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terça-feira, 2 de novembro de 2004

Cinema Review - Edição III

O Brilho de uma Paixão ★★★★
A história trágica de um poeta romântico inglês. E não deixa de ser impressionante como seu fim precoce e melancólico se parece com a de dezenas de outras poetas românticos. Eles pareciam destinados sempre a um mesmo destino, fosse na Inglaterra, nos Estados Unidos ou até mesmo no Brasil. Todos pareciam destinados a seguir uma certa fórmula em suas biografias. Morrer jovem, geralmente na flor da idade. E muitos foram vítimas da tuberculose! E o que impressiona é que essas foram suas vidas reais, não havia ninguém escrevendo esses roteiros dramáticos. Como gosto muito desses seguidores involuntários do "Mal do Século" apreciei bastante esse filme. Eu realmente fico comovido ao perceber que muitos desses jovens poetas jamais tiveram reconhecimento em vida. Geralmente conseguiam lançar um ou dois livros de poesias. E eles não faziam sucesso nenhum. Eram ignorados! Só muitas décadas depois de suas mortes é que finalmente estudiosos descobriam seu valor. E depois disso vinha a consagração na poesia, sendo lidos finalmente por grandes massas. Pena que não aconteceu com eles em vida, pois obviamente mereciam esse sucesso. Morreram como fracassados, coitados! Enfim, temos aqui um belo filme. Não tem final feliz, como era de esperar, mas traz importantes lições de vida e paixão sem limites pela poesia romântica. Os leitores desse estilo vão se deliciar com absoluta certeza! 

O Informante ★★
Recentemente o Presidente Trump disse que Mel Gibson e Stallone seriam os embaixadores de uma nova Hollywood. Eles iriam transformar o cinema americano, o trazendo novamente para seus anos de glória! Fazer o cinema americano grande novamente! Eu tive que dar risadas quando ouvi isso. A carreira deles praticamente acabou! Essa é a verdade! O Mel Gibson atualmente só faz filmes ruins, produções B sem qualquer relevância. Ele já foi um dos grandes astros do cinema, mas isso parece perdido em um passado hoje distante. Se duvida do que escrevi nessas linhas, assista a esse filme aqui. Péssimo, péssimo, uma produção de quinta categoria, beirando o amadorismo completo. Tudo é mal feito, desde o roteiro, que parece ter sido escrito por um garoto, seja as atuações, todas muito ruins. E o Sr. Gibson não escapa das críticas! Seu personagem é um velho policial com tantos clichês que eu fiquei com vergonha alheia. Francamente, que papelão!... 

A Câmara de Horrores do Abominável  Dr. Phibes ★★
Não tem jeito, eu sempre vou achar Vincent Price um ator muito bacana da velha Hollywood. Ele fez muitos bons filmes ao longo de uma carreira nada pretensiosa, que valorizava acima de tudo a cultura pop, principalmente no gênero do terror. Curiosamente nenhum de seus filmes conseguiu superar o sucesso desses filmes do estranho Dr. Phibes. Um sujeito desfigurado e obcecado por sua jovem esposa que havia morrido em circunstâncias misteriosas. Nesse segundo filme da franquia ele vai até o Egito em busca de uma "fórmula sagrada" para trazer sua esposa de volta à vida. Afinal, a antiga religião do Egito antigo era especializada nessa questão de "vida após a morte"! Tudo é feito com o requinte de direção de arte que bem conhecemos, mas o roteiro é muito mal escrito. Aos pulos, vai tentando contar sua história confusa, sem muito sucesso. Eu assisti a esses filmes pela primeira vez na antiga Sessão de Gala dos anos 80, que passava na Globo nas madrugadas de Sábado para Domingo. Já naquele tempo achava os filmes bem fracos. E agora, nessa revisão, as coisas só pioraram. Apesar do sucesso nos cinemas da época, posso afirmar que esses filmes do Dr. Phibes se encontram entre as piores coisas que Price fez em sua carreira. Jamais colocaria esses filmes entre as melhores coisas de sua vasta filmografia, muito pelo contrário. 

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Cinema Review - Edição II

Incubus
★★
Um filme bem estranho, esquisito, fora dos padrões. Fica claro desde o começo que ele procura seguir os passos de clássicos como "O Sétimo Selo", mas sem muito sucesso. A declamação dos diálogos em meu ponto de vista ficou excessivamente teatral. Assim também as falas ficam superficiais quando transportadas para a linguagem do cinema. Por falar nisso, o grande atrativo segue sendo a presença do ator William Shatner. Ele iria se notabilizar por interpretar o Capitão Kirk na série original e depois em uma série de bons filmes para o cinema. Muito jovem, ainda tentando se encontrar, ele interpreta esse militar que acaba sendo atacado por um grupo de demônios do tipo Incubus. Seres das trevas que se disfarçam de belas mulheres para capturar a alma de suas vítimas. Bom, já deu para perceber que o espectador vai ter que comprar essa ideia para apreciar o filme. No meu caso particular vi tudo como uma boa peça teatral encenada ao ar livre. Nada muito além disso. 

