domingo, 23 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Nebraska

Esse é o disco mais sombrio, soturno e melancólico da carreira do Bruce Springsteen. Todas as vezes que ouvi esse álbum eu tive que entrar em um certo clima de introspecção, porque a sonoridade é para poucos. E qual seria a razão de tanta tristeza e solidão? A grande maioria das cações foram compostas em cima de crimes bárbaros que aconteceram nos Estados Unidos na década de 1950. Um casal de serial killers formado por Charles Starkweather (O James Dean assassino) e sua namorada de 14 anos de idade, a psicopata Caril Ann Fugate deixaram um rastro de morte por onde passaram...

Esse casal de jovens pegou um carro e saiu matando em série nos recantos mais pacatos da América. Essa história bateu fundo na alma do Bruce Springsteen e assim ele resolveu gravar o disco. O que predomina nas faixas é o folk e o blues, em harmonias que são pura reflexão, pura solidão, pura tristeza. "Nebraska" não é um disco para todo mundo. Até mesmo em relação ao seleto grupo de fãs do cantor, tem que haver uma certa triagem. É um trabalho musical que não vai deixar você indiferente. Ou vai amar ou odiar o que vai ouvir. E isso é a maior prova que se trata de uma obra-prima da discografia do artista.

Bruce Springsteen - Nebraska (1982)
Nebraska
Atlantic City
Mansion on the Hill
Johnny 99
Highway Patrolman
State Trooper
Used Cars
Open All Night
My Father's House
Reason to Believe

Pablo Aluísio.

Bruce Springsteen - Born in the U.S.A.

Um ótimo trabalho de Bruce Springsteen que foi alvo de dois pontos de vista igualmente equivocados. O primeiro deles de fundo ideológico e o segundo artístico. Não é segredo para ninguém que durante muitos anos o álbum "Born in the U.S.A." foi taxado de ser uma absurda patriotada, de ser uma mera propaganda do Tio Sam, dos ideais americanos. De fato quando o disco foi lançado os Estados Unidos viviam sob a era Reagan e esse tipo de pensamento acabou encontrando terreno fértil entre os especialistas em música. O republicano Reagan era tão reacionário que esse disco o retratava com perfeição. A questão é que não se trata disso. Bruce Springsteen está apenas louvando em sua música o estilo de vida do americano comum, do trabalhador médio de seu país, do operário da construção civil, que apenas deseja trabalhar de forma honesta o dia inteiro para depois do expediente tomar algumas cervejas no bar local para retornar aos braços da patroa no fim do dia. Sonhos comuns e cotidianos ordinários do americano de subúrbio. O segundo equívoco do ponto de vista sobre o disco é a de que ele seria na realidade a obra prima do artista. Também não é bem assim.

É um bom álbum, feito para tocar nas rádios, mas longe de ser o seu melhor momento. Bruce Springsteen tem uma carreira muito mais rica artisticamente do que supõe essa vã opinião. De qualquer maneira se você gosta de rock tenha certeza que é um item que não pode faltar em sua discografia.  O álbum se tornou um grande sucesso, inclusive no Brasil. As rádios não cansavam de tocar a música título e Bruce Springsteen ampliou sua popularidade para além das fronteiras do Tio Sam. Não é equivocado dizer que o disco foi seu passaporte para vir ao Brasil pela primeira vez durante o primeiro Rock In Rio, realizado em 1985. Bruce também começou a ficar conhecido por seus longos concertos, alguns chegando ao ponto de durar mais de três horas! Nesse aspecto ele tem muito em comum com outro dinossauro do Rock, Paul McCartney. Ambos são workaholics conhecidos, artistas que não conseguem parar em momento algum, sempre lançando novos discos, encarando longas turnês em apresentações sem fim. A questão pode ser entendida ao ler uma recente entrevista do Ex-Beatle, onde ele explicou que não vê sua carreira como um "trabalho", mas como pura diversão, algo que faz por amar e não por necessidade (até porque eles estão ricos e não precisariam desse tipo de agenda para sobreviver).

