sábado, 1 de janeiro de 2005

Elvis Presley - Elvis (1956)

O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum. Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Não que Elvis a conhecesse desses lugares do tipo barra pesada, mais voltada para o público negro da cidade, mas sim do rádio. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinha apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa criação da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)

Eu gosto muito desse disco. Afinal é um álbum histórico, o primeiro gravado por Elvis Presley em sua nova gravadora, a RCA Victor. Porém devo dizer que dessa fase inicial, em 1956, ainda prefiro muito mais o segundo álbum de Elvis na RCA, intitulado simplesmente de "Elvis". Ali já havia um melhor tratamento nas canções, com mais primor em termos de arranjo e gravação. Esse primeiro disco ainda tem aquela sensação de que algumas faixas (em especial as trazidas da Sun Records) ainda estavam muito cruas. São gravações quase amadoras, afinal quando estava na Sun, Elvis ainda era em certos termos um cantor iniciante, procurando por uma carreira musical. Mesmo assim negar a importância desse LP é impossível. Por isso vamos tecer alguns comentários sobre cada faixa do disco.

1. Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável. Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira

2. I´m Counting On You (Don Robertson) - "I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro. Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.

3. I Got a Woman (Ray Charles) - Bom, se você gosta de Elvis Presley e Ray Charles e ao mesmo tempo diz que não gosta de "I Got A Woman", sugiro que procure logo um analista. São coisas indissociáveis. Concordo que em certos aspectos essa primeira versão de Elvis é muito singela. Porém ela apresenta aquela sonoridade dos anos 50 - ao sabor Sun Records - que literalmente salva todas as canções desse primeiro álbum do cantor na RCA Victor. Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.

4. One-Sided Love Affair (Campbell) - Outra que vai na mesma linha é  "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não  entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...

5. I Love You Because (Leon Payne) - Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.

6. Just Because (BJ Snelton / S.Robin) - "Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!

7. Tutti Frutti (Joe Lubin / Richard Penniman / Dorothy LaBostrie) - Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco. De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!

8. Trying To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Uma das faixas desse álbum, o country "Trying to Get to You", seria utilizada por Elvis nos palcos até o fim de sua vida. Isso provava o quanto ele gostava da música, até porque ela nunca foi exatamente um sucesso em sua discografia, havia muitas outras músicas bem mais populares. Porém Elvis tinha um apreço especial por ela, como bem demonstra as centenas de versões ao vivo que cantou. Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.

9. I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Joe Thomas/Howard Biggs) - Caso típico de se ouvir uma música pela primeira vez e adorar logo de cara! Foi esse o meu caso ao ouvir a canção " "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)". Passados tantos anos desde que comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez não mudei em nada a minha percepção dessa excelente faixa do álbum de estreia de Elvis Presley. Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita! Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!

10. I'll Never Let You Go (Little Darlin') (Jimmy Wakely) - Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.

11. Blue Moon (Richards Rodgers / Lorenz Hart) - "Blue Moon" é maravilhosa. Quando Elvis a gravou, em 1954, na Sun Records, ela já era uma balada consagrada dentro do universo musical americano. Gravada inicialmente nos anos 1930, bem no auge da depressão que assolava a economia daquele país, tinha se tornado um símbolo sentimental em uma época muito dura na vida das pessoas. Fica óbvio que Elvis a conhecia desde a infância. O diferencial de sua versão foi a performance claramente emocional que imprimiu na gravação. Embora tivesse alguns pequenos problemas, como o fato de Elvis ter esquecido a letra bem no meio da gravação, ainda assim a RCA Victor resolveu resgatá-la para fazer parte do primeiro disco do cantor na nova gravadora. O produtor Steve Sholes viu ouro puro ali. Era uma bela obra prima musical.

12. Money Honey (Jesse Stone) - "Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956): Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

Filmografia Brad Pitt - Parte 8

A Grande Aposta
Durante as décadas de 80 e 90 começou a se formar uma imensa bolha imobiliária dentro da economia americana. Bancos comerciais começaram a disponibilizar crédito ilimitado e sem garantias a qualquer um, tudo embasado em títulos hipotecários podres, sem qualquer tipo de garantia ou lastro financeiro. Com tanto dinheiro voando para todos os lados de maneira tão fácil e simples era apenas uma questão de tempo para que tudo explodisse em um desastre econômico e financeiro de proporções únicas, algo que quase levou a economia americana (e de quebra, a mundial) ao caos. O filme explora justamente esse contexto para mostrar como algo tão insano passou despercebido das autoridades daquele país. O roteiro assim mostra diversos agentes independentes do setor financeiro e de seguros que descobriram antes tudo o que estava acontecendo. Antevendo uma ótima oportunidade de ganhar muito dinheiro com a crise que se aproximava eles procuraram lucrar com o desastre.

O filme "A Grande Aposta" é extremamente interessante porque mostra - muitas vezes até de maneira didática - como se deu a crise da bolha imobiliária dos Estados Unidos, algo tão grave que paralisou a economia americana até bem pouco tempo atrás, causando muitos estragos. Milhares de famílias perderam suas casas, foram despejadas e o desemprego disparou. Muito já se falou sobre essa crise, mas pouca gente realmente procurou ir a fundo na questão. O roteiro é muito inteligente nesse aspecto pois mostra todo o tecnicismo da questão de uma forma fácil e simples para que o espectador médio possa compreender bem tudo o que se passou. Os personagens que gravitam em torno de tudo isso também são destaques. Vão desde o agente de seguros meio louco interpretado por um irreconhecível Christian Bale até por um estressadíssimo executivo especulativo na pele de Steve Carell, tentando se distanciar um pouco de sua imagem de comediante. Até o astro Brad Pitt dá uma canja como um gênio aposentado do mercado financeiro, já um tanto paranoico, que resolve embarcar na jogada decisiva de sua vida profissional apostando suas fichas no estouro da bolha imobiliária. Pitt inclusive é um dos produtores do filme, mostrando que ele também tem faro para ganhar dinheiro em Hollywood. Enfim, temos aqui um bom exemplo de filme inteligente e bem realizado que conseguiu fazer de um tema bem áspero um perspicaz retrato da América corporativa e mercantilista que acreditava até mesmo em suas próprias mentiras. Wall Street nunca foi tão bem retratada nas telas.

A Grande Aposta (The Big Short, Estados Unidos, 2015) Direção: Adam McKay / Roteiro: Charles Randolph, Adam McKay / Elenco: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling, Brad Pitt, Marisa Tomei, Melissa Leo / Sinopse: Um grupo de corretores e especuladores do mercado financeiro americano começam a perceber que a economia de seu país em breve sofreria os efeitos do estouro de uma grande bolha imobiliária no mercado. Aproveitando a tempestade econômica que estava por vir eles resolvem então apostar no mercado para ganhar muito, muito dinheiro com a crise que se avizinha. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Charles Randolph e Adam McKay). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Christian Bale), Direção (Adam McKay) e Edição (Hank Corwin). Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Ator (Christian Bale), Ator - Comédia ou Musical (Steve Carell) e roteiro.

Aliados
Casablanca, Marrocos. II Guerra Mundial. O agente canadense Max Vatan (Brad Pitt) desce de paraquedas no meio do deserto para uma missão importante: assassinar o embaixador nazista na região. Para isso ele precisa contar com um disfarce e se torna o "marido" de outra agente, a francesa Marianne Beauséjour (Marion Cotillard), que trabalha para os alemães. O primeiro obstáculo a vencer é conseguir ter acesso ao embaixador e para isso eles precisam ser convidados para a festa de recepção dele, a ser celebrada dentro de alguns dias. Será que conseguirão? Assim começa esse novo filme estrelado pelo ator Brad Pitt. Logo nas primeiras cenas descobrimos as reais intenções do diretor Robert Zemeckis. Veterano, colecionador de sucessos de bilheteria (tais como os filmes  da franquia "De Volta Para o Futuro"), ele aqui quis reproduzir o clima e o estilo dos antigos filmes clássicos de espionagem passados na II Guerra. A referência mais óbvia é justamente o próprio "Casablanca" de Michael Curtiz, considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Tentar atingir algo tão elevado? É óbvio que uma tentativa assim não teria muitas chances de dar certo.

