segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A Doce Vida

Esse é um dos filmes mais lembrados de Federico Fellini. A história é relativamente simples. De forma em geral, é uma crônica sobre a vida de um jornalista no começo da década de 1960, em Roma. Marcello Mastroianni da vida a esse personagem. Enquanto busca novas notícias e reportagens, ele vai vivendo sua vida. E no seu dia a dia de jornalista, acontecem coisas interessantes. Ele faz a cobertura da chegada de uma equipe internacional de cinema. Uma equipe com tipos bem diferenciados. Há o galã envelhecido, com problemas de alcoolismo, que parece estar sempre ressentido com o sucesso alheio. Há a bela estrela internacional, que parece ter uma personalidade infantil e boboca. E há também os paparazzis que ficam ao redor em busca de uma foto escandalosa para vender aos jornais sensacionalistas. Como se trata da Itália, há também espaço para a religiosidade verdadeira ou fajuta. Crianças dizem que estão vendo a virgem Maria. Logo, é montado um verdadeiro circo em torno disso tudo. Sendo que a própria igreja não leva muita fé. 

Por fim, Fellini também aproveita para criticar a elite romana. Um grupo de pessoas com muito dinheiro e pouca profundidade intelectual na cabeça. Pessoas completamente vazias e fúteis, que passam suas noites em festas sem sentido, que no fundo são bem tediosas. Um aspecto que me chamou atenção nesse filme é que Fellini parece louvar a beleza. Não apenas a beleza das atrizes, pois todas são belas, mas também para a beleza de outras coisas da vida, como por exemplo, carros bonitos e a própria Roma. No fundo, acredito que Fellini era um grande esteta. E isso parece estar provado em cada cena desse seu famoso filme.

A Doce Vida (La dolce vita, Itália, 1960) Direção: Federico Fellini / Roteiro: Federico Fellini / Elenco: Marcello Mastroianni, Anita Ekberg, Anouk Aimée / Sinopse: O filme conta a vida quotidiana de um jornalista italiano trabalhando em Roma. Ao longo de uma semana, ele vai cobrindo diversos aspectos da vida do povo italiano. Desde sua religiosidade, o mundo das celebridades, passando pela futilidade das classes altas.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de dezembro de 2022

Wandinha

Mais uma adaptação da interminável série de adaptações da família Adams. Agora, os produtores resolveram fazer uma minissérie pincelando apenas uma das personagens principais. De certo modo, sempre foi uma das mais populares. Estou me referindo a Wandinha, imortalizada no cinema pela atriz Christina Ricci. Ela ganha sua própria série de TV na Netflix. E sabe de uma coisa? Ficou muito bom! Não ficou excessiva, não ficou boboca, ficou na medida certa. E eu penso que esse humor negro da família Adams é a prova de falhas no final das contas. Deu certo no mundo dos quadrinhos, deu certo nas adaptações cinematográficas e segue dando certo em em desenhos animados e até mesmo nesta nova série. Já é uma das mais assistidas do catálogo da Netflix, mostrando que veio para ficar. Mais um acerto da plataforma que, a despeito de certas notícias que estaria em crise, sobrevive pela diversidade e também pela criatividade. 

No primeiro episódio, a Wandinha vai parar em uma escola de internato. Ela andou aprontando muito na escola onde estudava. Para se ter uma ideia, jogou um saco de Piranhas na piscina dos atletas boçais, que estavam treinando para mais um jogo de polo aquático. Por terem mexido com seu irmão. Ela então agiu com seu típico modus operandi. Jenna Ortega que interpreta Wandinha, está excelente. E o elenco de apoio também se destacou com nomes relevantes. Mantenha a devida atenção para a participação da atriz Catherine Zeta-Jones como Morticia Addams. Fazia tempo que havia visto ela ultimamente, continua uma mulher belíssima! Até mesmo a Christina Ricci faz parte do elenco. Então tudo está nos seus devidos lugares, irei acompanhar a série com certeza.

