Maior Sex Symbol da história do cinema
Marilyn Monroe está no mesmo patamar que Elizabeth Taylor ou Elvis Presley, sendo qualquer apresentação desnecessária. Sua imagem é um ícone insuperável. Sua força ainda é sentida em todos os setores da cultura pop, seja em livros, filmes ou discos. Excelente comediante foi subestimada em sua época. O tempo porém lhe fez justiça. Hoje Marilyn é maior do que nunca e não mostra o menor sinal de esquecimento. Abaixo alguns filmes comentados da "Deusa".
Nunca Fui Santa
Revi esse filme ontem. Engraçado, Marilyn Monroe brigou com a Fox, brigou com os produtores, fundou sua própria produtora e disse para a imprensa que não mais faria personagens de loiras burras (as mesmas que a tinham consagrado). Depois disso foi para Nova Iorque e se matriculou no Actors Studio. Obviamente a Fox ficou em pânico com medo de perder sua estrela de maior bilheteria. Assim negociações foram feitas e Marilyn conseguiu maior controle de seus filmes. Disse para a imprensa que não faria mais comédias bobas. O hilário disso tudo é que depois de toda essa confusão Marilyn estrelou justamente esse "Nunca Fui Santa" onde ela interpreta numa comédia... mais uma loira burra! Tenho que dar o braço a torcer e dizer que apesar de "Nunca Fui Santa" ser uma comédia nessa pelo menos Marilyn se esforça muito para dar ao público uma interpretação melhor. Ela faz caras e bocas nas cenas mais "dramáticas". O problema é que seu estilo está em total descompasso com seu parceiro de cena, o ator Don Murray, que parece estar em um filme dos três patetas. Enquanto ele é totalmente caricatural, Marilyn parece estar em um dramalhão de Douglas Sirk. Desnecessário dizer que o resultado final fica mesmo confuso. Apesar disso gostei do filme, pois é o roteiro é bem feito e rápido (pouco mais de 90 minutos), com boas cenas externas e um ato final que lembra um pouco uma peça teatral (quando eles param na tal parada de ônibus que dá nome ao título original). Por fim uma curiosidade: Marilyn parece drogada em várias cenas - mas pelo menos nesse caso o roteiro serve de desculpa (já que ela estaria supostamente com sono por não dormir à noite).
Como Agarrar um Milionário
Curioso como o tempo muda os costumes (ou não). Essa comédia dos anos 50 traz três garotas bonitas que vão a Nova Iorque com o único objetivo de arranjar um marido rico para se casarem. Chegando lá elas alugam uma luxuosa cobertura (mesmo não tendo nenhum dinheiro) e para sobreviverem enquanto os tais maridos ricos não aparecem vão vendendo os móveis do local para comprar comida. O filme foi feito antes da revolução feminista e as garotas são desesperadas para arranjar logo um milionário. O mais curioso de tudo é que mesmo após a luta das feministas, muitas mulheres hoje em dia agem igualzinho às protagonistas desse filme que está prestes a completar 60 anos de seu lançamento. Parece que o mundo não mudou tanto assim depois de todo esse tempo! Tirando esse viés machista o roteiro escrito por Nunnally Johnson, um dos melhores roteiristas da história de Hollywood, tem um timing de bom humor muito afiado e divertido. Na moralista década de 50 nada poderia ser explicitamente mostrado então tudo era sutilmente sugerido. Até mesmo objetos de cena servem para materializar a ironia de certas situações. O texto é nitidamente uma comédia de costumes, pois ao mesmo tempo expõe e satiriza a condição das garotas no filme. Estrelado por três atrizes o filme hoje é mais procurado por causa da presença de Marilyn Monroe em cena. Sua personagem não é a principal (lugar que cabe à mulher de Humphrey Bogart, Lauren Bacall) mas ela claramente chama todas as atenções para si. Bastante jovem, Marilyn faz um tipo cômico, uma garota bonita que não consegue enxergar um palmo à frente do rosto. No livro "A Deusa" há uma hilária passagem em que Marilyn procura o diretor do filme, Jean Negulesco, para lhe fazer mil perguntas sobre sua personagem, quais seriam suas motivações, seu perfil psicológico, etc. Monroe estava cada vez mais interessada no método do Actors Studio e por isso procurava desenvolver bem seus papéis. Surpreso pelo verdadeiro "interrogatório" Negulesco interrompeu a conversa dizendo: "Querida essa é uma simples comédia apenas e tudo o que você precisa saber de seu personagem é que ela é loira, burra e cega como um morcego!". Monroe obviamente não gostou nada da resposta! Já Bacall faz a mais velha das três, uma desiludida divorciada que quer tirar o pé da lama arranjando logo um maridão rico para resolver seus problemas financeiros. Completa o trio a atriz Betty Gable. Com um penteado pra lá de esquisito em relação aos padrões atuais, ela não acrescenta muito em seu papel de dondoca. Não era uma atriz particularmente engraçada ou carismática. O filme como diversão é muito bom, embora bem menos ousado que muitos dos futuros filmes de Marilyn. Como ponto negativo não tem nenhum número musical com a atriz, embora a trilha sonora seja ótima.
