domingo, 5 de agosto de 2007

John Wayne - The Alamo

John Wayne - The Alamo
Uma história particularmente interessante e menos conhecida da vida de John Wayne envolve uma fuga ousada que ele fez durante as filmagens do clássico The Alamo (1960), um projeto que era uma paixão dele e que ele dirigiu, produziu e estrelou.

John Wayne sempre foi fascinado pela história da Batalha do Álamo, e ele estava determinado a levá-la para a tela grande de uma forma que honrasse o significado histórico do evento. No entanto, fazer o filme não foi uma tarefa fácil. Wayne enfrentou vários desafios, desde o financiamento do filme até lidar com os enormes problemas logísticos de filmar uma produção em larga escala no Texas rural.

Em 1959, Wayne e sua equipe montaram uma cidade improvisada perto de Brackettville, Texas, onde construíram uma réplica em escala real da missão do Álamo e da vila ao redor. O cenário era enorme, cobrindo mais de 400 acres, e a produção envolveu milhares de figurantes, cavalos e gado. A filmagem foi exaustiva, com o elenco e a equipe enfrentando calor extremo, tempestades de poeira e o isolamento do local.

Um momento tenso com bandidos mexicanos
Durante a produção, o set de The Alamo se tornou uma atração significativa, atraindo visitantes de quilômetros de distância. No entanto, também atraiu a atenção de personagens menos agradáveis. Um dia, Wayne soube que um grupo de bandidos mexicanos havia cruzado a fronteira e estava indo em direção ao set, provavelmente atraídos pela perspectiva de roubar equipamentos caros ou interromper a produção.

Wayne, que era conhecido por sua presença maior que a vida e disposição para enfrentar os problemas de frente, decidiu resolver o problema por conta própria. Ele rapidamente organizou um grupo de seus dublês e membros da equipe, muitos dos quais eram ex-cavaleiros de rodeio e veteranos, e os armou com rifles e revólveres do departamento de adereços do set.

Conforme os bandidos se aproximavam, Wayne e seu grupo improvisado cavalgavam para encontrá-los. De acordo com alguns relatos, Wayne liderou o grupo com o mesmo comportamento calmo e determinado que o tornou um herói do faroeste

terça-feira, 10 de julho de 2007

Filmografia Completa de Marilyn Monroe


Filmografia Completa de Marilyn Monroe:
Sua Alteza, a Secretária
Idade Perigosa
Nasceste para Mim
Torrentes de Ódio
Os Prados Verdes
Mentira Salvadora
Loucos de Amor
O que Pode um Beijo
O Segredo das Joias
Por um Amor
O Faísca
A Malvada
Em cada Lar, um Romance
Sempre Jovem
O Segredo das Viúvas
Joguei Minha Mulher
Só a Mulher Peca
Travessuras de Casados
Almas Desesperadas
Páginas da Vida
O Inventor da Mocidade
Torrentes de Paixão
Os Homens Preferem as Loiras
Como Agarrar um Milionário
O Rio das Almas Perdidas
O Mundo da Fantasia
O Pecado Mora ao Lado
Nunca Fui Santa
O Príncipe Encantado
Quanto Mais Quente Melhor
Adorável Pecadora
Os Desajustados

 

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Filmes de Marilyn Monroe - Parte 7

O Príncipe Encantado
Nobre regente (Laurence Olivier) conhece jovem corista (Marilyn Monroe) em um show de variedades e a convida para jantar em sua residência oficial em Londres. O encontro acaba trazendo inúmeras consequências para ambos durante os dias seguintes. Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar, "My Week With Marilyn".

As histórias do set são saborosas mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso). No saldo final considerei sua atuação muito superior á de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Concordo plenamente. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!

O Príncipe Encantado (The Prince and The Showgirl, EUA - Inglaterra, 1957) / Direção de Laurence Olivier / Roteiro de Terence Rattigan / Fotografia de Jack Cardiff / Trilha sonora de Richard Addinsell / Com Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spencer, Richard Wattis / Sinopse: Nobre regente (Laurence Olivier) conhece jovem corista (Marilyn Monroe) em um show de variedades e a convida para jantar em sua residência oficial em Londres. O encontro acaba trazendo inúmeras consequências para ambos durante os dias seguintes.

