quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Too Much Monkey Business

É uma pena que o mito e pioneiro do rock Chuck Berry tenha nos deixado. Ele morreu no dia 18 de março de 2017. Estamos sempre comentando sobre Berry aqui no blog, pois sua música, seus discos e suas gravações estão sempre vivas nesse espaço, na ordem do dia. Pois bem, para homenagear esse grande roqueiro, um dos verdadeiros pais do rock ´n´ roll, nada melhor do que falar sobre sua arte. Em 1956, em pleno auge da explosão do rock, Berry lançou mais esse single pela Chess.

O compacto era extraído de seu álbum "After School Session" (um dos ícones da primeira geração de roqueiros americanos) e trazia dois clássicos absolutos, com "Too Much Monkey Business" no lado A e "Brown Eyed Handsome Man" no lado B. A letra, como convinha a Berry nessa época, usava de gírias da época, pois a expressão "Monkey Business" era muito utilizada entre os jovens. A música fez bastante sucesso, chegando ao quarto lugar da Billboard e entrou definitivamente no panteão de grandes clássicos do rock ´n´ roll, ganhando versões posteriores de grandes astros da música como os Beatles e Elvis Presley. Algum tempo depois um outro single seria lançado com a canção "Let It Rock" no lado A, mostrando como essa faixa era popular na carreira de Chuck Berry.

Chuck Berry - Too Much Monkey Business (1956)
Single: Too Much Monkey Business / Brown Eyed Handsome Man / Cantor: Chuck Berry / Álbum: After School Session / Selo: Chess Records / Data de Lançamento: Setembro de 1956 / Produção: Leonard Chess, Phil Chess / Músicos: Chuck Berry (vocais e guitarra), Johnnie Johnson (piano), Willie Dixon (baixo), Fred Below (bateria).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Chuck Berry In London

Recentemente foi anunciado que Chuck Berry gravaria um novo disco apenas com canções inéditas, algo que ele não faz há muito tempo. Eu recebi essa notícia com bastante reserva. Chuck Berry tem sido explorado por sua família já há bastante tempo. Ele está com 90 anos de idade e não deveria estar mais em um palco ou em um estúdio de gravação e sim curtindo sua aposentadoria em paz. Ele já fez tudo o que deveria fazer em sua carreira. Recentemente ele fez alguns concertos realmente desastrosos, causados justamente por causa de sua idade avançada e da falta de condições de se apresentar bem. É hora do bom e velho Berry descansar.

Dito isso deixa aqui a dica desse excelente álbum ao vivo gravado em Londres quando Berry visitou a Inglaterra para uma série de concertos para seus fãs ingleses (que definitivamente não são poucos). O disco foi lançado originalmente em 1965 e naquela época Berry ainda era uma explosão em cima de um palco. O curioso da seleção musical desse concerto é que Chuck Berry fugiu completamente da set list habitual que costumava usar em seus shows. Ao invés de apostar nos velhos sucessos que todos conheciam ele optou por um repertório completamente fora dos padrões, focado principalmente em canções de blues. Isso é interessante porque ele já sabia que o material seria usado em um disco a ser lançado, por isso caprichou, tanto do ponto de vista em escolher as músicas certas, como também na hora de tocar e cantar, procurando dar sempre o melhor de si. O resultado é ótimo. Eis aqui um álbum que definitivamente não pode faltar na coleção de nenhum roqueiro que se preze.

Chuck Berry - Chuck Berry In London (1965)
My Little Love-Lights / She Once Was Mine  / After It's Over / I Got A Booking / Night Beat / His Daughter Caroline  / You Came A Long Way From St. Louis / St. Louiis Blues / Jamaica Farewell / Dear Dad / Butterscotch / The Song Of My Love / Why Should We End This Way / I Want To Be Your Driver.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool

Chuck Berry ficou vários anos na prisão. Finalmente em 1963 ele ganhou a liberdade. Quando saiu da cadeia ele percebeu que os grupos de rock que mais faziam sucesso nas paradas, como Beatles e Rolling Stones, estavam gravando vários de seus antigos clássicos. Assim o interesse em sua música estava renascendo. Ao ser preso nos anos 50 uma das coisas que Berry havia dito era que jamais voltaria a gravar pela gravadora Chess, pois era, em suas próprias palavras, uma empresa comandada por um bando de ladrões. Pois bem, ao sair da prisão, falido e sem muitas perspectivas, ele acabou cedendo às pressões e voltou para a Chess para gravar esse álbum. Ele engoliu seu orgulho pessoal para ter uma nova oportunidade na carreira.