O Príncipe Encantado
Nobre regente (Laurence Olivier) conhece jovem corista (Marilyn Monroe) em um show de variedades e a convida para jantar em sua residência oficial em Londres. O encontro acaba trazendo inúmeras consequências para ambos durante os dias seguintes. Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar esse ano:: "My Week With Marilyn". As histórias do set são saborosas mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso). No saldo final considerei sua atuação muito superior á de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Concordo plenamente. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!
Os Desajustados
Esse foi o último filme completo da Marilyn. Ela ainda chegou a iniciar as filmagens de "Something s Got To Give" ao lado de Dean Martin mas o filme não foi concluído. Seus atrasos, faltas e confusões no set fizeram com que a Fox a despedisse no meio da produção. Pouco tempo depois, pressionada, abandonada e depressiva veio a encontrar sua morte em um quarto solitário de sua casa. Assim Os Desajustados se tornou seu último momento no cinema. Eu acho um filme triste, melancólico e depressivo até. Afirmam algumas biografias da estrela que Arthur Miller escreveu o conto que deu origem ao filme inspirado justamente na sua vida com a Marilyn. Os excessos da vida da atriz aparecem na tela, apesar de Marilyn Monroe ainda aparecer linda nas cenas, ela está bem acima do peso e abatida. Muitas vezes a atriz surge em cena com o olhar perdido no horizonte, sem convicção. Fisicamente ela também mostra sinais de desgaste. Numa cena de praia, por exemplo, em que ela aparece de biquíni a atriz exibe uma barriguinha bem saliente. As brigas com o marido no set também foram constantes. Em certa ocasião deixou Arthur Miller abandonado no meio do deserto (onde o filme estava sendo filmado) se recusando a deixá-lo entrar em seu carro. O diretor John Huston teve então que voltar para ir pegá-lo, caso contrário morreria naquele lugar seco e inóspito. Marilyn também continuava com seu medo irracional dos sets de filmagens. Antes de entrar em cena ela ficava nervosa, em pânico. Errava muito suas falas e fazia o resto do elenco perder a paciência com suas atitudes. Seu medo de atuar nunca havia desaparecido mesmo após tantos anos de carreira. Interessante é que apesar de Marilyn não sair das revistas e jornais por causa dos acontecimentos ocorridos nas filmagens o filme não conseguiu fazer sucesso o que é uma surpresa e tanto pelo elenco estelar e pela publicidade extra que recebeu dos tablóides. Muitos atribuem o fracasso ao próprio texto de Arthur Miller que não tinha foco e nem uma boa dramaturgia. Aliás desde que se casou com Marilyn o autor parecia ter perdido o toque para bons textos. Tudo soava sem inspiração, sem talento. "Os Desajustados" também foi a última produção com o mito Clark Gable. Envelhecido e decadente sofreu bastante com os problemas do filme, o levando a um esgotamento físico e mental, vindo a falecer pouco depois. Acusada de ter contribuído para o colapso de Gable, Marilyn sentiu-se culpada e ganhou mais um motivo para sua depressão crônica. De qualquer forma só pelo fato de "Os Desajustados" ter sido o último filme de Monroe e Gable já vale sua existência. Não é tecnicamente um excelente filme mas está na história do cinema pelo que representou na vida de todos esses grandes mitos que fizeram parte de sua realização.
Os Homens Preferem as Loiras
Certa vez Billy Wilder disse que alguns filmes só dariam certos se Marilyn Monroe estivesse neles. Penso que é o caso de "Os Homens Preferem as Loiras", um excelente musical com ótima trilha sonora que diverte, encanta e emociona. Assistir Marilyn Monroe cantando tão bem sua mais famosa canção no cinema "Diamonds Are a Girl´s Best Friend" balança com qualquer cinéfilo que se preze. E como Marilyn estava linda no filme! Ela no auge da beleza e juventude esbanja sex appeal em todas as cenas, sem exceção. Seu jeito de falar sussurrando era extremamente sensual. Sua personagem, a corista e dançarina Lorelai Lee, se parece muito com a que interpretou em "Como Agarrar um Milionário" mas isso realmente não importa. O que fica mesmo é a ótima coreografia, figurinos e roteiro de uma produção que nasceu para ser leve e bem humorada. Outro dia mesmo reclamei da falta de canções de Marilyn em um outro filme. Pois bem, aqui em "Os Homens Preferem as Loiras" temos a oportunidade de assisti-la cantando quatro músicas, todas ótimas é bom dizer. Sempre achei Marilyn Monroe uma cantora subestimada. Eu pessoalmente acho seu timbre vocal lindo (além de ser excepcionalmente sensual). Não consigo entender também pessoas que a criticam afirmando que era apenas um mito sexual e não uma grande atriz! Bobagem, Marilyn Monroe tinha um talento nato para comédias e basta assistir filmes como esse para entender bem esse aspecto de sua carreira. Ela era divertida e não fazia esforço para parecer engraçada em cena (que em suma é o grande segredo dos grandes comediantes). Além disso sua voz sempre me soou relaxante e agradável. Tem que ser muito ranzinza para não gostar de musicais maravilhosos como esse. Mais um ponto positivo na grande carreira do diretor Howard Hawks que sempre foi um dos meus cineastas preferidos. Enfim, não precisa dizer mais nada. Quem ainda não assistiu e não consegue entender a longevidade do mito Marilyn Monroe não perca mais tempo. "Os Homens Preferem as Loiras" está lhe esperando. Assista e se divirta.
