quarta-feira, 24 de março de 2010

Elvis Presley - Roustabout 1964

1964 foi um bom ano para Elvis nos cinemas, dos seus três filmes que estrearam naquele ano, dois foram sucesso tanto de público como de crítica: "Viva Las Vegas" e "Roustabout". O terceiro porém, foi um dos mais fracos de sua carreira: "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, no Brasil). Esse foi sem dúvida uma bola fora, mas vamos deixar para falar dele em uma outra oportunidade. O que interessa nesse momento é analisar um dos grandes sucessos do rei em Hollywood, o filme "Carrossel de Emoções" (Roustabout). Antes de mais nada é fácil afirmar que esta película trouxe para a carreira de Elvis uma de suas melhores trilhas sonoras. Claro que ela não foge à regra das trilhas de Elvis nos anos 60, claro que há músicas bobinhas e tal, mas neste caso elas estão em menor número, felizmente.

Todas as dez músicas do filme são boas, algumas são de excelente qualidade e apesar de Elvis as gravar em playback (a banda gravou a instrumentação e só depois Elvis colocou sua voz), os resultados não foram prejudicados. O filme em si também é muito bom, ver Elvis em um casaco de couro negro, andando por aí de moto e interpretando um "Easy Rider" é sempre um prazer sem culpa. O próprio deve ter gostado muito de fazer esse papel de "Brando Soft". Obviamente se você tem mais de trinta anos certamente o assistiu alguma vez na TV, principalmente porque ele se tornou um dos maiores clássicos "Sessão da Tarde" da carreira de Elvis ao lado de "Feitiço Havaiano" (esse campeão absoluto na categoria). Convenhamos, o filme ainda é muito legal mesmo depois de 40 anos de seu lançamento. Vale a pena ver e ouvir de novo.

Destaques do disco:
Roustabout (Giant/Baum/Kaye) - Canção título do filme. Essa é na realidade a versão "B", pois a primeira versão tema foi rejeitada por Hal Wallis que considerou sua letra ofensiva. Essa versão "A" chamada de "I'm Roustabout" só foi lançada em 2003 no disco "Elvis 2nd to none". Ela foi redescoberta por acaso por seu autor pegando poeira em seus arquivos. Então ele entrou em contato com Ernst Jorgensen e perguntou se ele estaria interessado em lançar uma gravação inédita de Elvis no mercado (Isso é lá pergunta que se faça!). O produtor atual dos discos de Elvis ficou encantando com a versão descoberta e tratou logo de a colocar no CD. O resultado todos conhecem: primeiro lugar nos EUA e Inglaterra e milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Pois é, mais vale um Elvis empoeirado do que milhares de artistas atuais tinindo de novo. Ei, qualidade não tem idade!

Little Egypt (Leiber / Stoller) - Esta canção acabou se tornando uma dor de cabeça para os produtores do filme. Tudo porque uma bailarina chamada "Little Egypt" resolveu processar todo mundo, afirmando que seu nome havia sido utilizado sem permissão no filme. E para completar ela pedia 3 milhões de dólares de indenização. Os advogados da Paramount conseguiram provar no tribunal que o filme se baseava em uma outra bailarina que usava o mesmo nome artístico, chamada Catherine Devine, que fez carreira em 1893 nos EUA. No fundo quem estava imitando e usando o nome de forma inadequada era a dançarina que processou o estúdio. No final ela acabou sendo processada pelos herdeiros da primeira bailarina. Isso é o que eu chamo de confusão jurídica!

Big Love Big Heartache (Fuller/Morris/Hendrix) - Uma das melhores músicas do disco, com ótima vocalização de Elvis, além de um arranjo primoroso. Ela seria lançada em single para tentar repetir o sucesso estrondoso de "Can't Help Falling in Love", mas como o LP vendeu muito bem e alcançou rapidamente o topo nos EUA (em pleno auge da Beatlemania) os produtores se contentaram com as vendas e cancelaram o lançamento do single. Momento de alto nível da trilha e do filme, pois a cena em que Elvis a canta foi muito bem fotografada.

There's a Brand New Day on the Horizon (J. Byers) - Eu particularmente gosto muito dessa música porque ela é antes de tudo uma canção alto astral que traz uma mensagem positiva (afinal de contas todos nós precisamos de um pouco disso, principalmente nos dias atuais). Ela fecha a seqüência final do filme. A trilha sonora desse filme foi gravada no Radio Recorders em Hollywood e foi lançada antes da estréia do filme, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos. Além de "I'm Roustabout", duas outras gravações dessas sessões estão desaparecidas há anos: "I Never Had It So Good" e uma outra versão de "Poison Ivy League" com letra mudada. Em recente entrevista Ernst Jorgensen afirmou que não perdeu as esperanças de achá-las, vamos torcer para que algum dia ele consiga atingir esse objetivo. Milhões de fãs de Elvis ao redor do mundo torcem por ele.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Feitiço Havaiano

Trilha sonora do oitavo filme de Elvis Presley, que no Brasil, recebeu o título de "Feitiço Havaiano". Este disco se tornou um enorme sucesso de vendas quando foi lançado em outubro de 1961, se tornando o disco mais vendido da carreira do cantor. Ele atingiu rapidamente o primeiro lugar ficando nesta posição durante 5 Meses!!! (recorde absoluto). O single extraído da trilha com "Can't Help Falling in Love / Rock A-Hula Baby" também acompanhou o grande sucesso deste filme, vendendo mais de 6 milhões de cópias. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) seria o grande responsável pelos rumos que a carreira de Elvis iria tomar a partir daí. Praticamente todos os seus filmes posteriores iriam seguir a fórmula desta película, com o roteiro versando sobre garotas bonitas, praias turísticas e o interesse romântico do personagem principal. A direção do filme ficou novamente a cargo de Norman Taurog e a estrela seria novamente a atriz Joan Blackman que já havia contracenado com Elvis em "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957).

O roteiro era baseado no romance "O rapaz Havaiano da praia" e a estória versava sobre um jovem de família rica, recém saído do exército, que tentava vencer na vida sozinho. O disco, é claro, segue a mesma temática do filme e Elvis pelo menos no caso desta trilha nos brinda com algumas belas canções que ficaram imortalizadas na sua voz e que iriam se incorporar definitivamente em seu repertório de shows durante os anos 1970. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) é isso aí: um filme bonito de se ver, mostrando os pontos mais turísticos das ilhas havaianas, com Elvis pegando umas ondas com seu "jacaré", namoros, diversão e música. Talvez por ser sido tão "relax e na paz" tenha tido tanto sucesso.

Os Grandes sucessos de Blue Hawaii:
Blue Hawaii (Robin/Rainger) - Música título do filme. A versão original desta canção foi lançada em 1937 por Bing Crosby para a trilha do filme "Waikiki Wedding". Em 1957 o cantor Billy Vaughn a relançou com grande sucesso. Finalmente Elvis gravou sua versão em 22 de março de 1961. Sem sombra de dúvida é uma bela canção que faz jus ao talento do Rei do Rock. A crítica Pauline Kael escreveu sobre "Blue Hawaii": "Elvis parece que deixou sua moto e seu casaco de couro negro à la Brando de lado e o trocou por uma prancha de surf! Só uma coisa parece não ter mudado: seu topete para fazer filmes bobinhos".

Can't Help Falling in Love (Peretti/Creatore/Weiss) - Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso.

Rock a Hula Baby (Wise/Weisman/Fuller) - Lado B do Single "Can't Help Falling in Love". Vinha classificado no compacto como "twist special". A verdade é que esta não é uma canção do ritmo imortalizado por Chubby Checker e sim apenas mais uma canção pop da trilha. Curiosidade: as filmagens, ao contrário do que pode parecer, foram um tédio para Elvis. Ele afirmou depois que tinha que ficar trancado no Hotel e só descia para as tomadas de cena. Elvis não poderia sair à praia para se divertir como um pessoa comum, pois certamente iria acontecer um tumulto, assim ele só sairia do hotel para realmente trabalhar. Esta música foi relançada no disco "Elvis 2nd to none" em 2003.

No More (Yradler/Robertson/Blair) - Adaptação do grande sucesso mundial "La Paloma" do compositor cubano Sebastian Yradler. A adaptação foi feita por Don Robertson, que novamente compareceu em estúdio para ajudar nas gravações. É um dos mais belos momentos de toda a carreira de Elvis Presley. Aqui fica claro que quando o Rei contava com material de ótima qualidade ele demonstrava toda a plenitude de seu talento. A inclusão desta canção italiana se justifica porque o personagem de Elvis serviu o exército na Itália. Assim ele a canta para seus amigos na praia para mostrar o som que rolava nas forças armadas.