Quanto Mais Quente Melhor
“Ninguém é Perfeito!” – a última linha de diálogo de uma das comédias mais maravilhosas já realizadas, fechava com chave de ouro esse delicioso momento da carreira de Marilyn Monroe. Curiosamente a frase também poderia ser usada para se referir também a ela! Afinal Marilyn não era perfeita! Longe disso! Em “Quanto Mais Quente Melhor” ela mostrou todas as suas imperfeições. Chegava atrasada nas filmagens, não sabia suas falas, criava confusões com seus colegas de trabalho e enlouquecia Billy Wilder que já não sabia mais o que fazer com ela! Chegou a declarar a um jornalista que lhe perguntou como iam as filmagens: “É como estar dentro de um avião caindo, com uma louca entre os tripulantes!” Wilder como se percebe não era apenas um grande cineasta, mas também um criador de frases espirituosas! 

Apesar de todos os problemas enfrentados nas filmagens, o resultado final entrou para a história do cinema. Os bastidores da produção aliás são tão saborosos quanto o próprio filme. Quando o filme ficou pronto após as caóticas filmagens e Wilder conferiu o resultado pela primeira vez na sala de exibição do estúdio, ele ficou simplesmente maravilhado. Era incrível, mas Marilyn, a mesma que causou todos os tipos de problemas no set, era a mesma que aparecia linda e com fantástico talento cômico em cena. Monroe tinha essa qualidade única – ela conseguia transpor para as telas momentos raros, excepcionais, mesmo estando emocionalmente abalada, psicologicamente perturbada e fisicamente esgotada. Como o próprio diretor disse, a câmera de cinema amava Marilyn Monroe! Era um fenômeno da natureza. Se isso não era talento natural, nada mais poderia ser! O próprio Wilder reconheceu isso publicamente em diversas entrevistas e numa delas explicou: “Marilyn Monroe é uma amadora profissional. Ela tem dois pés esquerdos e espero que isso nunca seja corrigido. Não quero que ela vá a uma analista para sair de lá ‘consertada’. O que faz Marilyn esse mito é justamente essa característica dela!”

Ao lado da eterna Monroe temos em “Quanto Mais Quente Melhor” dois atores igualmente excepcionais. Tony Curtis e Jack Lemmon. Curtis vinha de uma sucessão de excelentes produções que tinham se tornado grandes sucessos de bilheteria. Cria da Universal Studios, ele finalmente alcançava o auge em sua carreira. Era um ator com raro timing de comediante (embora não fosse um) e conseguia como poucos interpretar o tipo mais esperto, beirando a malandragem. Como tinha ótimo visual enlouquecia o público feminino. Era um dos galãs mais populares de sua época. Aqui ele esbanjou carisma e química ao lado de Marilyn, isso apesar dos problemas que teve com a atriz. Infelizmente cometeu algumas grosserias com ela depois afirmando numa entrevista que “Beijar Marilyn era como beijar Hitler”! Uma frase infeliz que magoou bastante a atriz.

Já Jack Lemmon foi um poço de tranquilidade e calma mesmo nas conturbadas filmagens. Esse foi seguramente um dos melhores comediantes de todos os tempos em Hollywood. Seu humor era muito sofisticado, delicado, fino mesmo e não havia espaço para vulgaridades. Além de ótimo ator, era um pianista de mão cheia, que chegou inclusive a gravar alguns excelentes discos instrumentais. Um talento raro. Assim não é de se espantar que mesmo com o caos reinante na produção do filme tenhamos hoje um dos grandes clássicos do cinema americano, eleito por vários críticos como a “melhor comédia da história”. Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon e Billy Wilder em um só filme não poderia resultar em outra coisa. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar, inclusive de direção (Billy Wilder) e ator (Jack Lemmon), mas só foi premiado por figurino, uma injustiça! Deveria ter sido consagrado já em sua época e não anos depois como aconteceu. Infelizmente a Academia também não era perfeita! 

