O título de Faraó no Egito Antigo era exclusivo para os Reis, para a linhagem masculina dos herdeiros ao trono. Assim duas regras eram sagradas: O Faraó só poderia ser um homem e apenas homens se tornavam Reis do Egito Antigo. As Rainhas eram apenas as esposas dos Faraós ou então Regentes temporárias e provisórias do verdadeiro Faraó que poderia estar impedido de assumir suas funções por questões de saúde ou idade.
Bom, assim foi por milhares de anos, mas como em toda regra há exceções, também houve uma quebra dessas antigas regras sagradas nessa linhagem monárquica. A princesa Hatshepsut iria mudar todas essas regras. Ela era a filha mais velha do Faraó Tutmés II. Seu pai tinha saúde muito frágil pois sofria desde jovem com problemas sérios do coração. Por essa razão não viveu muito e teve apenas dois filhos, a própria princesa Hatshepsut e seu irmão, um garotinho de 3 anos de idade. Assim quando o Faraó morreu criou-se um grande problema. Os dois herdeiros ao trono eram jovens demais para assumir o controle de uma potência como o Egito.
A princesa Hatshepsut com apenas 16 anos de idade assumiu o trono como Rainha Regente de seu irmão, evitando assim um golpe de Estado que se armava no horizonte. Ela iria comandar o Egito enquanto ele atingisse a idade certa para se tornar Faraó. E para surpresa de todo o Reino a jovem Rainha se saiu muito bem. Ela era inteligente e focada nos assuntos do Estado. Realmente não havia reclamações por parte do povo e tudo corria bem.
Para agradar o clero ela também assumiu o título de esposa de Amón, o principal deus do Egito. Com isso ganhava a confiança e o apoio da classe sacerdotal. Mandou restaurar o antigo templo de Amón e cercou os sacerdotes com privilégios. Também ganhou o apoio do Exército, colocando no posto de general apenas homens honrados, honestos e que tinham provado seu valor no campo de batalha. Abriu rotas comerciais que garantiam o comércio das principais cidades do Egito. Enfim, mostrou ser de fato uma excelente Rainha.
Só que a jovem Rainha Regente também era muito ousada, dessa forma decidiu que iria assumir o trono não apenas como Regente, mas também como a primeira Faraó da história do Egito Antigo. Colocou barbas postiças e vestiu o famoso figurino dos Faraós. O gesto chocou os sacerdotes do Templo e o povo. Era uma transgressão! Isso acabou selando o destino de Hatshepsut. Ela perdeu o apoio do povo e acabou caindo em desgraça, embora fosse uma ótima administradora, levando o Egito para um dos seus momentos de glória em toda a sua história. De certa forma essa foi uma grande pioneira na valorização do poder feminino, mostrando que também poderia ser uma boa Faraó como qualquer outro homem que tivesse vindo antes dela. Aliás foi bem melhor do que muitos Faraós do passado. Uma interessante lição de história sobre o papel das mulheres na construção desse grande império da antiguidade.
Pablo Aluísio.