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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Jim Morrison - Ninguém Sai Vivo Daqui

Essa biografia de Jim Morrison foi um grande sucesso de vendas nos Estados Unidos, vendendo em torno de 2 milhões de cópias, entrando na lista dos best-sellers do New York Times. O autor é bem conhecido para quem gosta de ler sobre música. Jerry Hopkins foi jornalista da revista Rolling Stones no auge de popularidade do rock e já era bem conhecido pelos fãs de Elvis Presley, principalmente pelo ótimo livro que escreveu sobre o Rei do Rock. Nesse aqui ele foi atrás da história do líder dos Doors, Jim Morrison, entrevistando amigos, familiares e namoradas. Acabou escrevendo um livro bem agradável de se ler.

Um dos pontos fortes dessa obra é que o autor foi um dos poucos jornalistas que conseguiram entrevistar Pamela, a musa de Morrison, a garota que o acompanhou até o dia de seu morte em Paris. Aliás foi ela que encontrou o artista morto na banheira de seu apartamento na cidade francesa. Ela não viveu muitos anos além de Morrison, morrendo de uma overdose de heroína em 1974. O fato de ter seu ponto de vista nessa páginas já qualifica o livro como um dos melhores sobre Morrison. A Pamela, infelizmente, teve uma vida tão auto destrutiva como o próprio namorado. Ela terminou seus dias bem pobre, viciada em drogas e dormindo de favor na casa de alguns amigos em Los Angeles. Nunca conseguiu desfrutar da fama e da riqueza gerada pelo nome The Doors.

Agora um fato curioso vem à tona. O escritor afirma com todas as letras que era bem mais admirador de Jim Morrison antes de escrever o livro. Quando foi exposto à verdadeira história do cantor ele ficou um tanto decepcionado com o que encontrou. Nos últimos anos Jim Morrison havia se tornado mesmo uma figura trágica. Estava alcoólatra e vivia perambulando pelas piores espeluncas e bares de Los Angeles. Vivia bêbado, caindo pelas ruas. Isso sem contar as drogas pesadas que tomava quando as encontrava de forma fácil pelos becos da cidade. Em Paris não mudou muito sua rotina. Continuou a ir em bares e boates onde passava o dia bebendo e tomando drogas. Supõe-se que no dia de sua morte injetou um tipo de heroína vinda do Marrocos. Seu organismo que já vinha sofrendo vários abusos ao longo dos anos não suportou mais essa agressão. Ele morreu muito jovem, aos 27 anos, pelos excessos que tinham se tornado rotina em sua vida.

Assim só coube ao autor lamentar a morte de um talento desses, tragado por seus vícios. Ele também descartou em sua biografia todas aquelas loucas teorias de que Morrison teria forjado sua própria morte, indo morar na África, como contrabandista, tal como seu ídolo Rimbaud. Nada dessa bobagem faz sentido para o escritor. Ao adotar esse estilo sóbrio e realista, o livro acaba ganhando mesmo muitos pontos positivos. No fim de tudo sobraram processos judiciais, envolvendo a família de Pamela, de Jim e dos demais membros dos Doors e um busto no cemitério de Père-Lachaise, busto esse inclusive que foi roubado alguns anos atrás. O lugar onde ele foi enterrado acabou se tornando um ponto de encontro de junkies europeus e americanos. Pelo visto os excessos de Jim Morrison não o deixaram nem após sua morte. Realmente não houve salvação para o auto denominado Rei Lagarto.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de setembro de 2011

10 Frases de Jim Morrison

10 Frases de Jim Morrison
Embora tenha feito sucesso como rockstar, Jim Morrison, um jovem estudante do curso de cinema da UCLA, queria mesmo era virar escritor e poeta. Por isso ele levava esses aspectos de literatura para seus discos de rock. Não é por outra razão que as letras dos discos dos Doors ainda hoje são consideradas as melhores daquele período do rock americano. E além de escrever e publicar livros de poesia, Jim Morrosn também gostava de falar frases de efeito. Segue abaixo dez frases que marcaram o cantor na imprensa de sua época, além de outras que foram retiradas de suas canções e de seus poemas publicados. 

1. "Cancele minha inscrição para a ressurreição, envie minhas credenciais para a casa de detenção, tenho muitos amigos lá..."

2. "As pessoas temem mais a morte do que a dor. É estranho que tenham medo da morte. No ponto da morte, a dor acaba..."

3. "Queremos o mundo e o queremos...agora!"

4. "Tudo o que é desordem, revolta e caos me interessa; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido..."

5. "A única obscenidade que conheço é a violência..."

6. "O futuro é incerto e o fim está sempre perto!"

7. "Alguns nascem para o suave deleite; outros para os confins da noite..."

8. "Somos caminhantes da tempestade..."

9. "Sou o Rei Lagarto! Posso fazer tudo!"

10. "Esse é o fim... o meu único amigo... o fim!"

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

The Doors, o Início...

The Doors, o Início...
Os Doors surgiram como banda dentro do meio universitário americano. Jim Morrison era estudante de cinema e nas horas vagas escrevia poesias. Nunca antes ele tinha tido a pretensão de musicar seus versos, mas viu que isso seria uma boa ideia ao conhecer Ray Manzarek. Nas praias ensolaradas da Califórnia eles se encontraram, trocaram ideias e viram que poderia surgir boa música dali.

Depois de alguns ensaios bem amadores, numa garagem, eles se sentiram otimistas. Ray trouxe os demais membros do grupo, o baterista John Densmore e o guitarrista Robbie Krieger. Cada um trouxe um elemento novo ao som da banda. Ray era a pura harmonia em seu teclado. Krieger com formação clássica incorporou muitos ritmos novos ao som do grupo e John se transformou na verdadeira pulsação, no ritmo das canções.