Hawaiian Weeding Song (King/Hoffman/Manning) - Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis e Linda Thompson

Assim que as negociações para o divórcio de Elvis e Priscilla tiveram início, Elvis conheceu Linda Thompson, com quem iria viver nos próximos quatro anos e meio a mais íntima e satisfatória relação de toda a sua vida. A data foi julho de 1972 em um cinema de Memphis, onde Elvis estava curtindo uma sessão noturna privativa. Linda Thompson era a nova Miss Tennessee 1972. Precisa dizer mais? Então lá vai: Linda era virgem. Todavia, logo depois desse encontro, Linda saiu de férias com a família por três semanas e Elvis não conseguiu encontrá-la. Desiludido, ele foi para a costa oeste começar os ensaios para a temporada de agosto em Las Vegas.

Elvis estava com Kit quando ficou sabendo que Linda estava de novo em Memphis. Na mesma hora telefonou para ela e, na manhã seguinte, Linda estava desembarcando no aeroporto de Los Angeles. Elvis, que nunca acordava antes do meio dia estava à sua espera, nervoso como um garoto no seu primeiro encontro com a namorada. Naquela mesma noite, os dois voaram juntos para Las Vegas e kit foi logo esquecida. Linda ganhou o afeto de Elvis por ser coquete, engraçada, atenciosa, afetuosa, inteligente e leal. No começo, Elvis achou seu novo amor tão absorvente e satisfatório, que pela primeira vez em sua vida adulta, ficou cerca de um ano sem ver outra mulher. Quando porém achou que a fidelidade o confinava em demasia e começou a inventar desculpas para dar suas escapadas, Linda encarou o desafio. Linda queria que nada lhe fosse escondido e ambos chegaram a um entendimento que proporcionou considerável liberdade para Elvis. Eles tornaram-se tão íntimos nesse assunto, que Elvis algumas vezes apresentava a Linda sua mais recente descoberta feminina e os três saíam juntos.
Quando o encontro terminava, Elvis discutia com Linda sua nova descoberta, querendo saber sua opinião, se a gatinha serviria para ele.

Finalmente Elvis tinha toda a liberdade sexual que queria, sem ter nenhum sentimento de culpa. Mas Elvis não conseguia esquecer Priscilla. Duas semanas depois de seu show Aloha From Hawaii, Elvis iniciou nova temporada em Las Vegas. Mas infelizmente ele começou a sofrer complicações respiratórias e um especialista recomendou-lhe que se internasse. Priscilla achava que Linda era uma boa influência sobre Elvis, como ela mesmo escreveu em seu livro "Elvis e eu": "A medida que os meses passavam, Linda Thompson tornou-se uma companheira constante de Elvis e achei que isso era bom para ele. Elvis começou a fazer viagens a Aspen e Hawaii, saindo mais, por causa da personalidade extrovertida de Linda. Quando conversávamos parecia bastante animado". Essa opinião era compartilhada por todas as pessoas em volta de Elvis, Linda logo se tornou também querida de toda a Máfia de Memphis. Um dos caras da turma declarou: "Linda era um tipo de sopro de ar fresco comparada com o resto de malas sujas que nós tínhamos encontrado e que andavam com Elvis naquela época.

Apesar de um começo promissor, conforme o tempo foi passando, Linda começou a enxergar a realidade à sua volta de uma forma diferente. O prolongado caso de Elvis com Linda chegou ao fim em 1976. Linda foi tudo que uma mulher poderia ser para Elvis: amante, mãe, esposa, filha e concubina. Ela demonstrou uma extraordinária capacidade de se adaptar à vida de Elvis e seu exasperado temperamento. No início, Linda era uma jovem apaixonada por um superstar e gostava de aparecer. Acima de tudo, Linda gostava da proximidade com o trono. Por essa época, ela cunhou a frase: "O poder é o maior dos afrodisíacos". Mas passados os primeiros dezoito meses, Linda começou a ver Elvis por um ângulo diferente, enxergando nele uma pessoa realmente doente, com várias complicações de saúde, como insônia e obesidade, um mulherengo extremado, um narcisista supremo e um homem totalmente avesso ao casamento. Gradualmente, Linda foi conduzindo seu affair com Elvis de acordo com a fórmula "romance igual a dinheiro", e nos anos seguintes ela tratou de conseguir tudo o que pudesse. Elvis comprou-lhe uma casa com piscina, perto de Graceland e deu-lhe 75 mil dólares somente para a decoração.

Linda ainda acumulou mais de um quarto de milhão de dólares em jóias dadas por Elvis, fora um guarda roupa completo, caríssimo, comprado todo nos melhores estilistas de moda da Europa e dos EUA. Mas não foi só, no último ano com Elvis, Linda obteve um apartamento em Los Angeles e começou a trabalhar como comediante sexy em um programa de TV. Percebendo que seu romance tinha se transformado num grande tédio e marasmo, Elvis decidiu acabar com o caso, pois ele estava interessado em uma nova mulher: Ginger Alden. Como Elvis tinha dificuldades de lidar com essas situações, ele incumbiu Joe Esposito de encontrar Linda e contar a decisão dele de colocar um ponto final no romance. Esposito ainda disse a Linda que ela retirasse todos os seus pertences de Graceland. Linda ficou irritada por levar um fora de um assistente de Elvis. Nunca mais se viram de novo. Linda foi até Graceland recolher todas as suas coisas e se despedir da avó de Elvis, Minnie Mae, que ficou muito decepcionada com o fim do romance. Para não ver sua partida, Elvis viajou até Nashville, pois ele queria evitar um confronto final. Quem também sentiu muito a partida de Linda foi Lisa Marie Presley, na época com apenas 9 anos, que gostava muito dela. Essa amizade dura até os dias de hoje.

Elvis - Documento  Histórico.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Elvis Presley - Today 1975

Em 1975, Elvis, o coronel e o produtor Felton Jarvis se reuniram em Graceland, onde Elvis se recuperava de mais um problema de saúde. Elvis expôs a Felton seu descontentamento com a RCA Victor e seu método de trabalho. Elvis criticou particularmente as "maratonas" impostas pelo estúdio em que eram gravadas muitas canções em um pequeno espaço de tempo. Citou ao produtor as sessões de junho de 1970 e as de maio de 1971 em que tudo foi feito e gravado em uma correria incrível. Para Elvis isso prejudicava muito os resultados artísticos das músicas. Por fim Elvis falou a Felton Jarvis que ele deveria marcar uma nova sessão de gravação, se possível em um estúdio melhor do que o de Nashville. Elvis deu como exemplo o fato de que muitas das canções que foram gravadas em 70 e 71 sequer tinham a banda presente no estúdio, muitas vezes apenas com Elvis e um pianista e que isso estava destruindo sua inspiração. Felton explicou que essa era uma atitude padrão da gravadora.

O cantor não gostou nada da posição e dos argumentos do produtor. Elvis encerrou a conversa mostrando muito desapontamento com tudo e se retirou bastante aborrecido da reunião. Em Nova Iorque o produtor levou as queixas aos executivos da RCA e recebeu a seguinte instrução: "Pelo amor de Deus, faça tudo o que Elvis Presley quiser". E assim Felton Jarvis resolveu tomar todas as providências que Elvis exigiu. De ínício escolheu os estúdios C da RCA em Hollywood, pois Elvis mantinha uma casa em Los Angeles e sua localização iria facilitar as gravações. Marcou cinco dias de gravação mas... Elvis não apareceu. Uma nova data foi marcada em fevereiro e nada de Elvis. Isso tudo ocorreu em uma situação em que a gravadora exigia um disco de estúdio de Elvis, pois já fazia mais de um ano que Presley não entrava em estúdio para gravar.

Tudo isso contribuiu ainda mais para que a tensão entre o cantor e a gravadora aumentasse a cada dia. Finalmente em março Elvis apareceu nos dias 10, 11 e 12 e gravou o disco. Apenas 10 músicas, nada mais. "Sem maratonas" como disse o próprio Elvis no estúdio (esse trecho pode ser encontrado em alguns discos piratas dos anos 80). A equipe foi a mesma da estrada e Elvis gravou todas as canções de forma impecável. Essas são as músicas de "Elvis Today" ou seria "Elvis Yesterday"?:

Destaques do disco:
T-R-O-U-B-L-E (Jerry Chesnut) - Uma das coisas mais significativas sobre a carreira de Elvis Presley nos anos 70 era a ausência de rocks em seus discos. Os críticos sempre perguntavam onde estavam os rocks nos trabalhos do "Rei do Rock" durante esta fase. A resposta é simples: Elvis evoluiu como artista, talvez não fosse mais tão importante para ele gravar apenas um tipo de música. Além disso ele sempre se queixou da falta de material de qualidade deste gênero durante os anos 70. Sua visão era simples, ele queria mudar e como ele mesmo afirmou: "Não quero ser um cantor de 40 anos cantando Hound Dog". Outro fator importante era a forma como Elvis usava a música para exorcizar seus dramas pessoais. E nada estava mais longe do estado de espírito de Presley neste período do que rocks. De qualquer forma sempre surgia uma canção como essa e "Promised Land" para deixar claro que Elvis era sim o "Rei do Rock", cujo trono aliás não tem sucessor.

