quarta-feira, 8 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e a Busca Espiritual

Por volta de 1965, lançamentos sem qualidade como "Harum Scarum" começavam a destruir o prestígio artístico de Elvis Presley. Os jornais destroçavam e até debochavam da má qualidade de seus filmes mas o próprio Elvis Presley não parecia muito preocupado com isso. Isolado e distante de todos ele não chegava a ter conhecimento do que se dizia sobre ele. O cantor parecida viver dentro de uma bolha que o distanciava do mundo lá fora. Nesse período Elvis se afundou pra valer em seus estudos esotéricos. Ele lia livros e mais livros sobre espiritualidade, procurando conhecer todos os tipos de religiões existentes, inclusive as orientais que lhe despertavam grande fascínio.

Assim Elvis deixou sua carreira musical de lado e entregou tudo nas mãos do coronel. Para ele aquilo tudo era apenas um trabalho para se ganhar a vida. Nessa fase de sua vida Elvis começou a se preocupar mesmo com sua vida espiritual. Ele que sempre tivera uma personalidade exuberante começava a procurar por isolamento e calma, sempre com algum livro na mão, procurando lugares serenos para ler. Esse tipo de atitude chegou aos ouvidos do Coronel. Parker há tempos queria se encontrar com Elvis mas ele sempre arranjava uma desculpa qualquer. Preocupado o Coronel resolveu ir até Graceland para ver o que estava acontecendo.

Depois de se encontrar com Elvis ficou ainda mais preocupado. Presley parecia desinteressado pelos aspectos profissionais de sua vida. Nem sequer mais ouvia seus próprios discos para ver se algo de que não gostasse tinha saído nas edições dos LPs. Não ligava mesmo para nada. Parker comentou com Joe Esposito que tinha visto um Elvis apático e que parecia também deprimido, sem forças para se interessar pelas coisa que antes o despertavam grande atenção. Diante disso resolveu abrir o jogo e foi sincero com ele ao afirmar: "Elvis, esses livros que você anda lendo são perigosos. Eles mexem com sua mente. Eu já estudei sobre controle mental e posso dizer que esse tipo de literatura pode mexer com qualquer um." Elvis ao ouvir isso não pareceu prestar muita atenção, como sempre.

Depois Esposito confessou ao Coronel que os caras da máfia de Memphis viviam levando seus problemas pessoais aos ouvidos de Elvis. Esse tipo de coisa o deixava preocupado e muitas vezes arrasado emocionalmente. Sem pensar duas vezes o Coronel reuniu toda a turma e passou um sermão daqueles: "Não levem seus problemas para Elvis. Cuidem de suas próprias vidas. Elvis é um artista e não um psicólogo para ficar cuidando de vocês. Imagine ter que lidar com os problemas de onze pessoas de uma só vez! - isso envergaria qualquer homem - o deixem em paz de uma vez por todas".

Outra coisa também começou a preocupar a mente do velho Coronel. Elvis começou a ter atitudes de quem não andava girando muito bem da cabeça. Certa vez disse aos caras da máfia de Memphis que teria que ir para o meio de um gramado que estava sendo irrigado, durante a madrugada, pois anjos celestiais queriam falar com ele. E lá foi Elvis para o meio da água, com as roupas do corpo todas molhadas, começando a gesticular e bater papo com o vento. Os caras que o acompanharam ficaram assustados com aquilo. Em outra ocasião mais esquisita ainda, Elvis começou a discutir com a parede, dizendo ter visto ali rostos humanos que estavam lhe perguntando sobre os grandes desejos de Deus para a humanidade. Até Priscilla ficou assustada com aquilo tudo.

O Coronel Parker porém já havia decidido que enquanto não queimasse toda a literatura mística de Elvis não ficaria sossegado. Ele começou assim uma campanha surda para que Elvis retornasse à razão. Ao lado de Priscilla ficou com o firme propósito para que Elvis queimasse tudo. De certo modo o velho empresário tinha razão pois Elvis andava lendo coisas bem esquisitas, livros que misturavam religião com discos voadores e coisas do tipo. Uma maluquice sem tamanho. Enquanto Parker não visse uma grande fogueira feita dessa literatura estranha nos quintais de Graceland ele não iria desistir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Elvis Presley - Feriado no Harém

