovem atriz passou a colher os frutos do sucesso do clássco "E O Vento Levou".

1940:
A Ponte de Waterloo
3 Semanas de Loucura

Depois do grande sucesso de bilheteria de "E O Vento Levou", toda Hollywood ficou na expectativa do que a atriz iria fazer depois. E foram dois bons filmes, mas em escala menor, como era de se esperar. "3 Semanas de Loucura" é um filme que não fez muito sucesso, que não marcou muito. Já "A Ponte de Waterloo" é considerado um filme romântico excepcional, ainda hoje lembrado pelos cinéfilos. Grande momento de sua carreira. No mais ela não voltou ao topo em Hollywood, o que causou um certo mal estar com os grandes estúdios.

1941:
Lady Hamilton, a Divina Dama


Em 1941 a atriz faria apenas um filme, "Lady Hamilton, a Divina Dama", uma boa produção, mas que não fez muito sucesso. Com problemas de saúde a atriz só voltaria a atuar em 1945, ficando quatro anos afastada do cinema.

1945:
César e Cleópatra

O retorno, após alguns anos afastada, não foi dos mais brilhantes, ainda que se possa considerar esse um bom filme épico, mas com produção bem mais modesta do que os filmes produzidos em Hollywood.

1948:
Anna Karenina

Último filme da década, o que demonstra que ela pouco produziu nos anos 1940, fruto de muitos problemas de saúde e de índole pessoal. Essa adaptação do clássico da literatura certamente é um bom filme, com ótima atuação e roteiro primoroso. Só não se tornou um sucesso de bilheteria, o que de certa maneira era compreensível.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

James Dean / Marlon Brando


James Dean
Na foto James Dean banca o cowboy no deserto do Texas durante as filmagens de "Assim Caminha a Humanidade". Na verdade o eterno rebelde de Hollywood carregava diversos traumas de infância que o fazia se esconder embaixo de uma personalidade complicada de se relacionar. A mãe de Dean faleceu quando ele era ainda muito jovem, apenas uma criança. Depois seu pai o enviou para ser criado pelos tios em Indiana. O velho estava casando novamente com outra mulher e Dean não fazia mais parte dessa sua nova vida. Assim o ator acabou criando uma sensação de rejeição e problemas familiares que o seguiria pelo resto de sua curta vida. Depois de sua morte alguns textos escritos pelo próprio Dean foram encontrados. Em um deles o ator desabafava sobre a morte precoce de sua mãe ao dizer: "O que ela esperava que eu fizesse? Salvar o mundo inteiro sozinho?".


James Dean - O Rebelde Sem Causa
James Dean posa para uma foto do filme "Juventude Transviada" que no original se chamava "Rebel Without Cause". O roteiro explorava a geração jovem da década de 1950. Na época a expressão Rebelde Sem Causa se disseminou nos meios acadêmicos pois para os especialistas os jovens daquela época não tinha contra o que se rebelar. Os Estados Unidos passavam por um período muito próspero, com grande desenvolvimento econômico. E pela primeira vez na história os mais jovens não eram mais pressionados para largar os estudos para trabalhar no campo. Com tantos pontos positivos os psicólogos simplesmente não conseguiam entender porque tantos jovens se tornavam delinquentes juvenis, rompendo com o American Way of Life de forma tão contundente. A única coisa que ignoraram foi o extremo vazio existencial que atingia muitos adolescentes da época. Isso não poderia ser curado tão facilmente como muitos faziam crer.

Marlon Brando - Espíritos Indômitos
O primeiro filme da carreira de Marlon Brando foi Espíritos Indômitos (The Men, EUA, 1950), dirigido por Fred Zinnemann. Existem filmes que são verdadeiras experiências de vida para os atores. Foi isso que aconteceu com Brando no set de filmagens de sua primeira produção. O roteiro mostrava as dificuldades de um jovem soldado que voltava da guerra paralítico. Após ser atingido no campo de batalha ele perdia a capacidade de andar. Esse é um lado da guerra que geralmente era jogado para debaixo do tapete em filmes de guerra. Os soldados eram mostrados como homens bravos, quase super-heróis. Em seu primeiro filme Brando teve a oportunidade de mostrar o lado mais humano dessas pessoas.