Almas Desesperadas
Casal deixa sua pequena filha aos cuidados da sobrinha do ascensorista do hotel onde estão hospedados. O problema é que a nova babá Nell Forbes (Marilyn Monroe) sofre de graves problemas psicológicos e mentais. A aproximação de um outro hóspede (Richard Widmark) na vida de Nell só irá piorar ainda mais a situação que já é extremamente delicada. "Almas Desesperadas" foi o primeiro filme em que Marilyn Monroe realmente estrelou, surgindo como protagonista. Até aquele momento ela se resumia a fazer papéis pequenos, sem grande importância. Tudo muda aqui. Monroe está em praticamente todas as cenas de um roteiro que se passa quase em tempo real, todo em uma só noite, dentro de um quarto de hotel. Muitos biógrafos e críticos afirmam que o papel da babysitter mentalmente perturbada era muito forte para uma Marilyn ainda tão jovem e inexperiente. De fato não deve ter sido nada fácil interpretar um personagem assim com apenas 26 anos mas sinceramente discordo dos que criticam a atuação de Monroe aqui. Achei sua atuação muito digna e correta. Ela em nenhum momento cai no exagero ou na caricatura. Para uma jovem estrela devo dizer que ela se saiu extremamente bem. O filme só funcionaria se Marilyn atuasse de forma satisfatória - e ela fez isso, com muita garra e sensibilidade, tenham certeza."Almas Desesperadas" é em essência um drama com toques de suspense e clima noir. A estrutura narrativa inclusive lembra uma peça de teatro. Os personagens estão concentrados em um ambiente fechado, dentro de uma situação limite. Poderia ter ficado pesado e chato mas não, o filme se desenvolve muito bem em seus curtos 76 minutos. Richard Widmark segue a trilha da boa atuação de Marilyn Monroe e desfila elegância e charme durante as cenas. Aliás seu figurino chama bem a atenção pois revela a moda masculina na primeira metade dos anos 50 com ternos enormes, folgadões, que alguns anos depois viriam a virar moda novamente. Para uma produção B da Fox achei tudo de bom gosto. O hotel onde se passa a estória foi bem recriado e os demais figurinos são bonitos. E por falar em beleza, Marilyn está linda, maravilhosa. Com cabelos mais escuros que o normal os fãs da atriz vão ser brindados com vários closes de seu rosto inesquecível. Mesmo fazendo papel de maluquinha sua sensualidade explode em cada tomada. Não foi à toa que ela se tornou um dos grandes símbolos sexuais do século XX. Embora seu papel não fosse essencialmente sensual ela o tornava assim naturalmente. A Fox inclusive investiu bem nisso a começar pelo poster do filme explorando a sensualidade de Marilyn de forma bem ostensiva e descarada. Em conclusão podemos afirmar que "Almas Desesperadas" não decepciona. É um registro histórico da ascensão de um dos maiores mitos da história do cinema! Só isso já o torna obrigatório.