E realmente o filme se perde em um aspecto essencial: seu roteiro! Desde o começo ficamos com aquela sensação ruim de que nada do que vemos na tela tem verossimilhança, nada é muito convincente. A paixão que nasce entre os dois protagonistas não convence, as cenas de ação (como o atentado ao embaixador alemão em Marrocos) também não convence e a guinada que o filme toma em determinado momento - de filme de espionagem para romance piegas - é ainda pior do que tudo isso. De repente o frio e objetivo agente interpretado por Pitt vira uma maridão apaixonado demais, piegas, bobão e... muito chato! Claro que haverá uma grande reviravolta para mudar isso, porém a que preço? A produção é luxuosa, os figurinos são realmente excelentes, porém isso é pouco para justificar esse roteiro cheio de problemas. Como eu escrevi, um dos problemas vem do fato do filme falhar ao tentar passar paixão entre os personagens interpretados pelo casal Brad Pitt e Marion Cotillard. Supostamente era para existir uma paixão avassaladora entre eles. O espectador porém nunca ficará convencido sobre isso. Ela ainda dá mostras de vivacidade, de ter uma personalidade mais envolvendo e cativante. Ele porém está muito mal em cena. Pitt desfila sua cara de tédio e preguiça por praticamente todos os momentos. Ele realmente está sorumbático. Na primeira parte do filme, quando ele precisa ser um agente mortal e calculista, isso até que ainda funciona, mas depois sua interpretação vai decaindo, ficando óbvio que ele não está muito interessado em atuar bem. O saldo final de tudo isso é que simplesmente não se consegue, nos dias atuais, se reviver o charme e a elegância daqueles antigos filmes. Isso é algo que se perdeu com o tempo. Não tem mais volta!

Aliados (Allied, Estados Unidos, 2016) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Steven Knight / Elenco: Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris, Camille Cottin / Sinopse: Max Vatan (Brad Pitt) e Marianne Beauséjour (Marion Cotillard), dois agentes aliados no Marrocos ocupados por tropas nazistas, precisam cumprir uma missão perigosa: matar o embaixador alemão na região. Nesse meio tempo acabam se apaixonando um pelo outro. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Joanna Johnston).

Máquina de Guerra
Esse é o mais recente filme do astro Brad Pitt e também o primeiro feito para ser exibido exclusivamente pelo Netflix. O roteiro é baseado numa história real, um fato até recente que aconteceu com o general de quatro estrelas Stanley McChrystal. Esse alto oficial do exército foi designado pelo presidente Obama para ir até ao Afeganistão. Como se sabe os americanos estão há anos naquele distante e isolado país. Como quase sempre acontece os militares dos Estados Unidos sabem muito bem como entrar em um país estrangeiro, mas sempre entram em apuros para sair de lá. É o famoso atoleiro, como o que aconteceu no Vietnã. Assim o general foi para as bases americanas no Afeganistão para literalmente colocar ordem na bagunça. Só que ao chegar lá compreendeu que aquilo era um problema sem solução. O Talibã ainda dava as cartas em certas províncias e a moral das tropas era bem baixo. O personagem interpretado por Brad Pitt se chama Glen McMahon e é uma paródia do general real. Ele tem vários maneirismos, anda de forma grotesca e sempre tem expressões faciais caricaturais. Pitt o interpreta com um pé no humor, embora o filme não seja uma comédia. É irônico, mas não assumidamente humorístico. De certa maneira é até uma inteligente crítica sobre a presença do exército americano em determinados rincões isolados e perdidos no mapa. Em determinado momento o general tenta ganhar o apoio do povo afegão, mas tudo vai por água abaixo. Como o próprio narrador do filme deixa claro nenhuma nação invadida vai celebrar a presença de seus invasores.

Em termos gerais é um bom filme, mas tem alguns problemas. O maior deles vem de sua duração excessiva. O filme teria maior agilidade com uma metragem mais enxuta, até porque seu enredo é basicamente de bastidores da guerra e não da guerra propriamente dita. Tudo é construído em torno do imenso oceano de burocracia e politicagem que o velho general tem que lidar. Ele quer vencer a guerra, mas aos poucos vai percebendo que a máquina de guerra americana está atolada, sem condições de seguir em frente. No final a mensagem é clara: não importa a qualidade dos militares para vencerem uma guerra, sem vontade política nada realmente sai do lugar.

Máquina de Guerra (War Machine, Estados Unidos, 2017) Direção: David Michôd / Roteiro: David Michôd, baseado no livro escrito por Michael Hastings / Elenco: Brad Pitt, Anthon Hayes, John Magaro  / Sinopse: General americano experiente (Brad Pitt) sofre com seus superiores para colocar ordem na situação das tropas americanas estacionadas no Afeganistão. Pior do que isso, seus subordinados acabam falando demais para uma conhecida revista de música pop dos Estados Unidos, criando uma grave crise no comando militar da região.

Era uma Vez... em Hollywood
Quando eu soube que o novo filme de Quentin Tarantino iria ter como tema o assassinato da atriz Sharon Tate naquele trágico crime envolvendo membros da seita de Charles Manson, fiquei completamente desanimado. Não acredito que coisas assim devem ser resgatados do passado pelo cinema. Algumas histórias são tão horríveis que os mortos devem ser deixados em paz. Porém o que não levei em conta é que Tarantino não deve ser subestimado. Ele realmente nunca faria um filme banal sobre aquilo tudo que aconteceu. Ele encontraria uma maneira original de explorar esse tema tão espinhoso. E eis que fui surpreendido completamente por esse filme quando o assisti. De fato é algo muito bem desenvolvido. Em seu roteiro Tarantino misturou pessoas reais, que existiram mesmo, com personagens puramente de ficção. E criativo como ele é, não poderia dar em outra coisa. Os personagens de Leonardo DiCaprio e Brad Pitt são referências da cultura pop. Uma miscelânea de tipos que eram bem comuns na Hollywood dos anos 60. O ator de seriados de faroeste interpretado por DiCaprio é uma ótima criação. Com ecos de Clint Eastwood e outros atores de segundo escalão da época, ele retrata bem aquele tipo de ator que nunca conseguiu se tornar um astro em Hollywood. Vivendo de seriados popularescos, o que lhe sobra em determinado momento é ir para Roma filmar faroestes do tipo Western Spaghetti. Produções B, bem ruins e mal feitas.

Brad Pitt é o dublê desempregado que mora em um trailer. Para sobreviver ele se torna uma espécie de assistente pessoal e "faz-tudo" para o ator decadente de DiCaprio. As melhores cenas do filme inclusive estão com ele. Na visita ao rancho onde a "família Manson" vivia e no clímax final que é puro nonsense criativo. Margot Robbie está um pouco em segundo plano, apesar de interpretar Sharon Tate. Isso foi consequência do próprio roteiro que vai girando ao largo, na periferia dos acontecimentos. E sua Sharon é bem retratada no roteiro. Uma mocinha bonita, mas meio cabeça de vento, que passava o dia ouvindo música. Não tinha mesmo muita coisa na cabeça. Era uma starlet dos anos 60, nada mais.

Por fim tenho que tecer breves comentários sobre o final do filme, mas isso sem entregar nenhuma surpresa, que afinal de contas é o grande trunfo desse novo Tarantino. Conforme o filme foi se desenvolvendo eu fui gostando de praticamente tudo. Dos personagens, da ambientação anos 60, de tudo. Acontece que na meia hora final chega o momento da verdade. Eu não queria ver de novo a matança de Sharon Tate e seus amigos. Aí Tarantino foi mesmo um mestre. Saiu completamente do lugar comum, criou sua própria realidade paralela. Genial. Não é à toa que o filme é quase uma fábula, um faz de conta. A realidade foi tão trágica... por que não ir por outro caminho? Ao fazer isso Tarantino acabou criando uma pequena obra-prima. Palmas para ele.

Era Uma Vez em... Hollywood (Once Upon a Time... in Hollywood, Estados Unidos, Inglaterra, China, 2019) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Al Pacino, Dakota Fanning, Timothy Olyphant, Bruce Dern, Luke Perry / Sinopse: Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator de segundo escalão em Hollywood. Decadente, ele aceita ir para Roma filmar filmes de western spaghetti. Cliff Booth (Brad Pitt) é um dublê desempregado que trabalha para Dalton como seu assistente pessoal. Eles não sabem, mas vão fazer parte de um dos eventos mais trágicos da história de Hollywood... ou quase isso!

Ad Astra
Após sofrer um acidente numa torre de transmissão, o astronauta Roy McBride (Brad Pitt) é designado para uma nova missão. Ele deve partir para Marte, onde se tentará uma comunicação com seu pai. o veterano explorador espacial H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones). Há muitos anos ele desapareceu, juntamente com sua nave e tripulação, enquanto explorava o sistema solar externo, perto de planetas como Júpiter, Saturno e Netuno. Interferências magnéticas vindas dessa região levam a crer que sejam de sua missão. Assim Roy parte para Marte, sem nem ao menos saber o que realmente lhe espera. Pois bem, esse é o novo filme do ator Brad Pitt. È curioso que ele tenha optado por esse tema, um filme de ficção, exploração espacial, etc. Claro que um filme com essa temática iria sofrer de alguma forma diversas influências do passado, como o do maior clássico do gênero, "2001 - Uma Odisseia no Espaço". O ritmo lento em determinados momentos, a contemplação do universo infinito, tudo é fruto dessa inspiração da obra-prima de Stanley Kubrick. Não é uma forma de narrativa usual nos dias de hoje. Por isso parte do público estranhou o ritmo mais devagar do filme. Para muitos isso o transformou em um filme bem chato e cansativo. Em determinados momentos devo dar razão a essas pessoas. De fato o filme apresenta problemas de ritmo e edição. Tentar imitar Kubrick não é fácil, é algo para poucos cineastas.