Wandinha (Wednesday, Estados Unidos, 2022) Direção: Tim Burton / Roteiro: Alfred Gough / Elenco: Jenna Ortega, Catherine Zeta-Jones, Christina Ricci / Sinopse: Aluna problemática, Wandinha, é  enviada para um internato onde toca o terror entre os alunos e os professores de sua nova escola.

Pablo Aluísio.


Episódios Comentados - Wandinha:

Wandinha 1.02 - Woe Is the Loneliest Number
Segundo episódio da série. Tudo muito divertido. Wandinha tenta descobrir o mistério da morte daquele rapaz no bosque, ao mesmo tempo em que participa de uma competição esportiva entre grupos de alunos da escola. Eles precisam atravessar um pequeno lago e ir até um lugar para pegar uma bandeira e trazer de volta. Só que nessa travessia vale tudo, inclusive trapaças. Ela quer de todo jeito vencer a prova, porque ela detesta uma aluna que a está marcando. Esse é um episódio cheio de fantasia e coisas divertidas. Com direito até mesmo a uma sereia, sabotando barcos. E também descobrimos que a diretora da escola na verdade é um estranho ser que muda de forma. Enfim, a imaginação voa, resultando em uma série de muito sucesso. Os faz não vão ter definitivamente do que reclamar. / Wandinha 1.02 - Woe Is the Loneliest Number (Estados Unidos, 2022) Direção: Tim Burton / Elenco: Jenna Ortega, Gwendoline Christie, Riki Lindhome.

Wandinha 1.03 - Friend or Woe
Wandinha vai participar de uma espécie de festival que vai acontecer na cidade vizinha à escola onde ela estuda. A caipirada vai inaugurar uma estátua do fundador da cidade. Na realidade, ele foi um pioneiro cruel que caçou mulheres acusando elas de bruxaria. Chegou a queimar muitas mulheres inocentes em um passado distante. E Wandinha tem visões desse passado tenebroso. É claro que ela não vai deixar passar barato, ela vai fazer alguma coisa para colocar essa estátua no chão. E também vai seguir com suas investigações sobre o ataque do monstro no bosque. Ela descobre coisas preciosas nesse episódio, como por exemplo, a localização exata da antiga igreja onde as bruxas foram queimadas vivas. Há uma clara ligação entre esse local e o monstro que apareceu nas sombras da noite. / Wandinha 1.03 - Friend or Woe (Estados Unidos, 2022) Direção: Tim Burton.

Wandinha 1.07 - If You Don't Woe Me by Now
Wandinha descobre os planos e os envolvidos no ataque daquele monstro no bosque, inclusive descobre que o tal monstro é o mesmo que foi usado no famoso romance "O Médico e o Monstro". E para sua decepção ela também descobre que o carinha pelo qual estava se apaixonando era o próprio monstro, sim, aquele jovem que trabalha na lanchonete da cidade. Episódio muito bom de uma série que é realmente acima da média. Fruto do ótimo trabalho de Tim Burton. / Wandinha 1.07 - If You Don't Woe Me by Now (Estados Unidos, 2023) Direção: James Marshall / Roteiro: Alfred Gough, Miles Millar / Elenco: Jenna Ortega, Gwendoline Christie, Riki Lindhome.

Wandinha - Episódios Finais
Finalmente terminei de assistir os episódios dessa série que fez muito sucesso na Netflix. É a  tal coisa, nunca subestime Tim Burton. Você pode até não gostar do estilo dele na direção, mas não há como negar que o cineasta tem muito talento. Sua filmografia no cinema está aí para provar isso. Agora no mercado de streaming, ele provou mais uma vez que consegue excelentes resultados, mesmo que o material original seja limitado. Até porque pense bem. Estamos falando de uma personagem secundária da família Addams. Achar que uma série sobre a Wednesday (seu nome original em inglês) iria render tanto sucesso é realmente de surpreender. 

E a atriz Jenna Ortega que faz a protagonista parece ter o mesmo estilo da personagem que interpreta. Ela obviamente virou ídolo teen e se saiu bem nessa estampa de rebelde dark. Andou falando mal dos roteiristas da série, puxou briga com a turma antitabagismo e se meteu em polêmicas de todo tipo. E claro, se tornou alvo preferido dos paparazzis. Uma garota explosiva! De minha parte gostei do final da série. Veja que é um produto juvenil, então aquela coisa toda de escola, um monstro andando pelos bosques e o segredo sobre sua verdadeira identidade fez com que os adolescentes ficassem ainda mais vidrados nos episódios. Tiro certo no alvo...