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like a Hot, Estados Unidos, 1959) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Robert Thoeren, Michael Logan / Elenco: Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon, George Raft / Sinopse: Joe e Jerry (Lemmon e Curtis) são dois músicos que casualmente acabam testemunhando um crime cometido por gangsters perigosos. Para escapar da máfia, resolvem fugir vestidos de mulher num grupo musical formado apenas por garotas, dentre elas a cantora loira Sugar (Marilyn Monroe) que começa a desconfiar da dupla!

Adorável Pecadora 
Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. Ela já caminhava para seu trágico fim. Apenas dois anos depois ela seria encontrada morta em sua casa. Também foi um dos mais complicados de se produzir pois Marilyn já demonstrava todos os seus problemas emocionais durante as filmagens. Ela sempre chegava atrasada, faltava dias e dias ao trabalho e quando aparecia não conseguia decorar seu texto. Havia muito abuso no consumo de pílulas e bebidas, o que tornava impossível para ela atuar ou aparecer saudável em cena. Isso obviamente trouxe muita tensão entre ela e os produtores e foi mais um dos inúmeros problemas que foram se acumulando, o que acabaria resultando em sua demissão dos estúdios Fox, que não conseguiam mais lidar com tanto caos em seus filmes. O curioso é que quando o filme finalmente ficou pronto, acabou se revelando um bom entretenimento. No simpático enredo, Marilyn Monroe interpretava Amanda Dell, uma cantora e dançarina que acabava caindo nas graças de um francês extremamente rico, chamado Jean Marck Clement (Yves Montand). Confundido com um aspirante, a ator acabava entrando na peça onde Amanda se apresentava e começava a investir romanticamente na colega, mas sem conseguir muito sucesso. A personagem de Marilyn parecia estar apaixonada mesmo por Tony Danton (Frankie Vaughan), o protagonista da peça. Sem contar a ela que seria um milionário, ele começa então um novo plano para conquistar a linda loira de olhos azuis.

“Adorável Pecadora” é uma comédia romântica que investe bastante nas tomadas musicais e nos relacionamentos divertidos e complicados dos personagens principais. Seu resultado nas bilheterias foi apenas mediano, mas o filme se notabilizou mesmo por causa das deliciosas histórias de bastidores. O casamento entre Marilyn Monroe e Arthur Miller estava em frangalhos e assim que começaram as filmagens Marilyn se apaixonou por Yves Montand. Era uma atração muito previsível. Montand, como todo bom francês, era também um conquistador nato. Para Marilyn ele era antes de tudo um europeu exótico. Como não perdia a chance de ter uma nova aventura sempre que ela surgisse pela frente, nem pensou duas vezes antes de cair nos braços do ator. O problema era que o colega e companheiro de cena também era casado com Simone Signoret, que se considerava amiga de Marilyn, o que acabou resultando em um incômodo e complicado triângulo amoroso tão ou mais problemático do que o próprio roteiro do filme! Marilyn também passava por um momento muito conturbado em sua saúde, com abuso constante de medicamentos e álcool. Ela quase sempre misturava suas pílulas para dormir com champagne francês a qualquer hora do dia ou da noite, uma combinação perigosa e potencialmente fatal que atrapalhava muito também em seu desempenho. No filme ela aparenta estar meio desnorteada, muito pálida e com o semblante perdido. Mesmo assim ainda consegue encantar, inclusive ao cantar muito bem a divertida “My Heart Belongs To Daddy”.

Assistindo a atriz soltando a voz em cena não podemos deixar de elogiar seu estilo sensual e diria até mesmo seu bonito timbre vocal. Ela certamente não era uma cantora profissional, mas sempre se saía muito bem nos números musicais de seus filmes. Isso era resultado e fruto de muitos anos de aulas de canto pagos pelos estúdios Fox. Marilyn também passava dias ouvindo em seu quarto a sua cantora preferida, Ella Fitzgerald. O próprio estilo vocal que desenvolveu inclusive é uma bonita variação dessa fabulosa diva do jazz. Assim “Adorável Pecadora” foi salvo pela bonita voz de Marilyn Monroe, pelos talentosos números musicais e pelas ótimas histórias de alcova de sua produção. Um bom momento na carreira da musa Marilyn Monroe que merece ser redescoberto por fãs e amantes de musicais da década de 1960. Não deixe de conhecer.

