segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Elvis Presley - A Date With Elvis - Parte 1

Esse álbum "A Date With Elvis" seguia basicamente a mesma fórmula do "For LP Fans Only". São duas faces da mesma moeda, ou melhor dizendo, discos que se espelham um no outro. O mesmo tipo de conteúdo, a mesma "filosofia" na escolha das canções. Basicamente aqui os executivos da RCA Victor pincelaram músicas avulsas gravadas por Elvis, desde os tempos em que o cantor gravava na Sun Records, para a composição de uma coletânea de, vamos colocar nesses termos, músicas "Lado B". Boas músicas, algumas excelentes faixas, mas que até aquele momento não tinham chamado maior atenção dos fãs (estou em referindo ao final dos anos 1950).

Uma das belas canções que foram usadas nesse álbum foi a bonita balada "Is It So Strange". Aqui eu costumo dizer que temos um arranjo bem simbólico daquela primeira fase do rock americano. Percebam bem o estilo de tocar guitarra de Scotty Moore. Esse tipo de arranjo era algo muito característico nas músicas românticas dessa época. Como diria George Harrison anos depois a guitarra"chorava" em cada nota produzida pelo músico. Algo muito bonito, bem nostálgico daqueles tempos mais românticos e mais sentimentais. Gravada em 19 de janeiro de 1957, composta por Faron Young, essa linda música nunca ganhou o espaço merecido dentro da discografia de Elvis Presley.

Arthur Neal Gunter foi um músico negro americano que desde os primeiros passos na carreira no estado da Georgia onde nasceu, tentou fazer sucesso com sua música. Porém nunca alcançou os picos da glória. Ele circulou por uma série de pequenas gravadoras do sul dos Estados Unidos até ir parar em Nashville. Só que Gunter não era um artista country, mas sim de blues e gospel. Ele inclusive vinha de um grupo vocal chamado Gunter Brothers Quartet, onde ao lado de seus irmãos e primos tentava chamar alguma atenção das gravadoras da época.

Em novembro de 1954 ele assinou com o selo fonográfico Excello para a gravação de um pequeno compacto (single). No lado A desse disquinho gravou a sua música "Baby Let's Play House". O sucesso foi mediano, mas satisfatório, chegando até mesmo a se destacar dentro da parada Billboard. E não demorou muito a chamar a atenção de um jovem chamado Elvis Presley que decidiu gravar sua versão da música. Claro, Elvis erotizou bastante a letra e o jeito de interpretar a canção, ao ponto inclusive de ser taxado de perversão pelos reacionários de plantão. Não importa, na voz de Elvis essa música realmente se tornou imortal. Curiosamente alguns meses antes de morrer em 1976 Arthur Gunter disse em uma entrevista para uma revista americana de música que "nunca teve a oportunidade de conhecer Elvis pessoalmente, nem de apertar sua mão". Infelizmente eles nunca se conheceram pessoalmente. Teria sido um encontro muito interessante, sem dúvida.

Pablo Aluísio.

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