Pablo Aluísio.

Hotel Transilvânia

O Conde Drácula resolve criar um hotel. Um lugar para que os monstros possam descansar e relaxar em paz durante os feriados. E que se encontra bem escondido em uma floresta sombria, distante dos seres humanos. Aliás, a principal regra do estabelecimento é que nenhum ser humano deve ser aceito por lá. E assim o vampiro vai vivendo sua vida numa boa ao lado de sua filha adolescente. Tudo muda quando um jovem sem noção chega no local. Ele consegue encontrar o hotel e transforma tudo o que ocorre ali dentro. E pior do que isso. Ele acaba se apaixonando pela filha do Conde Drácula. Imagine a quantidade de problemas que uma situação como essa vai trazer! Só que, claro, tudo levado numa boa. Um roteiro que valoriza o bom humor e a diversão. 

Essa animação fez muito sucesso. Deu origem a três continuações e a uma divertida série animada nos canais a cabo. Chegou a faturar mais de 450 milhões de dólares nos cinemas, um feito incrível para o mundo da animação. Seu sucesso não é uma surpresa, uma vez que foi dirigido por Genndy Tartakovsky, um verdadeiro craque do mundo dos desenhos animados. Entre outras coisas que ele criou, estão desenhos animados de muito sucesso, como "O Laboratório de Dexter" e "Johnny Bravo". O projeto também contou com a preciosa ajuda do ator Adam Sandler. Muito popular nos Estados Unidos, ele ajudou a transformar essa animação em grande sucesso de bilheteria.

Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania, Estados Unidos, 2012) Direção: Genndy Tartakovsky / Roteiro: Peter Baynham, Robert Smigel / Elenco: Adam Sandler, Kevin James, Andy Samberg / Sinopse: Essa animação conta a história de um divertido hotel mantido e gerenciado por ninguém menos que o famoso vampiro da literatura, o Conde Drácula.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de dezembro de 2022

Um Dia de Louco

Título no Brasil: Um Dia de Louco
Título Original: Mixed Nuts
Ano de Lançamento: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Nora Ephron
Roteiro: Nora Ephron
Elenco: Steve Martin, Madeline Kahn, Robert Klein, Anthony LaPaglia, Rob Reiner, Adam Sandler

Sinopse:
As coisas mais loucas e insanas podem acontecer no Natal. E realmente acontece com um grupo de jovens e velhos moradores de uma grande cidade. Uma metrópole dos Estados Unidos. Quem chegar ao final do Natal vai ser o grande vencedor.

Comentários:
Não me entenda mal, eu gosto muito do Steve Martin como ator e principalmente como comediante. Entretanto, tudo parece ter seu tempo certo de acontecer. O melhor dele, de sua carreira, aconteceu nos anos 80. Nessa década, ele lançou seus melhores filmes e fez seus melhores trabalhos para o cinema. Com a virada para os anos 90, a carreira dele começou a declinar. Tirando um ou outro filme, ele realmente fez algumas Produções que deixaram muito a desejar. Esse filme aqui é inofensivo, e banal. Algo que não cairia muito bem no Steve Martin dos anos 80. Nada de muito especial, apenas um filme meio bobo de Natal. Eu realmente gostaria de ter gostado, mas não deu. Na época que assisti, ainda nos anos 90, dei apenas 2 estrelas de avaliação. Ou seja, um filme apenas regular. Nada mais do que isso, além de ser bem esquecível, para dizer a verdade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Réplicas

Título no Brasil: Réplicas
Título Original: Replicas
Ano de Lançamento: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Jeffrey Nachmanoff
Roteiro: Chad St. John, Stephen Hamel
Elenco: Keanu Reeves, Alice Eve, Thomas Middleditch, John Ortiz, Emjay Anthony, Emily Alyn Lind

Sinopse:
O ator Keanu Reeves interpreta um cientista que concebe um meio de transferir a mente ou a consciência de uma pessoa para uma entidade robótica. O experimento não dá tão certo, mas abre portas. E quando sua família morre em um terrível acidente de carro, ele pensa em uma forma de preservar suas consciências para transferir para uma nova entidade, só que desta vez de natureza biológica.