Adorável Pecadora (Let´s Make Love, Estados Unidos, 1960) Direção: George Cukor / Roteiro: Norman Krasna, Hal Kanter / Elenco: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall / Sinopse: Bilionário francês (Yves Montand) se apaixona por linda corista (Marilyn Monroe) que não se mostra muito interessada em seus avanços românticos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música Original. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical ou Comédia.

Os Desajustados
Esse foi o último filme completo da Marilyn. Ela ainda chegou a iniciar as filmagens de "Something s Got To Give" ao lado de Dean Martin mas o filme não foi concluído. Seus atrasos, faltas e confusões no set fizeram com que a Fox a despedisse no meio da produção. Pouco tempo depois, pressionada, abandonada e depressiva veio a encontrar sua morte em um quarto solitário de sua casa. Assim Os Desajustados se tornou seu último momento no cinema. Eu acho um filme triste, melancólico e depressivo até. Afirmam algumas biografias da estrela que Arthur Miller escreveu o conto que deu origem ao filme inspirado justamente na sua vida com a Marilyn. Os excessos da vida da atriz aparecem na tela, apesar de Marilyn Monroe ainda aparecer linda nas cenas, ela está bem acima do peso e abatida. Muitas vezes a atriz surge em cena com o olhar perdido no horizonte, sem convicção. Fisicamente ela também mostra sinais de desgaste. Numa cena de praia, por exemplo, em que ela aparece de biquíni a atriz exibe uma barriguinha bem saliente.

As brigas com o marido no set também foram constantes. Em certa ocasião deixou Arthur Miller abandonado no meio do deserto (onde o filme estava sendo filmado) se recusando a deixá-lo entrar em seu carro. O diretor John Huston teve então que voltar para ir pegá-lo, caso contrário morreria naquele lugar seco e inóspito. Marilyn também continuava com seu medo irracional dos sets de filmagens. Antes de entrar em cena ela ficava nervosa, em pânico. Errava muito suas falas e fazia o resto do elenco perder a paciência com suas atitudes. Seu medo de atuar nunca havia desaparecido mesmo após tantos anos de carreira. Interessante é que apesar de Marilyn não sair das revistas e jornais por causa dos acontecimentos ocorridos nas filmagens o filme não conseguiu fazer sucesso o que é uma surpresa e tanto pelo elenco estelar e pela publicidade extra que recebeu dos tabloides. Muitos atribuem o fracasso ao próprio texto de Arthur Miller que não tinha foco e nem uma boa dramaturgia. Aliás desde que se casou com Marilyn o autor parecia ter perdido o toque para bons textos. Tudo soava sem inspiração, sem talento. "Os Desajustados" também foi a última produção com o mito Clark Gable. Envelhecido e decadente sofreu bastante com os problemas do filme, o levando a um esgotamento físico e mental, vindo a falecer pouco depois. Acusada de ter contribuído para o colapso de Gable, Marilyn sentiu-se culpada e ganhou mais um motivo para sua depressão crônica. De qualquer forma só pelo fato de "Os Desajustados" ter sido o último filme de Monroe e Gable já vale sua existência. Não é tecnicamente um excelente filme mas está na história do cinema pelo que representou na vida de todos esses grandes mitos que fizeram parte de sua realização.

Os Desajustados (The Misfits, Estados Unidos, 1960) / Direção de John Huston / Elenco:: Clark Gable, Marilyn Monroe, Montgomery Clift, Thelma Ritter, Eli Wallach / Sinopse: Roslyn Taber (Marilyn Monroe) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Clark Gable) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isto nasce uma paixão entre os dois.

