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domingo, 10 de julho de 2011

The Crickets - The “Chirping” Crickets

Esse foi o álbum de estréia dos Crickets, uma das mais influentes bandas de rock da história. Hoje em dia obviamente o líder dos Crickets, o genial Buddy Holly, é bem mais lembrado que seus companheiros. Sua morte foi muito triste, não apenas em relação a tragédia humana da perda da vida de um homem jovem, na flor da idade, que queria se casar com sua namoradinha de juventude para ir morar em Nova Iorque e respirar o cenário cultural da capital do mundo, como também pelo talentoso artista que se foi. Buddy começou a carreira cantando inocentes enredos de amor mas tinha grandes planos para o futuro. Queria compor canções mais bem trabalhadas, com ênfase se em ótimos arranjos orquestrais, algo que ainda teve tempo de fazer (para entender recomendo que se ouça suas últimas gravações para notar as mudanças que ele queria promover em sua musicalidade). Infelizmente ele morreu em um acidente de avião com dois outros artistas talentosos - entre eles o jovem Ritchie Valens de "La Bamba". A sua morte ficou conhecida como o dia em que o rock morreu.

Esse álbum foi lançado por Buddy em sua fase mais teen, vamos colocar assim, quando o que ele queria mesmo era chamar a atenção e fazer sucesso. Ao lado de seu grupo "Os Crickets" ele encarnava no palco o mesmo sentimento juvenil de seus fãs. O carinha de óculos, intelectual e boa pessoa, que só queria encontrar uma namoradinha para passear de mãos dadas com ela no cinema ou na lanchonete. O interessante é que Buddy se assumia como tal e passou para a história como o primeiro roqueiro a se apresentar de óculos, sem fazer concessões. Isso inspiraria John Lennon muitos anos depois a assumir seus problemas de visão, ao mandar a imagem pública de Beatle às favas, surgindo nas capas dos discos dos Beatles tal como ele era na vida real. Uma atitude que deixaria o velho Holly orgulhoso.

Os arranjos desse disco são, aliás, tão despojados quanto o próprio Holly foi em vida. Letra simples, que poderiam ter sido escritas por um colegial apaixonado e melodias com três ou apenas quatro notas no máximo, não mais do que isso, afinal estamos falando de um artista tipicamente da primeira geração do rock americano. Paul McCartney, que era fã de carteirinha de Holly, levaria muito de sua personalidade musical para os Beatles - eles inclusive gravaram a linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale". Os Crickets também apresentavam uma formação bem básica, com o baixista Joe Mauldin, o baterista Jerry Allison e na outra guitarra Niki Sullivan completando o quarteto. A seleção de repertório traz basicamente todas as grandes canções dessa fase de Buddy Holly que vivia um dos períodos mais criativos de sua (curta) vida. Enfim, precisa dizer mais alguma coisa? A sensibilidade de Buddy venceu o desafio do tempo e da sua própria morte, um roqueiro dos primórdios que certamente deixou muitas saudades em todos os fãs daquele tempo simplesmente mágico.

The Crickets - The “Chirping” Crickets (1957)
1. Oh, Boy!
2. Not Fade Away
3. You've Got Love
4. Maybe Baby
5. It's Too Late
6. Tell Me How
7. That'll Be the Day
8. I'm Looking for Someone to Love
9. An Empty Cup (And a Broken Date)
10. Send Me Some Lovin
11. Last Night
12. Rock Me My Baby

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cantores do Passado: Buddy Holly

O tempo é cruel. Atualmente com excessão dos mais instruídos sobre a história do Rock poucos jovens sabem quem foi Buddy Holly (embora certamente reconheçam algumas de suas canções ao ouvirem elas em algum filme por aí. Pioneiro da primeira geração do Rock´n´Roll, Buddy morreu muito jovem em um acidente de avião bimotor que custou também as vidas de dois outros roqueiros famosos da época: Ritchie Valens (de La Bamba) e Big Bopper. Deles não restam dúvidas que Buddy era o mais promissor. Letrista, compositor e arranjador esse texano de Lubbock era extremamente talentoso nos temas juvenis que fizeram parte de toda sua obra musical. Sua música era tão boa que superou até mesmo seu visual improvável, pouco adequado para o marketing das gravadoras. Com óculos de aros grossos, cara de nerd e pouco gingado, Buddy Holly mais parecia um de seus fãs, jovens colegiais sofrendo os amores da primeira paixão. Talvez essa identidade de aparência e conteúdo tenha sido um dos ingredientes que fizeram sua fama.