As letras eram todas baseadas em poesias de Morrison. Ele tinha um ótimo vocabulário e um grande talento para escrever. Culto, inteligente e cheio de substância poética, incorporou e jogou tudo isso na musicalidade dos Doors. Tratando-se realmente de uma obra coletiva musical todos os membros do grupo assinavam a autoria das músicas. Jim em particular ficou muito orgulhoso ao ver a qualidade do trabalho que ia ficando cada dia mais rico. Os Doors estavam nascendo para conquistar todas as paradas musicais e isso tudo feito de uma forma completamente nova, inovadora.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

The Doors - Live In Stockholm 1968

CD Duplo muito interessante dos Doors trazendo uma apresentação do grupo em Estocolmo na turnê européia de 1968. No dia da realização do show a apresentação foi transmitida ao vivo pela emissora Radiothuset e por essa razão o material é relativamente fácil de encontrar nas lojas especializadas em bootlegs de Londres. A qualidade sonora é aceitável, mas não ideal. O CD é um Soundboard, ou seja, tem uma qualidade que não agride os ouvidos do fã, muito embora passe longe da qualidade de um disco oficial. O colecionador com mais estrada vai logo perceber que o CD usa três fontes diferentes para compor o material, duas delas bem mais acessíveis, principalmente para quem mora na Europa e outra mais rara, com melhor qualidade técnica, que só foi encontrada há alguns anos. 

Quem já tem o bootleg "The Doors - Apocalypse Now" vai certamente reconhecer parte das gravações, muito embora aqui já tenha um tratamento sonoro melhor. Como se trata de um show dos Doors o fã já pode esperar por algumas coisinhas, como o sempre presente problema de alcoolismo nas performances de Jim Morrison. Quando ele exagerava no camarim antes de entrar no palco o ouvinte mais atento já conhece de antemão o que virá pela frente logo nas primeiras músicas. Morrison não está tão mal aqui, tudo bem que ele aparenta estar um pouco embriagado, mas no final das contas dá conta do recado. O melhor momento do CD vem com "Light My Fire" onde o público finalmente se empolga, levando Morrison a dar o melhor de si. Entre as partes constrangedoras há uma péssima versão de "Love Me Two Times" e uma apresentação praticamente solo da banda em "When The Music's Over" onde Morrison apenas balbucia algumas palavras, provavelmente por estar com uma garrafa de tequila em pleno palco. Coisas do Rei Lagarto!


The Doors - Live In Stockholm 1968
Introduction
Five To One
Love Street
Love Me Two Times
When The Music's Over
A Little Game
The Hill Dwellers
Light My Fire
The Unknown Soldier
Five To One
Mack The Knife
Alabama Song
Back Door Man
You're Lost Little Girl
Love Me Two Times
When The Music's Over
Wild Child
Money
Wake Up
Light My Fire
Turn Out The Lights
The End

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de julho de 2011

The Doors - L.A. Woman

"Se disserem que nunca a amei, certamente saberão que estão mentindo" - Jim Morrison disse essa frase não em relação a uma mulher ou a uma de suas namoradas, mas sim sobre Los Angeles, a cidade que o acolheu desde que foi para lá, ainda jovem, estudar cinema na universidade da cidade. Assim quando Jim explicou seu ponto de vista ele estava se referindo a "L.A. Woman", sua declaração de amor ao estilo de vida da cidade. Naquela altura os Doors estavam prestes a implodir, literalmente. Na verdade Jim sabia que o jogo estava acabado para ele no grupo. Anos e anos de abusos, confusões em shows, gravações conturbadas e brigas internas tinham destruído a credibilidade do cantor entre seus colegas de banda. Eles indiretamente desejavam que Jim fosse embora de uma vez por todas. O próprio baterista John Densmore já tinham informado a Morrison que os Doors queriam gravar um disco puramente instrumental, o que era praticamente um fora em Morrison pois ele seria desnecessário nesse tipo de trabalho pois não tocava nenhum instrumento. De fato os Doors gravaram dois discos com essa proposta após a saída de Morrison mas ambos os álbuns fracassaram completamente nas vendas.

Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2011

The Doors - Riders on the Storm

Jim Morrison era apenas um garotinho quando viu uma cena que nunca mais esqueceu. Ele estava viajando ao lado dos pais quando encontraram um caminhão virado de cabeça para baixo, cheio de nativos americanos, após um sério acidente. Vários índios estavam mortos, estirados no chão, agonizantes. Jim contaria anos depois que um dos espíritos o seguiu a partir daquele momento. Era a alma de um velho xamã que estava morto à beira da estrada. Foi justamente pensando nesse episódio de sua vida que levou Jim a compor "Riders on the Storm" que considero uma das melhores gravações da história do rock. Se você acha que Ray Manzarek era apenas um tecladista de churrascaria (como certa vez li numa resenha idiota e estúpida de uma revista inglesa) aconselho a ouvir atentamente essa faixa. Ray usa as notas musicais de seu instrumento para recriar pingos da tempestade caindo pelo chão... um efeito de arrepiar mesmo!

Some-se a isso o estilo cavernoso do vocal de Jim Morrison, naquela altura de sua vida já esgotado por todos os excessos possíveis e imaginaveis e você terá uma obra prima em mãos. "The Changeling" que está no lado B do single certamente não é tão maravilhosa como "Riders on the Storm" mas também mantém um padrão absurdo de qualidade musical. A guitarra de Robby Krieger procura imitar o som de vespas prontas para o ataque! Lembrando que as duas faixas fazem parte do último disco dos Doors com Jim Morrison, o blueseiro "L.A. Woman", um álbum realmente excepcional. Jim barbudo, encarnando como nunca seu alter-ego Mojo Risin, estava endiabrado nas sessões. Entre um excesso alcoólico e outro e foi gravando as canções de forma, diria até, abusiva! Considero Jim um dos maiores vocalistas da história do rock americano, um sujeito que se destacou por colocar sua própria alma em cada gravação que fez. Assim o single "Riders on the Storm / The Changeling" não é apenas uma questão de opção para quem gosta do bom e velho rock daquela geração, mas sim um item obrigatório em qualquer coleção que se preze.