O drama de se tornar deficiente ainda tão jovem, com um longo futuro pela frente. Em sua autobiografia Marlon Brando recordou que teve que conviver com veteranos reais, que ficaram aleijados por ferimentos nos campos violentos da Guerra da Coreia e da Segunda Guerra Mundial. Brando contou que aqueles homens não queriam a pena das pessoas e nem tampouco que fossem lamentados. Eles na verdade ansiavam por um tratamento igualitário, queriam ser vistos como pessoas normais e não como verdadeiros coitadinhos. Muitos deles eram jovens que tinham perdido não apenas a capacidade de andar, mas também de fazer sexo. Imagine isso na cabeça de um homem de 20, 21 anos de idade? Algo realmente terrível. A convivência com aqueles homens mudou a visão de Brando sobre o militarismo para sempre. Ele que havia estudado numa escola militar se sentia arrasado sempre que ouvia alguma história triste contado por aqueles sujeitos. A guerra não é um lugar bonito para se estar. E o lar muitas vezes também pode se tornar um verdadeiro inferno quando você volta do combate incapacitado de alguma forma. A lição de vida fica assim para todos.



Marlon Brando - The Men
Brando estuda o script de "Espíritos Indômitos" ainda na cadeira de rodas de seu personagem. Durante muito tempo Brando afirmara que não faria cinema. Ele era um ator respeitado e conceituado em Nova Iorque com suas peças teatrais e ir para Los Angeles filmar todos aqueles filmes sem muito conteúdo não o animava. Era uma forma de arte menor, não à altura de seu talento. Em sua autobiografia o ator confessa que via os atores de Hollywood como verdadeiras prostituas da arte de atuar, mas que ele não tinha forças suficientes para recusar os altos cachês que a indústria cinematográfica lhe oferecia. De forma irônica Brando escreveu: "Pois é, eu também era uma prostituta, fazer o quê?". Coisas de Brando.


Marlon Brando e o Pai
Na foto Marlon Brando e seu pai surgem sorridentes em um momento bem divertido. Na realidade esse foi um raro momento de descontração. Brando e seu pai tinham um relacionamento tumultuado, agravado pelo alcoolismo de sua mãe (que ele atribuía como culpa do comportamento nada fiel e muito cruel do seu velho) e por uma frieza que deixava Brando muito desconcertado. Na juventude Brando até tentou ser um bom aluno, indo para uma escola militar que também havia sido frequentada pelo pai, mas tudo ruiu quando ele foi expulso por mau comportamento. Isso deixou tudo ainda mais tenso entre ambos. Nem quando Brando se tornou famoso as coisas serenaram. Viviam brigando e jogando coisas horríveis um na cara do outro. No final da vida o velho se tornou ainda mais frio e distante com o filho o que fez Brando confessar em sua autobiografia: "Queria que ele tivesse vivido mais, pois queria dar um soco em sua cara que quebrasse todo os seus dentes" - uau, nem Johnny o motoqueiro de "O Selvagem" teria tanto ódio no coração assim!


Brando na Broadway
Foto clássica de Marlon Brando nos bastidores da Broadway onde trabalhava na famosa peça "Um Bonde Chamado Desejo". Para Brando era essencialmente a consagração de sua carreira de ator teatral, algo que ele almejava conquistar desde quando chegara a Nova Iorque, ainda na década de 1940. Inicialmente Brando não tinha intenção de fazer cinema porém a equação menos trabalho e mais dinheiro falou mais alto. Em Hollywood Brando logo descobriria que a arte não estava em primeiro lugar como nos teatros da grande maçã. O importante era lucrar e fazer sucesso e isso significava muitas vezes mudar os textos originais que eram adaptados para o cinema, algo que geralmente enfurecia o ator.

Pablo Aluísio.

George Cukor, o diretor das estrelas

Um dos grandes cineastas da era de ouro do cinema clássico americano foi George Cukor. Além de brilhante diretor ele se notabilizou e ficou conhecido como o "Diretor da Estrelas". Essa denominação, muito justa aliás, lhe foi dada pela crítica por causa da extrema sensibilidade que Cukor demonstrava ao dirigir as grandes divas do cinema. Isso ficou bem claro quando dirigiu Marilyn Monroe no filme "Adorável Pecadora" de 1960. A atriz o escolheu pessoalmente por causa da indicação de colegas da profissão, uma vez que Cukor era extremamente compreensivo e gentil com os vários problemas que atingiam muitas delas, inclusive em sua vida particular.

Marilyn que tinha um longo histórico de brigas e confusões com diretores que havia trabalhado ao longo de sua carreira conseguiu ter uma perfeita sintonia com Cukor no set de filmagens. Isso aumentou sua produtividade e a intensa paciência do cineasta acabou ganhando ares de gratidão quando Marilyn resolveu pedir a volta de Cukor para dirigir aquele que seria seu último filme, "Something's Got to Give" que nunca seria concluído uma vez que Marilyn morreria de uma overdose de drogas acidental durante as filmagens. Na ocasião dizia-se nos corredores da Fox que apenas Cukor tinha a habilidade pessoal e a diplomacia necessárias para lidar com o terrível e complicado temperamento de La Monroe.