Título no Brasil: Feriado no Harém
Título Original: Harum Scarum
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Gene Nelson
Roteiro: Gerald Drayson Adams
Elenco: Elvis Presley, Mary Ann Mobley, Fran Jeffries

Sinopse:
Johnny Tyronne (Elvis Presley) é um popstar que está viajando pelo Oriente Médio em uma excursão promocional para divulgar seu último filme, "Areias do Deserto". Uma vez que ele chega, no entanto, é seqüestrado por uma gangue de assassinos que estavam tão impressionados com suas aventuras na tela que querem contratá-lo para realizar um assassinato de verdade para eles. Ele recusa-se naturalmente, e depois de sua fuga ousada percorre seu caminho através do deserto de volta à civilização, parando de vez em quando para cantar uma ou duas músicas.

Comentários:
Como fã de Elvis Presley de longa data eu realmente gostaria de escrever aqui que "Harum Scarum" não é tão ruim como tanto se diz por aí. Infelizmente não posso! Sim, esse filme é péssimo, péssimo, péssimo! Não há outro modo de comentar. Chega ao ponto de abalar as estruturas de qualquer fã de Elvis, de qualquer idade. É uma produção tão pobre e medíocre em todos os aspectos (roteiro, atuação e direção) que ficamos até surpresos que Hollywood tenha conseguido divulgar e comercializar esse lixo. A MGM mais uma vez terceirizou a produção do filme para a companhia fundo de quintal Four-Leaf Productions. Eles por sua vez sequer tiveram a dignidade de realmente tocar uma produção de verdade em frente, criando cenários, figurinos etc. Ao invés disso pegaram o que havia de estocado dentro da própria MGM de filmes antigos e filmaram tudo com material emprestado. O problema é que o roteiro exigia uma ambientação exótica, do Oriente Médio, e isso deixou a pobreza e precariedade do filme ainda mais às claras, todos os menores detalhes e grandes defeitos de um filme simplesmente ridículo. O resultado disso se vê na tela. É aquele tipo de musical tão ruim que chega a dar de cabeça no espectador. Os fãs de Elvis certamente ficarão muito decepcionados com o resultado final. Esse é o lado mais constrangedor da passagem de Elvis por Hollywood. Se ainda não assistiu meus parabéns - e se quer um conselho de amigo, fique o mais longe possível dessa tranqueira! 

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - O ano de 1965

Em 1965 Elvis Presley completou trinta anos de idade. Foi um momento significativo. Ele havia passado por muita coisa mas infelizmente sua carreira se encontrava em um beco sem saída. Era certo que ele e o Coronel Parker se equivocaram em apostar todas as suas fichas no cinema. Elvis parou de fazer shows ao vivo e de gravar material de qualidade. Tudo o que sobrara aos fãs eram suas trilhas sonoras Made in Hollywood. Os filmes não ajudavam pois eram em sua maioria comédias românticas embaladas com muita música pop sem qualidade. A questão é que, assim como Elvis, seus fãs também estavam com trinta anos e não iriam se empolgar mais com filmes adolescentes. O resultado disso foi que Elvis foi perdendo fãs aos montes. Os mais jovens estavam gostando do rock inglês e os mais velhos, aqueles mesmos que o seguiam desde os primórdios, ficavam embaraçados com a ruindade do material musical apresentado por Elvis por essa época.

Um exemplo da perda de popularidade de Elvis em 1965 veio das revistas que eram publicadas cujo assunto principal era ele mesmo, Elvis. Muitas delas fecharam as portas e outras perderam mais da metade dos assinantes. Até a internacional Elvis Monthly quase encerra suas atividades. Os fãs clubes tradicionais também debandaram por falta de movimento. Muitos que surgiram nos anos 50 simplesmente deixaram de existir. Os fãs estavam mais velhos e não havia renovação pois os jovens não estavam mais ouvindo Elvis. Não havia mais material de relevância para se comentar e ninguém queria pagar mico elogiando coisas como "Kissin Cousins". Some-se a isso o fato de que uma coisa é ser fã aos 14, 15 anos, outra completamente diferente é ser fã aos 30. Os fãs adultos de Elvis não aguentavam mais tanta mediocridade. Eles ainda compravam os discos por causa da força de seu nome mas os discos decepcionavam completamente. Assim ao invés de irem em reuniões de fãs clubes preferiam ficar em casa cuidando do bebê.

