sexta-feira, 10 de junho de 2005

Elvis Presley - Minhas Três Noivas

Título no Brasil: Minhas Três Noivas
Título Original: Spinout
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Theodore J. Flicker, George Kirgo
Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Diane McBain

Sinopse:
O astro Elvis Presley interpreta o piloto de corridas Mike McCoy. Seu grande sonho é se tornar um campeão das pistas, mas enquanto isso não acontece se vira como cantor nas horas vagas, se apresentando em boates e night clubs. Agora seu coração está dividido entre três gatinhas e ele está sinceramente em dúvida sobre com qual delas pretende se casar.

Comentários:
"Spinout" é em essência um genérico de "Viva Las Vegas", um dos maiores sucessos de bilheteria do cantor Elvis Presley nos cinemas durante os anos 60. Não há muito o que acrescentar por essa razão, mas certos aspectos merecem crédito. A MGM absorveu as inúmeras críticas que se abateram sobre os filmes anteriores de Elvis realizados no estúdio e resolveu dessa vez disponibilizar ao cantor uma melhor produção. De fato "Spinout" é bem superior nesse aspecto em relação a verdadeiras tralhas como "Harum Scarum" e "Frankie and Johnny". A fotografia em especial é bem caprichada e as cenas de corridas contam com uma muito bem realizada edição. Em termos de elenco temos o retorno da atriz Shelley Fabares, o que também se revela um ponto positivo já que ela além de carismática era muito simpática. O filme na realidade foi vendido à época como um presente aos fãs pelo décimo aniversário de Elvis Presley em Hollywood. Apesar do marketing reforçado e das melhoras na película de uma maneira em geral o filme não conseguiu se tornar um sucesso, se revelando um dos mais fracos comercialmente da carreira de Elvis. Fruto da perda de paciência dos fãs que naquela altura queriam mudanças na carreira do ex-Rei do Rock. Mesmo com tanta coisa contra, um legado indireto de "Spinout" permaneceu. O filme foi a inspiração para Tatsuo Yoshida criar um dos personagens de animação mais populares dos anos 60: o corredor Speed Racer, cuja série animada estrearia no ano seguinte nas TVs de todo o mundo. Nada mal para uma produção que não se tornou um sucesso na ocasião de seu lançamento.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - No Paraíso do Havaí

Título no Brasil: No Paraíso do Havaí
Título Original: Paradise, Hawaiian Style
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Michael D. Moore
Roteiro: Allan Weiss, Anthony Lawrence
Elenco: Elvis Presley, Suzanna Leigh, Donna Butterworth, James Shigeta

Sinopse:
Rick Richards (Elvis Presley) é um piloto que acaba pagando caro por ser tão mulherengo. Demitido do emprego resolve ir até o ensolarado Havaí com o plano de montar uma empresa de viagens turísticas pelas ilhas por helicópteros. Ao lado de seu sócio as coisas até começam bem mas Rick não toma jeito e se envolve novamente em muitas confusões envolvendo as garotas que se atiram aos montes em seus pés.

Comentários:
Algo deu muito errado na carreira de Elvis no cinema. Cinco anos depois de fazer sucesso com "Feitiço Havaiano" (Blue Hawaii, 1961) ele voltava ao mesmo ponto de antes, ou pior, para algo inferior. O filme é obviamente uma tentativa de reviver os bons tempos de Elvis no Havaí mas pouca coisa se salva nesse remake disfarçado. O roteiro, mais uma vez escrito por Allan Weiss, é bem ruim e nem sequer tenta disfarçar a falta de um argumento melhor para Elvis ir apresentando as canções (igualmente ruins) da trilha sonora. A produção tampouco é boa e o enredo literalmente se arrasta, com Elvis de vez em quando cantando um pouco para quebrar o tédio reinante. Curiosamente foi o primeiro filme do diretor Michael D. Moore que não conseguiu esconder sua falta de experiência. Há erros de continuidade e muitas vezes tudo cai no marasmo, fato que fica evidente no rosto de Elvis, transparecendo aborrecimento em cada momento. Pelo visto ele sabia que estava envolvido em mais um abacaxi de Hollywood, para sua tristeza e de seus fãs - que começavam a debandar em massa por causa da má qualidade de seus filmes e trilhas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de junho de 2005