Porém o mais estranho é que esse estilo Kubrick foi misturado com momentos absurdos, principalmente para quem entende pelo menos um pouquinho de cosmologia. Vou citar um exemplo disso. Em determinado momento o personagem de Brad Pitt precisa passar pelos anéis de Netuno. E o que ele faz para sobreviver a isso? Usa uma placa de metal para se defender das milhares de rochas que orbitam o gigante gasoso. Ora, no mundo real o astronauta seria destroçado pelos anéis em poucos segundos, pois é impossível sobreviver naquela região do cosmos. Porém o que se vê no filme é um momento digno de desenhos animados da Hanna-Barbera. Outro fato fora de noção é a própria viagem até Netuno. Isso levaria anos, mesmo na melhor astronave. No final parece que Pitt leva apenas alguns dias para se chegar lá! E as bobagens do roteiro não param por aí, seguem em frente. Então fica algo contraditório, pois ao mesmo tempo em que o filme tenta se levar à sério também apresenta momentos absurdos que deixarão qualquer cientista de cabelos em pé. Por isso o filme fica apenas no meio do caminho. Não chega em nenhum momento a agradar completamente, pelo menos no meu caso foi exatamente isso que aconteceu.

Ad Astra: Rumo às Estrelas (Ad Astra, Estados Unidos, 2019) Direção: James Gray / Roteiro: James Gray, Ethan Gross / Elenco: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga / Sinopse: Para tentar entrar em contato com seu pai, o astronauta Roy McBride (Brad Pitt) é enviado até Marte, o planeta vermelho. A intenção é que ele mande uma massagem para seu velho, que foi dado como desaparecido alguns anos antes, numa missão de exploração dos mais distantes planetas do sistema solar.

Trem-Bala
Esse filme teve uma certa repercussão quando chegou aos cinemas. A crítica, de modo em geral, até gostou. O público foi conferir, o que rendeu uma boa bilheteria. Brad Pitt ainda é um grande chamariz de bilheteria. De minha parte achei o filme apenas apropriado, regular, nada demais. O estilo tenta imitar Tarantino, mas fracassa monumentalmente nesse objetivo. O filme mostra um grupo de assassinos e criminosos disputando uma mala com milhões de dólares dentro de um trem-bala no Japão. Brad Pitt interpreta um criminoso que tem, pelo menos a primeira vista, um objetivo simples, roubar a tal mala e descer na próximo parada. Só que a mala está sendo protegida por dois assassinos profissionais. Então o jogo vira meio do avesso, se tornando um banho de sangue. 

O filme exagera nas cenas de ação e assume aquele tom excessivo, que eu muitas vezes não suporto muito bem. Os personagens são fracamente desenvolvidos, até porque o que importa aqui é ação. São tipos clichês apenas. Também há toques de humor, mas em piadas que eu não considerei particularmente engraçadas, só deslocadas no contexto do filme, de uma forma em geral. Brad Pitt está no controle remoto. Como parece ser o seu modo de operar e atuar nos seus últimos filmes. Parece que perdeu a vontade de fazer bons filmes ou se importar com o que está atuando. Parece estar sempre no controle remoto, o que é uma pena. Deixou de ser um ator em busca de desafios, de bons roteiros, de filmes relevantes. Hoje em dia, também atuando como produtor, só aposta no banal e no previsível. 

Trem-Bala (Bullet Train, Estados Unidos, 2022) Direção: David Leitch / Roteiro: Zak Olkewicz, Kôtarô Isaka / Elenco: Brad Pitt, Michael Shannon, Sandra Bullock, Joey King, Aaron Taylor-Johnson / Sinopse: O filme mostra um grupo de assassinos e criminosos disputando uma mala com milhões de dólares dentro de um trem-bala no Japão.

Babilônia
Esse filme se propôs a ser uma crônica de Hollywood na virada dos anos 1920 a 1930, justamente naquela fase em que morria o cinema mudo e surgia o cinema falado com o sucesso do filme "O Cantor de Jazz". Nesse processo muitas carreiras desapareceram. O ator Brad Pitt interpreta um galã da era muda que vê sua carreira afundar no cinema falado. Ele era apenas um homem bonito e não tinha nenhum talento para atuar. Quando falou seus primeiros diálogos no cinema o público riu de sua falta de talento. Já Margot Robbie dá vida a uma típica starlet. Bonita, sensual e dançarina, ela também se dá muito bem nos filmes mudos. Só que era vulgar e tinha péssima dicção. Outra que viu sua carreira afundar quando abriu a boca em um filme sonoro. É a mesma história que foi contada no clássico musical "Cantando na Chuva" e o roteiro não ignora isso. Pelo contrário, nas cenas finais faz um excelente elo entre esses dois filmes. 

Eu gostei de "Babilônia" de modo geral, mas devo deixar algumas ressalvas. É um filme bem longo com mais de 3 horas de duração. Então o espectador deve reservar um tempo com calma e paciência para assisti-lo. Também se revela bem histérico em certos momentos como a grande festa e orgia das cenas iniciais e a festa com esnobes da Califórnia lá pela terça parte final do filme. Essa última cena aliás passa dos limites, caindo em um aspecto grotesco que deveria ter sido evitado. De qualquer forma o personagem de Brad Pitt vale muito a pena. Há uma cena em que ele se encontra com uma jornalista que havia escrito uma reportagem ofensiva a ele. O que ela diz ao Pitt é de certa forma a essência da imortalidade do cinema. Ótimo diálogo. Então é isso. Um filme com seus altos e baixos, mas que no conjunto da obra me agradou bastante.

Babilônia (Babylon, Estados Unidos, 2022) Direção: Damien Chazelle / Roteiro: Damien Chazelle / Elenco: Brad Pitt, Margot Robbie, Jean Smart, Olivia Wilde / Sinopse: O filme conta a história de um ator e uma atriz de sucesso do cinema mudo que acabam presenciando o fim de suas carreiras com a chegada do cinema sonoro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor design de produção, melhor figurino e melhor música original. 

Pablo Aluísio.

Filmografia Brad Pitt - Parte 7

Guerra Mundial Z
Um vírus desconhecido da ciência começa a se espalhar contaminando grande parte da população das grandes cidades ao redor do mundo. Os infectados perdem o controle, se tornando verdadeiros zumbis. No meio do caos um especialista ligado à ONU e ao governo americano, Gerry Lane (Brad Pitt), é enviado para a Coreia do Sul onde parece ter surgido a epidemia. De lá descobre que o paciente zero pode estar do outro lado do mundo, no Oriente Médio, mais precisamente em Jerusalém, a milenar cidade de Israel. Começa assim esse "Guerra Mundial Z", superprodução que tenta trazer algo de novo para o filão dos filmes de zumbis. 

A primeira observação a fazer sobre esse filme é que novas produções sobre mortos-vivos saem praticamente todas as semanas, tamanha a quantidade de fitas rodadas com esse tema. Quem acompanha o universo dos filmes de terror sabe muito bem disso. Por isso quando soube que o novo filme de Brad Pitt iria explorar esse tema já fiquei com um pé atrás pois em minha opinião esse filão está mais do que esgotado e saturado. Claro que os filmes sobre Zumbis que saem aos montes por aí são produções baratas, geralmente feitas por empresas fundo de quintal. "Guerra Mundial Z" é um filme milionário, bancado por um grande estúdio de Hollywood mas será que isso realmente faz alguma diferença no final das contas?

A resposta para esse tipo de questionamento é bem relativa. Em termos de roteiro e argumento a resposta é não! Não há novidades nesse enredo, pois somos jogados nas mesmas situações que já estamos acostumados a ver em centenas de outros filmes (o mundo praticamente em caos, vivendo um apocalipse zumbi, pessoas correndo, desesperadas, tentando se salvar, etc). Porém em relação à qualidade dos efeitos digitais se nota bem mais a diferença dos demais filmes. As cenas são grandiosas em termos de efeitos especiais, tudo com o objetivo de impressionar o espectador. 

Embora em certas passagens a fotografia se mostre escura demais, o fato é que algumas sequências pontuais (como a invasão das muralhas de Jerusalém por zumbis famintos) acabam fazendo o filme valer a pena. No saldo final não é nenhuma obra prima. É mais do mesmo de certa forma, principalmente no tocante aos personagens principais que são pouco desenvolvidos. Se você gosta de filmes com zumbis pode vir a se divertir, caso contrário é melhor ignorar pois não fará nenhuma falta..