And I Love You So (Don McLean) - Uma das provas mais contundentes do que afirmei antes. Estaria Elvis se dirigindo a Priscilla para realçar seu amor por ela, ao afirmar que ainda a amava tanto? Na minha opinião, sem dúvida. Muitas das músicas retratavam o homem Elvis com perfeição transparente, eis um exemplo cabal disso. A canção é linda, dispensa maiores comentários. Apenas junte-se a Elvis neste momento de mais uma declaração de amor na sua carreira. Em tempo: No "Elvis in Concert" está uma versão ótima deste canção ao vivo. Imperdível.

Pieces of my Life (Troy Seals) - Bela canção de amor. O destaque fica com o arranjo primoroso. A banda de Elvis está afinadíssima. A canção começa de forma intimista e vai crescendo até se tornar apoteótica, voltando a seu ritmo inicial. De muito bom gosto, sem dúvida. Foi lançada como single com outra verdadeira pérola da carreira de Elvis: "Bringing It Back". O vocal de Elvis está ótimo, principalmente na parte falada, algo que ele não usava desde 1960 com "Are You Lonesome Tonight?" Destaque final: o acompanhamento da orquestra e a bateria de Ronnie Tutt. Ótima.

Green Green Grass of Home (Claude Putman, Jr) - Essa foi escolhida especialmente por Elvis, sendo a que ele dispensou os maiores cuidados em termos de arranjo e gravação, pois sem dúvida era uma de suas preferidas. O tema, que louva o estilo sulista de ser, foi gravada pela primeira vez por Tom Jones. Mas vamos deixar o próprio Elvis Presley refletir, em suas palavras, o significado dessa música em sua vida: "Quando Green Green Grass Of Home foi lançada com Tom, eu e os rapazes retornávamos a Memphis no nosso grande ônibus vermelho. Ouvimos a canção pelo rádio e começamos a chorar. Sua letra significava muito para nós do sul". O resultado final não poderia ser outro, como foi gravada com um sentimento muito presente por parte de Elvis ela se tornou uma das mais belas músicas da carreira do cantor.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Indian Sultan

Em fevereiro de 1972, depois de anos levando uma vida dupla, Priscilla decidiu que havia chegado a hora de contar toda a verdade ao marido, e anunciou sua decisão a Mike Stone, seu amante: "Vou voar até Las Vegas essa semana e contar a ele toda a verdade. Já é hora da gente parar de se esconder desse jeito. Quero que todo mundo saiba o quanto te amo e que vou deixá-lo para viver com você" Foi o que Priscilla fez. Mas, assim que encontrou o marido e começou a recitar seu texto bem decorado, Elvis explodiu: "Ficou louca mulher?!!! Você não tem tudo o que uma mulher deseja nesse mundo?!!! Perdeu o juízo? Tem tudo o que uma mulher pode querer. Não pode estar falando sério, Sattnin" - sua voz estava cheia de angústia - "Não posso acreditar no que estou ouvindo.

Está querendo dizer que tenho sido tão cego que não percebi o que estava acontecendo? Andei tão distraído que não percebi o que poderia vir!". Priscilla encarou Elvis, olhos nos olhos: "Nosso casamento acabou há muito tempo, estamos vivendo vidas separadas". Elvis estava totalmente desnorteado. A morte de sua mãe havia sido o grande trauma de sua vida, mas o fim de seu casamento era o maior abalo que poderia sofrer. Finalmente perguntou: "Perdi você para outro homem?" Priscilla respondeu: "Não é que você tenha me perdido para outro homem... apenas me perdeu para minha própria vida. Estou descobrindo a mim mesma, pela primeira vez" - Priscilla começou a arrumar as malas, com Elvis em silêncio, deitado na cama - "Tenho de ir. Se eu ficar agora, nunca mais irei embora". Ela pegou a mala e se dirigiu à porta - "Cilla!" - gritou Elvis - "Talvez em outra ocasião, em outro lugar".

Priscilla, com lágrimas nos olhos se virou até onde Elvis estava e se despediu: "Talvez. Apenas este não é o momento". Elvis ficou completamente arrasado. Mas era tarde demais. Priscilla o abandonou e foi, com a filha, viver com Mike Stone, num apartamento alugado em Marina Del Rey. Os jornais deram em manchete: "Priscilla abandona Elvis!". O rei ficou mal. O cantor se trancou no quarto e entrou em um estado de profunda depressão. Elvis era um homem martirizado pela carreira e pela fama, que vivia sob enorme pressão que interferia em seu metabolismo natural, produzindo angustiantes problemas médicos, como a insônia. Agora, com o fim de seu casamento, Elvis se isolou cada vez mais, seus problemas de saúde pioraram, ele não conseguia mais dormir, seus olhos estavam vermelhos e suas olheiras eram profundas... a tempestade estava próxima!

No mês seguinte, entre o final da temporada em Las Vegas e o início da excursão em abril, na primavera, os caras da Máfia de Memphis observaram alarmados Elvis aumentar seu consumo de drogas, principalmente de antidepressivos, e se afundar numa terrível fossa existencial. Eram sinais muito claros de que uma tempestade se avizinhava. Para evitar o desastre, pensaram os caras, o único jeito era arrumar uma nova mulher para pacificar o torturado superstar. Assim que a excursão começou, todos saíram à caça dessa maravilhosa criatura, capaz de salvar o rei. Três dias depois, quando estavam em Detroit, a procura chegou ao fim. O biógrafo Albert Goldman informa em seu livro que a garota chamava-se apenas "kit" (gatinha). Rosto maravilhoso, cabelos escuros, alta e com um corpo de fazer padre abandonar a batina. Kit era bailarina de uma famosa companhia de dança que também estava se apresentando em Detroit. Ela morava com uma amiga em um apartamento em Los Angeles, e esta amiga - também dançarina - foi convidada para uma das festinhas de Elvis.

Um mês depois, essa garota foi novamente convidada para um fim de semana em Palm Springs, e dessa vez Kit foi junto. Kit era a garota perfeita, uma jovem muito correta, católica, não fumava, não bebia, não falava palavrão e, embora tivesse 24 anos, ainda era virgem. Quando Elvis a conheceu, foi amor à primeira vista, como sempre. Quando a festa de fim de semana acabou, Kit voltou para seu apartamento em Los Angeles e começou a ser bombardeada com telefones de Elvis. Logo ele estava indo buscá-la em seu carro Stutz Blackhank, especialmente construído e que deixou Kit bastante impressionada. Não muito depois, quando a estava levando para casa numa tarde, Kit apontou um "adorável" carrinho esporte que passava pela rua. Elvis não disse nada, mas duas horas depois, a colega de Kit foi atender o telefone.

Era Elvis. "Faça ela vir até a rua" - exigiu ele - "Diga a ela que o cachorrinho precisa passear ou qualquer coisa - eu estou lhe trazendo um carro novo!" Quando Elvis chegou dirigindo o adorável carro esporte (com os caras acompanhando-o em um outro carro, é claro) tudo estava de acordo com seu script. Kit estava na calçada, ele estacionou o carro novinho, pulou pela porta e aproximou-se de sua amada com as chaves numa das mãos e os documentos na outra. "Seu desejo é uma ordem para mim" - Disse Elvis à surpresa Kit. Mas achar uma nova companheira para Elvis não foi suficiente. Ele ligava todos os dias para Priscilla, implorando para que ela voltasse. Em uma das poucas ocasiões em que Elvis se abriu com alguém sobre seu casamento fracassado com Priscilla, ele falou: "Eu tentei moldá-la naquilo que eu pensava que queria. Só muito tarde é que fui descobrir que isso não é possível. Você não pode ensinar uma pessoa a ser afetuosa. Ela era uma pessoa fria por natureza. Ela era muito reservada. Ela era muito disciplinada, cresceu num ambiente militar. Muito disciplinada. Muito reservada. Então eu tentei ensiná-la a ser quente, divertida, amorosa e terna. Ela tentou ser assim, mas não se pode realmente ensinar alguém a ser o que não é". Esta foi uma das raras ocasiões em sua vida que Elvis abriu seu coração para alguém e essa pessoa tinha que ser especial para ele, e era. Seu nome era Linda Thompson. Elvis encontrou em Linda Thompson, com quem iria viver nos próximos quatro anos e meio a mais íntima e satisfatória relação de toda a sua vida, a mulher que procurava. Mas essa é uma outra história...

