A história de Elvis Presley, que morreu há quase um quarto de século -- em 16 de agosto de 1977 -- é a típica saga norte-americana do garoto pobre que acabou por tornar-se multimilionário. Aquele que chegaria a ser o "Rei do Rock'n'roll" nasceu em 8 de janeiro de 1935 numa humilde casa de madeira na periferia de Tupelo, Mississipi.
Sua mãe, Gladys, casada com Vernon Presley, deu à luz gêmeos, mas apenas um deles sobreviveu: Elvis Aron. O casal se esforçou para dar a melhor vida possível a seu único filho, mas os empregos esporádicos que Vernon conseguia não lhe permitiam oferecer luxo à família. Entretanto, mesmo na pobreza, Vernon foi economizando dinheiro, centavo por centavo, até juntar os 12,95 dólares necessários para dar uma guitarra a seu filho quando este completou 10 anos.
Seria o melhor investimento de sua vida, pois Elvis sonhava em ser cantor e o instrumento abriu seu caminho para o sucesso, do qual seus pais também se beneficiaram. O garoto passava horas a fio em frente ao rádio, tentando aprender as canções que estavam na moda no sul dos Estados Unidos nessa época. Seu ídolo era Roy Orbison, o mesmo de "Pretty Woman". Três anos mais tarde os três se mudaram para Memphis em busca de oportunidades melhores, mas a situação não mudou muito. Eles foram viver num conjunto habitacional subsidiado pelo governo para famílias de baixa renda.
Como Elvis gostava de música e roupas chamativas, aos 16 anos ele começou a combinar os estudos na escola de segundo grau com diversos empregos avulsos, tais como lanterninha num cinema, para ajudar seus pais e ter dinheiro para satisfazer algumas de suas próprias vontades. Depois de formar-se no colégio, Elvis foi trabalhar como motorista de caminhão, fazendo entregas de alimentos na região de Memphis. Mas isso não significava que tivesse renunciado a seus sonhos de possuir carros de luxo, roupas finas e casas elegantes. Aos 19 anos, quis fazer uma surpresa para sua mãe no aniversário dela e pagou 4 dólares para gravar um disco com duas canções que cantou especialmente para ela nos estúdios da gravadora Sun: "My Happiness" e "That's When Your Heartaches Begin", chamando a atenção do dono do lugar, Sam Phillips.
Três meses depois, Phillips localizou o jovem e o convidou a gravar um disco de verdade, escolhendo para ele as faixas "Blue Moon of Kentucky" e "That's All Right Mama", que começaram a ser ouvidas nas rádios de Memphis. O coronel Tom Parker entrou em cena nessa fase, e, ao final de 1955, fez com que o selo RCA comprasse o contrato de Elvis com a Phillips por 35 mil dólares, uma quantia enorme para um cantor novo de música country, como o astro era classificado na época. Com o novo selo, os horizontes do cantor se ampliaram. Depois de participar de diversos programas de TV no início de 1956 e gravar sucessos como "Heartbreak Hotel", "Don't be Cruel" e "Hound Dog", ele se transformou em ídolo nacional e, pouco depois, internacional. O sucesso do disco foi acompanhado de ofertas para fazer cinema, e, no final de 1956, Elvis apareceu em seu primeiro filme, "Love Me Tender", que teve a maior bilheteria do ano, ao lado de "Assim Caminha a Humanidade", estrelada por seu ídolo, James Dean.
Em 1958 ele foi convocado pelo Exército para prestar serviço militar e, apesar de que teria sido fácil para esquivar-se do dever, Elvis interrompeu sua carreira de sucesso e foi enviado para trabalhar numa base militar norte-americana na Alemanha. Lá ele conheceu Priscilla Beaulieu, filha de um oficial, que tinha apenas 14 anos na época, e eles se casaram em 1967, em Las Vegas. A única filha do casal, Lisa Marie, nasceu em 1o de janeiro de 1968. Cinco anos depois, Elvis e Priscilla se divorciaram. O surgimento dos Beatles, em 1963, levou a juventude a mudar seus gostos musicais, prejudicando a popularidade da Elvis. Apesar disso, ele se mantinha, fazendo apresentações por toda parte nos Estados Unidos.
Mas na década de 1970 Elvis foi para Las Vegas, voltou à estrada, retornou às paradas do sucesso (Burning Love, My Way, Way Down, Bridge Over Troubled Water, Always On My Mind, entre outras) e gravou vários discos ao vivo. Ele morreu sozinho, no banheiro de sua mansão, às 14h30 do dia 16 de agosto de 1977. Inicialmente foi dito que ele morrera de problemas respiratórios; mais tarde, falou-se em uma arritmia cardíaca, mas, com o tempo, foi determinado que Elvis foi vítima do consumo excessivo de medicamentos receitados por seus médicos.
Ato II: Elvis em 2002 e a nova geração de fãs
Hoje Elvis Presley volta ao sucesso mundial com um single campeão de vendas, "A Little Less Conversation". Assim o cantor tirou os Beatles do trono na terra da rainha e hoje Presley é o artista mais consagrado na Inglaterra. Para se ter uma idéia, Elvis vendeu mais discos na Grã Bretanha que Beatles e Rolling Stones juntos.