Torrentes de Paixão
"Torrentes de Paixão" é um thriller de suspense passado nas famosas cataratas do Niagara (situada na fronteira entre EUA e Canadá). Esse é um local bem popular ainda nos dias de hoje para casais em lua de mel. Após realizar "Almas Desesperadas" Marilyn Monroe foi novamente escalada pelos estúdios Fox para um papel bem parecido com o do filme anterior. Bem longe das comédias musicais que fizeram sua fama, Marilyn aqui interpreta novamente uma mulher fatal que não mede esforços para alcançar seus objetivos. Na trama acompanhamos Rose (Marilyn Monroe) e George (Joseph Cotten) um casal que passa férias em Niagara Falls. Ela é uma jovem que não consegue mais impedir seus impulsos sexuais e acaba se envolvendo com um amante local bem debaixo do nariz do marido traído. Ele é um homem com traumas de guerra que não consegue mais satisfazer sua jovem esposa pois retornou do conflito da Coreia completamente impotente, neurótico e irascível. Como não poderia deixar de ser eventos dramáticos vão marcar a passagem deles pelo local. A Rose de Marilyn Monroe como o próprio marido descreve no filme é uma "vagabunda completa". Isso é bem curioso pois diante do desafio de interpretar a jovem esposa infiel, Marilyn Monroe não se fez de rogada e usou e abusou de sua sensualidade latente nas cenas. Aliás é um dos papéis em que a atriz mais se serviu de seu grande sex appeal. Sua exuberância aqui beira a vulgaridade. Numa das sequências mais famosas Marilyn faz aquele que parece ter sido o mais longo rebolado da história do cinema. São quase dois minutos e meio apenas mostrando Monroe caminhando de costas para a câmera. Literalmente um desbunde em plenos anos 50, um dos períodos mais moralistas da história americana. Usando de roupas sensuais e colantes o espetáculo na época foi considerado totalmente indecente. Aliás é bom frisar que Marilyn está linda no filme, inclusive podemos perceber bem sua boa forma em um enorme close up de seu rosto focalizado bem de pertinho. Simplesmente maravilhosa! Com batom exageradamente vermelho e voluptuoso Marilyn esbanja lascívia em cada cena que aparece. De certa forma o diretor Henry Hathaway sabia que tinha em mãos um dos maiores símbolos sexuais de sua era e resolveu mesmo abusar dessa situação. O filme foi realmente pensado nela e feito para ela. Todo o resto se torna secundário. Naquela altura ela já era um mito de popularidade e "Torrentes de Paixão" se aproveita a todo momento disso. Além de Marilyn ainda temos de bônus a bela Jean Peters com toda sua beleza sofisticada e refinada. No final tudo resulta em um belo espetáculo de beleza feminina a desfilar pela tela. Os estetas certamente vão se esbaldar. Assista e entenda como se constrói um sex symbol genuinamente Made in Hollywood.
O Pecado Mora ao Lado
Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação, imaginando diversas situações inusitadas. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seu imaginário. “O Pecado Mora ao Lado” é um dos filmes mais lembrados de Marilyn Monroe. A cena em que ela deixa sua saia levantada com o vento vindo do metrô abaixo entrou definitivamente no inconsciente coletivo, virando símbolo de toda uma era do cinema americano da década de 50. Para a época a cena era muito ousada e chocou os conservadores. A imagem acabou virando a marca registrada da atriz, inclusive esse vestido sempre é copiado quando se quer fazer alguma referência a Marilyn em filmes, livros e até bonecos que reproduzem esse momento. Recentemente inclusive foi erguida uma estátua gigante da atriz nessa exata sequência. Apesar da importância em sua carreira da “saia ao vento” ela também trouxe vários problemas pessoais para a atriz. Acontece que justamente na noite em que filmaram essa cena o marido de Marilyn na época, o jogador de beisebol aposentado Joe Di Maggio, resolveu aparecer no set sem avisar. Como ele era um italiano casca grossa ficou chocado ao ver sua esposa exibindo as pernas e as calcinhas para um bando de marmanjos no meio da rua. Quando voltaram para casa ele a agrediu fisicamente, o que acabou virando o estopim da separação do casal. Essa seria mais uma crise para o diretor Billy Wilder administrar durante as complicadas filmagens. Marilyn, como sempre, deu muito trabalho ao diretor. Chegava atrasada, esquecia diálogos e tinha acessos de pânico antes de entrar em cena. Uma atitude bem diferente de seu colega de elenco, Tom Ewell, sempre muito profissional. Mesmo assim, como sempre acontecia aliás, quando o resultado chegou nas telas todos viram novamente a estrela da atriz brilhar. Ela está magnífica nesse papel que sequer tem nome, sendo identificada apenas como “The Girl” (a garota). A estrutura do filme não nega sua origem teatral (o roteiro foi escrito em cima da peça "The Seven Year Itch" de George Axerold). Tudo se passa praticamente dentro do apartamento do personagem Sherman. Em 90% do filme temos apenas Tom Ewell em divertidos monólogos ou em dueto ao lado de Marilyn. Basicamente ele imagina diversas situações que podem ou não se materializar na realidade, tudo em cima da chamada “coceira dos sete anos”, quando os maridos caem na rotina de casamentos monótonos e procuram por aventuras com mulheres mais jovens e bonitas. Tudo é desenvolvido com muito humor e ironia, bem ao estilo de Wilder. “O Pecado Mora ao Lado” é um filme divertido, irônico e um marco na carreira do cineasta Billy Wilder, que com apenas uma cena despretensiosa conseguiu construir um verdadeiro ícone cultural da história do cinema americano.
Pablo Aluísio.