Guerra Mundial Z (World War Z, Estados Unidos, 2013) Direção: Marc Forster / Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard / Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz / Sinopse: Um especialista da ONU tenta chegar na cura de uma contaminação mundial de um vírus que transformou o planeta em um verdadeiro apocalipse Zumbi.

Guerra Mundial Z - Texto II
Super produção da Paramount que explora o mundo dos zumbis! Ao custo de 190 milhões de dólares o filme não poupa esforços em ser um festival de efeitos digitais de última geração. Baseado na obra de Max Brooks a produção tenta resgatar o cinema pipoca blockbuster dentro do gênero terror. Curiosamente foi um projeto bem pessoal do ator Brad Pitt que só não dirigiu o filme, mas que ao invés disso coordenou todos os pequenos detalhes nas filmagens. É de se admirar que um ator como ele, que vem lutando há anos para ser reconhecido como bom intérprete, venha abraçar algo assim tão voltado para o cinema de pura diversão. 

O resultado, apesar da riqueza de recursos, é apenas razoável. Não há maiores novidades no roteiro que se baseia basicamente em cenas e mais cenas de ataques de multidões de zumbis sedentas por cérebros humanos. Assim Pitt se resume a correr de um lado para o outro, parando de vez em quando para soltar algum diálogo pseudo-científico. Sua atuação não convence e o filme vai ficando cada vez mais repetitivo (velho problema que se vê em praticamente todos os filmes de zumbi) até se chegar finalmente a um final inconclusivo, obviamente abrindo uma brecha para mais uma continuação milionária! Sinceramente falando é melhor rever os filmes originais com a assinatura do mestre George Romero. Esse aqui é um pipocão zumbi apenas.

Guerra Mundial Z (World War Z, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Marc Forster / Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard / Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz / Sinopse: Gerry Lane (Brad Pitt) é um especialista do governo americano e da ONU que começa uma busca ao redor do mundo pelo chamado paciente zero após uma grande contaminação mundial por um vírus que transforma todos os infectados em verdadeiros zumbis. Da Coréia do Sul a Jerusalém ele luta para encontrar a cura para o terrível vírus. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias Melhor Thriller e Melhor Ator (Brad Pitt).

12 Anos de Escravidão
Apesar de ter vencido o Oscar de Melhor Filme desse ano a produção não conseguiu ainda se tornar um sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. O público americano não parece mais disposto a pagar uma entrada de cinema para assistir um filme com uma história tão triste como essa. É uma pena já que embora seja um drama pesado - daqueles que não dão trégua ao público - "12 Anos de Escravidão" é de fato um filme muito bem realizado, socialmente consciente e que toca na velha ferida da escravidão racial que assolou o sul latifundiário, monocultor e racista daquela nação. Para quem não sabe ainda é interessante esclarecer que o negro escravo era considerado uma mera propriedade de seu senhor, não uma pessoa do ponto de vista jurídico. 

Assim, se era um bem, uma coisa, e não um sujeito de direitos, ele sofria todo e qualquer abuso de seu amo sem que isso acarretasse qualquer problema legal para o ofensor. Era comum no sul o enforcamento de escravos raciais nas grandes plantações. O filme inclusive explora esse aspecto ao mostrar duas cenas de enforcamento. Numa delas temos um interessante plano que dura vários minutos com o personagem principal da história se equilibrando com as pontas dos pés para não morrer enforcado. Enquanto isso em segundo plano as pessoas da fazenda vão levando suas vidas normalmente, não dando a menor importância para Solomon, que quase morre enforcado. Isso demonstra bem o sentimento de desdém para com o escravo cativo.

O filme foi produzido por Brat Pitt que também tem um papel crucial no desenrolar dos fatos - uma pequena participação, é verdade, mas que conta bastante pois seu personagem se torna vital para o clímax do enredo. No geral o elenco está todo muito bem mas como sempre acontece nesse tipo de produção quem acaba se destacando mesmo são os vilões, que no caso são os donos das grandes fazendas de plantação de algodão. Michael Fassbender está excepcionalmente bem, muito intenso em cena. Também merecem elogios a jovem atriz Lupita Nyong'o, que interpreta uma escrava vítima de abuso sexual de seu senhor. Seu Oscar foi certamente merecido. Ao longo de sua trajetória de sofrimento o personagem de Solomon acaba indo de fazenda em fazenda, ora tendo de lidar com senhores mais amenos, ora com verdadeiros psicopatas. 

Curiosamente todos eles justificando seus atos com a bíblia na mão, citando trechos das escrituras onde escravos eram açoitados caso não obedecessem seus mestres. O roteiro sob esse aspecto se torna muito interessante pois mostra a ligação entre o fanatismo protestante e a escravidão que foi intensamente forte e disseminada justamente nos estados americanos que formam o que até hoje é conhecido como "cinturão bíblico" do sul dos Estados Unidos. Por fim, o mais importante de tudo é mostrar os dois lados daquela nação. O norte rico e próspero, onde não existia a escravidão e o sul, atrasado, agrário, parado no tempo e afundado na mão de obra escrava. Um excelente retrato de uma realidade histórica muito triste que não deve ser esquecida jamais.

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Regency Enterprises, River Road Entertainment / Direção: Steve McQueen / Roteiro: John Ridley, baseado na obra "Twelve Years a Slave" de Solomon Northup / Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael K. Williams, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o, Brad Pitt / Sinopse: Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um homem livre, pai da família, que mora em Nova Iorque. Educado e culto ele ganha a vida em empregos dignos. Também é um músico talentoso o que lhe rende um convite para se juntar a um grupo de artistas de uma empresa de entretenimento. O que ele nem desconfia é que está entrando em uma cilada. Tudo não passa de mera fachada. Assim que aceita o convite para tocar ele cai nas mãos de sequestradores que o vendem como mão de obra escrava para as fazendas de algodão do sul americano. Lá acaba vivenciando os horrores da escravidão racial. História baseada em fatos reais vencedor de três Oscars: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o) e Melhor Roteiro Adaptado (John Ridley).

O Conselheiro do Crime
Ridley Scott faz parte daquele seleto grupo de cineastas que você tem que assistir todo e qualquer filme dele que for lançado. Mesmo que seus dias de glória tenham ficado para trás não há como deixar de conferir suas novas produções. Esse "The Counselor" foi uma grata surpresa. Scott foca suas câmeras para a fronteira entre México e Estados Unidos. Como todos sabemos o México hoje está dominado por poderosos cartéis que controlam o tráfico na região (importante entreposto para levar os carregamentos de drogas para as principais cidades americanas onde estão situadas os mercados consumidores). Nessa terra praticamente não existe lei. A traição é punida com morte e nenhuma vida humana tem valor. A criminalidade é tão acentuada que mesmo não tenho qualquer culpa qualquer um acaba virando alvo. O enredo do filme não é seu grande mérito. De certa forma é até mesmo levemente banal. O que vale a pena mesmo aqui é a riqueza dos diálogos e atuações. O elenco é excepcionalmente bom mas curiosamente Michael Fassbender não se destaca. 

Quem rouba as atenções de fato são Brad Pitt (seu personagem não tem muito espaço mas ele está excepcionalmente bem), Javier Bardem  (o figurino exagerado e brega, estilo novo rico ajuda bastante) e, acredite se quiserem, Cameron Diaz (envelhecida mas mandando muito bem em suas cenas). A direção de Ridley Scott não traz maiores inovações técnicas e seu conhecido estilo com influência do mundo da publicidade não se faz muito presente mas mesmo assim ele consegue manter o interesse da primeira à última cena. O resultado é violento e cru mas também inteligente. Esse é um daqueles filmes que você não desviará a atenção da tela. O bom e velho Scott pelo visto ainda tem alguns trunfos em sua cartola - ainda bem!

O Conselheiro do Crime (The Counselor, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Ridley Scott / Roteiro: Cormac McCarthy / Elenco: Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Bardem, Brad Pitt / Sinopse: Michael Fassbender interpreta um jovem e bem sucedido advogado que atua na fronteira entre Estados Unidos e México. Planejando casar com sua noiva ele acaba entrando em um jogo mortal. Seus principais clientes são traficantes e membros do submundo do crime na região. Após um carregamento de caminhão com 20 milhões de dólares em cocaína sumir de seu trajeto as suspeitas acabam caindo sobre o advogado que agora terá que lutar para continuar vivo pois ele acaba virando alvo de poderosos traficantes da região.