Elvis - Documento Histórico. 

domingo, 21 de março de 2010

Elvis Presley - O Elvis Gospel

Um aspecto muito importante e pouco conhecido da carreira de Elvis Presley era o seu profundo amor à música Gospel. Nascido e criado numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos (Tupelo), Elvis teve desde o começo de sua vida uma aproximação muito grande com a canção religiosa. Foi ouvindo estes hinos sacros que o jovem Presley aprendeu a cantar e expressar seus sentimentos através da música. Todos os domingos Elvis, sua mãe Gladys e seu pai Vernon iam aos cultos protestantes da Igreja Primeira Assembléia de Deus. Lá o pequeno garoto do Mississipi ficava deslumbrado com o magnetismo e a vibração dos pastores.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que foi com estes pregadores que Elvis aprendeu que a música deveria ser acompanhada de uma perfomance que prendesse a atenção do público. Se mexer e sacudir ao som do Senhor era a regra básica e, sem dúvida o futuro Rei do Rock aprendeu isto perfeitamente. - Gospel significa evangelho, credo, evangelizar. Gospel também é a música religiosa, seja ela de que movimento ou tendência cristã for, mas a Gospel music é muito mais identificada com a música evangélica americana.

Nasceu nas pequenas comunidades religiosas espalhadas pelas cidades do interior dos Estados Unidos. Os primeiro imigrantes ingleses que desembarcaram na América estavam fugindo da perseguição religiosa na Europa e foram para o novo mundo com a convicção de construir um novo lar, um novo país. Quando se instalavam em um novo local para construir ali as bases desta nova comunidade, a primeira coisa que construíam era um local para se realizar seus cultos religiosos. Uma capela, um pequeno templo, algo para que todos pudessem se reunir e agradecer a Deus as graças alcançadas. Estes religiosos, como os puritanos, calvinistas, luteranos ou quakers, tinham em sua igreja um local para fortalecer os laços entre os membros destes grupos para deste modo, enfrentar as imensas dificuldades que tinham pela frente. Na "Chapel" os protestantes encontravam apoio e união, era o momento de confraternização e alegria e também de música.

Assim nasceu a música Gospel, ritmo feito para todos cantarem juntos (por isso a presença constante do coral) , de diversas formas, mas com aceleração rítmica acelerada e alegre (pois era um momento de alegria para todos ), com predominância de teclados (como órgãos e instrumentos semelhantes) , com todos batendo palmas e louvando o nome de Deus através da música, pois não foi Ele mesmo que nos deu o dom musical e a alegria de viver? Estes cultos despertaram um sentimento tão forte em Elvis que, aos 9 anos, num gesto de caridade após o culto deu tudo o que possuía (um monte de gibis velhos) às crianças carentes da região. Já adulto e famoso, Elvis sempre ia aos cultos das igrejas de negros para ouvir e cantar canções religiosas. Isto era um ato muito corajoso por parte do cantor, pois o sul dos Estados Unidos vivia uma separação racial muito forte entre brancos e negros. Para Elvis isto tinha pouca importância, para ele esta divisão não existia: tudo era música, tudo era mágica.
 
Destaques do álbum How Great Thou Art:
How Great Thou Art (Stuart K. Hine) - Escrita em 1886 pelo Reverendo Carl Boberg com o nome de "O Stored Gud". Em 1907 o Reverendo Stuart K. Hine escreveu a primeira versão em língua inglesa, esta por sua vez baseada na versão alemã da canção intitulada "Wie Gross Bist Du". A primeira gravação foi de George Beverly Shea em 1955, seguida da versão dos Blackwood Brothers em 1957. Elvis recebeu o prêmio Grammy na categoria "Melhor Perfomance Inspirativa" por sua interpretação desta música em 1974 no disco "Elvis As Recorded Live On Stage in Memphis" (1974). Sem dúvida um marco na carreira de Presley.

Stand By Me(Charles B.Tindley) - Não é a famosa canção de Ben E.King que se tornou um grande sucesso nos anos 70 na voz de John Lennon e que foi tema do filme "Stand by Me (conta comigo) nos anos 80. Esta é na verdade, uma música composta em 1905 que foi gravada por Red Foley e pelo grupo The Harmonizing Four (o melhor grupo vocal da história, segundo Elvis). Era uma das preferidas de Elvis no período em que ele esteve servindo o exército na Alemanha.

Crying In the Chapel (Artie Glenn) - Escrita por Artie Glenn em 1953 com apenas 16 anos de idade. Chegou ao primeiro lugar nas paradas R&B com o obscuro grupo Sonny Till and the Orioles. Em 1953 esta música explodiu nas paradas nas vozes de Rex Allen e June Valli. A versão de Elvis foi gravada em 1960. Se tornou um single de enorme sucesso em 1965. O sucesso foi tamanho que o single com "I believe in the man in the Sky" (canção do disco "His Hand In Mine") no lado B chegou ao primeiro lugar na parada britânica. Devido a toda esta repercussão a canção foi incluída no disco para ajudar em sua promoção.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - King Creole

A principal preocupação de Danny Fischer (Elvis) não é ser um astro do rock, mas sim terminar seus estudos e se formar. Mas, com o pai desempregado o único jeito de conseguir isso é ir trabalhar como copeiro, limpando mesas num night club barra pesada, onde ele conhece todos os tipos que frequentam o submundo de New Orleans. Entre essas pessoas está Ronnie (Carolyn Jones), uma prostituta com um coração de ouro, a quem ele protege de um bando de bêbados matutinos quando ela está voltando para casa depois de uma noite dura. Eles ficam amigos e, quando Ronnie o acompanha até a escola, alguns estudantes a insultam.

Danny acaba brigando com eles e é expulso da escola, perdendo a chance de se formar. A barra começa a ficar mais pesada e, na mesma noite, ele se envolve com uma gang de marginais liderados por Tubarão (Vic Morrow) e começa a roubar lojas de departamentos. Danny só precisa cantar para a freguesia, desviando a atenção dos companheiros que roubavam a loja. É a partir desta parte da trama que o personagem de Danny Fischer começa a pensar seriamente em se tornar um cantor. Entre assaltos e canções, Danny conhece Maxie Fields (Walther Matthau), um sinistro chefe da máfia local, e tem um caso com Ronnie e outro com a ingênua Nellie (Dolores Hart) e começa a cantar em uma boate chamada King Creole, onde vira um enorme sucesso, atraindo multidões.

Maxie Fields, dono do Blue Shade, uma boate rival, tenta tirar Danny do King Creole e contratá-lo para o seu club. Como ele não aceita, acaba sendo chantageado por tomar parte num roubo cuja vítima, desconhecido para ele, era seu próprio pai, que fica muito machucado e vai parar no hospital. Sem dinheiro para pagar a conta do pai hospitalizado, Danny aceita a oferta de Maxie Fields. Nas garras do gangster ele segura a situação por algum tempo, mas quando Maxie conta ao pai de Danny que seu filho foi um dos ladrões que o atacaram, Danny fica possesso e bate no mafioso.

Em busca de vingança, Fields manda seus homens atrás dele, que está escondido com Ronnie numa cabana remota. Quando são descobertos pelos capangas, Ronnie leva um tiro e morre. Felizmente, Maxie Fields também é encontrado morto e Danny pode voltar para o King Creole, onde se reconcilia com o pai e com a sempre fiel Nellie. Elvis sempre dizia que de todos os seus filmes, King Creole era o seu favorito

Elvis - Documento Histórico.

sábado, 20 de março de 2010

Elvis Presley - Hound Dog

Conta a lenda que a primeira vez que Elvis Presley apareceu na televisão, Ed Sullivan ficou tão escandalizado com o que viu, que afirmou que Elvis jamais apareceria no seu programa. Mas, quando Elvis apareceu no Steve Allen Show, o ibope de seu concorrente subiu tanto que Sullivan resolveu voltar atrás e pagar uma nota para Ter o rei do rock em seu programa. E, para mostrar sua desaprovação, ordenou que Elvis fosse localizado somente da cintura para cima, enquanto que, fora das câmeras, Sullivan o xingava. Noventa por cento desta fábula é ficção. Anteriormente, Sullivan não havia se dado bem com alguns rockeiros, particularmente com Bo Didley. Mas, devido ao enorme sucesso de Elvis Presley, Sullivan lhe pagou 50 mil dólares por três apresentações em seu programa. A primeira delas foi em Hollywood, no dia 9 de setembro e Elvis não foi só mostrado da cintura para cima.