Pablo Aluísio. 

domingo, 8 de julho de 2007

Filmes de Marilyn Monroe - Parte 6

Como Agarrar um Milionário
Curioso como o tempo muda os costumes (ou não). Essa comédia dos anos 50 traz três garotas bonitas que vão a Nova Iorque com o único objetivo de arranjar um marido rico para se casarem. Chegando lá elas alugam uma luxuosa cobertura (mesmo não tendo nenhum dinheiro) e para sobreviverem enquanto os tais maridos ricos não aparecem vão vendendo os móveis do local para comprar comida. O filme foi feito antes da revolução feminista e as garotas são desesperadas para arranjar logo um milionário. O mais curioso de tudo é que mesmo após a luta das feministas, muitas mulheres hoje em dia agem igualzinho às protagonistas desse filme que está prestes a completar 60 anos de seu lançamento. Parece que o mundo não mudou tanto assim depois de todo esse tempo! Tirando esse viés machista o roteiro escrito por Nunnally Johnson, um dos melhores roteiristas da história de Hollywood, tem um timing de bom humor muito afiado e divertido. Na moralista década de 50 nada poderia ser explicitamente mostrado então tudo era sutilmente sugerido. Até mesmo objetos de cena servem para materializar a ironia de certas situações. O texto é nitidamente uma comédia de costumes, pois ao mesmo tempo expõe e satiriza a condição das garotas no filme.

Estrelado por três atrizes o filme hoje é mais procurado por causa da presença de Marilyn Monroe em cena. Sua personagem não é a principal (lugar que cabe à mulher de Humphrey Bogart, Lauren Bacall) mas ela claramente chama todas as atenções para si. Bastante jovem, Marilyn faz um tipo cômico, uma garota bonita que não consegue enxergar um palmo à frente do rosto. No livro "A Deusa" há uma hilária passagem em que Marilyn procura o diretor do filme, Jean Negulesco, para lhe fazer mil perguntas sobre sua personagem, quais seriam suas motivações, seu perfil psicológico, etc. Monroe estava cada vez mais interessada no método do Actors Studio e por isso procurava desenvolver bem seus papéis. Surpreso pelo verdadeiro "interrogatório" Negulesco interrompeu a conversa dizendo: "Querida essa é uma simples comédia apenas e tudo o que você precisa saber de seu personagem é que ela é loira, burra e cega como um morcego!". Monroe obviamente não gostou nada da resposta! Já Bacall faz a mais velha das três, uma desiludida divorciada que quer tirar o pé da lama arranjando logo um maridão rico para resolver seus problemas financeiros. Completa o trio a atriz Betty Gable. Com um penteado pra lá de esquisito em relação aos padrões atuais, ela não acrescenta muito em seu papel de dondoca. Não era uma atriz particularmente engraçada ou carismática. O filme como diversão é muito bom, embora bem menos ousado que muitos dos futuros filmes de Marilyn. Como ponto negativo não tem nenhum número musical com a atriz, embora a trilha sonora seja ótima.

Como Agarrar Um Milionário (How to Marry a Millionaire, Estados Unidos, 1953) Direção: Jean Negulesco / Roteiro: Nunnally Johnson baseado na peça de Zoe Akins / Elenco: Lauren Bacall, Marilyn Monroe, Betty Grable / Sinopse: Essa comédia dos anos 50 traz três garotas bonitas que vão a Nova Iorque com o único objetivo de arranjar um marido rico para se casarem. Chegando lá elas alugam uma luxuosa cobertura (mesmo não tendo nenhum dinheiro) e para sobreviverem enquanto os tais maridos ricos não aparecem vão vendendo os móveis do local para comprar comida.

O Rio das Almas Perdidas
Esse foi um raro filme de western estrelado pela atriz Marilyn Monroe. È curioso que mesmo no auge dos filmes de faroeste ela tenha ficado tão distante desse gênero cinematográfico em sua carreira. O roteiro é bem interessante. No enredo Matt Calder (Robert Mitchum) chega em um acampamento de mineradores atrás de seu filho, um garoto de apenas nove anos que não vê há muito tempo. Após encontrar o menino em saloon onde também se apresenta a bela Kay Weston (Marilyn Monroe) ele segue viagem para o campo aberto. Pretende recomeçar a vida como fazendeiro numa bonita região a beira de um rio de forte correnteza. Para sua surpresa tempos depois vê uma pequena balsa com um casal descendo as corredeiras. Como estão em perigo, resolve ajudar.