Bruce Springsteen - Born in the U.S.A. (1984)
Born in the U.S.A
Cover Me
Darlington County
Working on the Highway
Downbound Train
I'm on Fire
No Surrender
Bobby Jean
I'm Goin' Down
Glory Days
Dancing in the Dark
My Hometown.

Pablo Aluísio.

Raul Seixas - A Panela do Diabo

Esse foi o último disco do Raul Seixas, aqui em parceria com o roqueiro Marcelo Nova pelo selo WEA. As pessoas gostam de falar mal do Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) em relação a esse álbum e aos shows que fez ao lado de Raul Seixas, mas eu pessoalmente acho isso uma grande injustiça. Quando ele resgatou Raul Seixas do ostracismo, acabou também dando um novo sopro de vida na carreira do Maluco Beleza, que queiram ou não, estava mesmo abandonado, tanto pelas gravadoras, como pela mídia em geral.

E juntos fizeram um belo disco em minha opinião. Há músicas muito boas para se ouvir nesse álbum. Dentre elas, entre os destaques, eu citaria "Carpinteiro do Universo", com seu ritmo mais cadenciado, lembrando velhos momentos de Raul nos anos 70 e "Pastor João e a Igreja Invisível", uma paulada nesses pastores picaretas que infestam a vida religiosa no Brasil. Enfim, é um disco de despedida dos mais dignos. Raul Seixas iria morrer poucos meses depois do lançamento desse trabalho. Penso que ele morreu feliz, pois estava tocando e trabalhando, mesmo com todas as adversidades de saúde. Foi uma boa despedido de um dos grandes nomes da música brasileira.

Raul Seixas - A Panela do Diabo (1989)
Be-Bop-A-Lula
Rock 'n' Roll
Carpinteiro do Universo
Quando Eu Morri
Banquete de Lixo
Pastor João e a Igreja Invisível
Século XXI
Nuit
Best Seller
Você Roubou Meu Videocassete
Cãibra no Pé

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Ring-a-Ding-Ding!

Primeiro disco de Frank Sinatra no novo selo Reprise Records. É curioso saber que em determinado momento da carreira Sinatra tenha simplesmente se cansado das grandes gravadoras formando seu próprio selo, onde teria completa liberdade de gravar o que bem entendesse, da forma que achasse melhor. Durante muitos anos a imprensa pegou no pé de Sinatra por causa dessa sua decisão o acusando de ser arrogante, insuportável e outros adjetivos menos educados. Bobagem, Sinatra sabia muito bem o que era melhor para ele e sua carreira. Se tinha o talento, a voz, e os meios porque então iria ficar enriquecendo executivos que nada faziam por ele? Além disso Sinatra tinha amigos no meio artístico suficientes para formar seu próprio quadro de grandes astros na Reprise – e assim o fez levando imediatamente para o novo selo seus amigos e “comparsas” Dean Martin e Sammy Davis Jr. Seguindo a própria filosofia de sua nova empresa deu total liberdade a eles para gravarem seus discos sem pressão ou interferências. Foi ou não um ato genial de Sinatra? Claro que sim! Mas não parou por aí, Sinatra trouxe ainda para a Reprise os astros Bing Crosby, Jo Stafford, Rosemary Clooney, Esquivel e até o comediante Redd Foxx que gravou um LP de piadas (algo considerado novo e revolucionário na época).

Sinatra gostava de brincar dizendo que na Reprise ele era o dono, o conselho de administração e fiscal e o produtor, tudo ao mesmo tempo! Bom, pelo resultado desse ótimo “Ring-a-Ding-Ding!” só podemos concordar com tudo o que ele fez pois o álbum é excelente, mesclando ótimos momentos de uma fase particularmente inspirada do cantor – afinal ele estava em última análise trabalhando para si mesmo, o que tornava o ato de gravar suas faixas um prazer extra. Na seleção musical ele cercou-se apenas do melhor, trazendo canções compostas por verdadeiros gênios da música americana e européia como George e Ira Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin. Só a nata da nata, o mais fino e elegante que existia no mercado em termos musicais. Desnecessário dizer que o resultado final é de uma sutileza e elegância a toda prova. Pontuando tudo os ótimos arranjos assinados por Johnny Mandel e sua orquestra. Maravilhoso! Para os brasileiros uma curiosidade extra na faixa “The Coffee Song” onde Sinatra cantando sobre o café cita nosso país de forma bastante simpática! Em 2011 a Capitol relançou o álbum numa edição caprichada, com 5 faixas bônus engrandecendo ainda mais o título. Ouça e entenda porque Sinatra sempre foi considerado ao lado de Elvis Presley e Bing Crosby um dos maiores cantores da música americana de todos os tempos.