Esse célebre incidente, que viria simbolizar todo o moralismo dos anos 50, só aconteceu na última apresentação, e não teve nada a ver com a dignidade moral dos americanos, foi só mais um caso de auto censura, com a intenção de sugerir que "lá embaixo" Elvis estava botando para quebrar. E esse papo de que Sullivan o ficou xingando no primeiro show é totalmente inverossímil, pois o apresentador estava doente, recuperando-se de um acidente automobilístico, e quem comandou o programa naquela noite foi Charles Laughton. Só mais uma coisa: não foi Ed Sullivan que tornou Elvis famoso, mas justamente o contrário. O programa de Sullivan, Toast of Town, era uma verdadeira porcaria, enquanto que Elvis já se transformara em um verdadeiro fenômeno nacional de que todo o país ouvia falar, graças principalmente ao rádio. O Rock & Roll se difundiu mundialmente através do rádio.

O primeiro herói do rock – que deu nome à música, estabelecendo os concertos de rock e conquistando uma ampla faixa de audiência – foi um radialista, o DJ Alan Freed. Junto com outros 1700 DJs americanos, Freed comandou o clima cultural da década de 50. A televisão que até hoje não entende o Rock, significava muito pouco para a juventude da época, pois até o advento de programas como o American Bandstand (onde os cantores dublavam seus rocks enquanto um monte de adolescentes ficava dançando ao redor), que só foi entrar em rede nacional em 1957 a programação da TV era dedicada exclusivamente ao público adulto e infantil, ignorando completamente os adolescentes. Pelo final de 1956 Elvis Presley era universalmente aclamado como o Rei do Rock & Roll. O rapaz que havia começado o ano como um obscuro cantor country, que era escutado através de um programa caipira transmitido de Shreveport , era agora um herói da juventude americana. Ninguém na história do Show business havia subido tão depressa. Nem mesmo os Beatles, quando comparados com ele, tiveram que batalhar bastante para atingir o estrelado.

Single nas lojas
Don't be Cruel (Presley / Blackwell) - Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinqüenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana.

Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita". Foi a primeira gravação de Elvis com o apoio vocal do grupo The Jordanaires.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Loving You

Sem dúvida, "Loving You" é um dos filmes mais interessantes de Elvis Presley. Basicamente é uma versão açucarada de sua escalada ao sucesso e à fama e por isso este filme ficou conhecido como "The Elvis Presley Story". Deke Rivers (Elvis) junta-se à banda de Tex Warner (Wendell Corey), cuja empresária é Glenda (Lizabeth Scott), ex-mulher do band leader e é mantido como "talento local", que sai da platéia e sobe ao palco para cantar em todas as cidadezinhas por onde a trupe musical se apresenta. O impacto que Deke provoca na juventude não é ignorado pela empresária e seu ex marido que começam a explorá-lo e promovê-lo nas grandes cidades. Apanhado de surpresa pelo súbito sucesso e pela histeria das fãs, Rivers sente dificuldades em se relacionar com as garotas que se atiram sobre ele e com os duvidosos contratos e negócios que a sua gananciosa empresário lhe arruma. Também há o triângulo amoroso entre Rivers e Glenda, uma mulher mais velha, porém mais experiente do que a ingênua e jovem Susan (Dolores Hart).

As coisas se complicam depois que Deke Rivers (Elvis) se apresenta num programa de televisão e é acusado - junto com o rock'n'roll - de imoral e indecente. No final do filme, quando Elvis canta num teatro, seus pais (Gladys e Vernon), aparecem sentados na primeira fila. "Loving You" é um dos filmes, junto com "Juventude Transviada" e "O Selvagem" que deram origem ao nascimento da cultura jovem nos EUA e no mundo. As críticas: "Assistir a um filme de Elvis Presley é como ir ao baile da escola. Tem vários garotos e garotas, muita música, diversão e namoricos. Parece bobagem, mas de uma coisa tenha certeza: você nunca mais vai esquecer desses momentos. Presley é o namorado que todas as garotas gostariam de ter no ginásio, é bonitão, cativante, canta e dança bem. Quem vai resistir a uma coisa dessas? É o sonho de toda adolescente da América. Em suma: se você detesta estes bailes de escola, fique longe de "Loving You" o novo filme da "Maravilha de Memphis". Não espere conteúdo ou relevância, é apenas uma festa, como todas aquelas de que já participamos pelo menos uma vez na vida. Então se você quiser apenas se divertir, não deixe de assistir, mas se esta não for a sua praia, é melhor não ir a esta festinha de High School" (Variety)

"Elvis Presley, ator nato e competente. Convenceria totalmente caso o filme pudesse ser visto e ouvido sem a gritaria feminina. Hal Kanter, o diretor, sempre apronta dessas, colocando uma massa compacta de garotas para gritar na fita e a gente ficar sem saber se o som é do filme ou da pláteia no cinema" (Hollywood Reporter). A trilha: Primeira trilha sonora de Elvis Presley em formato de Long playing contendo as músicas do filme "Loving You" da Paramount Pictures. No Brasil o filme recebeu o título de "A mulher que eu amo" nos cinemas e posteriormente quando passou na TV recebeu o título de "Perdidos na Cidade". Este é um dos clássicos do Rei cujo roteiro foi levemente inspirado na própria história do cantor. Grande sucesso de Elvis nos cinemas abriu caminho para as produções posteriores dele. A atriz que contracenou com Elvis, Dolores Hart, tinha uma promissora carreira em Hollywood, mas abandonou a vida do cinema para se dedicar a religião, se tornado freira em uma ordem católica. Dolores foi a primeira atriz que beijou Elvis em cena. Anos depois Dolores diria sobre Elvis: "As pessoas fofocavam sobre um namoro entre eu e Elvis. Nunca aconteceu nada. Elvis era um perfeito gentleman. Sempre me respeitou e me tratou da melhor forma possível. Conheci poucas pessoas mais meigas, doces e educadas do que ele. Eu realmente presenciei e conheci a verdadeira face de Elvis e sua inocência contagiante. Até hoje me lembro com carinho dos momentos que passamos juntos. Nunca acreditei no que foi dito dele depois de sua morte, que Deus o tenha em um bom lugar". A trilha sonora do filme só está presente no lado A do disco sendo as Músicas do lado B gravadas em outra ocasião com a finalidade de completar cronologicamente o LP.

Single nas Lojas:
Teddy Bear (Mann / Lowe) - No auge do sucesso de Elvis correu um boato que ele adorava ursinhos de pelúcia, apesar de não ser verdade o boato ganhou força e de um momento para o outro o cantor se viu num mar de bichinhos dados pelos seus fãs. Para aproveitar esta história foi composto este grande sucesso que alcançou o primeiro lugar da parada de singles da Revista Billboard com "Loving You" no lado B. Este compacto simples foi lançado em junho de 1957. "Teddy Bear", por sua vez, foi gravada nos estúdios Radio Recorders em 24 de janeiro de 1957. O "Teddy" do ursinho é uma homenagem ao presidente americano Theodore Roosevelt. Ainda é uma das mais queridas músicas de Elvis principalmente pelas mulheres. Loving You (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Música título do filme que foi gravada em três arranjos diferentes: uma versão acústica para uma determinada cena do filme, em balanço Blues e esta versão que está presente neste LP. Leiber e Stoller atingem novamente um ponto alto com esta canção que com melodia e letra simples embalou os corações dos jovens dos anos cinqüenta. Grande sucesso quando foi lançada em single. Na Inglaterra foi lançado um segundo single com "Party / Got a Lot o'Livin To Do" que quando lançado chegou ao segundo lugar entre os mais vendidos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Elvis Presley - A Última Noite

No dia 15 de agosto de 1977, às vésperas de uma excursão, Elvis acordou por volta das 4 horas da tarde e pediu seu breakfast. Como sempre, seu acordar era um processo difícil e vagaroso, uma trabalhosa inversão de seu estado físico e mental virtualmente paralisado por opiáceos e barbitúricos. Ao entardecer ele saiu para ver Lisa Marie, nos fundos de Graceland, brincar com um carrinho elétrico especialmente construído e que era o brinquedo preferido da menina. Sua mãe Priscilla a tinha mandado passar as férias com o pai, para distrair sua atenção do livro de West-Hebler. Para aquela noite Elvis havia planejado alugar um cinema para assistir alguns filmes, mas essa ideia teve que ser abandonada, pois o operador não poderia trabalhar a noite inteira e não tinha ninguém para substituí-lo. Assim Elvis decidiu ir ao dentista. Elvis deixou Graceland, na companhia de Ginger, Charlie Hodge e Billy Smith, quando eram 10 horas da noite. Quando Elvis voltou para casa, era quase meia noite e meia. Uma pequena multidão de fãs concentrava-se diante do portão musical. Um deles era Robert Call, de Princeton, Indiana, que tinha ido a Memphis com a esposa e a filha de quatro anos só para tirarem uma foto diante da famosa mansão, no portão musical. Assim que o carro de Elvis parou em frente ao portão, a Sra Call, com a filha no colo, aproximou-se da janela do carro, Elvis institivamente sorriu e abanou a mão.