O título procurava fazer uma ponte entre o legado de Berry e as novas bandas, por isso a referência a Liverpool, a terra dos Beatles. É claro que havia ali um oportunismo barato por parte dos produtores, mas para Berry o importante era voltar à ativa, voltar a trabalhar. E como era de se esperar o resultado era genial. Em seus anos preso, Berry aproveitou para compor vários temas, muitos deles gravados aqui pela primeira vez. Um repertório fantástico, capaz de derrubar dúzias de bandinhas da moda. Ele era realmente genial. Basta dar uma olhada na seleção para verificar que novos clássicos da geração rocker eram lançados nesse álbum como, por exemplo, "Promised Land" (que Elvis Presley regravaria alguns anos depois), "Merry Christmas Baby" (outra que Elvis aproveitaria, um autêntico blues de natal, composto na amargura de se passar uma noite de natal atrás das grades) e "Little Marie", uma espécie de continuação de "Memphis, Tennessee". Enfim, o disco era mais uma obra prima da discografia de Berry, produzido em uma época complicada de sua vida. A despeito de tudo contra, Chuck Berry mais uma vez provava que ainda era capaz de produzir rock de extrema qualidade. Ser genial é isso aí.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool (1964)
1. Little Marie 2. Our Little Rendezvous 3. No Particular Place to Go 4. You Two 5. Promised Land 6. You Never Can Tell 7. Go Bobby Soxer 8. Things I Used to Do 9. Liverpool Drive (instrumental 10. Night Beat (instrumental) 11. Merry Christmas Baby 12. Brenda Lee

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Chuck Berry Is on Top

Bom, se eu fosse indicar algum álbum da discografia original de Chuck Berry para algum marinheiro de primeira viagem em sua obra certamente apontaria para esse "Chuck Berry Is on Top". Aqui Berry resolveu unir alguns singles de sucesso com gravações novas, inéditas. O resultado mais uma vez é excelente. Uma pena que na carreira e na vida pessoal Berry estivesse vivendo um verdadeiro caos, um inferno astral. Profissionalmente ele estava brigando com a gravadora Chess Records. Havia acusações para todos os lados, mas Berry insistia que estava sendo roubado pelos irmãos Leonard Chess e Phil Chess! A coisa toda iria atingir um ponto em que eles iriam partir para as raias dos tribunais, tamanho o nível de atrito que havia se instalado. Na vida pessoal as coisas também não iam nada bem. Chuck Berry vinha enfrentando acusações pesadas, em processos criminais, que culminariam em sua prisão alguns meses depois.

Com tanto coisa jogando contra não é de se admirar que ele tenha tido vários problemas para colocar um disco completamente inédito nas lojas. Particularmente abomino coletâneas em geral que considero resumos incompletos das obras dos artistas de que gosto. É um produto comercial para vender e nada mais. Em relação a roqueiros como Chuck Berry e Little Richard a coisa ficou ainda mais feia pois a partir dos anos 60 sairiam uma infinidade de títulos como "Golden Hits" e coisas do gênero que apenas procuravam relançar velhas gravações com novas capas. Uma verdadeira praga. Mesmo assim ainda consigo indicar - com certa reserva - um álbum como esse, afinal de contas em seu favor temos o fato dele ter sido parte da discografia original de Berry nos anos 50. Uma prova que sua carreira foi realmente meteórica, de poucos anos. Depois ele infelizmente se tornaria mais um artista ao estilo revival, vivendo de glórias passadas e pouco produzindo algo de novo.