Riders on the Storm (Jim Morrison) - Riders on the storm / Riders on the storm / Into this house we're born / Into this world we're thrown / Like a dog without a bone / An actor out alone / Riders on the storm / There's a killer on the road / His brain is squirming like a toad / Take a long holiday / Let your children play / If you give this man a ride / Sweet family will die / Killer on the road / Girl you gotta love your man / Girl you gotta love your man / Take him by the hand / Make him understand / The world on you depends / Or life will never end / Gotta love your man / Riders on the storm / Riders on the storm / Into this house we're born / Into this world we're thrown / Like a dog without a bone / An actor out alone / Riders on the storm / Riders on the storm / Riders on the storm / Riders on the storm / Riders on the storm.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

The Doors - L.A. Woman

O disco final da banda The Doors, "L.A.Woman", foi gravado em oito canais entre dezembro de 1970 a fevereiro de 1971, no Doors Workshop (Hollywood, CA). Esse era um estúdio pequeno, improvisado no escritório do grupo. Logo no começo dos ensaios Jim percebeu que o som ficava ótimo dentro do banheiro e sugeriu que toda a banda fosse para dentro do sanitário! Com a recusa dos demais membros da banda, o Rei Lagarto não se fez de rogado, gravou todas as faixas sentado em um banquinho ao lado da privada... O disco foi lançado oficialmente nos EUA no final de abril de 1971. A produção ficou com Bruce Botnick e os próprios The Doors. Panelinha nativa.

Mesmo contendo três das canções mais famosas dos Doors (a faixa título, Love Her Madly e Riders on the Storm) e ter sido um dos discos mais vendidos da banda (fazendo deles o primeiro grupo de rock americano a receber sete discos de ouro consecutivos), "L.A. Woman" é uma obra que pode não ser rapidamente digerida pelos admiradores do grupo. Como Morrison Hotel já dava sinais, os Doors haviam se transformado mais do que nunca numa banda de blues, e esse último lançamento é basicamente todo dedicado a esse estilo. A diferença pode ter sido acentuada com a saída do produtor Paul Rothchild, que não gostou do que ouviu nos ensaios das novas canções e decidiu se afastar dos Doors.

Assim, resolveram produzir a si mesmos com o auxílio de Bruce Botnick, que havia sido o engenheiro de gravação dos outros discos, e prepararam o novo álbum em um estúdio improvisado no escritório da banda. Num ambiente calmo e familiar (os vocais eram feitos no banheiro, que possuía uma melhor acústica), prepararam as faixas no chamado "estúdio ao vivo", onde todos os instrumentos são tocados e gravados ao mesmo tempo, como num show. O resultado foi simples e excelente, uma grandiosa despedida de Jim Morrison. Curiosidade: o nome Mr. Mojo Risin', repetido diversas vezes durante a canção L.A. Woman, é um anagrama de Jim Morrison. Reordenando as letras é possível formar o nome do vocalista. Além disso é o nome de uma entidade de vodu, muito em voga na cidade de New Orleans, no sul dos EUA.

1. The Changeling (Jim Morrison) - Para muitos essa canção chamada "The Changeling' é um blues visceral. Para outros o único funk feito por brancos que valeu a pena ouvir (pelo amor de Deus, estamos falando aqui do funk americano verdadeiro, não daquelas coisas que são chamadas de funk no Rio de Janeiro e demais cidades pelo Brasil afora!). No final das contas não importa a exata classificação da música, o que importa mesmo aqui é a bela performance de Morrison (visivelmente "alto", dando gritos de empolgação) e sua banda. Curiosamente apesar de ser muito bem executada, com ótimo arranjo, a canção não deu muito trabalho aos Doors. Em poucos takes eles chegaram na versão definitiva. E pensar que esses ótimos solos de guitarra de Robby Krieger foram alcançados quase de primeira mão dentro do estúdio. Virtuosismo pouco é bobagem.

2. Love Her Madly (Robby Krieger) - "Love Her Madly" acabou sendo escolhida para ser uma das músicas de divulgação do álbum. Com ritmo nitidamente alegre e simpático, com a cara de Krieger, realmente parecia ser a ideal para virar um hit das rádios. A canção tem algumas paradinhas em sua melodia típicas para se ouvir nas praias californianas. Tudo muito soft e relax. Por ter essa característica tão comercial, digamos assim, não a colocaria entre as grandes faixas desse álbum. Dançante, com bom arranjo, mas em essência simplória demais para estar à altura das outras mensagens de Morrison e sua mente privilegiada. Jim aliás a achou "engraçadinha" demais da conta, mas como gostava de Krieger a gravou sem causar maiores problemas para seu amigo de banda.

3. Been Down So Long (Jim Morrison) - Depois começamos a ouvir os primeiros acordes de "Been Down So Long". Vamos aos fatos: Jim estava interessado mesmo em cantar blues nessas sessões. Embora isso de certa forma aborrecesse o batera Densmore, Morrison queria mesmo se entregar de corpo e alma ao ritmo. Essa "Been Down So Long" é o primeiro grande blues do disco. Morrison visivelmente entregue, se farta com uma canção extremamente bem arranjada, com os demais membros do Doors em momento inspirado. Curiosamente a ordem dos instrumentos foi levemente alterada para essa gravação. Não havia necessidade de órgão e nem piano e por essa razão Ray Manzarek trocou os teclados pela guitarra rítmica. Robby Krieger ficou responsável pelo Slide guitar e um terceiro guitarrista, o músico Marc Benno, ficou na base. Completando a equipe os Doors ainda contaram com Jerry Scheff, o baixista de Elvis Presley. Assim acabaram atendendo às velhas críticas que sempre afirmavam que os Doors precisavam urgentemente de um baixo em suas canções, algo que nunca havia se tornado um problema, mas que agora tinham resolvido suprir contratando o baixista da banda do Rei do Rock.