Elvis Presley - Entre a Loura e a Ruiva

Título no Brasil: Entre a Loura e a Ruiva
Título Original: Frankie and Johnny
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Frederick De Cordova
Roteiro: Alex Gottlieb, Nat Perrin
Elenco: Elvis Presley, Donna Douglas, Harry Morgan

Sinopse:
Elvis Presley interpreta Johnny, um jogador que vai levando a vida entre partidas emocionantes de cartas e amores clandestinos. Quando conhece Frankie (Donna Douglas), uma loira bonita e charmosa, ele pensa que finalmente poderá entrar em um relacionamento sério com uma mulher, algo que acaba não acontecendo pois também surge em sua vida a dançarina Nellie (Nancy Kovack), que também mexe com seu coração. E agora, como solucionar esse complicado triângulo amoroso? Roteiro baseado na famosa canção “Frankie and Johnny” do século XIX.

Comentários:
A primeira coisa que me chamou bem a atenção quando assisti a esse filme de Elvis pela primeira vez foi a pobreza da produção. Veja que em filmes que ele realizou em estúdios como a Paramount isso jamais aconteceria, pois os executivos dessas empresas cinematográficas tinham um nome a zelar e não deixariam que o nome da Paramount fosse envolvida em produções classe Z. Infelizmente a MGM, sempre com ameaças de fechar suas portas, não mais se importava com isso. Então a coisa toda foi realizada mesmo assim, a toque de caixa, sem capricho e sem recurso. Supostamente teria que ser um filme de época, com cenários e figurinos de encher os olhos, mas como a grana estava curta tudo foi realizado com material de segunda mão. Os figurinos vieram de produções de faroeste classe B e os cenários foram reaproveitados de outras produções. Quando Elvis surge na janela de um barco nós logo percebemos que aquilo pode ser tudo, menos uma embarcação de verdade. O que realmente vemos em cena é uma divisória de madeira bem mal feita se fazendo passar por um barco-cassino do século XIX. É demais, vamos convir. O roteiro é básico, sem novidades, um mero pretexto para que Elvis vá cantando preguiçosamente as (boas) músicas da trilha sonora a cada 10 ou 15 minutos. O filme aliás foi muito criticado justamente pelo fato de se estar lidando com um enredo até conhecido, que já entrou inclusive no folclore americano. Pena que os produtores não estavam nem aí para isso. Assim chegamos na conclusão de que se a trilha sonora pode até ser considerada boa, do filme pouco se salva, pois é muito ruim de fato. Mais um passo em falso na melancólica trajetória de Elvis por Hollywood na década de 1960.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e os anos 60

Em meados dos anos 1960 o rock começou a mudar. Não era apenas uma mudança de sonoridade mas também de propostas, de ideologia. O novo som que passaria a ser chamado de psicodélico procurava realizar verdadeiras "viagens da mente" para quem os ouvia. Por isso novos instrumentos foram usados em estúdio para tentar recriar as sensações de quem usava drogas pesadas como a LSD. O movimento hippie também começou a ganhar adeptos entre a juventude. Sob o lema "Paz e Amor" os jovens se entregavam a uma vida supostamente livre de amarras, de convenções sociais. O rock como fenômeno cultural procurou acompanhar todas essas mudanças na sociedade e ao mesmo tempo em que era influenciado também influenciava o comportamento das pessoas.

Elvis Presley tinha sido um dos pioneiros do rock lá nos anos 50 e percebeu que algo havia mudado mas diferentemente de praticamente todos os artistas daquela época não quis seguir a tendência. Na verdade Elvis abominava muitas das novas mudanças de mentalidade. Para começo de conversa Elvis achava um absurdo dar um nome de droga a um estilo musical. Para Presley a música deveria sempre trazer mensagens positivas, de amor e alegria. Nada de ficar louvando LSD em enigmáticas letras que ninguém conseguia saber ao certo do que se tratava. Também começou a implicar com algumas ideologias que foram se espalhando entre a juventude. No auge dos protestos contra a guerra do Vietnã, Elvis que havia sido um militar, ficava transtornado ao presenciar jovens queimando a bandeira dos Estados Unidos. Ele sempre se considerara um bom patriota, um homem que sabia seus deveres perante sua pátria. Aquilo que via na TV era a total inversão dos valores pelos quais ele havia sido criado. Um absurdo!