Chuck Berry - Chuck Berry Is on Top (1959)
Almost Grown / Carol / Maybellene / Rock Sweet Little & Roller / Anthony Boy / Johnny B. Goode / Little Queenie / Jo Jo Gunne / Roll Over Beethoven / Around and Around / Hey Pedro  / Blues for Hawaiians.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - Chuck Berry Blues

Há um certo consenso sobre a carreira de Chuck Berry sobre o fato dele ser muito mais do que apenas um roqueiro celebrado pelos anos pioneiros do surgimento do Rock americano, lá nos distantes anos 50. Na verdade Chuck deve ser celebrado também como um talentoso intérprete de blues. Até porque não há como separar o rock original de todos aqueles gêneros que lhe deram origem com especial destaque para o próprio blues, o gospel e até mesmo o jazz. Cada um desses estilos deram sua contribuição para o surgimento daquele novo idioma musical que ficaria conhecido popularmente como Rock ´n´ Roll.

Uma boa oportunidade para conhecer o blueseiro Berry vem justamente desse álbum chamado muito apropriadamente de "Chuck Berry Blues". A edição em CD vem com 16 faixas, quatro a mais do que o LP original. No repertório vemos o cantor tentando resgatar suas origens. Berry não se sai mal em nenhuma das gravações, mas temos que reconhecer que ele não também não consegue ser tão brilhante como em seu lado rocker, já que como roqueiro ele foi um dos mais importantes da história. Como blueseiro, devo dizer, ele é apenas um músico esforçado, embora como eu escrevi, talentoso. Berry chega a até mesmo, em momentos ocasionais, a brilhar como em "I Just Want To Make Love To You", "The Things I Used To Do" e principalmente "St. Louis Blues". Mesmo assim há momentos que deixam a desejar como na preguiçosa "Still Got The Blues", onde Berry parece se contentar em ficar no piloto automático, apelando para clichês. Dentro do blues o grande mentor de Berry, como ele sempre admitiu, sempre foi Willie Dixon. Na prática porém Berry chega mais próximo do estilo de Muddy Waters, o que convenhamos também não é nada mal.

Chuck Berry - Chuck Berry Blues
House Of Blue Lights / Wee Wee Hours / Deep Feeling / I Just Want To Make Love To You / How You've Changed / Down The Road Apiece / Worried Life Blues / Confessin' The Blues / Still Got The Blues / Driftin' Blues / Run Around / Route 66 / Sweet Sixteen / All Aboard / The Things I Used To Do / St. Louis Blues.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - One Dozen Berrys

Segundo álbum da carreira de Chuck Berry e o primeiro a ser lançado oficialmente na Europa - uma prova de seu sucesso comercial. Esse disco tem alguns dos maiores clássicos da carreira do cantor e compositor. Duas delas são ícones absolutos que merecem estar em qualquer lista de melhores rocks de todos os tempos, são elas "Sweet Little Sixteen" que estouraria nas paradas assim que foi lançada e "Rock and Roll Music" que anos depois seria regravada pelos Beatles em seu disco "Beatles For Sale". Em tempos politicamente corretos em que vivemos uma letra como a de "Sweet Little Sixteen" certamente traria problemas para Berry, afinal imagine a paranoia que iria se formar ao se deparar com uma canção que falava de uma doce garota de dezesseis anos! Seria o caos em cima do pobre Chuck. Já "Rock and Roll Music" tem uma grande letra, algo bem típico de Chuck Berry pois ele usava de uma linguagem quase cinematográfica para passar seu recado. Obra Prima!

"One Dozen Berrys" faz parte da primeira fase da carreira do cantor. Por essa época ele ainda gravava seus álbuns em Chicago, sob supervisão dos próprios irmãos Chess (Leonard e Phil Chess) que dominavam todo o processo de gravação com mãos de ferro, algo que em pouco tempo os colocaria contra as ideias de Chuck Berry que não ficaria muito tempo no selo - ele saiu batendo a porta literalmente, dizendo que estava sendo roubado pelos donos da Chess na cara dura! De uma forma ou outra não há como negar que é um grande trabalho. Não importam muito as brigas de bastidores quando o ouvinte se delicia com esse repertório. Berry até procura inovar um pouco ao considerar gravar ousadias como "Rockin' at the Philharmonic", uma óbvia tirada de sarro dele para cima dos críticos do Rock ´n´ Roll que não paravam de qualificar as primeiras canções de rock como imbecis e destituídas de valor musical. O tempo, senhor de tudo, porém iria dar o devido reconhecimento para Berry e todos os pioneiros do rock uma vez que esse disco hoje é considerado um verdadeiro clássico! Nada mal...