4. Cars Hiss by My Window (Jim Morrison) - Foi justamente a gravação dessa faixa "Cars Hiss by My Window" que irritou o baterista Densmore. Anos depois ele declararia numa entrevista: "Tudo bem para um vocalista pois aqueles blues eram ótimos nesse aspecto. Já para um batera como eu, era extremamente chato esse tipo de canção. Não há como inovar ou trazer coisas interessantes. A coisa toda vira um tédio. O ritmo se mantém o mesmo em praticamente todo o tempo". Se para Densmore tudo era tédio puro o mesmo não se pode dizer para o brilhante trabalho de guitarra do mestre Krieger. Ele praticamente sola da primeira a última estrofe, criando um duelo de melodia com a voz de Morrison, que aliás surge perfeita, dando a impressão de estar levemente embriagada - o que convenhamos casa perfeitamente com a proposta da gravação e da letra. Impossível ficar indiferente a esse belo momento dark etílico da carreira do grupo.

5. L.A. Woman (Jim Morrison) - "L.A. Woman" foi creditado a todo o grupo, ou seja, Morrison, Manzarek, Densmore e Krieger. Basicamente é uma declaração de amor de Morrison para a cidade de Los Angeles. Em uma de suas últimas entrevistas Jim Morrison explicou que L.A. o tinha acolhido em um momento particularmente complicado de sua vida, quando finalmente resolveu largar a universidade e viver como um vagabundo errante pelos arredores de Venice Beach, e que por essa razão era eternamente grato a ela. "Se disserem que nunca a amei certamente estarão mentindo" - decretou o cantor. Curiosamente em sua letra Morrison acaba humanizando a cidade, a identificando de forma surrealista com uma mulher, tudo sendo criado em um plano puramente subjetivo e poético, de sua maneira muito peculiar de enxergar a realidade. Os lugares da cidade por onde parece caminhar se misturam com os delicados devaneios do corpo de uma mulher amada, misteriosa e Inatingível. Em termos técnicos considero essa uma das melhores gravações da carreira dos Doors. A música tem uma melodia envolvente, que desfila em uma crescente euforia que também vai contagiando o ouvinte, tudo indo desembocar em um excesso de explosões emocionais. Certamente uma obra prima da carreira do grupo. Genial mesmo.

6. L'America (Jim Morrison) - "L'America" é outra composição de Jim Morrison com forte influência cinematográfica. É praticamente um road movie, como eram chamados os filmes de estrada, com enredos versando sobre pessoas que em determinada manhã simplesmente decidiam ligar o carro e pegar a estrada, rumo a lugar nenhum. Morrison assim vai narrando em forma sensorial essa trip, onde ele se coloca como aquele forasteiro que chega numa cidade onde não conhece ninguém. Os homens não gostam de sua chegada, mas as mulheres acabam ficando atraídas pela sua presença. A letra é até simples, com poucos versos, mas funciona muito bem, afinal Jim Morrison era um grande poeta e escritor.

7. Hyacinth House (Ray Manzarek / Jim Morrison) - "Hyacinth House" também servia de trilha sonora para essa via crucis do cantor pelos lugares menos glamourosos de Los Angeles. Aqui, em versos simples, Jim dava uma indireta até mesmo para os colegas de banda. Ele estava meio de saco cheio de viver ao lado de pessoas que só o criticavam. Isso justificava versos como: "Eu preciso de um novo amigo que não me incomode / Eu preciso de um novo amigo que não me atrapalhe / Eu preciso de alguém que não precise de mim". Essa última frase era uma resposta direta a John Densmore, o baterista dos Doors, que havia dito durante as gravações que o grupo poderia seguir em frente, mesmo sem Jim nos vocais. O clima entre eles, como se podia perceber, não era dos melhores.

8. Crawling King Snake (John Lee Hooker) - De todas as faixas uma das mais representativas é justamente essa "Crawling King Snake". Esse é um blues antigo, clássico, um verdadeiro standart. Presume-se (ninguém tem certeza) que a canção foi composta por cantores de blues de cabarés na década de 1920. Só depois vieram as primeiras gravações. Naquela época os compositores e cantores de blues eram considerados vagabundos, artistas que vendiam suas criações em troca de uma garrafa de whisky, as gravando em pequenos estúdios do tipo fundo de quintal. Assim as origens de músicas como essa acabavam se perdendo nas areias do tempo. A versão de Morrison bebe diretamente (sem trocadilhos infames, por favor!) da gravação de John Lee Hooker dos anos 1940. Em minha opinião essa versão dos Doors é inclusive superior às gravadas por Howlin' Wolf e Muddy Waters, Um registro excelente, com muita alma e espírito (provavelmente vindo diretamente das entidades que norteavam a mente do embriagado Morrison). Melhor do que isso, impossível.

9. The WASP (Texas Radio and the Big Beat) (Jim Morrison) - Outra excelente faixa desse álbum, tanto em termos de composição como gravação é a diferente "The WASP (Texas Radio and the Big Beat)". Essa canção soava como se você estivesse dirigindo por alguma estrada do Texas e sintonizasse uma rádio de blues no dial. A sigla WASP era uma referência aos brancos, aos protestantes, aos anglo-saxões, considerados "a nata" da sociedade americana. Essa sigla inclusive foi usada por organizações racistas para classificar o que era um "verdadeiro americano", pessoas bem acima do restante da escória, ou seja, dos negros, dos latinos, dos imigrantes e de todos aqueles que não se enquadrassem na visão racista e canalha da Klan. Jim obviamente usou o WASP como ironia, como crítica, como uma forma de debochar da mentalidade dessa gente. Jim incorpora um DJ na música e declama versos como esse: "Os negros brilhantemente enfeitados na selva / Estão dizendo "Esqueçam as noites" / Vivam conosco na floresta azulada / Aqui fora no perímetro não há estrelas / Aqui estamos petrificados - imaculados.". Morrison estava particularmente inspirado para escrever letras nesse disco.