Nesse instante Robert Call fotografou-o com uma instamatic. Era a última das milhões de fotografias de Elvis Presley (ao lado). Lá pelas duas e meia da madrugada, Elvis chamou Ginger ao seu escritório, onde ficaram construindo castelos no ar. Elvis disse que se casariam numa igreja de forma piramidal. Mas o principal era que Elvis planejava anunciar seu casamento durante o último show da excursão, no dia 27 de agosto, em Memphis. Haveria muitos convidados importantes: prefeitos, governadores, congressistas, juízes, altas patentes policiais. Ginger estava sem fôlego. Seria uma resposta ao livro de West-Hebler. Embora fosse 4 horas da manhã, a noite ainda era uma criança para Elvis. Depois dessa longa e esfuziante conversa com a amada, ele apanhou o telefone e chamou Billy Smith em sua casa, nos fundos de Graceland, e disse que acordasse sua esposa Jo, e se reunissem na quadra coberta, para um joquinho de raquetebol. Vestidos com abrigos esportivos, Ginger e o rei encontraram-se com Jo e o marido no ginásio. Elvis estava de muito bom humor e se pôs a jogar com Billy, enquanto as mulheres assistiam.

Depois de um certo tempo o jogo foi interrompido. Depois de recuperado, Elvis sentou-se ao piano que havia no pequeno ginásio de esportes e cantou algumas canções. Quando os quatro deixaram o local já eram seis horas e o sol estava nascendo. De volta ao quarto Ginger se enfiou na cama de roupa e tudo, enquanto Elvis foi até o banheiro vestir um pijama azul. Depois ele ligou a enorme TV aos pés da cama, apanhou o livro "O Poder de Jesus" e deitou na cama. Mas ele ainda não se sentia inclinado a dormir. Às 6:30hs da manhã ele chamou Ricky Stanley e pediu mais remédios para dormir. Ricky subiu com um par de comprimidos de Dilaudid. Às oito horas, Ginger ainda estava acordada e ouviu Elvis pedir mais comprimidos para dormir. Ela pensava que ele estava por demais nervoso com a excursão, como sempre ficava. Rickey então lhe trouxe a dose padrão de remédios, que incluía Quaaludes, Seconal, Tuinal, Amytal, Velium e dois tabletes de Demerol - oito comprimidos no total, uma dose fatal para qualquer ser humano, mas exatamente o que Elvis tomava toda manhã para conseguir dormir.

Esta manhã, aparentemente, ele temia não conseguir dormir, porque logo que Rick saiu, Elvis telefonou ao Dr Nichopoulos para encomendar outras drogas (Marty Lacker testemunhou que, entre janeiro de 1971 a outubro de 1976, ele recebeu do Dr Nick mais de 6.464 doses de Placidyl, além de outras numerosas drogas; esse julgamento custou ao Dr Nick sua licença para exercer a medicina, medida que perdura até os dias de hoje). Grogue e quase dormindo, Ginger Alden, viu Elvis apanhar seu livro e se dirigir ao banheiro. - "Querida, vou ler um pouco", ele explicou. - "Está bem", ela respondeu, "mas não vá dormir". Elvis sorriu e disse: - "Não dormirei". Seis horas depois, Ginger acordou e, como Elvis não estava ao seu lado, ela foi procurá-lo no banheiro. Como ele não respondia, ela abriu a porta e o encontrou caído no chão, em posição fetal. Era tarde demais. Tudo foi tentado, mas nada conseguiu revivê-lo. Às 3 horas da tarde do dia 16 de agosto de 1977, Elvis Presley foi declarado morto. Mas o Rei do Rock viverá eternamente, pois onde quer que ele esteja, saberá que nós ainda gostamos dele. E muito. Viva Elvis! Single nas Lojas: Way Down (Martine) - Grande sucesso de Elvis que quando foi lançado como single em Julho de 1977 chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. Conta com ótimo arranjo e maravilhoso acompanhamento do cantor J.D.Summer. Foi gravada no dia 29 de outubro de 1976 em Graceland. Pledging My Love (Robey / Washington) - Canção do mitológico cantor de R&B Johnny Ace que morreu em 1954 vítima de roleta russa. Ela foi gravada em 29 de Outubro de 1976 em Graceland e lançada como lado B do Single de grande sucesso "Way Down".

Elvis - Documento Histórico.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Elvis Presley - Turnês anos 70

O dia está quase amanhecendo quando o avião Lisa Marie aterrisa no aeroporto de Las Vegas e é rodeada por limusines escuras e um caminhão para a bagagem dos acompanhantes. Todos deixam o avião antes de Elvis, que é sempre o último a subir a bordo e o último a desembarcar. A suíte imperial do Las Vegas Hilton, no 30º andar do hotel, já foi preparada anteriormente por seus valetes reais. Elvis leva muita bagagem, nada menos do que 52 malas. No quarto, a cama foi trocada por uma tamanha "king size" e aos seus pés foi instalada uma TV com videocassete. A seguir, é a vez da biblioteca de Elvis: 250 volumes sobre temas diversos, ocultismo, discos voadores, religião. Seus preferidos: "A vida impessoal" e "Autobiografia de um Yogue". No criado mudo ficam a Bíblia e o "Physician's Desk Reference", um dicionário médico ilustrado, com verbetes sobre todos os comprimidos existentes no mercado. Para completar várias revistas de música e artes marciais, com destaque para as de caratê e kung fu.

A seguir instala-se um sistema de som para que Elvis possa escutar sua coleção de discos. Seu gosto musical não mudou nada em vinte anos - ele ainda gosta dos quartetos vocais de gospel, como o Golden Gate e o Harmonizing Four, e os cantores Billy Eckstine, Roy Hamilton, Roy Orbison e Brook Benton. O rádio é sintonizado na estação local de música country. O último detalhe é o troféu que Elvis ganhou na câmara de comércio dos Estados Unidos, ao ser escolhido um dos dez jovens de maior destaque da América. Este prêmio encheu-o de orgulho e, ao recebê-lo, Elvis agradeceu assim: -"Eu, eu... gostaria que vocês soubessem que eu me tornei o herói das histórias em quadrinhos. Eu via os filmes e fui o herói desses filmes. Todo sonho que sonhei tornou-se realidade uma centena de vezes". Elvis odeia estar em Las Vegas mais uma vez. Ao longo dos anos a infinidade de excursões simplesmente esgotou física e emocionalmente o cantor. As pessoas cochicham que ele está seriamente doente, e é verdade - sua doença chama-se tédio. Elvis já fez isso tantas vezes em tantos lugares diferentes para tantas platéias ao longo dos anos que agora tudo o deixa entediado.

Para escapar do tédio das suítes dos hotéis entre os shows, Elvis às vezes dava tiros! Ele pegava uma pistola ou um rifle, apontava para o objeto de sua fúria e disparava. Por esse motivo, os valetes reais checavam constantemente todas as suas armas, para ter certeza de que a primeira câmara estava vazia. Se não fosse por essa preocupação, certamente algumas pessoas teriam sido mortas, por acidente, por Elvis Presley. Todavia, seu alvo preferido era qualquer aparelho de TV que não estivesse funcionando direito ou que estivesse passando algum programa de que ele não gostasse. Para que ninguém tomasse conhecimento desses fatos, todos os televisores que Elvis explodia a tiros eram comprados e levados para Graceland. Segundo o biógrafo Albert Goldman, era possível saber qual tinha sido o astral de Elvis durante uma excursão, simplesmente contando-se o número de televisores destruídos que eram desembarcados de seu avião particular quando de volta ao lar. Mas, agora ele estava de volta a "cidade do pecado" mais uma vez. Tinha que cumprir seus contratos. Logo Elvis se dirige ao Hotel; cercado de seguranças ele entra em seu carro real. Ao seu lado, no banco de trás do luxuoso carro, a namorada Linda.