Comentários:
Filme também conhecido como "Cópias: De Volta à Vida". Esse filme promete muito mais do que entrega ao espectador. A premissa é excelente e ao mesmo tempo antiga. Não há novidade nenhuma, como se pode pensar inicialmente. Essa situação de transferência de mentes e consciências de um corpo para outro, seja ele físico ou biológico, é uma coisa antiga, inclusive no mundo da literatura. Então não temos assim uma grande novidade sobre a mesa. De qualquer forma, com as discussões éticas envolvidas nos dias de hoje, o roteiro poderia ir muito além. Só que ao invés disso, se torna totalmente previsível. Tudo passa a se resumir numa caça à família do cientista. O executivo da empresa quer matar aquelas pessoas. E se pensarmos bem, isso não faz o menor sentido. Por que aquela empresa iria querer matar os familiares do cientista? Eles são a prova de que a ciência encontrou um meio de driblar a morte. E nada seria mais lucrativo do que isso no mercado científico. Mas coerência é deixado de lado para soluções fáceis. Com isso, o filme se torna banal e se perde completamente.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Natal Sangrento

Título no Brasil: Natal Sangrento
Título Original: Black Christmas
Ano de Lançamento: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Sophia Takal
Roteiro: Sophia Takal
Elenco: Imogen Poots, Aleyse Shannon, Lily Donoghue, 
Brittany O'Grady. Caleb Eberhardt, Cary Elwes

Sinopse:
Alunas progressistas de uma universidade americana passam a ser ameaçadas por um grupo de alunos riquinhos com péssima índole de uma fraternidade exclusivamente masculina. Eles querem uma volta ao passado com valores machistas, racistas, reacionários e retrógrados. E para isso apelam até mesmo para rituais sobrenaturais. 

Comentários:
Muita gente boa se confundiu pensando que esse seria o remake do filme "Natal Sangrento" de 1984. Aquele que trazia um Papai Noel com um machado pingando sangue humano. Realmente marcou muito para os fãs de terror dos anos 80. Sim, esse filme é um remake, mas de outra produção. Na realidade, se trata do remake do filme "Noite do terror" de 1974. Para adaptar a história aos nossos dias, a roteirista acrescentou um claro viés de progressismo na história. As garotas feministas sendo assediadas por caras machistas e malvados. Tudo bem. Só achei muito estranho mesmo a questão sobrenatural desse roteiro. Colocar o busto do fundador da universidade como se ele irradiasse forças sobrenaturais foi algo bem sem noção. Uma gosma preta que possui os estudantes? Bem idiota! De uma forma ou outra, esse filme dá para assistir numa boa. Esse universo de fraternidades das universidades americanas são sempre legais de se acompanhar. Mesmo quando os personagens são bem chatinhos. Só senti falta mesmo do Papai Noel com o machado ensanguentado para matar jovens sem perspectivas, mas aí é uma outra história, afinal, estamos falando de outro filme. 

Pablo Aluísio.

Ritual Macabro

Título no Brasil: Ritual Macabro
Título Original: Ritual
Ano de Lançamento: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: After Dark Films
Direção: Mickey Keating
Roteiro: Mickey Keating
Elenco: Lisa Marie Summerscales, Dean Cates, Derek Phillips, Larry Fessenden, Mickey Keating, Brian Lally

Sinopse:
Depois de receber um telefonema angustiado, um homem chega a um motel decadente na estrada para descobrir que sua ex-esposa matou um estranho que está conectado a um culto perigoso. E agora eles precisam achar uma solução para a aflitiva situação.