10. Riders on the Storm (Jim Morrison / Ray Manzarek / Robby Krieger / John Densmore) - "Riders On The Storm" foi lançada em single, em junho de 1971. Foi o segundo compacto simples extraído deste disco. "Riders on the Storm" é uma canção visceral, excepcionalmente bem produzida e que mostra que em poucos anos o grupo atingiu uma maturidade precoce. A letra é bem emblemática e mostra como o cinema influenciou o trabalho poético de Jim, basta ler a letra e ver como tudo se desenrola como um verdadeiro roteiro de um filme, uma cena rápida, bem ao estilo de alguém que frequentou uma escola de cinema, um verdadeiro outsider cinematográfico. Bem, essa canção dispensa maiores comentários, nem vou relembrar o fato dela ter sido inspirada em um fato real ocorrido com Jim em sua infância, quem assistiu ao filme de Oliver Stone, sabe do que estou falando, por isso não vou me repetir aqui. Em suma, essa música é vital, essencial na história do Rock Mundial. No Lado B do single foi colocada "Changeling", um blues ao velho estilo. Todos concordam em um ponto, "L.A.Woman" é basicamente um trabalho de Blues. Jim poderia até mesmo ter chamado esse disco de "The Doors Blues Album" se quisesse. É uma faixa forte, recomendada para bluesmen inveterados.

Singles extraídos desse álbum:

Love her madly / Don't go no farther - Em março de 1971 os Doors lançaram seu penúltimo single. O interessante deste compacto simples foi a escolha de uma das canções do disco como lado principal. "Love Her Madly" não tem a importância de "Riders on the Storm" ou ainda "L.A.Woman", mas foi ela a eleita para figurar como música "carro chefe" do disco. Não a considero uma canção altamente relevante dentro da discografia da banda, mas me parece que ela foi escolhida por ser a mais comercial, a mais fácil de ser digerida pelas rádios americanas. No lado B desse single temos uma música que hoje em dia é considerada uma verdadeira raridade. Se você já ouviu "Don't go no farther" por aí se considere privilegiado pois essa faixa sumiu da discografia da banda após seu lançamento nesse single.

Riders on the storm / Changeling - Em junho de 1971 o grupo lançou o segundo single extraído deste disco. "Riders on the Storm" é uma canção visceral, excepcionalmente bem produzida e que mostra que em poucos anos o grupo atingiu uma maturidade precoce. A letra é bem emblemática e mostra como o cinema influenciou o trabalho poético de Jim, basta ler a letra e ver como tudo se desenrola como um verdadeiro roteiro de um filme, uma cena rápida, bem ao estilo de alguém que frequentou uma escola de cinema, um verdadeiro outsider cinematográfico. Bem, essa canção dispensa maiores comentários, nem vou relembrar o fato dela ter sido inspirada em um fato real ocorrido com Jim em sua infância, quem assistiu ao filme de Oliver Stone, sabe do que estou falando, por isso não vou me repetir aqui. Em suma, essa música é vital, essencial na história do Rock Mundial. No Lado B do single foi colocada "Changeling", um blues ao velho estilo. Todos concordam em um ponto, "L.A.Woman" é basicamente um trabalho de Blues. Jim poderia até mesmo ter chamado esse disco de "The Doors Blues Album" se quisesse. É uma faixa forte, recomendada para bluesman inveterados.

The Doors - L.A. Woman (1971): Jim Morrison (vocais) / Ray Manzarek (piano, órgão) / Robby Krieger (guitarra) / John Densmore (bateria) / Jerry Scheff (baixo) / Marc Benno (guitarra) / Produzido por Bruce Botnick, Joey Levins e The Doors / Selo: Elektra Records / Local de gravação: The Doors' Workshop, Santa Monica Boulevard, Los Angeles / Data de gravação: Dezembro de 1970 - Janeiro de 1971 / Data de lançamento: Abril de 1971.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de maio de 2011

The Doors - Morrison Hotel

Em 1970 Jim Morrison já tinha ultrapassado todos os limites. Ele já havia sido preso, processado e execrado pela mídia por causa de alguns concertos muito loucos que havia feito ao lado de sua banda. Não havia mais espaço para a inocência. Quando não estava sendo massacrado pela imprensa ou prestando depoimento em algum tribunal, Jim procurava relaxar. Seu lugar preferido para isso era o bar mais próximo. Quanto mais vagabundo fosse o boteco, melhor para Jim. Ele adorava passar horas e horas ouvindo blues, bebendo muito, nesse tipo de lugar. E foi em um desses bares que ele teve duas ideias que pareciam brilhantes: um disco mais visceral, cru, com muitos blues intitulado simplesmente "Morrison Hotel", justamente o mesmo nome de um dos botequins que Jim mais apreciava.

Os Doors estavam mesmo precisando cumprir seus contratos com a gravadora. Desde que Jim tinha se metido em apuros legais, ele não havia entrado mais em estúdio. A lata estava vazia! O problema para os produtores era conseguir levar Jim para trabalhar sem que ele estivesse completamente bêbado ou narcotizado. Como seu lema preferido dizia: "Os excessos levam aos palácios da sabedoria". Pelos excessos que tinha cometido certamente, naquela altura de sua vida, Jim já poderia se considerar um sábio!

De uma forma ou outra Jim prometeu cumprir o contrato, procurando beber menos durante a semana de gravações do novo álbum (algo que cumpriu apenas em parte pois em algumas faixas o ouvinte podia notar claramente que Jim estava embriagado!). Assim uma semana antes de entrar em estúdio Jim e os Doors se encontraram para os primeiros ensaios. Morrison havia escrito algumas letras, adaptado até mesmo velhos poemas de sua autoria. Como sempre o material era de primeira. Meio ao acaso, administrando o caos, então os Doors começaram a dar os primeiros acordes. O novo disco estava prestes a ser produzido.