Quando Elvis entrar na suíte, tudo deverá estar às escuras e o ar condicionado funcionando à toda, embora a manhã esteja linda e agradável. Da mesma forma que o Conde Drácula quando volta ao seu caixão, Elvis também não gosta de nenhuma luz - apenas a escuridão e a frieza de uma tumba. Sua maleta é colocada ao lado direito da cama, para acesso fácil. Nesta pequena maleta, na primeira gavetinha, ficam suas pílulas e seus remédios. Em outras gavetas ficam suas jóias e sua carteira, sua licença de motorista, seus cartões de crédito, geralmente dez mil dólares em dinheiro e uma insígnia policial azul e dourada que Elvis ganhou quando foi nomeado agente especial do FBI de narcóticos e drogas perigosas, pelo presidente Richard Nixon. Ironicamente, essa credencial, uma das mais importantes dos Estados Unidos, fica bem abaixo de todas aquelas drogas receitadas ilegalmente pelo médico de Elvis, o Dr Nick (nos anos 80 um fã de Elvis deu um tiro no peito do médico, o acusando de ter matado o cantor). Depois de se livrar do robe e das duas 45, Elvis senta-se na cama e Hamburguer James descalça suas botas, retirando a pequena Derringer de dois tiros.

A seguir, Elvis engole uma mão cheia de pílulas para dormir, bebe um pouco de água da garrafa e, assim que se põe confortável, seu valete lhe traz alguns cheeseburgueres para comer. Depois, é hora de dormir. Elvis deita-se, Linda senta-se num canto da cama e começa a ler com voz suave um trecho do livro "O Profeta" de Kahlil Gibran. Mas ele ainda deseja ir ao banheiro. Linda Thompson o ajuda a se levantar. De novo na cama, ela abre a bíblia e lê a passagem favorita de Elvis, Coríntios I, 13: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não houver amor serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine". Elvis parece uma criança ouvindo sua história de ninar preferida. Ele conhece de cor todos esses versículos e fica murmurando-os em uníssono com Linda, principalmente a última parte: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino... quando me tornei homem, desisti das coisas de menino" Logo, Elvis perde a consciência e dorme.

Elvis - Documento Histórico.

Elvis Presley - From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee

Este é o penúltimo LP da carreira de Elvis Presley. Em 1976 o cantor já caminhava tragicamente para sua morte que iria ocorrer no dia 16 de Agosto de 1977 em Graceland, sua mansão em Memphis. O disco traz o nome da rua onde estava situada sua casa, que em sua homenagem passou a se chamar "Elvis Presley Boulevard". Elvis estava muito debilitado quando gravou este LP. As drogas estavam mais presentes do que nunca em sua vida tomando o controle sobre suas ações e sua mente. Deste modo o cantor se recusava a entrar em qualquer estúdio, seja em Nashville ou Memphis. A solução encontrada pela RCA foi montar um caríssimo estúdio de gravação em Graceland para o recluso astro gravar novas canções.

E foi assim que Elvis gravou este LP: Todas as canções foram gravadas nos salões de Graceland com uma unidade móvel instalada nos jardins da mansão. As "sessões" foram muito confusas pois o cantor não descia para gravar levando seus músicos a ficarem hospedados em sua casa enquanto ele decidia se gravava ou não. Quando finalmente apareceu estava de péssimo humor reclamando do equipamento e apontando seu Revólver para as caixas de som soltando palavrões pelo "estúdio". Ele realmente tinha perdido todo o interesse pelo disco. Dias depois se acalmou e o produtor Felton Jarvis conseguiu gravar algumas músicas entre os dias 2 e 7 de fevereiro. Foi lançado um single extraído deste disco em março de 1976, "Hurt / For the Heart" alcançando um relativo sucesso. O LP foi lançado em maio levando o Rei a receber mais um disco de ouro em sua carreira. Mesmo abusando de drogas Elvis Presley se tornava cada vez mais famoso!!!

Single nas lojas:
Hurt (Crane/Jacobs) - Sucesso do cantor Jimi Huro em 1961. Esta versão de Elvis é o carro chefe do disco e também a principal canção do único single extraído do LP. É uma bela canção que mostra a maturidade vocal alcançada pelo cantor em seus anos finais. Pode-se dizer que Elvis se aproximava cada vez mais do estilo de seu ídolo de infância: Mario Lanza. "Hurt" foi gravada no dia 5 de Fevereiro de 1976. For The Heart (Dennis linde) - Country do mesmo autor de um dos maiores sucessos de Elvis Presley nos anos setenta "Burning Love". Esta canção foi lado B do single "Hurt" que foi lançado em março de 1976. A música recebeu novos instrumentos na sua mixagem o que sem dúvida deu maior consistência a sua melodia. Ela foi gravada no dia 5 de Fevereiro na "Sala das Selvas" em Graceland.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Elvis Presley - Uma Mensagem de Elvis II

O Rock'n'Roll está por aí há muitos anos. Era chamado de Rhynthm and Blues e tanto quanto possa me lembrar sempre foi grande, embora nos últimos cinco anos tenha se tornado ainda maior. Na verdade o Rock é a fusão de outros estilos como Country, Gospel e Blues. Não acho que o Rock vá morrer completamente porque terão que apresentar algo ainda melhor para tomar seu lugar. Se você sente e gosta de Rock'n'Roll, não pode evitá-lo e sim, dançar com ele. Isto é o que acontece comigo, não posso evitá-lo. Não vejo como qualquer tipo de música possa causar má influência nas pessoas. É somente música.

Não posso conceber essa idéia. Muitos jornais dizem que o Rock é um grande fator de influência no aumento da delinqüência juvenil, mas não vejo como a música possa ter algo a ver com isso. Quero dizer, como o Rock'n'Roll pode fazer alguém se rebelar contra os pais? Tenho sido o culpado por tudo o que acontece de errado neste país, de que tenho dado idéias aos jovens, seja lá o que for que queiram dizer com isso. Dizem que sou vulgar. Não faria nada de vulgar na frente de quem quer que seja, principalmente de adolescentes e crianças. Meus amigos não falam de mim assim.

Não faço nada de mais em meu trabalho. Apenas me movimento de acordo com o ritmo, de acordo com o tempo da música. Se ouço um boa música eu tenho de me movimentar. Se algum dia eu ficar parado em um palco, será porque estou morto. Sinatra atacou a música jovem há alguns dias atrás. Disse que "os entusiastas do Rock'n'Roll são simplesmente um bando de valentões cretinos e o rock era a música marcial de todo delinqüente com costeletas na face da terra". Ele tem o direito de pensar o que quer, mas não posso permitir-lhe que vá ofendendo Deus e todo o mundo, sem razão plausível. Eu não malharia Frank Sinatra. Gosto muito dele. Se bem me lembro, também ele fazia parte de uma certa tendência que se parecia exatamente com o Rock'n'Roll. Acho que o Rock'n'Roll é uma música fantástica. Não consigo entender isso.

Para mim, delinqüência juvenil significa roubar, apunhalar e assim por diante. Não fiz nada para que me acusassem disso e jamais incentivarei um estilo de vida como esse para que os outros o seguissem. Sempre procuro levar uma vida pessoal digna que lhes dê um bom exemplo. Sempre penso nisso. É difícil explicar o Rock'n'Roll, a energia dessa música. Não é o que se chama de música folk. É a batida que leva você, você a sente. Esse sentimento vem desde os meus primeiros shows e espero nunca perdê-lo. Quando você se apresenta tem que mostrar algo para o público. As pessoas podem comprar seus discos e ouvi-los cantar e não têm que sair de casa para isso.

Você tem que fazer um show que movimente a platéia. Se eu simplesmente subisse no palco e cantasse sem mover-me, as pessoas diriam: - "posso ficar em casa e ouvir seus discos" Você tem que lhes dar um show, algo que possam comentar: - "Uau, Demais!" Tive realmente muita sorte, muita sorte mesmo. Acontece que apareci numa época em que a música e o seu ramo de negócios estavam sem rumo ou tendência. Tive muita sorte. As pessoas procuravam por algo diferente e eu tive sorte de chegar na hora certa. Hoje a música já tem um rumo certo e ele se chama "Rock'n'Roll".