Frank Sinatra - Ring-a-Ding-Ding! (1961)
Ring-a-Ding Ding!
Let's Fall in Love
Be Careful, It's My Heart
A Foggy Day
A Fine Romance
In the Still of the Night
The Coffee Song
When I Take My Sugar to Tea
Let's Face the Music and Dance
You'd Be So Easy to Love
You and the Night and the Music
I've Got My Love to Keep Me Warm
Zing! Went the Strings of My Heart **
The Last Dance **
The Second Time Around **
Zing! Went the Strings of My Heart **
Have You Met Miss Jones? **

** Faixas Bônus do relançamento em CD.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis

Raulzito bebeu muito durante sua vida. Muitas pessoas citam drogas como seu maior problema, mas essa é uma visão equivocada. O verdadeiro problema de Raul Seixas era o abuso de bebidas mesmo, seu drama era o álcool. Assim quando ele entrou no estúdio para gravar esse seu último disco solo (o penúltimo de sua vida) ele já estava muito debilitado. O disco foi lançado pelo selo Copacabana e foi o último do artista nessa modesta gravadora do Rio de Janeiro. Com isso sua carreira entrou em um hiato, pela fraca vendagem.

Eu considero esse "A Pedra do Gênesis" um dos discos mais fracos da carreira de Raul Seixas. Não há nenhum grande sucesso entre suas faixas. De destaque mesmo eu poderia citar apenas algumas poucas canções. A faixa título do disco até que é boa, mas se torna enjoativa depois de um tempo. "Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)" é um desabafo de um homem que tendo abusado tanto, por tanto tempo, pede uma trégua, dizendo que vai finalmente se endireitar. "I Don't Really Need You Anymore" tem uma bela melodia, mostrando que Raul ainda conseguia compor belas músicas, mesmo com todas as adversidades. E a lista das boas faixas se encerra com "Fazendo o Que o Diabo Gosta". Todo o resto não está à altura da genialidade do Maluco Beleza.

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis (1988)
A Pedra do Gênesis
A Lei
Check-up
Fazendo o Que o Diabo Gosta
Cavalos Calados
Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)
I Don't Really Need You Anymore
Lua Bonita
Senhora Dona Persona (Pesadelo Mitológico nº 3)
Areia da Ampulheta

Pablo Aluísio.

Backbeat

Trilha sonora do filme "Os Cinco Rapazes de Liverpool" (Backbeat, no original). Na Inglaterra foram lançados duas versões do disco. A primeira, para venda comum em lojas, na versão compact disc (CD). A segunda, item para colecionador em tiragem limitada, foi lançada no formato vinil. Essa prensagem era obviamente um produto visando um público bem específico - a dos saudosistas do velho e bom bolachão, do vinil. O som é dos melhores. O ex-beatle Ringo Starr colaborou indiretamente na produção desse disco. Quando as primeiras versões lhe foram apresentadas ele convenceu os produtores de que o som não estava pesado o suficiente. Ringo disse: "Os Beatles nessa época de Hamburgo (onde a história do filme se passa) mais parecia uma banda punk do que aquilo que ouvimos em seus primeiros discos".

Assim, seguindo os conselhos do veterano baterista, o grupo voltou ao estúdio para acelerar o tempo das canções, além de acrescentar uma certa "sujeira" na sonoridade. O resultado é ótimo. Os Beatles, em seus primórdios, nunca soaram tão bem e pulsantes. Não podemos esquecer que os Beatles naqueles tempos tocavam em Hamburgo, em night clubs obscuros e até mesmo em locais onde havia striptease. Eles tinham que tocar para bêbados, prostitutas e valentões. Não era fácil ser artista naquele meio social. Enfim, uma ótima trilha sonora para um ótimo filme (o melhor já feito sobre o famoso quarteto de Liverpool).