1. Roadhouse Blues (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - O álbum "Morrison Hotel" começa com aquele que considero o melhor blues dos Doors, "Roadhouse Blues"! Que grande gravação! Dentro dos estúdios, quando os Doors se entrosavam completamente, eles conseguiam o melhor em termos musicais. Essa faixa é certamente uma das melhores da discografia do grupo, porém uma ressalva é importante. Embora seja uma das melhores gravações dos Doors, a melhor versão de "Roadhouse Blues" não está nesse disco. Uma versão ao vivo, maravilhosa, foi descoberta anos depois. Quem adquiriu o CD com a trilha sonora do filme "The Doors" de Oliver Stone certamente saberá do que estou escrevendo. Essa "Live Version" é seguramente a melhor performance do grupo interpretando esse blues. Contando com o calor e reação do público presente no concerto, esse é seguramente o auge dos Doors em relação a essa música. A Warner Music (atual detentora dos direitos autorais dos Doors) bem poderia lançar uma versão Luxe de "Morrison Hotel" com essa faixa. Ficaria perfeito.

2. Waiting for The Sun (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - Outra que também não fez parte das sessões originais do "Morrison Hotel" foi "Waiting for The Sun". Essa destoa muito das outras músicas desse álbum. Ela foi gravada originalmente em 1968 e sabe-se lá a razão ficou pegando poeira nos arquivos da gravadora em Nova Iorque por dois anos! É uma composição que foi creditada a todos os membros do grupo  (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek e Jim Morrison), embora saiba-se que os que mais contribuíram mesmo para sua elaboração tenham sido Manzarek, Krieger (nos arranjos) e Morrison (na letra e nos versos). Sinceramente falando não gosto muito dessa música porque ela quebra o ritmo de "Morrison Hotel", se mostrando bem fora de rota mesmo da linha dorsal melódica desse disco.

3. You Make Me Real (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - A primeira vez que ouvi "You Make Me Real" eu pensei comigo mesmo que essa canção era alegre demais para ter saído da pena de Jim Morrison. Realmente, o verdadeiro autor desse momento pra cima era o guitarrista Robby Krieger. Ele a compôs após um encontro com uma garota que estava apaixonado há muitos anos. Por isso o tom para cima, contagiante, como se alguém realmente comemorasse aquela noite. Algum tempo depois Jim declarou: "Eu nunca escrevi nem uma linha para You Make Me Real. Acho que Robbie colocou meu nome na autoria da música por amizade ou misericórdia, ou ambos, quem sabe..."

4. Peace Frog (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) -
"Peace Frog" por outro lado traz uma das melhores melodias do disco. Puro swing. Essa é mais uma criação do guitarrista Robbie Krieger que a compôs com sua guitarra (nada de violão ou piano). Por isso se nota o intenso uso do instrumento durante toda a execução. Curiosamente a voz de Morrison foi gravada em dois canais diferentes, dando a impressão de que ele também realiza os vocais de apoio a ele mesmo! Há até espaço para Jim declamar um verso de um de seus poemas. Outro aspecto digno de nota é que a fita original de gravação apresentou um pequeno defeito, o que levou muitos a pensaram que a cópia de vinil que tinham comprado nas lojas estava com defeito de fabricação. Não era! Foi um problema do rolo de gravação dentro do estúdio mesmo. O grupo percebeu o problema técnico, mas o take havia ficado tão bom que foi lançado assim mesmo.

5. Blue Sunday (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - A baladinha "Blue Sunday" não acrescenta muito. Jim, com a voz encharcada de álcool (e outras coisinhas mais) canta a canção com convicção, mas sem maior envolvimento. A letra é um tanto banal, o que nos leva a pensar que foi composta exclusivamente por Krieger, já que Jim não era adepto de letras pueris e banais em excesso. Ele sempre preferia o excesso, até mesmo o barroco em seus textos. Afinal era exatamente isso que o levava aos pilares da sabedoria!

6. Ship of Fools (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - O bom e velho Jim Morrison só retorna mesmo em "Ship of Fools", um blues acelerado que ele pensou enquanto estava em uma mesa de bar da periferia de Los Angeles. No meio dos seus delírios alcoólicos ele escreveu as primeiras linhas. Depois como era de hábito enviou o esboço com cheiro de vodka e maconha para o tecladista Ray Manzarek. Morrison, como todos os fãs sabem, era um grande letrista e poeta, porém não entendia nada de notas musicais ou harmonia. Seu método de trabalho era justamente esse, escrevendo a poesia da música para que depois Manzarek e os demais Doors se virassem para compor arranjos e melodia. O curioso é que como foi provado esse tipo de  parceria sempre funcionava bem.

7. Land Ho! (Robby Krieger, Jim Morrison) - "Land Ho!" foi uma parceria entre Jim Morrison e o guitarrista Robby Krieger. Dentro dos Doors eles tinham uma amizade especial. Krieger sempre foi um cara na dele, introspectivo, até mesmo tímido. Morrison gostava muito dele. Ao contrário de sua relação ruim com o baterista John Densmore, Jim apreciava a companhia e a presença de Krieger ao seu lado. Desses encontros, geralmente no apartamento de Morrison, surgiram composições como essa. "Land Ho!" é uma expressão que significa "Terra à Vista!", sempre dita por marinheiros quando encontravam terra firme. A letra é uma referência indireta ao próprio pai de Jim, que era da Marinha dos Estados Unidos. Claro que para disfarçar um pouco Jim diz na letra que seu avô era um baleeiro, em um universo de ficção, porém fica óbvio desde os primeiros versos a associação com o velho pai. Eles sempre tiveram uma relação muito complicada, a ponto de certa vez Jim mentir durante uma entrevista dizendo que ele estava morto!