Burke e Hare (Traficante de Cadáveres) ★★★
Eu sempre me interessei pessoalmente por essa história. Para quem não sabe, foi uma história real acontecida na Escócia. Naquele tempo havia um grande entusiasmo pela ciência da Medicina. A Escócia era um centro de grande universidades, mas faltava a matéria-prima para os estudos, que era justamente os corpos de seres humanos. Na busca desenfreada por eles, professores e estudantes de medicina começaram a comprar corpos humanos de traficantes que iam em cemitérios em busca dos objetos macabros de estudo. E quando nem isso mais supriu a demanda, eles começaram a matar pessoas! Um bom material para filmes de terror. O problema aqui é que o diretor quis fazer muita piadinha com o tema, virando o filme um produto mal sucedido de comédia de humor negro. Chega a ser muito irritante as diversas cenas que poderiam render bons momentos, mas que são desviadas para momentos de humor sem a menor graça. O elenco também se esforça, mas para ser engraçado, o que gera um sentimento de frustração em que está assistindo ao filme. Isso quando não se torna mesmo objeto da vergonha alheia. Nada é pior do que ver atores e atrizes tentando ser engraçados, mas nunca conseguindo! Nesse processo tudo vai por água abaixo. Não gostei do que vi. Gostaria mesmo era de ver essa história tratada com a devida seriedade e rigor histórico. Seria muito mais interessante!

Os Monstros ★★
Eu me lembro muito da série original, ainda em preto e branco, sendo exibida pela Band. Era uma versão mais pobre e mais apelativa da família Adams. Funcionava na época, devo dizer, mas esse é aquele tipo de produto que tem prazo de validade. Fazer um remake nos dias atuais era mesmo uma má ideia. O diretor pesou a mão e fez um troço muito sem graça. Não me entenda mal, o filme é até muito bem produzido. Só que o excesso de cores (em especial o verde) deixa tudo meio enjoativo. Talvez se esse remake fosse em preto e branco (para lembrar a série de TV) as coisas funcionassem melhor. No fundo tudo não passa de uma sitcom, onde por acaso, os personagens são monstros, todos inspirados nos clássicos de terror da Universal. Estão lá o velho vampiro, o monstro de Frankenstein e até o Lobisomem. Mas é como eu disse, é uma sitcom daqueles anos, dos anos 50. Hoje em dia tudo soa muito datado e sem muita graça. Assim o filme não deu certo mesmo. Algumas coisas devem ser deixadas no passado porque simplesmente não funcionam mais no mundo de hoje. O tempo, até mesmo em relação a produtos culturais, costuma ser mesmo implacável. 

Pablo Aluísio. 

Cinema Review - Edição I

Viagem ao Fundo do Mar
★★★
Assisti muito a série na minha infância. Nos anos 70 era exibido pela Rede Globo, depois por outros canais abertos menores. Eu achava um barato! Só que esse é o filme que deu origem a tudo. Não tem o mesmo elenco da série e nem muito menos aquele clima tão exagerado e divertido. Achei esse filme bem mais sóbrio, embora ainda haja espaço para polvos gigantes atacando o submarino! (esse tipo de coisa era marca registrada da série). O curioso é que o filme, apesar da trama um tanto absurda, ainda funciona! Obviamente que esse filme foi feito para o público juvenil da época. Claro que também envelheceu um tanto, mas como diversão nostálgica ainda me fez bem ao ver. Só que devo admitir, apesar de tudo, ainda prefiro o elenco da série. Aqueles atores eram bem melhores do que esses que vemos nesse filme. 

O Jogo da Rainha ★★★★
Ótimo filme histórico! O Rei Henrique VIII era conhecido por mandar matar suas esposas após descobrir que elas não lhe dariam o tão aguardado herdeiro masculino da coroa! Era obcecado por isso. Geralmente inventava mentiras sobre elas, afirmando que havia sido traído. Depois disso mandava cortar suas cabeças. Esse filme conta a história da última esposa de Henrique VIII. Ela era uma mulher inteligente e sagaz que a despeito de tudo conseguiu sobreviver, mantendo a cabeça sobre seus ombros. O interessante de sua história é que ela sobreviveu ao monarca e depois voltou a se casar após sua morte. Isso mesmo, ela era infiel ao Rei. Também pudera, Henrique VIII estava idoso, impotente e incapaz de satisfazer uma jovem e bela mulher como ela. Também era uma figura detestável em seus últimos dias. Estava absurdamente obeso, com uma ferida podre na perna que nunca parecia se curar - alguns historiadores afirmam que ele estava com Diabetes tipo 2. Enfim, um filme que vai agradar muito a quem aprecia história, como esse que escreve essas linhas. Se for o seu caso, não deixa de assistir. 

Joy ★★★
História muito boa, edificante mesmo! Mostra como a ciência pode ajudar na vida das pessoas. Uma história real que aconteceu nos anos 60, na Inglaterra. Um pesquisador se uniu a um cientista, um professor já idoso e a uma enfermeira idealista, com personalidade forte, para avançar nas pesquisas que tinham como objetivo engravidar mulheres com problemas de esterilidade. A pesquisa científica tem seus percalços, pois no fundo é um procedimento longo e penoso de tentativa e erro. No caso da história do filmes os avanços iam acontecendo enquanto os cientistas sofriam todos os tipos de pressões vindas de setores reacionários da sociedade, entre eles da própria igreja anglicana que não queria de jeito nenhum que aquilo fosse em frente. No final descobrimos que tudo daria certo, o esforço daquelas mentes não seria em vão. Eles conseguiram! Hoje em dia esse tipo de procedimento é amplamente usado pelo mundo afora. Milhões de mulheres se tornaram mães por causa desses personagens. Um avanço e uma vitória da ciência inglesa! Parabéns a todos que fizeram essa história acontecer. 

Pablo Aluísio.