E dentro do cenário musical a posição de Elvis não era nada boa. Em revistas especializadas de rock Elvis era ignorado. Nem uma linha era escrita sobre suas medíocres trilhas sonoras e quando eram tratados eram enfocadas com um tom de melancolia, ao estilo, "Elvis é ótimo mas seus discos recentes são realmente horríveis". Nesse ponto o leitor pode se perguntar porque Elvis não reagiu e retomou os rumos de sua própria carreira? Bom, em primeiro lugar ele queria fazer cinema, era um sonho que ele almejava desde muito jovem, talvez desde a época em que era lanterninha de cinema. Ele iria tentar até o fim, custe o que custasse. Em segundo lugar Elvis se isolou. Em determinado momento da carreira ele decretou que não mais leria críticas negativas ao seu trabalho e ficava enfurecido com quem lhe apresentava algum jornal ou artigo em que algo feito por ele era detonado!

Assim Elvis vendou seus próprios olhos. Não leu as chacotas e críticas que eram feitas em cima de porcarias como "Harum Scarum" e ignorou completamente a opinião daqueles que lhe tentavam abrir os olhos. Elvis estava tão distante do que acontecia ao redor que ao se apresentar no set de "Harum Scarum" (mais um lixo da MGM) ele pensou seriamente que estava prestes a dar um grande passo em sua carreira de ator. Ficou pensando que seguiria os passos do grande mito Rodolfo Valentino, enquanto a equipe técnica ria em suas costas. Ele chegou ao ponto de falar em Oscar de melhor ator, imagine você! Se ele tivesse tido contato com o que foi dito de coisas como "Kissin Cousins" teria rejeitado fazer "Harum Scarum", simplesmente porque era praticamente a mesma equipe técnica do filme anterior, a mesma pobreza de orçamento e a mesma mediocridade de roteiro. Ao invés disso entrou de corpo e alma naquele que seria seu pior filme!

Outro erro por parte de Elvis quando completou seus trinta anos de idade foi se convencer que ele era o maior e que ninguém poderia lhe derrubar. Adotou uma atitude de arrogância em relação aos outros artistas e sempre procurava desmerecer o trabalho dos novos artistas que estavam surgindo dentro do cenário musical. Quando foi presenteado com um disco dos Beatles (o grupo que estava arrasando com ele nas paradas) fez pouco caso e disse não haver nada demais ali, a não ser uma ou outra música de que gostava. Para ele os Beatles iriam passar rapidamente e não fariam nenhuma diferença em sua carreira. Elvis se equivocou e não percebeu que o bravo rock estava renascendo e curtia uma de suas fases mais inspiradas e produtivas. Mas ao invés de embarcar na onda, gravando discos de grandes compositores da época e se lançar em turnês internacionais (coisa que os Beatles vinham fazendo) Elvis preferiu se enfurnar nos estúdios da MGM com um figurino de árabe de araque.

Mas o tempo e principalmente os números ruins de vendas que viriam iriam finalmente abrir seus olhos, mesmo que antes ele tivesse que literalmente ir até o fundo do poço, mas essa é uma outra história...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Elvis Presley - Louco Por Garotas

Título no Brasil: Louco Por Garotas
Título Original: Girl Happy
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Boris Sagal
Roteiro: Harvey Bullock, R.S. Allen
Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Harold J. Stone

Sinopse:
O Rei do Rock Elvis Presley interpreta um cantor garotão que é enviado a uma estação de verão em Fort Lauderdale para tomar conta da bonita e simpática filha de um chefão da máfia de Chicago. Ele não tem alternativas pois depende do sujeito para manter seu emprego como músico free lancer. Musical de verão estrelado pelo cantor Elvis Presley.

Comentários:
Mais um musical típico de Elvis Presley nos anos 60. Aqui ele banca a "vela" de uma garota filha de um chefão de Chicago (interpretada pela bela e simpática Shelley Fabares, que inclusiva faria outros filmes ao lado do cantor). O roteiro tem cenas engraçadas mas no geral "Louco Por Garotas" é tipicamente um "filme de verão", ou seja, muita praia, muito biquíni e todo mundo em férias em algum local turístico (curiosamente não escolheram o Havaí e nem Acapulco aqui mas sim Fort Lauderdale, um point de verão para universitários americanos em férias). Elvis canta as canções da trilha sonora sem muito esforço, dá uns amassos em alguns brotos e se envolve em confusões com o chefão da máfia de Chicago, mas claro tudo muito suave e sem stress, como convinha aos seus filmes dessa época. A verdade é que depois do sucesso de fitas como "Feitiço Havaiano" e "O Seresteiro de Acapulco", Elvis Presley se viu preso a esse tipo de produção.