8. The Spy (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - "The Spy" por sua vez tem uma carga erótica muito grande, embora quase ninguém tenha percebido isso ao ouvir a canção pela primeira vez. Jim Morrison tinha grande habilidade nas letras, conseguindo transmitir mensagens em linguagem cifrada que poucos conseguiam compreender de imediato. Versos como "Eu sou um espião na casa do amor" não eram tão inocentes como inicialmente poderiam soar. Para pessoas próximas Jim explicou que a letra havia sido escrita após uma aventura sexual pelas noites de Los Angeles (provavelmente com uma prostituta). Para que Pamela, a garota de Jim, não pirasse, ele resolveu colocar tudo sob um véu de metáforas, algumas parecendo simples banalidades românticas. Ficou bonita, com melodia envolvente.

9. Queen of the Highway (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - "Queen of the Highway" é uma homenagem de Jim às mulheres que conhecia pelas noites de Los Angeles. Diretamente ele não assumia isso por causa de seu relacionamento com Pamela, mas todos sabiam que a rainha da Highway era um protótipo ou uma imagem das milhares de prostitutas que ficavam nas pistas de alta velocidade da cidade para arranjar seus clientes. Jim achava muito interessante o estilo e modo de vida daquelas moças. Durante uma conversa de bar ele chegou a dizer que havia feito a música em homenagem a todas essas mulheres que lutavam por sua sobrevivência nas noites da cidade. Jim as admirava e as respeitava, acima de tudo.

10. Indian Summer (Robby Krieger, Jim Morrison) - "Indian Summer" não foi gravada nas mesmas sessões das outras canções desse álbum "Morrison Hotel". Na verdade essa era uma faixa que estava arquivada na Elektra Records desde o ano anterior. Deveria ter saído como single, mas ficou perdida, no limbo, sem espaço na discografia oficial da banda. Antes que surgisse na praça em algum disco pirata acabou sendo encaixada aqui no disco. Não é um blues como as demais canções. É uma bela balada escrita por Robby Krieger que mais uma vez foi generoso, colocando Jim como parceiro na composição.

11. Maggie M'Gill (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) -
Outra canção que também falava sobre as ditas "garotas de vida fácil" era "Maggie M'Gill". Essa segunda música sobre prostitutas já era mais complicada de disfarçar pois Jim resolveu homenagear a Maggie, uma garota que fazia ponto perto do bar onde ele bebia todos os dias. A letra é direta. Maggie contou a Jim que era uma garota do interior que apanhava do pai alcoólatra. Assim resolveu deixar seu passado para trás e foi para as ruas de Los Angeles ganhar sua vida. Jim ouviu tudo atentamente e disse a Maggie: "Farei uma canção em sua homenagem no meu próximo disco!". Promessa que aliás cumpriu justamente aqui nesse álbum, "Morrison Hotel".

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

The Doors - Love Her Madly

Quando os Doors terminaram as gravações do álbum "L.A. Woman" eles enviaram as fitas para a Elektra Records. Os executivos da gravadora iriam escolher as canções que viriam a ser trabalhadas nas rádios, além das que seriam escolhidas para fazer parte dos singles (que eram os compactos simples, sempre trazendo a chamada "música de trabalho" para divulgar todo o álbum). "Love Her Madly" foi uma das escolhidas. O próprio Jim Morrison ficou muito surpreso com isso pois achava a canção a mais simples do disco. Em um trabalho tão cheio de blues e músicas mais enraizadas e profundas, era mesmo de se admirar que a simpática, mas nada complexa, "Love Her Madly" seria lançada em single para divulgar o resto do disco.

Jim obviamente deu de ombros. Ele já tinha comprado sua passagem para Paris onde pretendia escrever um novo livro de poemas. Ao seu lado viajaria sua eterna namorada Pam. Só uma coisa deixava Jim feliz: o fato da canção ser do guitarrista Robbie Krieger. Ele era seu melhor amigo na banda, o que não deixava de ser uma surpresa já que Robbie era um sujeito introvertido, fechado, que não era muito de fazer amizades. Com Jim acabou se dando muito bem. Era o extremo oposto do bateria John Densmore, que vivia brigando com Jim em todas as ocasiões. Ambos se odiavam na verdade. John queria mais profissionalismo por parte de Jim e esse como todos sabemos era um porra louca, típico dos anos 60. Jim sabia que John conspirava para ele ser expulso da banda, bem ao contrário de Robbie com quem tinha amizade verdadeira. Assim sempre que Robbie fosse valorizado (como nesse caso de "Love Her Madly") ele ficaria duplamente satisfeito. Afinal amigos são feitos justamente para esse tipo de situação.

Pablo Aluísio. 

Jim Morrison

Se estivesse vivo o cantor e compositor Jim Morrison estaria completando 70 anos de idade. Falar sobre Jim Morrison em meu caso é simples, familiar até. Descobri o The Doors há muitos anos quando ouvi pela primeira vez "L.A. Woman" em uma festa. Não demorou nada para ela virar uma das minhas canções preferidas de todos os tempos, sem exagero nenhum. Depois do interesse inicial despertado pela música corri atrás para conhecer melhor sua vida, sua poesia e suas letras. Obviamente já tinha ouvido falar bastante de Morrison desde muito cedo em minha vida mas só depois realmente me interessei por ele a ponto de comprar livros, assistir filmes e completar toda a coleção de sua discografia (ainda na era do vinil quando os discos dos Doors não eram assim tão fáceis de achar). O interessante em relembrar isso é que hoje em dia já não tenho mais interesse em conhecer nenhum grupo ou cantor da atualidade a fundo como antigamente. Mudei pessoalmente ou a música é que virou uma porcaria mesmo?