Chuck Berry - One Dozen Berrys (1958)
Sweet Little Sixteen / Blue Feeling / La Jaunda / Rockin' at the Philharmonic / Oh Baby Doll / Guitar Boogie / Reelin' and Rockin / In-Go / Rock and Roll Music / How You've Changed / Low Feeling / It Don't Take But a Few Minutes.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - After School Session

Chuck Berry foi um poeta da geração jovem da década de 50. Através das letras de suas canções ele procurou cantar o universo de um adolescente da época. Suas canções geralmente falavam de assuntos triviais mas muito importantes para quem tinha seus 16, 17 anos. Em suas músicas temas como garotas, namoros, escola e carrões estavam sempre presentes. Ao longo da vida Berry criou um estilo próprio, sendo considerado até hoje um dos mais criativos guitarristas e compositores da história do rock. De fato poucos tiveram tanto talento em escrever riffs aparentemente simples mas muito bem elaborados. Os solos de Berry são inconfundíveis, formando uma sonoridade que fica na mente de quem ouve para sempre. Basta ouvir uma vez para ser fisgado! Assim não é de se admirar que tenha composto tantos sucessos no começo de sua carreira. Esse seu primeiro álbum na carreira traz um exemplo perfeito disso. O disco é composto basicamente por canções gravadas nas primeiras cinco sessões de estúdio do artista na gravadora Chess e mostra todas as características que fizeram de Berry um dos nomes mais importantes do surgimento do rock´n´roll americano.

Chuck Berry nunca foi uma pessoa fácil de se controlar e essa característica ele aprendeu pelas gravadoras pelas quais passou. Sua passagem na Chess Records foi seguramente sua fase mais inspirada. Nessa gravadora ele colecionou hits após hits, todos lançados em singles de grande sucesso comercial. Para um cantor negro como ele na década de 50 um single de sucesso era tudo o que se procurava alcançar pois isso geralmente significava mais shows e com mais shows mais grana ele conseguia ganhar. Pois Berry não conseguiu apenas um single mas vários, em sequência. Infelizmente como ele próprio definiu anos depois tudo o que conseguiu por essa época foi ser literalmente roubado por empresários e donos de gravadora. Sempre às turras com esse pessoal, Berry não foi consultado nem sobre esse seu primeiro álbum, cujas faixas foram escolhidos à sua revelia. De qualquer modo esse “After School Sessions” é um joia da fase artística mais inspirada de Berry com canções fantásticas que até hoje inspiram as novas gerações de roqueiros. Um disco maravilhoso de um artista numa fase comercialmente conturbada de sua carreira mas artisticamente muito produtiva em sua vida.

Chuck Berry - After School Session (1957)
School Days / Deep Feeling / Too Much Monkey Business / Wee Wee Hours / Roly Poly (Rolli Polli) / No Money Down / Brown Eyed Handsome Man / Berry Pickin / Together (We'll Always Be) / Havana Moon / Downbound Train / Drifting Heart / You Can't Catch Me * / Thirty Days (To Come Back Home) * / Maybellene * / * Faixas bônus do lançamento em CD.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Chuck Berry

Chuck Berry - Na famosa foto de divulgação da gravadora Decca ao lado, vemos o cantor e compositor Chuck Berry com sua guitarra, ainda no começo da carreira. Ele diria depois que pouco sobrou de seus primeiros anos. Em entrevista Berry recordou: "Todos me roubaram. Meu empresário, os donos das gravadoras, as editoras de música, minhas ex-esposas,  meus parentes! O dinheiro que ganhei no auge da minha carreira foi todo roubado! Assim eu tive que continuar trabalhando para não morrer de fome!"

Chuck Berry, como muitos dos pioneiros do rock, não tinham a menor ideia de como a indústria musical funcionava. Por essa razão assinaram contratos em que praticamente cediam todos os direitos de suas músicas e gravações. Para esses primeiros roqueiros o que importava era gravar discos, mostrar que estava fazendo sucesso no meio musical.