Os filmes davam ótima bilheteria, tinham produção barata e as trilhas sonoras vendiam bem, recuperando o investimento. Dentro dessa fórmula imposta por Hollywood Elvis Presley foi ficando cada vez mais rico, com cachês milionários mas pessoalmente se sentia frustrado por ter que fazer praticamente o mesmo filme ano após ano. De qualquer forma "Girl Happy" tem seus atrativos. As músicas que Elvis canta no filme são divertidas, agradáveis e animadas (deram uma folga nas baladas românticas aqui). O humor também é bem bolado, com diversas situações que envolvem o personagem de Elvis (numa delas o Rei do Rock acaba se travestindo de mulher, fato único na sua carreira no cinema!). Shelley Fabares, a estrelinha ao lado de Elvis, era uma moça simpática, bonita e elegante que ajudava muito no resultado final do filme. Para o público masculino o filme também traz farto material de garotas em todas as cenas e de todos os tipos. Enfim, "Louco Por Garotas" vale a sessão. Não é dos melhores momentos de Elvis no cinema mas diverte de forma descompromissada.

Pablo Aluísio .

Elvis Presley - Com Caipira Não se Brinca

Título no Brasil: Com Caipira Não se Brinca
Título Original: Kissin' Cousins
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Four-Leaf Productions, MGM
Direção: Gene Nelson
Roteiro: Gerald Drayson Adams, Gene Nelson
Elenco: Elvis Presley, Arthur O'Connell, Glenda Farrell

Sinopse:
A Força Aérea americana decide construir uma base de mísseis balísticos numa montanha distante e isolada do Tennessee mas encontra resistência dos caipiras locais que não querem nem ouvir falar no governo. Assim o comando resolve enviar o tenente Josh Morgan (Elvis Presley) para a região para tentar convencer a caipirada a arrendar a montanha para os interesses militares da US Air Force.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme reconhecidamente bem ruim da filmografia de Elvis. Quando ele assinou com a MGM um contrato de longos sete anos o estúdio para baratear seus filmes resolveu terceirizar as produções para pequenas companhias, que geralmente bancavam orçamentos bem mais modestos. Assim a MGM só iria se preocupar mesmo com a distribuição e divulgação das películas. Era uma maneira de lucrar mais com os musicais estrelados por Elvis. "Kissin' Cousins" segue bem por essa linha. Praticamente todo filmado dentro de um estúdio que imitava as montanhas do Tennessee, o filme não consegue ficar na média nem mesmo dos outros filmes do cantor. Há diversos erros técnicos (como sombras das câmeras se refletindo no próprio Elvis ou bailarinos caindo uns por cima dos outros em cenas de dança). O roteiro trata os caipiras de uma forma bem pejorativa, pois eles são retratados como sujeitos toscos que moram em montanhas, não usam calçados e não possuem qualquer noção sobre quase nada. No jantar comem cozidos de gambás! As garotas andam descalças, com os pés sujos e um monte delas, chamadas Kittyhawks, formam bandos de mulheres desesperadas atrás de homens (é simplesmente hilária de tão absurda uma cena em que Elvis desce as montanhas correndo de uma verdadeira multidão de garotas loucas para rasgarem suas roupas!). Como se isso não fosse apelação suficiente a partir de determinado momento as Kittyhawks começam a andar só de biquínis pelas montanhas (coisa de louco!), certamente para provocar o público masculino que ia aos cinemas conferir essa "obra cinematográfica"! Sutileza em "Kissin' Cousins"? Esqueça...