Backbeat (Soundtrack album)
1. Money
2. Long Tall Sally
3. Bad Boy
4.Twist And Shout
5. Please Mr Postman
6. C'Mon Everybody
7. Rock 'N' Roll Music
8. Slow Down
9. Roadrunner
10. Carol
11. Good Golly Miss Molly
12. 20 Flight Rock

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!

Raul Seixas, veterano roqueiro que era, decidiu chamar esse seu disco com o grito de guerra de "Tutti Frutti" que havia sido imortalizada por Little Richard e Elvis Presley, seus ídolos desde os tempos da juventude. Se o espírito do rock estava bem vivo na mente de Raulzito, o mesmo não se podia dizer de sua saúde física. Ele vinha sofrendo há tempos de diversos problemas de saúde e isso o impedia de gravar mais, fazer shows e compor mais músicas. Entre uma internação e outra ele foi gravando esse LP no estúdio Copacabana, sua nova gravadora.

Eu evito de criticar um disco como esse porque Raul vinha passando por diversos problemas. Então seria simplesmente uma covardia dizer que o disco era fraco, sem boas músicas. Era o que ele podia fazer naquele momento crítico de sua vida. E nem penso que o disco seja realmente fraco como alguns críticos fizeram crer na época de seu lançamento. Há bons momentos aqui para se ouvir. Eu gosto de "Quando Acabar o Maluco Sou Eu". Boa faixa que abre o disco. E o que dizer do sucesso "Cowboy Fora da Lei"? É Raul Seixas em sua pura essência. Fez muito sucesso e revitalizou a música dele nas rádios. Então criticar Raul é fácil, complicado mesmo é fazer um disco como esse mesmo com toda as dificuldades que ele vinha passando em sua vida.

Raul Seixas - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987)
Quando Acabar o Maluco Sou Eu
Cowboy Fora da Lei
Paranóia II (Baby Baby Baby)
I Am (Gîtâ)
Cambalache
Loba
Canceriano sem Lar (Clínica Tobias Blues)
Gente
Cantar

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Há 10 Mil Anos Atrás

Raulzito pegou o título de uma música do Elvis Presley e compôs essa canção "Eu Nasci há 10 mil anos atrás". Acho acima de tudo divertida. E para completar o quadro de humor o próprio Raul Seixas aparecia na capa com uma longa barba branca, um cabelo de profeta, como se fosse um homem de realmente 10 mil anos de idade. Coisas de sua mente sempre atenta e criativa. Agora, apesar de ser um dos discos mais lembrados de sua discografia, a crítica especializada sempre torceu o nariz para esse álbum de Raul. Não raro ouvimos reclamações dessa gente que o disco seria fraco, nada memorável, uma bobagem.

Bom, bobagem eu digo de quem fala que esse disco do Raul Seixas é bobagem. Vamos dar a César o que e de César. Aqui está um dos momentos mais lembrados da carreira do cantor, o clássico absoluto "Eu Também Vou Reclamar", onde Raul aproveita para tirar sarro das músicas da MPB daquela época. O alvo era obviamente Caetano Veloso. Outra faixa muito subestimada, que considero uma das melhores dessa safra de Raul é a música "As Minas do Rei Salomão". E o que podemos dizer de "Meu Amigo Pedro"? Essa Raul compôs para seu irmão que vivia lhe criticando. Raul resume tudo ao dizer que eles vão para o mesmo lugar - provavelmente dizia que todos iriam morrer de todo jeito, iam para o mesmo túmulo, teriam o mesmo fim. Filosofia pura! Por fim, para provar que é um ótimo disco ainda há no repertório a bonita "Ave Maria da Rua", uma das preferidas de Paulo Coelho. Então, com tantas canções marcantes não há porque criticar tanto esse disco. E tenho dito.