Os Jovens o descobrem agora e se entusiasmam com seu visual atemporal, sua história, seu sucesso e claro seu talento. Uma das coisas que mais chamam atenção da nova geração de fãs é o singular modo de Elvis se vestir. Assim como chocou nos anos 50, com seu visual único, agora as meninas comentam o estilo Elvis de ser: "Acho suas roupas muito loucas, adoro, gosto mesmo" diz samantha Andrews, uma inglesinha de 16 anos, moradora de Londres. "Eu gosto mesmo é das golas dele, lá em cima, que legal. Não gosto muito das costeletas, por isso eu prefiro as fotos dele novinho", completa Marie Smith, 17 anos.
"Acho legal porque ele nunca imitou ninguém, assim como os Beatles, Elvis era o primeiro a se vestir do jeito dele, o resto é tudo imitação", explica Jefrey McPherson. O que um jovem mais deseja é ser singular, sem seguir modas, ele quer reafirmar sua identidade. Michele Stewart dá sua opinião sobre o Rei do Rock: "Gente, Elvis era lindo demais, nossa! Eu não canso de ver as fotos dele". "Bem, eu gosto dos Sex Pistols, dos Punks e eles sempre admiraram os rockabillys" analisa Mick Nisson, 19 anos. "Minha banda faz uma versão de 'Jailhouse Rock' que Elvis iria gostar de ouvir"
"Eu gosto de Elvis nos anos 70, com aquelas roupas 'reais', gosto de exagero, acho que tem que ser assim mesmo, eu não quero ser igual aos outros, Elvis não queria ser igual a ninguém, ele queria ser ele mesmo, por isso as pessoas gostam dele", é a opinião de Jim Starks, colegial de segundo grau em Londres. Michael Suliivan, 17 anos vai mais longe: "Eu não gosto dos Beatles, cresci ouvindo que eles eram o tal e etc, mas para ser sincero acho seus discos do começo da carreira bem ridículos, com aqueles vocalzinhos de m*" e os terninhos? dá vontade de rir, parece um bando de advogados e não uma banda de rock, fala sério, cara!", "Elvis sempre foi mais legal, mesmo no inicio, com aqueles ternos folgadões".
"Meu irmão mais velho é louco pelos Beatles, e eu para encher o saco dele sempre digo que Elvis é o maior, e é mesmo, agora com esse single ele não tem mais o que dizer", afirma Jessica Roustin. Não são poucos os jovens ingleses que aproveitam para contestar os Beatles, numa típica atitude de destruir os ídolos de seus pais: "Enchi, não aguento mais ouvir os Beatles, agora quero Elvis na veia", brinca Stuart Anderson, 17 anos. "Meu pai sempre quis que eu gostasse dos Beatles, eu não quero gostar deles, acho um pé no saco", brinca Matt Stanley. "John Lennon era legal, porque era doido demais, os outros Beatles são chatos. Eu gosto de Elvis, que era mais rebelde", essa é a opinião de Sergey Polwski, 18 anos. "Comprei o Remix dele, por causa do English Team e adorei. Prefiro Elvis, quero que os Beatles vá a m*" exagera Austin Sherman, um 'cluber' de 17 anos, estudante de uma das mais tradicionais escolas inglesas.
No corredor da Oxford School, durante o intervalo, vários jovens se reúnem e passam a sua opinião para a nossa reportagem: "Eu conheço Elvis há tempos, tenho uns singles dele, como o 'Hound Dog", esnoba Marlon Groos para os colegas. "Eu quero comprar outro remix de Elvis, vamos ver se eles lançam", "Eu coloquei um poster dele no meu quarto, ao lado dos Backstreet Boys", "Vamos fazer uma festa dos anos 60 só com músicas de Elvis, já chamei a turma" vai logo avisando Jimmy Sharks (tubarão) que usa um topetinho que definitivamente não combina com seu uniforme escolar. Outro aluno, conhecido pelos amigos como 'Worm' (o verme), nos diz que curte bandas de Trash Metal e Elvis, "Tem tudo a ver" afirma mostrando seu caderno cheio de fotos de bandas que eu nunca ouvi falar.
De repente, surgindo no meio do nada aparece uma das garotas que se aproxima e mostra sua agenda pessoal com fotos de Elvis, "Ei deixa eu passar, olha minhas fotos de Elvis", grita Stephaine McCrouth de 16 anos. Anneth, amiga de Stephie frisa para nós: "Esta foto é de um filme que ele faz um cara preso". Para surpresa nossa, Elvis parecia um ídolo dos tempos de hoje para os jovens da High School. Quando percebemos havia pelo menos uns 50 garotos e garotas ao nosso redor, fazendo o maior barulho e essas foram as impressões que conseguimos gravar no meio da confusão. O papo terminou logo porque os sinos tocaram para os colegiais voltarem às salas de aula, não sem antes Sharks pedir para que nós divulgassemos o nome de sua banda: "Elvis Death". Mas com a chegada do inspetor de corredor a festa acabou e todos foram para as salas de aula. E isso na Inglaterra é bem sério, bem ao estilo britânico de ensino, tudo feito de forma pontual.
Elvis está aí, mais vivo do que nunca, os jovens o conhecem e gostam dele porque ele é "cool". Quem diria que na terra dos Beatles ele seria tão querido assim pela juventude inglesa.
Artigo publicado no jornal London Observer - Tradução de Pablo Aluísio.
Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.
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