Em outro momento do enredo o personagem de Arthur O'Connell explica que existem poucos homens nas montanhas e por isso a mulherada deseja fazer bebês antes que fiquem velhas demais para isso (fico imaginando as feministas de hoje em dia encarando um diálogo sem noção desses!). Elvis interpreta dois personagens, o oficial da força aérea e um caipira das montanhas, primo distante dele. Para diferenciar ambos um dos personagens é loiro (o que coloca Elvis em situações constrangedoras ao ter que usar uma peruca loira completamente falsa). O militar é mais polido enquanto que o caipirão é um chucro que sai na mão com todo mundo (até com suas própria mãe que lhe dá um golpe que o leva ao chão em segundos!). Curiosamente quando Elvis encontrou o presidente Nixon na Casa Branca esse lembrou justamente desse filme! Elvis então não perdeu o pique e falou para o presidente que atuar em "Kissin' Cousins" tinha sido um "grande desafio de interpretação!". Claro que não foi, Elvis aí contou uma grande balela. O roteiro não desenvolve nenhum personagem e tudo é mero pretexto para Elvis ir cantando as (até boas) canções da trilha sonora. Nada de novo no front a não ser mesmo a visão maniqueísta e caricata dos pobres caipiras sulistas dos Estados Unidos. Admira mesmo é Elvis ter embarcado nesse projeto até porque ele próprio era um caipira do Tennessee, que o roteiro do filme insiste em satirizar, algumas vezes de forma até ofensiva. Em suma, não era de se esperar muito de um filme chamado "Primos Beijoqueiros" (tradução literal do título original) mas a MGM também não precisava exagerar na falta de capricho e qualidade. Se Elvis Presley tinha mesmo alguma esperança de ser levado à sério como ator em Hollywood esse "Kissin' Cousins" marcou o começo do fim de suas pretensões.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de junho de 2005

Elvis Presley - Carrossel de Emoções

Título no Brasil: Carrossel de Emoções
Título Original: Roustabout
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Rich
Roteiro: Anthony Lawrence, Allan Weiss
Elenco: Elvis Presley, Barbara Stanwyck, Joan Freeman

Sinopse:
Charlie Rogers (Elvis Presley) ganha a vida pelas estradas. Em cima de sua moto, com seu eterno companheiro, o violão, na garupa, ele rasga as longas distâncias, sempre arranjando um trabalho aqui, outro acolá. Bom motociclista geralmente se apresenta no famoso número do globo da morte. Sua sorte muda porém quando esbarra literalmente com o pai de Cathy Lean (Joan Freeman). Após sua moto ser danificada ele precisa parar alguns dias no parque de diversões da família de Cathy. Mal sabe ele que está prestes a mudar seu destino para sempre.

Comentários:
Muitos reclamam do excesso de sacarina de alguns musicais de Elvis nos anos 60. Tudo bem, na maiorias das vezes ele realmente interpretou almofadinhas durante essa década no cinema mas houve algumas exceções. Uma delas aconteceu justamente nesse filme. O personagem Charlie Rogers interpretado por Elvis não era um mauricinho mas um sujeito comum, com lampejos de motoqueiro rebelde, tentando ganhar a vida pelas estradas americanas. O título em inglês, Roustabout, traz justamente a expressão usada para designar esses andarilhos, jovens sem rumo que vagavam pelos Estados Unidos em busca de trabalho e oportunidades. Elvis surge em cena pilotando uma moto, com casaco negro - em uma imagem que nos remete imediatamente aos personagens durões do cinema rebelde dos anos 50. Certo que não chegamos ao ponto de ver um novo Johnny (o personagem de Brando em "O Selvagem") em cena mas o papel de Elvis tem sua dose de rebeldia e perigo. Foi uma clara tentativa dos roteiristas em trazer algum tipo de rebeldia para Elvis nos cinemas - já que a crítica vivia pegando em seu pé por isso. O filme tem seus momentos. Há um argumento válido, personagens secundários interessantes, um bom elenco de apoio que conta inclusive com a presença marcante da veterana Barbara Stanwyck e uma trilha sonora agradável, cheia de boas canções. Credito todos esses méritos ao fato de ser um filme da Paramount, com produção de Hal Wallis, que sempre trazia ao público algo digno, mantendo um padrão de qualidade bastante coeso. "Roustabout" é um prazer sem culpas e o último suspiro da rebeldia de Elvis Presley no mundo do cinema. Por isso é um filme que vale a pena ser prestigiado pelos fãs do cantor.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Dez curiosidades sobre o filme Carrossel de Emoções

1. O filme teve um orçamento total de 3 milhões de dólares e foi concluído três dias antes do previsto.
2. Foi o vigésimo oitavo filme mais visto nos EUA em 1964.