Raul Seixas - Há 10 Mil Anos Atrás (1976)
Canto para minha Morte
Meu Amigo Pedro
Ave Maria da Rua
Quando Você Crescer
O Dia da Saudade
Eu Também Vou Reclamar
As Minas do Rei Salomão
O Homem
Os Números
Cantiga de Ninar
Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Rock in Rio - Nacional

Comprei esse vinil na época de lançamento original, em 1985. O primeiro Rock in Rio foi realmente algo fenomenal em termos de Brasil. Em um país onde poucas atrações internacionais vinham tocar, o Rock In Rio abriu todas as portas de nosso mercado para artistas internacionais. Dois discos foram lançados, um apenas como música internacional e outro com os artistas nacionais. Era prache da gravadora Som Livre e ao que parece aqui eles usaram a mesma fórmula que era usada nas trilhas sonoras das novelas.

Para quem é fã de qualquer um dos artistas que estão nessa coletânea devo dizer que o interesse será pouco. Todas as versões desse LP são as versões oficiais dos discos desses artistas. Tudo batido, nada de novo ou original. Se pelo menos as versões tivessem sido gravadas ao vivo, durante o festival, esse vinil teria muito mais valor, seria peça de colecionador. Porém não optaram por esse caminho. Ao invés disso o que temos são as mesmas versões de estúdio, sem nenhuma novidade. Assim não dá para ser feliz.

Rock in Rio - Nacional (1985)
Blitz
Lulu Santos
Barão Vermelho
Os Paralamas do Sucesso
Elba Ramalho
Gilberto Gil
Erasmos Carlos
Ney Matogrosso
Kid Abelha
Alceu Valença
Ivan Lins
Pepeu Gomes
Baby Consuelo
Moraes Moreira
Eduardo Dusek

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

The Kooks - Inside In, Inside Out

Entre a nova geração de bandas do Britpop o The Kooks tem se destacado. Com um som bem mais acústico do que qualquer outro grupo britânico, o grupo vem firmando sua própria identidade dentro do movimento criando um som interessante e bem produzido. Com apenas dois CDs já conseguiu chamar a atenção do público e critica no cenário da música dita alternativa européia. O grupo foi formado em Brighton e começou quase como uma brincadeira entre amigos da escola. Aos poucos a base da banda foi se formando nas diversas apresentações amadoras que o grupo foi realizando no circuito indie inglês. Da brincadeira nasceu um EP que virou sucesso entre a moçada mais alternativa o que acabou chamando atenção do poderoso selo Virgin. Com apenas dois trabalhos no mercado ainda é muito cedo para prever se o The Kooks vai efetivamente se firmar ou desaparecer como muitas bandas por aí. De qualquer forma é bom destacar o belo trabalho que desenvolveram nesse disco de estréia. Seu maior mérito foi justamente buscar uma sonoridade própria, sem cair nas armadilhas de tentar imitar a sonoridade de bandinhas do momento como o Arctic Monkeys (o grupo de fedelhos mais chato a surgir na história do Rock);

O CD tem duas faixas que valem a pena e estão acima da média. A primeira abre seu disco de estréia e se chama Seaside. Embora lembre um Keane com menos arranjo e pompa, a canção se destaca por ser singelamente produzida e mostrar que ainda há caminho para a beleza da ótima dobradinha voz / violão, algo que vem se perdendo completamente entre os novos grupos. Outra que se destaca é She Moves In Her Own Way. Esse tipo de levada, descompromissada e deliciosamente juvenil, vinha fazendo falta entre os roqueiros neófitos. Recentemente o The Kooks se apresentou no excelente programa Live From Abbey Road e demonstrou que já pode pertencer a um nicho onde apenas grandes bandas fincam seus pés. Tudo ainda é especulação sobre o futuro do The Kooks mas pelo menos esses garotos já provaram que podem voar mais longe, se vai valer a pena ou não apenas o tempo dirá.

The Kooks - Inside in, Inside Out - Seaside / See The World / Sofa Song / Eddie's Gun / Ooh La / You Don't Love Me / She Moves In Her Own Way / Matchbox / Naïve / I Want You / If Only / Jackie Big Tits / Time Awaits / Got No Love

Pablo Aluísio.