Corações de Ferro
Se você estiver com saudades dos antigos e clássicos filmes de guerra (em especial aqueles que enfocam a Segunda Guerra Mundial) essa produção é uma ótima pedida. Retomando um estilo de produção que ultimamente vinha sendo deixado de lado é uma fita extremamente competente. O enfoque se desenvolve em torno de um pequeno grupo de soldados que servem em um tanque americano, bem no front que se formava na invasão da Alemanha já nos momentos decisivos do mais sangrento conflito da história recente. Brad Pitt é o comandante de seu grupo. Ele precisa passar a impressão de ser um sujeito durão, que não pode demonstrar qualquer sinal de fraqueza aos seus subordinados, por isso quando a situação se torna insuportável ele procura acender um cigarro para se esconder por trás dos tanques de seu pelotão. E lá, completamente sozinho, segura o tranco da melhor forma possível. Ser forte, acima de tudo. A tensão é clara, mas há um serviço a ser feito e homens de verdade não vacilam. O tipo de militar que já não existe mais. 

Deixando aspectos puramente psicológicos de lado e focando apenas na pura ação também temos ótimos momentos, em especial quando o grupo de tanques comandados por Pitt se depara em determinado momento com um poderoso Tiger alemão no campo de batalha. E o que falar quando se encontra pela frente todo um pelotão de soldados fanáticos da infame SS? O final também é extremamente visceral e não abre concessões, abraçando completamente o realismo brutal da guerra. Muitos ficarão chocados com o desfecho, mas isso é um equívoco. Por ser um filme que busca ser o mais realista possível seu clímax se mostra mais adequado do que muitos pensam. Afinal heróis são destinados a grandes atos de coragem e abnegação. Em poucas palavras é realmente um filmão que não vai decepcionar os fãs de filmes de guerra.

Corações de Ferro (Fury, Estados Unidos, 2014) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: David Ayer / Roteiro: David Ayer / Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jim Parrack, Scott Eastwood / Sinopse: Brad Pitt interpreta o sargento Don 'Wardaddy' Collier, responsável por liderar seus homens nos dias mais decisivos da Segunda Guerra Mundial, no exato momento em que tropas americanas rompem as linhas de defesa das fronteiras da Alemanha Nazista. Cercados por um poderoso exército inimigo os americanos agora precisam sobreviver ao mesmo tempo em que avançam pelas terras do país de Adolf Hitler. Ação e aventura em doses exatas nessa moderna releitura dos antigos filmes clássicos de guerra.

Corações De Ferro - Texto II
Um filmaço! Simples assim... Fazia bastante tempo que Hollywood não explorava tão bem a Segunda Guerra Mundial. O gênero dos filmes de guerra foi muito popular no passado, mas ultimamente estava em segundo plano. Para falar a verdade poucos e pontuais filmes foram realizados nos últimos tempos. Pois bem, aqui está uma produção classe A, com roteiro excelente e personagens marcantes. O roteiro foca bastante na conturbada relação entre o comandante durão interpretado por Pitt, um sujeito que precisa ser forte o suficiente para comandar seus homens e um novato, o jovem soldado Norman Ellison (Logan Lerman), que por ser jovem demais não tem o preparo psicológico e físico para enfrentar tamanho desafio. O clima em geral é de desolação, destruição completa. Os prédios estão em chamas e a população civil vaga em busca de alimentos. Os traidores estão penduradas em postes, com placas no pescoço relatando seus crimes contra o Estado nazista. Brad Pitt lidera esse pequeno grupo de homens que luta dentro de um tanque americano "carinhosamente" chamado de "Fury". E é justamente usando de muita fúria e bravura que eles tentarão sobreviver a um dos conflitos mais brutais e sangrentos da história. 

Em seus últimos dias a Alemanha de Hitler definhava e agonizava. Sem homens para lutar o führer, completamente desesperado, começou a alistar crianças e jovens sem qualquer experiência de combate. Quando os aliados adentraram as fronteiras alemãs eles acabaram encontrando não apenas cidades destruídas, mas também o coração de um povo em chamas. Há várias sequências fantásticas porém destaco duas em especial. Na primeira o pequeno grupo de tanques sob comando de Brad Pitt enfrenta um poderoso tanque alemão Tiger, um verdadeiro monstro da guerra! A verdade é que os armamentos alemães eram de certa forma bem mais resistentes e poderosos do que os americanos. O que fez a Alemanha perder a guerra foi em última análise a falta de poderio industrial para repor as perdas do campo de combate. Esse confronto mostrado no filme entre as forças de infantaria é desde já uma das melhores do cinema. Em outro momento marcante o tanque Fury fica avariado numa encruzilhada enquanto um pelotão inteiro de fanáticos soldados SS se aproxima! Ótima sequência que vem para fechar em grande estilo esse ótimo war movie. Assim não resta mais o que dizer. "Fury" é de fato um dos melhores filmes do ano, sem favor algum.

Corações de Ferro (Fury, Estados Unidos, 2014) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: David Ayer / Roteiro: David Ayer / Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jim Parrack, Scott Eastwood / Sinopse: Em abril de 1945 as forças aliadas começam a grande invasão da Alemanha, já nos últimos meses da II Guerra Mundial. Ao entrarem dentro do país inimigo os soldados americanos liderados pelo sargento Don 'Wardaddy' Collier (Brad Pitt) descobrem que estão prestes a enfrentar o maior desafio de suas vidas naquela guerra que parece não ter fim. Filme indicado aos prêmios da Screen Actors Guild Awards e Broadcast Film Critics Association Awards.

Á Beira Mar
Brad Pitt interpreta um escritor americano em crise que chega numa região bucólica da França com sua esposa (Angelina Jolie) para recuperar a inspiração literária que perdeu. O problema é que a falta de criatividade continua, tudo agravado por seu próprio casamento, que vai de mal a pior. Esse filme acabou sendo um preview do que iria acontecer no próprio casamento de Pitt e Jolie. No caso a vida imita a arte. Se no filme eles interpretam um casal que mal se suporta, que já foi tragado pelo tédio e pelo cotidiano, na vida real a situação não era melhor, tanto que o casal se separou pouco depois do fim das filmagens. Agora Jolie está processando o ex-marido por não pagar a pensão dos inúmeros filhos (grande parte deles adotado).

Produzido e dirigido por Jolie esse filme tenta imitar - sem muito sucesso - o estilo do cinema europeu dos anos 60. Isso significa um ritmo bem lento, quase parando, com valorização de cenas mais intimistas onde os personagens procuram passar seus sentimentos não por longos diálogos, mas apenas com olhares, pensamentos, atitudes, etc. Tirando uma certa repercussão em alguns festivais de cinema, turbinados pela celebridade do casal principal, o filme passou em brancas nuvens. Nem sequer chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros. Apesar de seu estilo europeu realmente não é um filme que venha a empolgar alguém, nem mesmo os que gostam mais do cinema arte, mais cult. Para muita gente vai soar longo e chato. Penso que foi um filme sobre o fim de um casamento que acabou sendo engolido por causa de suas próprias pretensões.

À Beira Mar (By the Sea, Estados Unidos, França, Malta 2015) Direção: Angelina Jolie / Roteiro: Angelina Jolie / Elenco: Brad Pitt, Angelina Jolie, Mélanie Laurent, Melvil Poupaud, Niels Arestrup / Sinopse: Casal americano em crise viaja para a costa da França. O marido quer escrever seu novo livro e a esposa tenta superar o abismo conjugal em que vive. Eles se hospedam em um hotel e descobrem que o casal do quarto ao lado está curtindo sua lua de mel, em plena felicidade e romantismo. A situação (que leva a comparação entre a infelicidade própria e a felicidade alheia) começa a incomodar ao veterano casal, agravando ainda mais sua crise de relacionamento.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Filmografia Brad Pitt - Parte 6

O Curioso Caso de Benjamin Button
Alguns filmes valem a pena por causa de seu argumento singular e fora dos padrões. É o caso desse muito interessante "The Curious Case of Benjamin Button". Aqui o cineasta David Fincher (de "Clube da Luta" "Zodíaco" e "A Rede Social") realizou um de seus filmes mais sui generis, quase sem ligação com o restante de sua filmografia. O enredo vai se desenrolando em tom de fábula, mostrando um homem que percorre o caminho inverso dos demais seres humanos. Ele nasce velho para morrer jovem! 

Nessa mudança de rumo Fincher vai explorando com muita habilidade os aspectos psicológicos e as bagagens emocionais que todos nós temos que carregar em nossas vidas. Em uma linguagem muito bem desenvolvida eles nos mostra aspectos ternos de nossa existência, que no final das contas formam aquilo que nos tornam verdadeiramente humanos. Na época do lançamento do filme muito se comentou sobre a riqueza dos efeitos digitais. De fato eles são perfeitos, alguns inclusive impressionantes e plenamente inseridos na trama, mas penso que o filme sobreviverá ao tempo não por causa deles mas sim pela proposta de enredo realmente marcante e inovadora. Um belo filme que trouxe um esquecido lirismo para o cinema atual.