3. Foi o primeiro filme da carreira de Raquel Welch que interpreta uma das figurantes colegiais no Tea House.

4. Elvis pilota uma moto da marca Honda 305 Superhawk no filme. Ela quebrou três vezes durante as filmagens.

5. O estúdio queria inicialmente Mae West para a personagem que seria interpretada por Barbara Stanwyck. O roteiro foi enviado a Mae mas ela achou o roteiro fraco demais e recusou.

6. A Paramount queria um dublê nas cenas em que Elvis dirige sua moto mas o cantor disse que não era preciso. Apenas nas cenas mais perigosas do globo da morte é que uma equipe especial de dublês foi utilizada.

7. Na cena de "It's A Wonderful World" Elvis se aborreceu pois não conseguia ouvir sua própria gravação para sincronizar sua dublagem com a música que estava sendo tocada.

8. O casaco de couro usado no filme era do próprio Elvis que recusou o figurino providenciado pela Paramount por achá-lo muito apertado.

9. Richard Kiel, o grandalhão que ficaria famoso como o vilão "Jaws" da série James Bond faz uma aparição não creditada como o fortão do parque de diversões onde Elvis trabalha.

10. Durante um bate papo informal com a imprensa no set de filmagens Elvis declarou que o filme era uma adaptação da vida real de seu empresário Tom Parker. Ele estava enganado. O roteirista  Anthony Lawrence escreveu a primeira versão para ser estrelada por Tony Curtis e Mae West ainda nos anos 50. Apenas anos depois foi que Allan Weiss adaptou o enredo para finalmente Elvis estrelar o filme.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de junho de 2005

Elvis Presley - Amor à Toda Velocidade

Título no Brasil: Amor à Toda Velocidade
Título Original: Viva Las Vegas
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: George Sidney
Roteiro: Sally Benson
Elenco: Elvis Presley, Ann-Margret, Cesare Danova

Sinopse:
Lucky Jackson (Elvis Presley) ganha a vida cantando e divertindo os turistas hospedados em hotéis de luxo de Las Vegas, mas seu grande sonho mesmo é se tornar um grande piloto de corridas. Ele almeja vencer o primeiro Las Vegas Grand Prix que vai pagar uma pequena fortuna para o vencedor. Por acaso acaba conhecendo a linda Rusty Martin (Ann-Margret), que ele pensa erroneamente ser uma dançarina de cassinos. Indo atrás dela Lucky acaba descobrindo que não é bem isso que a apaixonante garota faz para viver.

Comentários:
Um dos grandes sucessos no cinema da carreira de Elvis Presley. Realmente é um de seus melhores musicais. O curioso foi que a fita foi produzida meio às pressas após a MGM decidir que iria aproveitar o Grand Prix de Las Vegas para locações. O enredo, escrito pela roteirista Sally Benson (a mesma de "Sombra de uma Dúvida" e "Agora Seremos Felizes"), conseguiu mesmo capturar a essência de um encontro entre Elvis e Margret, que era considerada a "Elvis de saias" naquela época. O casal que levou o romance também para fora das telas solta faíscas em cena. A produção também tem um ótimo desenrolar, fruto da competência do experiente cineasta George Sidney que resolveu dar o mesmo destaque para ambos, o que gerou ciúmes em Elvis que começou a acreditar que Sidney estava perdidamente apaixonado por Margret. Bobagem. O diretor sabia que tinha dois grandes talentos em mãos e resolveu aproveitar tudo o que poderia. O grande sucesso de "Viva Las Vegas" deu um impulso e tanto na carreira de Ann-Margret, que saiu depois em busca de novos desafios. Já para Elvis virou uma enorme camisa de força. Seus filmes seguintes, principalmente àqueles onde ele interpretava pilotos de corrida, nada mais eram do que tentativas de repetir o sucesso dessa película. Mesmo assim não há como negar, "Amor à Toda Velocidade" é de fato um marco no cinema musical dos anos 1960. Um simpático romance que uniu uma das melhores duplas já vistas em Hollywood em todos os tempos.

Pablo Aluísio

Elvis Presley - Dez curiosidades sobre "Loiras, Ruivas e Morenas"

Dez curiosidades sobre "It Happened At The World's Fair" que provavelmente você não sabia:

1) Kurt Russell, estrela do filme biográfico de Elvis em 1979, interpreta a criança que chuta as canelas de Mike.

2) Durante as filmagens Elvis se envolveu com a atriz Yvonne Craig, nada muito sério, apenas um breve romance de verão.