Comentários:
Esperava mais desse filme. Ele foi até bem elogiado ali dentro do círculo mais restrito de fãs de filmes de terror e suspense. E realmente tem uma boa premissa ao mostrar essa situação limite. Um homem, sua ex esposa e um sujeito morto a facadas, caído no chão de um quarto de motel de beira de estrada, nos Estados Unidos. Para piorar, o sujeito tinha ligações com uma seita satânica e seus membros, obviamente, não iriam deixar aquele assassinato ocorrer de forma gratuita. O ódio corre nas veias desse tipo de gente e eles vão correr atrás de vingança. Só que esse filme, apesar dessa premissa supostamente violenta, não é tão violento assim. Até mesmo questões de excesso de sangue e tripas são amenizados. Para falar a verdade, esse filme poderia ter sido realizado até mesmo em épocas passadas, como os anos 60. Eu estava esperando algo mais gore. De uma forma ou outra, é de se elogiar a tentativa do roteiro de explorar essa situação de forma inteligente. Algo que se perde quanto os próprios satanistas surgem no filme. Eles parecem um bando de idiotas com essas máscaras em forma de caveira. De qualquer forma, até eles surgirem, o filme se sustenta bem. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 1

A imagem de um jovem Elvis Presley vestido com roupa de prisioneiro, dançando e cantando dentro de uma cadeia, foi considerada pelos conservadores americanos, na década de 1950, como uma das coisas mais ultrajantes que a cultura pop poderia produzir. Pastores evangélicos disseram em cultos que Elvis iria levar toda a juventude para a perdição eterna. Alguns foram ainda mais longe, afirmando que Elvis era um enviado de Satã para corroer os valores mais tradicionais da sociedade. Foi mesmo algo chocante para os padrões da época. Afinal, o que ele queria passar com aquilo tudo? Que se tornar um marginal, um preso, era algo positivo para as jovens que o seguiam?

Tudo bobagem. "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o título de "O Prisioneiro do Rock", nada mais era do que mais um musical da Metro, o estúdio de Hollywood que mais produziu filmes musicais clássicos na história do cinema americano. Com tanto Know-how de seus técnicos e membros na equipe de filmagem não é de se admirar que esse tenha sido mesmo um dos melhores filmes da carreira de Elvis Presley. Uma simbiose perfeita entre a velha Hollywood, dos tempos de Fred Astaire, com essa nova geração de jovens roqueiros que surgia. Se o Rock era a nova moda entre a juventude, então a Metro iria se adaptar para essa nova realidade.

Para Elvis o filme surgia como uma chance dele realizar seu grande sonho, que era se tornar um ator ao estilo de James Dean e Marlon Brando, seus grandes ídolos no cinema. Só que Elvis era ainda muito jovem e inexperiente para atuar nesse sentido. A Metro também não queria produzir um drama, mas sim um musical mesmo, com boas cenas de coreografia, com muita dança, ritmo e música. Embora o filme anterior de Elvis, "Loving You", tivesse sido filmado em cores, a Metro decidiu que esse novo musical seria todo realizado em fotografia preto e branco. E para realçar ainda mais isso mandou que Elvis pintasse seu cabelo na cor mais escura que pudesse encontrar. O preto forte iria agradar tanto Elvis a partir daí que ele decidiu adotar essa cor do cabelo para sempre.

Um dos pontos altos do filme surgiu exatamente na cena em que ele dançava com os demais prisioneiros. Para muitos essa sequencia acabou se tornando o primeiro clip da história da música, uma vez que a cena funcionava perfeitamente bem fora do contexto do filme. Claro, na época, a cena se tornou antológica, caindo no gosto dos jovens de uma maneira que ninguém poderia esperar. Fruto de muito empenho, ensaio e trabalho da equipe de coreografia do estúdio. Não é de se admirar que esse momento acabou se tornando um dos mais lembrados da carreira de Elvis no cinema, a tal ponto que entrou para sempre na história da cultura pop.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Please Please Me - Parte 4

Por muitos anos, por ser uma baladinha, "Ask Me Why" foi considerada uma filha de Paul. Afinal ele sempre foi o grande compositor de músicas românticas dos Beatles. Anos depois porém o mistério foi decifrado pois ao que tudo indica a canção foi escrita quase que noventa por cento por John Lennon. Paul apenas deu retoques finais em sua melodia.