Só que ao assinarem esses contratos leoninos eles perdiam direito a quase tudo. O próprio Chuck Berry iria descobrir que não tinha o direito sequer de usar seu próprio nome pois ele havia cedido tudo para a gravadora Decca, desde suas gravações de seus maiores sucessos, passando por sua imagem e até mesmo o nome! Chuck Berry assim precisou lutar por anos em processos e mais processos judiciais para finalmente começar a ganhar algum dinheiro com sua própria arte.  

Chuck Berry - I Just Want To Make Love To You / House Of Blue Lights / Confessin' The Blues
"I Just Want To Make Love To You" é um dos blues mais bem arranjados da discografia de Chuck Berry. Além da onipresente guitarra de Berry ele resolveu colocar também uma guitarra rítmica que lembra muito a sonoridade típica dos anos 70, um tipo de arranjo que iria fazer parte de muitas músicas daquela época. De todas as faixas do disco "Chuck Berry Blues" essa era uma das mais vocacionadas a virar um hit nas rádios. Só que isso acabou não acontecendo, muito provavelmente por desleixo da gravadora que não trabalhou direito na promoção da música nas estações de rádio. Uma pena.

"House Of Blue Lights" abre com um daqueles rifs memoráveis de Berry. Essa canção é puro rock ´n´ roll dos anos 50. A única razão dela ter sido incluída nesse álbum foi para ajudar na promoção do disco. OK, um dos ingredientes da formação do rock como ritmo musical foi o blues, todos sabem disso, porém "Blue Lights" não é uma canção de blues, pelo contrário, é puro rock mesmo, sem tirar e nem colocar nada. Grande gravação de Berry e também um dos melhores momentos do disco. A melodia é das mais agradáveis e lembra imediatamente de outros sucessos de Berry como a sempre lembrada "Johnny B. Goode".

Mais híbrida é a animadinha "Confessin' The Blues". Dessa faixa aprecio especialmente o "duelo" de guitarras, com Berry solando em praticamente toda a gravação. A melodia com as várias "paradinhas" é outro ponto de atração. Assim como "Make Love to You" essa é igualmente uma das mais bem arranjadas canções do disco. O próprio Chuck Berry abriu espaço no meio da faixa para solar e improvisar como nunca com sua Gibson. Precisava mais de alguma coisa? Penso que não. Em apenas dois minutos Chuck Berry mandou muito bem, adicionando todos os elementos que o fizeram um dos grandes nomes do surgimento do rock nos Estados Unidos.

Chuck Berry: O Ocaso de um Mito
É lamentável saber que um dos grandes mitos da história do rock, Chuck Berry, está nesse momento fazendo uma turnê pela América do Sul (Argentina, Chile, etc) sem ter a menor condição de se apresentar mais com dignidade. Aos 86 anos o velho roqueiro não está nada bem, nem fisicamente e nem psicologicamente falando.

Sua última apresentação no último dia 14 de abril na Argentina foi avaliada como “desastrosa” pela imprensa local. Berry subiu ao palco visivelmente debilitado, sem condições de tocar ou cantar adequadamente. Ao lado de sua famosa guitarra mal conseguiu acertar as notas de seus clássicos.Executou apenas 10 canções em 1 hora de show e saiu sem dar adeus. Acompanhado de uma banda considerada “medíocre” pela crítica argentina Berry não tem mais condições psicológicas e nem de saúde para se expor a esse tipo de apresentação. Seu concerto foi classificado como “triste, bizarro e indigno” pela edição argentina da Rolling Stone. A todo momento Berry era ajudado por sua filha que ao que parece tem sido a organizadora de suas últimas e lamentáveis aparições ao vivo.

Para piorar o que já era bem ruim o cantor não parece mais saber direito onde se encontra ou que está fazendo. De fato Berry só não foi vaiado por causa de sua importância na história do rock – e os argentinos entendem perfeitamente isso. Seria a repetição de mais uma história triste envolvendo os pioneiros do rock? Explorado por familiares e parasitas em geral esses músicos são levados a concertos por cachês altos mesmo não tendo mais a menor condição de levar um show em frente. Triste saber que o maravilhoso Berry se encontra nessa situação. Espero que ele consiga encontrar alguma paz em seus últimos anos de vida. Obs: o texto foi escrito antes da morte do cantor. Chuck Berry morreu em 18 de março de 2017.   

Pablo Aluísio.