Elvis A. Presley.

terça-feira, 16 de março de 2010

Elvis Presley - Uma Mensagem de Elvis

Olá! Sou Elvis Presley. Acho que a primeira coisa que as pessoas querem saber é porque não consigo ficar parado quando estou cantando. Algumas pessoas batem os pés, outros estalam os dedos e outras simplesmente se movimentam para frente e para trás. Eu apenas comecei a fazer todas estas coisas ao mesmo tempo, creio. Cantar Rhythm and Blues realmente mexe com a gente. Eu observo meu público e o escuto. Sei que todos estamos sentindo algo que vem de fora de nosso ser, mas nenhum de nós sabe o que é. O importante é que voltamos ao normal e ninguém se machuca. Em muitas das cartas que recebo, as pessoas fazem perguntas sobre o tipo de coisas que faço e questões do tipo.


Bem, eu não fumo e não bebo e gosto de ir ao cinema. Talvez algum dia eu tenha minha própria casa e família e não vou fugir disso. Eu sou filho único mas talvez meus filhos no futuro não o sejam. Suponho que este tipo de assunto levante outra questão: Estou apaixonado? Não, eu achei que estava, mas creio agora que não. Tudo passou. Creio que ainda não conheci a garota para isso, porém a vou encontrar e espero que não demore muito, porque às vezes me sinto solitário. Sinto-me solitário bem no meio de uma multidão. Acredito que com essa garota, seja ela quem for, não estarei solitário nunca mais. Bem, obrigado por deixar-me falar a vocês sobre coisas que há muito gostaria de conversar. Quero agradecer a todos os meus fiéis fãs que assistem aos meus shows e que de alguma forma tornam-se meus amigos.

Fico muito contente por saber que vocês têm ouvido meus discos da RCA Victor e quero agradecer aos Disk Jockeys por tocá-los. Tenho medo de acordar de manhã. Não acredito que tudo isso tenha acontecido a mim. Só espero que isso possa durar e que não seja um sonho. Obrigado a todos os meus fãs jovens e fiéis. Sabe, há duas semanas atrás eu dirigia um caminhão por trinta e cinco dólares semanais em Memphis, no Tennessee, sendo que antes disso eu cheguei a trabalhar por catorze dólares por semana como lanterninha de cinema. Então, um dia meu pai me deu um violão. Muito embora eu não distinguisse um Dó de um Ré, com esforço aprendi a tocar sozinho. Minha carreira como cantor começou acidentalmente. Eu fui a uma gravadora para fazer um disco para dar de presente à minha mãe, somente para surpreendê-la.

Uns caras ali me ouviram cantar e disseram que eu deveria procurá-los algum dia. Então eu fiz isso... um ano e meio mais tarde! Muitas pessoas me perguntam onde adquiri meu estilo de cantar. Bem, eu não copiei meu estilo de ninguém. Não tenho nada em comum com Johnny Ray, exceto o fato de que ambos cantamos - se é que se pode chamar isso de cantar. Eu fico pulando e dançando porque é assim que me sinto. Não poderia cantar uma nota sequer parado. A garotada é realmente maravilhosa com o jeito como eles reagem ao meu estilo. Recebo cerca de dez mil cartas de fãs toda semana. Muitas pessoas por todo o país estão abrindo fãs clubs para mim, por isso agradeço de coração a todos. Certamente eu sou muito grato a todos eles e, em resposta a algumas das perguntas que recebo deles, aqui vão alguns dados sobre mim mesmo.

Eu nasci em Tupelo, no Mississipi, no dia 08 de janeiro de 1935. Cresci e estudei em Memphis, que ainda é o meu lar. Nunca tive aulas de canto e a única prática que tive foi com uma vassoura, antes que meu pai comprasse o meu primeiro violão. Tenho 1,82m de altura e peso 88 Kgs. Ganhei perto de dez quilos no ano passado. Não posso entender isso porque meu apetite já não é tão bom quanto antes. Não tenho tempo para refeições regulares, pois estou sempre viajando pelo país, trabalhando numa cidade diferente a cada dia. Normalmente tenho engolido um sanduíche rápido entre os shows, mas quando posso, gosto de um belo jantar com três pedações de carne de porco com muito molho e purê de batatas. Eu entendo que deve haver muitos boatos a meu respeito. Começo a pensar que há mais boatos do que fatos. Não tenho tido muito descanso ultimamente e minhas horas de sono tem diminuído terrivelmente. Quando muito consigo dormir realmente por duas ou três horas por noite. Bem, uma das coisas mais importantes para mim é a minha família. Minha mãe é a minha namorada mais querida. Comprei uma casa para ela e para meu pai em Memphis, onde espero que vivam por muito, muito tempo. Fiz meu pai aposentar-se alguns meses atrás. Não havia muito sentido em seu trabalho, pois eu posso ganhar em um dia mais do que ele em um ano. Também houve boatos de que iria me casar.

Bem, eu não tenho planos para isso agora e não estou comprometido. Acho que ainda não encontrei a garota certa. Além dos discos e shows ao vivo, estou ansioso para fazer um filme. Fiz um teste, dois meses atrás, e assinei contrato com a Paramount Pictures. Devo fazer meu próprio filme até o final do ano! Por fim quero agradecer a Deus por tudo, por tudo mesmo. Na verdade, tudo está tão bem comigo que custo acreditar que não seja um sonho. Espero nunca acordar

Elvis A. Presley.

Elvis Presley - Heartbreak Hotel

A esta altura de sua vida, Elvis havia entrado para a galeria de heróis violentos, sádicos e enlouquecidos, que eram idolatrados pela juventude da década de 50. Elvis estava lado a lado com o ameaçador Marlon Brando em "O Selvagem", ou com o psicótico Vic Morrow de "Sementes da violência". Elvis era o próprio delinqüente juvenil , encarnando toda a rebeldia dos jovens do mundo. O que o genial Elvis Presley fez foi combinar estes mitos rebeldes do cinema com a música Rock & Roll e criar uma nova forma de entretenimento – o concerto de Rock .

Foram suas poses desafiadoras, sua dança endiabrada e seu psicodrama espontâneo que deram início a toda uma tradição no rock pesado. Da noite para o dia a imagem do "cantor jovem" ficou sendo a daquele carinha muito louco, que arrebentava a guitarra enquanto dançava como um demônio. Tão profunda e difundida é essa imagem atualmente, que não conseguimos imaginar um astro de rock agindo de outra maneira. Em conseqüência, podemos afirmar que a imagem de Elvis como performer ultrapassou em muito sua influência na música do planeta (mesmo porque ele logo abandonaria o rockabilly, esse novo e revolucionário idioma musical).

A prova disso é que todos os astros de rock dos quarenta anos seguintes, derivaram diretamente dessa sua "retórica" de palco, dessa sua sexualidade e energia incontroláveis. O grande artista estava pronto, mas antes de tudo, Elvis precisava de um grande sucesso, em nível nacional, e um dia essa canção chegou até ele. A compositora do primeiro grande sucesso de Elvis Presley o conheceu em Nashville, onde estava acontecendo a convenção nacional dos disc-jockeys. Ela foi até lá com a intenção de vender a canção. Elvis ouviu a fita e seus olhos brilharam. Assim que percebeu que ele havia gostado, Mae Axton propôs que, se Elvis concordasse em fazer de "Heartbreak hotel" o seu primeiro disco pela RCA, ela lhe daria parceria na música. O resto a gente já sabe. "Heartbreak Hotel" estabeleceu Elvis Presley como o novo herói da música pop.

O disco foi lançado em 28 de janeiro de 1956 num programa de televisão, e na primeira semana de abril era o primeiro lugar em todas as paradas de sucesso – country, R&B e pop, um fato inédito até então. E assim nascia um Rei! Single nas Lojas - Heartbreak Hotel (Axton / Durden / Presley) - O primeiro grande sucesso de Elvis em nível nacional foi lançado em Janeiro de 1956 com "I was the one" no lado B alcançando o primeiro lugar na parada americana e européia. A música foi escrita especialmente para ele e se tornou uma de suas marcas registradas. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 no estúdios da RCA em Nashville, na primeira sessão de Elvis na RCA.

Para tentar reproduzir o som das gravações da Sun Records, o engenheiro Bob Ferris construiu uma câmara no prédio do novo estúdio, buscando eco de telhas e vidro. Inacreditáveis as guitarras acústica e elétrica de Chet Atkins e Scotty Moore na gravação. A companhia de discos a considerou "um desastre", imprópria para tocar no rádio. Cinco semanas depois, tornava-se seu primeiro hit número 1. I Was The One - (Schroder / DeMetrius / Blair / Peppers) - Lado B do single "Heartbreak Hotel" lançado em Janeiro de 1956. O single alcançou o primeiro lugar nas paradas e esta música em si chegou ao vigésimo terceiro lugar na Top 100 da Billboard. É uma terna balada que sem dúvida figura entra as melhores do Rei. Muitos anos depois fez parte de um dos primeiros singles de Elvis em CD.

Pablo Aluísio.