O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, Estados Unidos, 2008) Estúdio: Warner Bros, Paramount Pictures / Direção: David Fincher / Roteiro: Eric Roth / Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton / Sinopse: Benjamin Button (Brad Pitt) nasce com uma estranha síndrome, até então desconhecida da medicina e da ciência. Ao nascer ele aparenta ser uma pessoa idosa, com rugas e todos os problemas inerentes à velhice mas conforme vai crescendo e se desenvolvendo começa a ficar cada dia mais jovem, o que contradiz completamente o ciclo natural dos seres humanos. Se sua saúde é fora do comum, sua vida emocional e sentimental também sofrerá inúmeros problemas causados por essa disfunção de desenvolvimento.

Bastardos Inglórios
Bastardos Inglórios é o novo filme do cineasta Quentin Tarantino. Como sempre acontece em seus filmes, Tarantino inverte a lógica dos gêneros nos quais se envolve e procura produzir algo original e único. É justamente o que acontece aqui. Embora o filme não fuja de muitos clichês dos clássicos filmes de guerra o diretor procura deixar sua marca registrada em cada minuto de exibição da película. Assim embora os vilões do filme sejam naturalmente (como sempre) soldados e oficiais alemães sem alma e piedade, um toque singular de seu roteiro procura trazer sempre algo de novo nessas velhas caracterizações.

E é justamente na figura do Coronel nazista Hans Landa (brilhantemente interpretado por Christoph Waltz) que se encontra o melhor de todo o filme. Hans Landa traz todas as características que eram valorizadas nas fileiras da SS. Embora sádico e impiedoso ao extremo, era possuidor também de uma finesse e gentileza típicos das melhores famílias prussianas. Com encanto pessoal e charme promovia as maiores atrocidades e barbaridades em nome do Reich mas sem jamais perder a postura e elegância tanto valorizada nas fileiras dos principais oficiais do comando alemão. A atuação do ator Christoph Waltz, desconhecido do grande público, é certamente, como já escrevi antes, brilhante e digna de aplausos. Como Tarantino procurou valorizar as cenas em que há longos diálogos, a presença de excelentes atores como Waltz praticamente segura boa parte do filme como um todo, sua interpretação prende a atenção do espectador e em nenhum momento ficamos cansados ou entediados nos duelos travados nas cenas mais vitais do filme.

Embora esse seja o ponto forte de Bastardos Inglórios, ele também tem sua dose de problemas. Os principais são os equívocos históricos cometidos. Claro que um diretor como Tarantino ao se deparar com material envolvendo a II Guerra Mundial não cometeria tantos pecados históricos se não fosse proposital. Mas mesmo agindo assim, conscientemente, temos que nos ater pelo menos aos fatos históricos mais notórios. A forma como Tarantino trata a figura histórica de Adolf Hitler é simplesmente caricatural e boba. Depois que brilhantes filmes sobre o líder nazista foram lançados, como a "A Queda", por exemplo, fica complicado aceitar uma visão tão superficial e ultrapassada como a que o diretor tenta nos passar. Para piorar o caldo desanda de uma vez nos minutos finais do filme, deixando decepcionado quem pretendia assistir um filme sério de guerra. Muitos irão se perguntar nessa hora: Então tudo não passava de uma bobagem?!

Para finalizar temos Brad Pitt. Bom, a participação do ator, a despeito do uso massivo de sua imagem nos posters e na publicidade do filme, não passa de coadjuvante. Pitt, embora importante para o desenvolvimento da estória e do roteiro, aparece pouco, em momentos pontuais. Os bastardos, grupo que dá nome ao filme e do qual o personagem de Brad faz parte, também não chega a dominar a trama em nenhum momento. Embora esteja creditado como o ator principal e estrela, Pitt é totalmente ofuscado por outros atores, em especial Christoph Waltz. Nas cenas que compartilham juntos podemos notar bem a diferença do nível de atuação, pois não há como negar que em sua presença Pitt simplesmente desaparece. Enfim, como diversão ligeira Bastardos Inglórios cumpre sua função, como retrato histórico é um desastre, e como meio de promoção de seu astro principal é apenas tímido.

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, Estados Unidos, 2009) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: :Brad Pitt, Christoph Waltz, Mélanie Laurent, Diane Kruger, Eli Roth, Michael Fassbender / Sinopse: Na França ocupada pelos Nazistas durante a II Guerra Mundial um grupo de soldados americanos e judeus são designados para caçar e matar o maior número de alemães possível.

A Árvore da Vida
Considero um dos filmes mais pretensiosos do cineasta Terrence Malick. Isso porém não é uma crítica negativa, apenas uma observação. O que ele deseja com sua linha narrativa (ou a falta dela, dependendo do ponto de vista) é fazer uma parábola entre a insignificância da vida de um ser humano com a imensidão do cosmos. A chave que abre essa dualidade ocorre justamente quando a mãe, desesperada pela morte do filho, pergunta onde estaria Deus diante de sua tragédia familiar? A partir desse ponto Malick dá vazão ao seu pretensioso ciclo estético e filosófico, mostrando a evolução da vida e o surgimento do universo desde os seus primórdios, passando pela era dos primeiros seres vivos, até chegar de volta ao seio daquela tipica família americana. A partir daí mergulhamos nas lembranças do personagem Jack. 

O curioso é que todo o filme é desenvolvido assim, em ritmo de memórias, e por isso não há espaço para uma narração convencional, mas apenas momentos marcantes, quase sem diálogos, que vão se desenrolando na tela. Materialmente o substrato desse filme é muito rico em linguagem cinematográfica pura, mas em termos de comunicação com o público em geral não é uma obra fácil de absorver. Os dialogos são poucos, dispersos, e Terrence Malick procura muito mais pela sensibilidade emocional do que pela razão de uma narrativa linear. As imagens são lindíssimas e isso acaba deixando todo o resto em segundo plano. Certamente Malick não conseguiu com esse filme responder as grandes questões existenciais do ser humano, mas seguramente chegou bem perto disso. É uma obra prima da sétima arte.

A Árvore da Vida (The Tree of Life, Estados Unidos, 2011) Estúdio: Fox Searchlight Pictures / Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain / Sinopse: Jack (Sean Penn) é um arquiteto bem sucedido que começa a relembrar fatos dispersos de sua infância, nos nos 1950, ao lado de seus três irmãos, sua mãe submissa e seu pai Mr. O'Brien (Brad Pitt), um homem disciplinador, rígido, austero mas também bem hipócrita. Filme indicado ao Oscar nas categorias Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Filme. Vencedor do prêmio da AFI Awards na categoria Melhor Filme. Vencedor da Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

O Homem Que Mudou o Jogo
Esse é o tipo de filme que está tão enraizado na cultura americana que dificilmente fará a cabeça dos brasileiros. O tema é centrado na história de um gerente de esportes (Brad Pitt) de um time de beisebol que tenta chegar ao sucesso usando das estatísticas de um jovem economista formado em Yale. Juntos, analisando números, eles tentam montar o time ideal: barato mas eficiente. Agindo assim a dupla acaba despertando a ira de velhos conselheiros do clube e até mesmo da imprensa que tem uma visão romântica do esporte e se sente muito incomodada pelo uso de uma ciência exata para chegar ao título do campeonato. O filme é interessante em termos justamente por esse conflito entre o romantismo e o pragmatismo. Afinal números frios vencem partidas ou não?

Claro que na linguagem técnica do esporte o espectador brasileiro que não conhece e nem entende sobre Beisebol vai ficar boiando mas o filme não se resume a isso. Há um desenvolvimento mostrando o lado familiar do personagem do Pitt, sua relação com a filha e as pressões que sofre em razão do esporte. Eu pessoalmente achei que falta um pouco de ritmo ao desenvolvimento da trama. O filme soa muitas vezes arrastado e sem foco. Só em seu terço final realmente cresce mais em emoção mas aí se utiliza do esporte que retrata e por essa razão quem não conhece direito as jogadas e as regras do Beisebol pode até mesmo ficar mais aborrecido ainda. De uma maneira em geral gostei do resultado. Poderiam ter aproveitado melhor a presença do grande ator Philip Seymour Hoffman, que faz o técnico do time, mas tudo bem. Para quem gosta de filmes de superação em esportes pode ser uma boa pedida mesmo que você não fale inglês e nem nunca tenha ouvido falar do Red Sox. Basta fazer uma forcinha a mais para gostar

O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball, Estados Unidos, 2011) Direção: Bennett Miller / Roteiro: Steven Zaillian, Aaron Sorkin / Elenco: Brad Pitt, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Jonah Hill / Sinopse: Equipe de beisebol contrata um jovem especializado em estatísticas para ajudar na formação de sua nova equipe.