Pois bem, voltemos. Por volta do início dos anos 90 já tinha tudo do grupo. Do primeiro ao último disco. Ouvir The Doors em minha vida foi tão gratificante quanto ouvir o Pink Floyd. Claro que o Floyd é muito mais rico em termos musicais mas isso não desmerece o grupo de Jim Morrison. Na verdade o diferencial entre esse artista e os demais é que sua biografia é tão interessante, tão rica que ficamos até absorvidos por ela. Afinal quando se é jovem encontrar um ídolo (palavra essa que não uso mais em minha vida) pela frente é algo bem marcante.

O problema de Jim Morrison era que ele ainda era um jovem quando morreu. Imagine morrer aos 27 anos apenas! Quem vê suas últimas fotos vai perceber que Morrison estava parecendo um velho, um sujeito barbado, gordo, inchado aparentando muito mais de 40 anos fácil. A explicação é que ele entrou fundo nas drogas, nas bebidas e nos excessos. Quase não conseguia mais se apresentar ao vivo porque ou estava embriagado ou narcotizado. Mas verdade seja dita, ele não era esse doidão todo apenas pela diversão ou pelo vício. Morrison tinha essa postura de exageros e auto-destruição também por uma questão de ideologia. Ele era fã da frase: "As portas do excesso abrem os pilares do conhecimento". Assim para atravessar para o "outro lado" ele pagou o preço de todos os excessos possíveis e imagináveis. E o preço de uma bad trip dessas era a própria vida!

Hoje em dia já não ouço os Doors como antigamente. A discografia do grupo é relativamente pequena (não chega nem a dez discos oficiais) e assim em pouco tempo você esgota, ouve todos os discos, todas as canções e se cansa mais rapidamente do que o habitual. Passa longe de ser uma obra extensa. Ainda considero o Doors um dos melhores grupos de rock dos anos 60 e Morrison um baita de um cantor. Recentemente vi um famoso jornalista brasileiro na Globo falando que Jim Morrison não era um bom cantor. Discordo completamente, acho que ele era extremamente talentoso. Em entrevistas dizia que um dia queria cantar como Sinatra e Elvis. Não chegou lá, mas fez bonito.

Infelizmente ele entrou de cabeça naquela ideologia que dominava a juventude dos anos 60 e morreu cedo demais. Tudo se resumia em "Viver intensamente e morrer jovem". Era o máximo para os garotos daqueles anos loucos e psicodélicos. Assim como Hendrix e Joplin morreu com apenas 27 anos, se tornando um mito trágico tal como Dionísio que adorava. Quem sabe o que ele faria se tivesse tido a oportunidade de viver mais alguns anos? Morreu cedo e foi enterrado em sua próprio mito. O único consolo é saber que se o mito se foi pelo menos a obra ficou. Descanse em paz Rei Lagarto!

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de janeiro de 2011

The Doors - The Doors (1967)

O primeiro disco do grupo americano The Doors foi gravado em apenas seis dias o que não deixa de ser incrível diante de sua extrema qualidade técnica e sonora. Paul Rothchild, o conceituado produtor que realizou o disco ao lado do grupo, costumava dizer que o álbum era o exemplo de como se criar um grande sucesso em apenas uma semana. E foi isso mesmo. Assim que assinaram com a gravadora, no final de 66, os Doors logo entraram em estúdio e tudo foi finalizado em poucos dias (com um fim de semana de intervalo) . As músicas escolhidas já faziam parte do repertório que a banda vinha tocando em bares na Califórnia durante um ano inteiro, alternando-se entre composições de autoria própria (apesar de serem todas compostas por Morrison e Krieger, a banda inteira levava o crédito no encarte) e covers (Alabama Song, de Kurt Weill e Bertold Brecht, e Back Door Man, de Willie Dixon).

A sonoridade pode ser descrita como um blues urbano e sombrio, misturando influências da música negra e de elementos totalmente novos no mundo da música pop. Sucesso de público (transformou-se logo em disco de ouro) e muito elogiado pela crítica, o álbum se tornou um dos maiores clássicos da história do rock e colocou Jim Morrison e os Doors na ordem do dia. O normal é que todo disco de estreia de qualquer grupo seja pouco ousado, em que os músicos ainda estejam procurando seu próprio caminho, em suma o normal é que o disco de estreia seja produto de uma fase de experimentação, de inexperiência. Esqueça isso em relação aos Doors. Que banda de Rock coloca uma música como "The End" logo de cara em seu debut musical? O disco é uma tijolada no cenário rock da época. Um crítico disse que "Gosto dos demais grupos porque entendo o que eles dizem, com os Doors isso não acontece, quem pode entender o que Jim está querendo transmitir?" Pois é, sem dúvida Jim e banda era por demais avançado para a época. Eles surgiram no momento em que os Estados Unidos e o mundo já haviam perdido a inocência. A guerra do Vietnã estava no ar e os Doors eram ouvidos no sudeste asiático pelas tropas americanas aquarteladas no fim do mundo. "Os Doors foram a trilha sonora do Vietnã" disse depois o diretor Oliver Stone.

Alguns dos maiores clássicos do grupo estão aqui. A começar por "Break On Through (To The Other Side)" uma estranha mistura de bossa nova com rock, "Light My Fire", talvez a mais comercial música do grupo e "The End", uma faixa pouco usual, única, singular, muito mais longa e enigmática do que se costumava ouvir e impossível de se tocar nas rádios por causa de sua interminável duração. O lado blueseiro de Jim Morrison também se mostra muito presente com os excelentes blues "Back Door Man" onde o cantor beira as raias da insanidade e "Alabama Song", em pegada bem mais tradicional do Delta. Em suma é isso. São tantas músicas boas que o disco mais se parece uma coletânea de grandes sucessos. Para entender o som e a filosofia da década de 1960 o álbum se torna obrigatório.

The Doors (1967) - Break on Through (To the Other Side) / Soul Kitchen / The Crystal Ship / Twentieth Century Fox / Alabama Song (Whisky Bar) / Light My Fire / Back Door Man / I Looked at You / End of the Night / Take It as It Comes / The End.

Pablo Aluísio.