Ao lado do grupo The Crickets, Buddy nada mais era do um entre milhares de jovens americanos que queriam vencer no mundo da música. Com letras simples e arranjos idem, Holly nos poucos anos de carreira conseguiu a proeza de gravar algumas das canções mais populares dos anos 50. Suas letras não eram maliciosas como as de Chuck Berry e ele certamente não tinha a sensualidade de um Elvis Presley, mas isso não importava. Suas músicas geralmente mostravam um amor idealizado de um adolescente de bom coração que almejava um dia namorar a garota mais bonita da escola. O curioso é que a doce ingenuidade de Holly nunca desbancava para a sordidez ou a melancolia. Quando não conseguia conquistar a garota de seus sonhos ele geralmente cantava o amor perdido de uma forma muito lírica e bela. Não é precisa ir muito longe então para entender porque suas músicas caíram no gosto da juventude da época. Canções como "Peggy Sue", "That'll Be The Day" e "Not Fade Away" mostram bem isso.

O triste de tudo é saber que Buddy em vida conseguiu realizar seus sonhos, conseguiu sucesso nas paradas e acabou conquistando a garota idealizada em suas letras. Foi morar com ela em Nova Iorque e tinha grandes planos de melhoras em suas canções, escrevendo arranjos bem mais elaborados (suas últimas gravações retratam bem essa mudança). Infelizmente como todo jovem artista que tem dúvidas se o sucesso durará ou não, Holly embarcou em uma daquelas típicas turnês "kamikazes", com vários shows em poucos dias cobrindo uma distante área. Tudo com o objetivo de ganhar muito dinheiro em pouco tempo. As viagens geralmente eram realizadas sem estrutura, em aviões pequenos e caindo aos pedaços, que geralmente eram usados em plantações locais. E foi numa dessas viagens, entre duas cidades que ele acabou entrando num velho avião que acabou não suportando a nevasca forte que pairava naquela noite. O acidente ocorreu em um pequeno milharal no meio do nada. Todos os que estavam na aeronave morreram imediatamente.

Fico imaginando Buddy Holly nos anos 60. Certamente no meio daquele turbilhão de criatividade musical e revoluções sociais ele certamente se destacaria. Infelizmente em relação a isso só podemos especular. Falecendo jovem e cedo demais era de se imaginar que sua pequena obra não fosse prosperar tanto mas não foi o que aconteceu. Um dos primeiros roqueiros americanos a tocarem na Inglaterra Buddy com sua passagem pelo Reino Unido acabou plantando sua influência em 4 adolescentes da periférica cidade portuária de Liverpool. Isso mesmo, a sonoridade de Buddy Holly pode ser ouvida nitidamente em todos os discos da primeira fase dos Beatles (que inclusive fizeram um cover de Holly na linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale"). Paul McCartney aliás é fã confesso do cantor americano.

Relembrando assim fica a impressão que a curta vida e carreira de Buddy Holly não passam de uma pequena nota de rodapé nos livros que enfocam a história do Rock´n´Roll. Nada mais longe da realidade. A música sobreviveu ao homem e hoje Buddy Holly é um ícone da cultura jovem da sociedade americana, inspirando livros, filmes e até mesmo estudos acadêmicos em grandes centros universitários. Prova maior da qualidade de sua música não poderia existir. A música morreu com Buddy Holly naquele campo de neve como prega a famosa música "American Pie" de Don McLean? Não sabemos ao certo, a única certeza é que certamente o rock ficou mais pobre naquela noite.

Pablo Aluísio.