A garota é a mesma corista Kay que havia conhecido no saloon onde encontrara seu filho, só que agora acompanhada de um jogador, Harry Weston (Rory Calhoun), que pretende tomar posse de uma mina de ouro que ganhou em um jogo de cartas. Como ambos não possuem experiência com corredeiras logo são aconselhados por Matt a desistirem de descer rio abaixo. Weston porém ignora o conselho e o pior, decide roubar Matt, levando sua arma, provisões e o único cavalo da fazenda para chegar mais rápido em seu destino. Kay porém decide ficar no rancho ao lado de Matt e seu filho pois não concorda com os atos violentos de Weston. Depois de recuperado Matt decide finalmente ir no encalço de Weston para reaver tudo o que lhe foi roubado.
   
“O Rio das Almas Perdidas” foi o único western da carreira de Marilyn Monroe. Um fato que chama a atenção mesmo, já que o gênero estava no auge e as atrizes da época geralmente participavam de vários filmes do estilo. Aqui temos uma produção lindamente fotografada em uma das regiões mais belas do Canadá (dois parques nacionais de preservação do país situados próximos da cidade de Alberta). Impossível não ficar impressionado com a beleza do lugar onde o filme foi realizado. As cenas misturam imagens reais captadas no local com back projection (onde os atores atuavam em frente a uma grande tela ao fundo que projetava imagens do rio). Felizmente há um maior número de cenas feitas em locação, captando a maravilhosa paisagem natural. Como sempre acontecia com filmes com Marilyn Monroe esse aqui também está recheado de histórias de bastidores tão interessantes quanto o próprio filme. Marilyn inclusive quase morreu afogada ao cair no rio. Suas botas ficaram inundadas e ela afundou literalmente, sendo salva pela equipe técnica. Depois fingiu ter quebrado a perna para ganhar alguns dias de descanso – fato que deixou o diretor Otto Preminger furioso. A atriz porém não se importou preferindo aproveitar um pouco do lindo lugar, quase como se estivesse de férias.

Também desenvolveu uma grande amizade com Robert Mitchum, que muito bem humorado costumava fazer provocações a ela, contando piadas sujas ou então disputando para ver quem bebia mais vinho no barracão da produção. Esse clima ameno passou para as telas. Enciumado Joe DiMaggio resolveu ir para as distantes locações com receios de que Marilyn o traísse com Mitchum. O personagem de Marilyn é bem mais interessante do que algumas loiras burras que interpretou. É uma garota durona, de fala firme que não aceita levar desaforos para casa, embora fique muitas vezes cega por causa de seus sentimentos. Marilyn Monroe canta várias canções no filme e mostra que era de fato uma cantora talentosa. A trilha sonora incidental também é das mais belas que já ouvi em um western (executada por um lindo coral feminino). O resultado final é muito positivo. Não tenho receio de escrever que esse é sem dúvida um dos melhores filmes de western da Fox e certamente o mais bonito de se assistir. Se ainda não viu não perca mais tempo, pois é um excelente filme.
 
O Rio das Almas Perdidas (River of No Return. Estados Unidos, 1954) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Frank Fenton, Louis Lantz / Elenco: Robert Mitchum, Marilyn Monroe, Rory Calhoun / Sinopse: Fazendeiro sai no encalço do ladrão que lhe roubou sua arma, seu cavalo e provisões de alimentos. Para chegar mais rápido na cidade para onde o ladrão se dirige resolve enfrentar as corredeiras do rio, tendo que superar pelo caminho todos os desafios da natureza.

O Mundo da Fantasia
Belo musical da Fox com Marilyn Monroe. Temos aqui aquele tipo de produção em que todos os talentos foram reunidos pelo estúdio em apenas um filme. Basta analisar a ficha técnica para entender bem isso. As canções foram escritas por um dos maiores compositores da história da música americana, Irving Berlin. A direção foi entregue a Walter Lang, um verdadeiro artesão da sétima arte. A produção ficou a cargo do célebre Sol C. Siegel, uma pessoa tão importante na história de Hollywood que virou até nome de prêmio e para completar temos Marilyn Monroe dançando, cantando e atuando, tudo de forma simplesmente magistral. É muito interessante quando vejo alguém falando que Marilyn não tinha talento e que o segredo de seu sucesso se resumia unicamente ao fato de ter sido uma bela mulher! Será que uma pessoa que emite uma opinião dessas realmente conhece os filmes da estrela? Acredito que não, já que basta assistir a esse filme para compreender totalmente a extensão do talento da atriz. Ela está, repito, simplesmente fenomenal nesse filme!
 