O Homem da Máfia
“O Homem da Máfia” é o novo filme estrelado por Brad Pitt. Filme de gangster sem firulas, com película saturada para parecer um antigo filme policial dos anos 1970 e roteiro cru, que vai direto ao ponto. Na trama dois ladrões pé de chinelo resolvem se unir a um comerciante semi-falido para assaltar um jogo de cartas no bairro onde vivem. O problema é que eles roubam uma turma barra pesada que obviamente não fica nada contente com o roubo e resolvem partir para um acerto de contas violento e sangrento. O elenco é muito bom nessa fita rápida, eficiente e muito interessante. É o que se costuma chamar informalmente de “filme para macho” – muita porrada, tiros e assassinatos. As únicas mulheres do elenco são prostitutas sem nenhuma importância nos acontecimentos centrais. 

Brad Pitt surge desfilando um pomposo topete em cena, imitando a moda da época. Seu personagem Jackie Cogan é um cara durão, criado nas ruas, que acaba se tornando assassino profissional. Nada pessoal, apenas é contratado para realizar um serviço e faz, sem qualquer sentimento de culpa ou peso na consciência. Um sujeito e se chamar quando as coisas começam a sair do eixo. Especializado em realizar seus objetivos da maneira mais limpa possível ele tem a péssima idéia de chamar um velho assassino de nome Mickey (James Gandolfini) cujos anos de glória há muito passaram. Velho, gordo e bêbado já não consegue mais ser um parceiro de crime de confiança. Para piorar quando chega na cidade para realizar as mortes só mostra interesse pelas garotas de programa do local, pouco se importando com as mortes que terá que fazer. Um divórcio e uma provável prisão por porte de armas também não ajudam em nada.

O alvo de ambos inicialmente é o próprio gerente dos jogos, Markie Trattman (Ray Liotta), que já havia roubado antes os próprios jogos que gerenciava, mas conforme vão apurando o que houve chegam também nos dois bandidos drogados e sem expressão que efetuaram os roubos e no cabeça da quadrilha, um comerciante à beira da falência. A partir daí “O Homem da Máfia” logo se transforma em um banho de sangue, com miolos sendo explodidos em câmera lenta em cenas tecnicamente extremamente bem realizadas. Intercalando tudo temos os discursos dos presidentes Bush e Obama louvando a pretensa superioridade da sociedade americana, enquanto as mortes vão se sucedendo na tela. O uso desses pronunciamentos precedem as matanças e os acertos de contas, numa fina e muito bem colocada ironia que atravessa todo o desenrolar dos acontecimentos. Com a economia em frangalhos os líderes americanos ainda se apegam nas velhas ladainhas do passado. 

Em ótimos diálogos os personagens marginais vão colocando por terra as bobagens ditas pelos políticos. Numa das mais divertidas o personagem de Brad Pitt esclarece que “A América não é uma nação mas um negócio”, em outra destrói um dos pais da nação, Thomas Jefferson, que apesar de ter escrito na constituição americana que “todos eram iguais” tinha escravos em sua fazenda e abusava sexualmente de suas escravas, ou seja, um hipócrita de marca maior. Perfeitas as colocações, os EUA são bem isso mesmo, capitalismo selvagem do pior tipo, sem nada pessoal no meio, apenas violência e grana no comando de tudo. Nesse ponto “O Homem da Máfia”, um filme violento e irascível, tem mais a dizer que muita bobagem que já foi feita por aí louvando os chamados “Pais da América” – quem diria hein?

O Homem da Máfia (Killing Them Softly, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Richard Jenkins, Trevor Long, Max Casella, Sam Shepard / Sinopse: Bandidos de quinta categoria resolvem assaltar uma turma barra pesada que joga cartas numa espelunca escondida da polícia gerenciada por Markie Trattman (Ray Liotta). Para acertar as contas com os ladrões pé de chinelo o grupo contrata os serviços do assassino profissional Jackie Cogan (Brad Pitt) que parte para resolver os problemas através de muita violência, sem piedade.

Pablo Aluísio.

Filmografia Brad Pitt - Parte 5

Sr e Sra Smith
Foi durante as filmagens desse filme que Brad Pitt e Angelina Jolie começaram a se relacionar, bem debaixo do nariz de Jennifer Aniston que só ficou sabendo de tudo pela imprensa, poucas semanas depois. Tirando a fofoquinha de bastidores da lado, o filme é um misto de policial e comédia, com várias cenas bem exageradas, no que parece ser uma tendência de Hollywood no ano em que o filme foi lançado. 

Muita gente achou uma porcaria tremenda! Eu qualifico apenas como uma diversão ligeira e só. Tudo bem, em termos de qualidade cinematográfica o filme pode sim ser considerado um passo atrás na vida profissional de Brad Pitt, já que ele vinha fazendo tantos filmes bons. De qualquer maneira definiria tudo como descartável. O enredo vai a mil, numa velocidade absurda com uma profusão propositada de cenas impossíveis de ação. Para contrabalancear isso, temos o suposto romance entre os personagens que saiu das telas e invadiu a vida privada dos atores. O problema é que ambos eram casados na época. Bom, como estamos falando de Hollywood, isso de fato não foi um grande obstáculo para eles. No geral é uma diversão sem maior importância.

Sr e Sra Smith (Mr. & Mrs. Smith, Estados Unidos, 2005) Estúdio: Regency Enterprises / Direção: Doug Liman / Roteiro: Simon Kinberg / Elenco: Brad Pitt, Angelina Jolie, Adam Brody, Vince Vaughn / Sinopse: John (Brad Pitt) e Jane Smith (Angelina Jolie) são assassinos profissionais mas como era de se esperar escondem sua verdadeira profissão um para o outro. Na vida de casados tudo caminha para a rotina e para a banalidade mas quando estão trabalhando a adrenalina sobe à mil. Por um ironia do destino acabarão descobrindo a vida secreta de cada um, dando origem a muita ação e aventura!

Babel
O roteiro segue o estilo mosaico, ou seja, vários personagens com histórias diferentes e independentes são contadas ao longo do filme, para depois todos se encontrarem numa mesma situação limite, criando assim o clímax do filme. O ator Brad Pitt decidiu apoiar o projeto do diretor Alejandro G. Iñárritu, nesse que pode ser considerado seu primeiro grande filme em Hollywood. O resultado ficou interessante, diria regular, mas não excepcional. Roteiros que seguem essa linha podem deixar o enredo tão fluido que pode despertar a falta de interesse no público. 

O ponto que une todos os personagens é um ônibus cheio de turistas no Marrocos. Um tiro é disparado, pessoas se ferem, o veículo sai da estrada. Dentro há um grupo de pessoas cujas histórias o roteiro vai contar aos poucos. Tive a oportunidade de assistir no cinema e embora seja um bom filme, não me empolgou muito. Concorreu ao Oscar de melhor filme do ano (o que me pareceu um exagero), mas não venceu. Com sete indicações acabou levando uma estatueta por uma categoria dita secundária, melhor trilha sonora incidental, para o maestro Gustavo Santaolalla. Brad Pitt ficou um pouco decepcionado porque foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator. Ele tinha chances de vencer, mas saiu de mãos vazias. De qualquer maneira é um filme que merece ser conhecido e assistido, nem que seja pelo menos uma vez.

Babel (Babel, Estados Unidos, 2006) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Alejandro G. Iñárritu / Roteiro: Guillermo Arriaga / Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Adriana Barraza, Rinko Kikuchi, Gael García Bernal, Peter Wight / Sinopse: Um atentado terrorista atinge a vida de vários turistas estrangeiros no Marrocos, colocando em evidência o caos político e social daquele país. São quatro histórias que se encontram nesse trágico acontecimento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, roteiro, direção, atriz coadjuvante (Adriana Barraza e  Rinko Kikuchi) e edição.

Treze Homens e um Novo Segredo
Esse foi o terceiro filme de uma franquia que havia começado lá atrás, com um remake de um antigo filme de Frank Sinatra. Os dois filmes anteriores renderem bem e por essa razão decidiram então levar esse enredo até o fim. Já estava tudo um tanto saturado, vamos convir. Olhando-se com maior atenção chega-se facilmente na conclusão que todos os roteiros são iguais, com pequenas e pontuais derivações, que não chegam a ser originais. Eu assisti esse filme no cinema, mas sem empolgação. Sabia de antemão que seria tudo do mesmo. George Clooney continuaria brincando com sua conhecida canastrice, haveria um roubo como pano de fundo e várias reviravoltas. Os roteiros já não conseguiam surpreender ninguém. 

Nem ao menos a presença de um elenco coadjuvante de luxo - com direito a Al Pacino - parecia empolgar ninguém. E de fato o filme comercialmente ficou pelo meio do caminho. Pena que um elenco tão bom e com tantos nomes famosos não tivessem um bom roteiro por trás para trabalhar. O ponto de vista que prevaleceu aqui foi o comercial, não o artístico. Não deu muito certo pensar assim. No final das contas o filme teve uma bilheteria fraca e acabou com a brincadeira. De bom mesmo apenas um ou outra cena mais bem editada. De resto era apenas uma tentativa de faturar mais uma vez com uma velha, antiga e desgastada fórmula de fazer cinema. Nada muito além disso.
 