3) Elvis foi convidado para uma visita à rainha da Inglaterra durante as filmagens em Seattle, mas infelizmente não foi possível para ele se deslocar ao Reino Unido, por não dispor de tempo livre em sua agenda cheia de compromissos.

4) O figurino de Elvis foi criado pelo famoso estilista Sy Devore

5) Nos estúdios da MGM em Hollywood Elvis utilizou os camarins que pertenceram no passado ao lendário ator Clark Gable.

6) Esse foi o primeiro filme em que Elvis interpretou um piloto, profissão que se tornaria recorrente em seus filmes futuros

7) Foi o primeiro filme de Elvis após ele assinar com a MGM um longo contrato de sete anos

8) Elvis quis comprar o "carro dos sonhos" exibido na feira mundial em Seattle mas foi informado que o carro era apenas um protótipo

9) Foi o segundo de Elvis com a garotinha chinesa Vicky Tiu

10) Na cena em que Elvis canta "I'm Falling in Love Tonight", no restaurante, tudo foi filmado com ele cantando realmente ao vivo. A orquestra que o acompanhou ficou estrategicamente posicionada atrás das câmeras.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Elvis Presley - Loiras, Ruivas e Morenas

Título no Brasil: Loiras, Ruivas e Morenas
Título Original: It Happened at the World's Fair
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Si Rose, Seaman Jacobs
Elenco: Elvis Presley, Joan O'Brien, Gary Lockwood, Vicky Tiu, Kurt Russell, Yvonne Craig

Sinopse: Mike Edwards (Elvis Presley) é um piloto de aviões que ganha a vida pulverizando plantações de batatas com seu teco-teco Bassie. Seu sócio no negócio, Danny Burke (Gary Lockwood), é viciado em jogos de cartas e acaba perdendo todo o dinheiro de ambos numa noite de má sorte. Sem dinheiro e precisando de 1.200 dólares para recuperar o avião, agora dado como garantia para os devedores de Danny, os dois, completamente quebrados, pegam uma carona até a feira mundial de Seattle. Eles esperam conseguir um emprego mas no caminho se tornam amigos dos Lins e na grande cidade Mike acaba conhecendo a garota de seus sonhos, a enfermeira Diane Warren (Joan O'Brien).

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de Elvis na MGM após firmar contrato de sete anos com o estúdio. A última produção do cantor na Metro havia sido o clássico "Jailhouse Rock" ainda na década de 50 e muitos esperavam por um filme tão marcante como aquele. Bom, quem pensou assim certamente se decepcionou. Esse "t Happened at the World's Fair" é um filme romântico muito pueril e leve que ficou muito distante da rebeldia do grande musical da era do rock. Por falar em rock não espere encontrar nada do gênero na trilha sonora que é notoriamente muito fraca e sem personalidade. O roteiro também não ajuda pois não há qualquer carga dramática. A estorinha é das mais banais e para piorar tudo Elvis passa quase todo o filme cuidando da garotinha Sue-Lin (Vicky Tiu) enquanto tenta achar seu tio desaparecido. Essa função de babá abre espaço para um monte de musiquinhas infantis sem importância que vão minando a paciência dos fãs de Presley ao longo do filme.

O personagem de Elvis é um conquistador barato que acaba caindo de amores por uma bonita enfermeira interpretada pela correta mas sem sal Joan O'Brien. Não há muita química no romance entre os dois em cena. Certamente ela foi uma das estrelas mais fracas ao lado de Elvis em sua carreira no cinema. Melhor se sai Yvonne Craig numa cena mais sensual onde o cantor apresenta a canção "Relax". Ela ficaria famosa depois ao virar a Mulher-Gato no seriado de TV "Batman" alguns anos mais tarde. Por falar em coadjuvantes roubando a cena não podemos esquecer de citar a participação muito divertida e curiosa do futuro astro Kurt Russell aqui dando uns chutes nas canelas de Elvis! Mesmo com essas curiosidades não há maiores atrativos no filme que é realmente de rotina. As boas cenas externas na feira mundial até ajudam a manter o interesse mas o clima geral é realmente pueril demais para quem um dia sustentou o título de Rei do Rock! Aliás a conclusão final não poderia ser outra, pois "Loiras, Ruivas e Morenas" definitivamente não tem nada a ver com Rock ´n´ Roll.

Pablo Aluísio.