Marilyn Monroe interpreta Vicky Parker, uma simples chapeleira de uma casa noturna que sonha um dia ser uma estrela da Broadway. Para isso ela não mede esforços. Quando descobre que um famoso produtor está no local onde ela trabalha, pede uma chance ao dono do estabelecimento para apresentar um número, cantando e dançando ao velho estilo. A partir daí as portas vão se abrindo para ela no mundo do Show Business. Claro que o grande atrativo desse musical hoje em dia provém do fato de Marilyn estar no elenco, mas é bom salientar que ela não é o ponto central da trama que gira mesmo em torno de uma família de artistas, os Donahues.

Eles vivem no mundo do Vaudeville e sonham também um dia com as marquises dos grandes espetáculos dos EUA - entenda-se Broadway em Nova Iorque. O filme em si é maravilhoso, lindas canções, coreografias de alto nível e uma direção de arte e musical de encher os olhos. De certa forma a produção tentava resgatar o clima dos grandes musicais das décadas de 30 e 40 que naquele momento já sofriam bastante com uma acentuada queda de bilheteria. De uma forma ou outra, não há como negar o charme e o carisma desse filme. É aquele tipo de musical que deixará você mais leve e feliz no final da exibição.

O Mundo da Fantasia (There's No Business Like Show Business, Estados Unidos, 1954) Direção: Walter Lang / Roteiro: Phoebe Ephron, Henry Ephron / Elenco: Ethel Merman, Marilyn Monroe, Donald O'Connor / Sinopse: Uma família de artistas cresce sob as luzes dos grandes espetáculos musicais nos Estados Unidos, enquanto uma humilde chapeleira de uma casa noturna sonha em um dia se tornar uma grande estrela da Broadway. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro, Melhor Figurino (Charles Le Maire, Travilla e Miles White) e Melhor Música (Alfred Newman e Lionel Newman).

O Pecado Mora ao Lado
Eu não poderia deixar passar em branco aqui no blog a data dos 50 anos sem Marilyn Monroe. Eu sempre estou escrevendo sobre a atriz aqui, como todos os visitantes podem conferir. Também estou sempre trazendo textos sobre a atriz no blog Cinema Clássico. De fato é um prazer escrever sobre ela, um ícone que tenho especial carinho. Para relembrar que tal falar sobre "O Pecado Mora ao Lado"? Esse é um dos marcos de sua filmografia. Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação, imaginando diversas situações inusitadas. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seu imaginário. 

 “O Pecado Mora ao Lado” é um dos filmes mais lembrados de Marilyn Monroe. A cena em que ela deixa sua saia levantada com o vento vindo do metrô abaixo entrou definitivamente no inconsciente coletivo, virando símbolo de toda uma era do cinema americano da década de 50. Para a época a cena era muito ousada e chocou os conservadores. A imagem acabou virando a marca registrada da atriz, inclusive esse vestido sempre é copiado quando se quer fazer alguma referência a Marilyn em filmes, livros e até bonecos que reproduzem esse momento. Recentemente inclusive foi erguida uma estátua gigante da atriz nessa exata sequência. Apesar da importância em sua carreira da “saia ao vento” ela também trouxe vários problemas pessoais para a atriz. Acontece que justamente na noite em que filmaram essa cena o marido de Marilyn na época, o jogador de beisebol aposentado Joe Di Maggio, resolveu aparecer no set sem avisar. Como ele era um italiano casca grossa ficou chocado ao ver sua esposa exibindo as pernas e as calcinhas para um bando de marmanjos no meio da rua. Quando voltaram para casa ele a agrediu fisicamente, o que acabou virando o estopim da separação do casal. 