Outra deusa da sétima arte que teve um feliz (e breve encontro) profissional com George Cukor foi Vivien Leigh. Poucos sabem, mas Cukor foi o primeiro escolhido para dirigir o maior épico histórico de Hollywood na década de 1930, o clássico imortal "E O Vento Levou". Logo no começo das filmagens ele entendeu (de forma completamente certa) que a grande protagonista da fita seria a personagem  Scarlett O'Hara. Tudo o mais apenas giraria ao seu redor. Essa visão descontentou profundamente o astro Clark Gable que achava estar sendo colocado de lado por Cukor. Pressionado o estúdio acabou demitindo o mestre, porém seu legado ficou no filme a tal ponto que muitos creditam o Oscar dado a Leigh justamente pelas cenas que Cukor rodou com ela.

Cukor teve uma vida longa, só vindo a falecer com 83 anos de idade! Ao todo ele dirigiu 67 filmes, alguns considerados clássicos absolutos da história do cinema. Discreto, elegante e muito educado ele soube como poucos tirar o melhor das atrizes com quem trabalhou ao longo da vida. Foi indicado seis vezes ao Oscar, mas só foi premiado uma vez, por "My Fair Lady" de 1964, onde teve mais uma bela oportunidade de dirigir uma grande atriz, o símbolo máximo da elegância glamorosa, Audrey Hepburn. Mais coerente com o seu modo de ser e trabalhar do que isso, impossível.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Robert Mitchum - Problemas Legais

Robert Mitchum protagonizou um dos maiores escândalos da história da velha Hollywood. O fato aconteceu em setembro de 1948. Mitchum estava em uma casa suspeita em Hollywood Hills, bairro de Los Angeles, ao lado da atriz Lila Leeds, seu namorado e a dançarina Vickie Evans. Todos pareciam estar numa boa, ouvindo música, dançando um pouco, namorando outro tanto, até que foram surpreendidos com fortes batidas na porta da frente. Era a polícia. Uma denúncia anônima - provavelmente de algum vizinho irritado - havia informado que no local estava havendo consumo de drogas.

Todos foram imediatamente revistados. O flagrante se consumou após os tiras encontrarem na sala de estar vários cigarros de maconha. Mitchum e sua turma foram imediatamente algemados e levados para os carros patrulhas. Alertada, a imprensa correu para o local e ainda conseguiu excelentes fotos do momento exato em que todos estavam sendo levados presos. Robert Mitchum ainda tentou convencer os jornalistas a abafarem o caso ali mesmo, no meio da rua, enquanto era levado para o carro da polícia. Ele virou-se para um conhecido que trabalhava no Los Angeles Times e disse: "Ei, não publique nada sobre isso! Se você publicar essa notícia será o fim da minha carreira!".

Era um temor justificado. Ser preso com maconha nos anos 1940 poderia realmente destruir a reputação de qualquer um, ainda mais de um ator de cinema. Mitchum, apesar de nunca ter feito o papel de galã em seus filmes (geralmente ele interpretava bandidos, criminosos e detetives cínicos em filmes noir) sabia que algo daquela magnitude poderia destruir sua carreira, fazendo com que os estúdios não o contratassem mais para trabalhar em novas produções. Seria o fim? Na delegacia Mitchum tentou se explicar. Afirmou que tudo estava sendo um grande mal entendido. Em sua versão ele estava naquele lugar por puro acaso após ir até Hollywood Hills em busca de uma nova casa para alugar. Como não achou nenhuma que atendesse suas expectativas resolveu dar um pulinho na casa da colega Lila Leeds que morava ali perto. Quando chegou a tal festinha já havia começado e se havia maconha no meio da sala ela certamente não lhe pertencia.

Levado perante o juiz o ator repetiu sua versão dos fatos. Chegou a dizer, com extremo cinismo, bem típico de seus personagens no cinema, que mal sabia o cheiro que um cigarro de maconha exalava e por isso era completamente inocente, uma pobre alma que estava no lugar errado, na hora errada. O magistrado não se convenceu e sentenciou Mitchum a uma pena de seis meses na penitenciária de Los Angeles. Claro que a imprensa fez a festa, cobrindo todos os menores detalhes: Mitchum sendo levado para a prisão, vestindo roupa de presidiário, limpando sua cela, etc. Curiosamente o ator a partir de determinado momento não quis mais saber de preservar sua imagem, fazendo inúmeras piadas sobre o ocorrido. Isso acabou criando uma simpatia do público com ele a ponto de todos o perdoarem pelo deslize. Quando saiu da cadeia Mitchum percebeu que sua carreira havia sobrevivido, novos filmes estavam à sua disposição e ele poderia seguir em frente, mas claro, agora sem maconha.

Pablo Aluísio.