Treze Homens e um Novo Segredo (Ocean's Thirteen, Estados Unidos, 2007) Estúdio: Warner Bros / Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Brian Koppelman, David Levien / Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Al Pacino, Andy Garcia, Casey Affleck / Sinopse: O criminoso e ladrão sofisticado Danny Ocean (George Clooney) decide reunir seu velho bando para mais um roubo ousado e perigoso. O alvo agora é um novo e luxuoso Cassino. O plano é modificar o resultado das apostas, para que todos ganhem e levem à falência o novo empreendimento de jogos.

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
Olhando para trás descobrimos que na realidade existiram dois Jesse James. O primeiro é fruto da imaginação de dezenas de escritores do século XIX que escrevendo pequenos livros de bolso criaram todo um mito em torno de seu nome. Esse é o Jesse James do imaginário popular, das aventuras mirabolantes e dos feitos épicos. É um personagem de literatura barata. O outro Jesse James é o real, da história. Esse era basicamente um pistoleiro, ladrão de bancos e assaltante de trens. Um sujeito frio, paranoico e martirizado pela constante perseguição que lhe era feita pelos homens da lei na época. Em sua longa trajetória nas telas de cinema, os dois lados de Jesse James raramente se encontraram. Ou ele era retratado de acordo com o personagem de literatura, de ficção, ou ele surgia em filmes numa visão mais realista. 

O grande mérito dessa produção enfocando Jesse James é que pela primeira vez tomamos consciência dessa dualidade envolvendo seu nome. Isso é bem claro na caracterização de Robert Ford. No começo da história ele é apenas um garoto deslumbrado em fazer parte do bando de Jesse James (naquele momento uma sombra do que era antes, pois todos os membros originais de sua gangue ou estavam mortos ou presos). Bob Ford espera encontrar o Jesse James que lia em seus livros de bolso (aos quais colecionava e adorava). O que encontra porém é apenas um homem frio, bipolar, cismado, que não confia em absolutamente ninguém.

Não tenho receio de afirmar que esse é o filme mais fiel aos acontecimentos históricos já feito sobre Jesse James. Mostrando os últimos momentos do criminoso, vamos acompanhando o caos em que se transformou sua vida. Com a cabeça a prêmio, procurado em vários Estados, mudando de cidade constantemente com sua família, James é apenas um pedaço do que um dia foi. Para piorar, ao seu lado agora, não estão mais seus antigos homens de confiança, mas sim garotos novatos como Bob Ford, pessoas aos quais ele não consegue confiar. 

A relação de Robert Ford e Jesse James aliás é uma das melhores coisas de todo o filme. Acompanhamos a decepção de Ford, na realidade um fã, com seu ídolo Jesse James. O que começa com desapontamento e decepção, acaba indo para algo bem mais complexo o que culminará nos acontecimentos trágicos que já conhecemos da história do famoso pistoleiro. Os trinta minutos finais do filme são vitais para quem gosta de história do velho oeste pois reconstituem com riqueza de detalhes a morte de Jesse James. Um primor de reconstituição histórica.

A produção aliás é toda do mais alto nível, o uso de bonita fotografia traz muito valor para o resultado final, usando da natureza para criar um clima de fina melancolia e falta de esperança. A produção concorreu aos Oscar de Melhor Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante (Casey Affleck). Para ser sincero deveria ter vencido ambos, pois tanto a atuação de Casey quanto a linda fotografia são realmente impecáveis. Em poucas palavras, “O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford” é uma aula de história que não se aprende na escola. Simplesmente obrigatório para fãs de western.

O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, Estados Unidos, 2007) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Mary-Louise Parker, Zooey Deschanel, Sam Shepard, Sam Rockwell / Sinopse: Após uma vida de crimes, os irmãos Jesse e Frank James desistem de continuar com seus assaltos a trem e a bancos. Frank se retira e vai morar em outra cidade. Jesse James (Brad Pitt) porém decide executar um último grande assalto ao lado de um grupo de jovens e novatos, entre eles os irmãos Ford. O mais jovem deles, Bob Ford (Casey Affleck) é um fã confesso do famoso pistoleiro. Mal sabiam o que o destino lhes reservavam.

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford - Texto II
Essa produção parte de uma nova safra de filmes de western que procuram pela objetividade da verdade histórica. Os roteiros são de certa maneira despidos do romantismo que imperou no gênero durante os anos 50 e 60 e parte para uma abordagem mais fiel aos fatos históricos. É aquele tipo de filme que conta inclusive com uma equipe de historiadores e especialistas para que nada do que se vê na tela esteja em desacordo com o que de fato aconteceu no passado. Por isso nem sempre será uma unanimidade entre os fãs de faroeste, principalmente os que preferem os filmes mais antigos que abraçavam a mitologia do velho oeste de uma forma mais romanceada. 

De minha parte gostei muito dessa nova visão. O Jesse James já foi tema de dezenas e dezenas de filmes antes, porém nunca havia se debruçado sobre sua história com tanta fidelidade. Há um clima de melancolia e falta de esperança no ar, porém tudo resultando em um belo espetáculo cinematográfico. Gosto muito do produto final. É bem realizado e muito honesto em suas propostas. Tem uma excelente reconstituição de época e um roteiro que investe bastante nas nuances psicológicas entre Jesse James e Robert Ford, o homem que iria passar para a história como o assassino de James. Curiosamente ele foi saudado como um valente, um herói, mas depois com o passar dos anos ficou evidenciado que ele agiu mesmo como um covarde. Assista ao filme e entenda os motivos.

O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, Estados Unidos, 2007) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Mary-Louise Parker, Zooey Deschanel, Sam Shepard, Sam Rockwell / Sinopse: Após uma vida dedicada ao crime, roubando bancos e ferrovias, o pistoleiro Jesse James (Brad Pitt) procura por algum tipo de redenção, mesmo sabendo que poderá ser morto a qualquer momento, uma vez que sua cabeça se encontra à prêmio por todo o Oeste. O que ele nem desconfia é que seu assassino pode estar mais próximo do que ele poderia imaginar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Casey Affleck) e Melhor Fotografia (Roger Deakins).

Queime Depois de Ler
Filme que foi bem elogiado pela crítica americana, mas que sinceramente não me agradou muito. Na verdade não é aquele tipo de filme que chega ao ponto de lhe aborrecer, porém a sensação de decepção fica bem clara no final da exibição. De repente você olha para o lado e pergunta a si mesmo: "Era isso!? Só isso!?". A questão que ninguém fala é que de tempos em tempos a crítica americana elege seus "queridinhos" e então todo e qualquer filme lançado por esse seleto grupo de diretores cai nas graças deles e em consequência pelo resto do mundo - até porque o que é elogiado dentro dos Estados Unidos tem a tendência de ser elogiado também no mercado internacional, a reboque. 

Ethan Coen e Joel Coen são a bola da vez. Não nego o talento dos irmãos siameses, longe disso, mas o fato é que esse é o pior filme da dupla, beirando as raias da imbecilidade completa. Curioso notar também o elenco de primeiro escalão que eles conseguiram reunir. É como eu disse, quando um cineasta cai nas graças dos críticos americanos quaisquer projetos dirigidos por eles logo viram verdadeiros chamarizes de estrelas, muitas delas em busca de resenhas positivas a qualquer custo. No geral "Burn After Reading" é uma tremenda bobagem, com cenas engraçadinhas que não vão para lugar nenhum. A única coisa que realmente vai levá-lo até o fim é o elenco estelar. Muitos deles pagando mico mesmo. George Clooney hoje em dia é uma celebridade, mais do que um ator, então não importa muito. O que me surpreende mesmo é ver gente do quilate de John Malkovich embarcando nessa barca furada. Se não conhece deixe para lá, e se já viu esqueça, é o melhor a fazer.

Queime Depois de Ler (Burn After Reading, Estados Unidos, 2008) Estúdio: Focus Features, StudioCanal, Relativity Media / Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen / Elenco: Brad Pitt, Frances McDormand, George Clooney, John Malkovich / Sinopse: Osbourne Cox (John Malkovich) é um ex-agente da CIA que resolve escrever suas memórias como retaliação de sua injusta demissão, porém parte de seus maiores segredos vão parar nas mãos de uma dupla de idiotas que pretendem ganhar dinheiro com o material. Para piorar sua esposa também está pensando em pedir o divórcio, transformando a vida de Cox em um verdadeiro caos pessoal e profissional. Filme indicado a duas categorias no Globo de Ouro. 

Pablo Aluísio.