Essa seria mais uma crise para o diretor Billy Wilder administrar durante as complicadas filmagens. Marilyn, como sempre, deu muito trabalho ao diretor. Chegava atrasada, esquecia diálogos e tinha acessos de pânico antes de entrar em cena. Uma atitude bem diferente de seu colega de elenco, Tom Ewell, sempre muito profissional. Mesmo assim, como sempre acontecia aliás, quando o resultado chegou nas telas todos viram novamente a estrela da atriz brilhar. Ela está magnífica nesse papel que sequer tem nome, sendo identificada apenas como “The Girl” (a garota). A estrutura do filme não nega sua origem teatral (o roteiro foi escrito em cima da peça "The Seven Year Itch" de George Axerold). Tudo se passa praticamente dentro do apartamento do personagem Sherman. Em 90% do filme temos apenas Tom Ewell em divertidos monólogos ou em dueto ao lado de Marilyn. Basicamente ele imagina diversas situações que podem ou não se materializar na realidade, tudo em cima da chamada “coceira dos sete anos”, quando os maridos caem na rotina de casamentos monótonos e procuram por aventuras com mulheres mais jovens e bonitas. Tudo é desenvolvido com muito humor e ironia, bem ao estilo de Wilder. “O Pecado Mora ao Lado” é um filme divertido, irônico e um marco na carreira do cineasta Billy Wilder, que com apenas uma cena despretensiosa conseguiu construir um verdadeiro ícone cultural da história do cinema americano.  

O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, Estados Unidos, 1955) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, baseado na peça de George Axeroid / Elenco: Marilyn Monroe, Tom Ewell, Evelyn Keys, Sonny Tuftis / Sinopse: Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação, imaginando diversas situações inusitadas. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seu imaginário. 

Nunca Fui Santa
Um filme de transição dentro da filmografia de Marilyn Monroe. Assim que voltou de Nova Iorque ela exigiu melhores roteiros e melhores papéis para si. Marilyn havia brigado com a Fox, brigado com os produtores e estava bem insatisfeita com os filmes que a Fox lhe indicava. Assim ela fundou sua própria produtora e disse para a imprensa que não mais faria personagens de loiras burras (as mesmas que a tinham consagrado no passado). Depois disso foi para Nova Iorque e se matriculou no Actors Studio. Obviamente a Fox ficou em pânico com medo de perder sua estrela de maior bilheteria. Negociações foram feitas e Marilyn conseguiu maior controle de seus filmes. Disse para a imprensa que não faria mais comédias bobas. O irônico disso tudo é que depois de toda essa confusão Marilyn acabou estrelando justamente esse "Nunca Fui Santa" onde ela interpretava uma personagem muito parecida com as demais, em mais uma comédia romântica (embora houvesse também pinceladas de drama dentro do roteiro).

Tenho que dar o braço a torcer e dizer que apesar de "Nunca Fui Santa" ser uma comédia até banal, nessa vez pelo menos Marilyn se esforçou muito para dar ao público uma interpretação melhor. Ela faz caras e bocas nas cenas mais "dramáticas". O problema é que seu estilo está em total descompasso com seu parceiro de cena, o ator Don Murray, que parece estar em um filme dos três patetas. Enquanto ele é totalmente caricatural, Marilyn parece estar em um dramalhão de Douglas Sirk! Desnecessário dizer que o resultado final fica mesmo confuso. Apesar disso gostei do filme, pois é o roteiro é bem feito e rápido (pouco mais de 90 minutos), com boas cenas externas e um ato final que lembra bastante a linguagem puramente teatral (quando eles param na tal parada de ônibus que dá nome ao título original). Por fim uma curiosidade: Marilyn parece drogada em várias cenas - mas pelo menos nesse caso o roteiro serve de desculpa (já que ela estaria supostamente com sono por não dormir à noite).

Nunca Fui Santa (Bus Stop, Estados Unidos, 1956) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Joshua Logan / Roteiro: George Alverod / Elenco: Marilyn Monroe, Don Murray, Atthur O´Connell, Betty Field, Eileen Heckart, Hope Lange / Sinopse: Baseado na peça teatral escrita por William Inge, o filme "Nunca Fui Santa" conta a história de Cherie (Marilyn Monroe). Ela é uma cantora de bares e cabarés que conhece o caipira e peão de rodeios Bo (Don Murray). Ele se apaixona imediatamente por ela e deseja que Cherie venha para Montana para viver ao seu lado numa bela fazenda, onde pretende se casar e constituir uma família, mas ela não está tão certa sobre isso. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Don Murray). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Marilyn Monroe).

Pablo Aluísio.