Uma surpresa encontrar uma música tão terna provindo do áspero John Lennon. Por ter uma boa sonoridade e vocação para as paradas o produtor George Martin a colocou como lado B do single "Please, Please Me". Uma decisão acertada já que a outra canção que os Beatles queriam colocar no segundo lado do compacto era muito fraca mesmo. Essa música chamada "Tip of My Tongue" foi assim deixada de lado pelo grupo.

Eu particularmente aprecio "Baby It's You". Esse é um cover dos Beatles para um sucesso do The Shirelles, um grupo vocal negro formado por maravilhosas cantoras que conseguiram se tornar o primeiro grupo feminino afro-americano a atingir o topo de sucessos da Billboard Hot 100, um feito incrível para os anos 1960, principalmente em uma sociedade com tantos problemas raciais como a norte-americana na época. A versão dos ingleses cabeludos segue praticamente passo a passo a gravação das garotas do Shirelles. Não há grandes diferenças entre as duas versões. Foi colocada no álbum por sugestão de John Lennon que estava muito interessado no som de grupos negros, principalmente os que faziam parte do elenco de artistas da gravadora Decca.

"A Taste of Honey" tem uma sonoridade peculiar. Talvez seja a pior faixa do álbum, com um arranjo vocal muito pretensioso que hoje em dia soa desconfortável aos ouvidos. Seu exótico ritmo talvez se explique pelo fato da mesma ter sido composta baseando-se em uma peça teatral de sucesso na época. Daí vem sua dramaticidade. A versão dos Beatles é apenas ok. Provavelmente foi colocada no disco para preencher mais espaço e tempo, afinal o álbum foi planejado para ser lançado com quatorze músicas, o que era acima da média na indústria fonográfica daqueles tempos. O mais comum eram discos com dez ou no máximo doze faixas. Muito provavelmente George Martin tenha lotado o disco de canções como forma de convencer o consumidor a comprar o LP de estréia daqueles jovens novatos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Matar ou Cair

Esse foi um dos últimos filmes do ator Audie Murphy. Ele morreu relativamente jovem, em um acidente de avião. Depois desse filme aqui, ele só iria atuar em mais duas produções, também de faroeste. Nessa película dos anos 60, ele interpreta um xerife de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Tempos do velho Oeste. A região onde está situada a cidade está sendo assolada por uma quadrilha de bandidos e criminosos, liderados por um sujeito chamado Drago Leon. Ele literalmente aterroriza as populações locais. Rouba trens, faz assaltos violentos a bancos, sequestra pessoas e pede resgate, enfim pratica todos os tipos de crimes imagináveis. O xerife Chad Lucas (Audie Murphy) então decide formar um grupo para ir atrás desse bandido. E eles vão parar em um deserto dos mais inóspitos, nas cercanias da região. O criminoso parece se esconder em uma colina íngreme. Onde é bem difícil chegar com cavalos. Pior do que isso, o xerife descobre que uma antiga paixão de seu passado está envolvida nos problemas. O irmão dela faz parte do bando de Drago. 

Um bom filme, relativamente bastante curto, da última fase da carreira do ator Audie Murphy. É o que eu diria ser um Bang Bang ao velho estilo, um filme mais convencional. E isso soa interessante, pois o filme foi lançado em 1966, quando a onda da contracultura já chegava com força nos Estados Unidos. A música, os costumes e o próprio cinema estavam mudando definitivamente. Só que ainda havia espaço para os filmes de western, como esse, de Audie Murphy. É um filme tradicional, diria até mesmo conservador para os padrões de Hollywood já naquela época. Um velho sopro que ainda ecoava do passado de glórias do cinema americano. 

Matar ou Cair (Gunpoint, Estados Unidos, 1966) Direção: Earl Bellamy / Roteiro: Mary Willingham, Willard W. Willingham / Elenco: Audie Murphy, Joan Staley, Warren Stevens / Sinopse: Um xerife de uma pequena cidade do interior do velho Oeste decide ir atrás de um criminoso, um bandoleiro perigoso, que está tocando o terror em toda a região. Só que não vai ser nada fácil colocar aquele bandido atrás das grades.

Pablo Aluísio.