E isso era apenas o começo. Quando o rock ficou ainda mais pesado, com bandas de heavy Metal louvando satã, Elvis ficou desnorteado! Imagine dar o nome de um grupo musical de "Missa Negra"? Esses caras estavam loucos? Satanistas malditos, deveriam ser presos por isso. Se havia algo que Elvis Presley odiava no mundo da música era justamente esses caras mal encarados, cabeludos que ficavam gritando letras louvando o demônio. Ele criou uma verdadeira ojeriza em relação ao Heavy que, não escondia, chamava de "Música de Satã". Para quem havia sido criado dentro da tradição cristã e gravado discos de hinos gospel aquilo era demais para aguentar.

Elvis também não suportava mulheres independentes demais ou com muita opinião. Tinha sempre uma opinião bem negativa sobre o estilo de vida das atrizes com quem contracenava. Talvez por isso seu relacionamento com Ann-Margret não tenha ido para a frente. Ele sempre preferia as submissas, tal como a adolescente Priscilla que nessa época morava escondida em sua casa. Presley também não aguentava aquelas mulheres hippies dos anos 60 andando descalças pelas ruas, sem se depilar e com vários parceiros. Para ele o tal de "amor livre" era um mal que estava se implantando dentro da sociedade. A mulher ideal para Elvis deveria se casar virgem, ser dona de casa, rainha do lar e mãe presente na vida do homem e seus filhos. Nada de modernices demais em sua visão. Também odiava certas modernidades como tatuagens em mulheres. Para Elvis isso era o fim pois as garotas começavam a parecer marinheiros de portos europeus!

O interessante é que durante toda a sua vida Elvis manteve essas opiniões longe do público, jamais falando sobre isso publicamente - ordens do Coronel Parker. Quando confrontado Elvis se recusava a falar sobre Vietnã ou qualquer outro tema polêmico. Ele saía pela tangente. Tudo o que sabemos sobre suas opiniões chegaram até nós através de depoimentos de pessoas que conviviam com ele e documentos oficiais como os da Casa Branca que registrou as opiniões do cantor quando ele se encontrou com o presidente republicano Richard Nixon. Elvis estava particularmente preocupado com o avanço dos pensamentos subversivos entre a juventude, a proliferação da cultura das drogas e as técnicas comunistas de controle da mente. Quando John Lennon o convidou para participar de um grande concerto pela paz, Elvis deu uma desculpa qualquer para não ir. Ele jamais participaria de algum manifesto contra as tropas militares americanas no Vietnã, jamais!

No fundo de tudo, por baixo da roupagem de roqueiro rebelde, se escondia um homem que se considerava um bom cristão, um bom patriota e um verdadeiro cidadão de seu país. No auge da contra-cultura nada parecia mudar esse ponto de vista. Elvis seguiu firme com suas convicções, no fundo um conservador da velha escola que por acaso, no começo da carreira, participou de um movimento chamado Rock ´n´ Roll. Elvis Presley no fundo de sua alma nunca foi um rebelde que queria abalar as estruturas da sociedade mas apenas um bom rapaz que queria preservar o que havia de melhor dentro do espírito americano de ser.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Elvis Presley - Cavaleiro Romântico

Título no Brasil: Cavaleiro Romântico
Título Original: Tickle Me
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Elwood Ullman, Edward Bernds
Elenco: Elvis Presley, Julie Adams, Jocelyn Lane

Sinopse:
Lonnie Beale (Elvis Presley) é um cowboy errante que chega numa cidadezinha do Arizona. Ele pretende se encontrar com um amigo que irá lhe arranjar um emprego mas esse some do mapa, o deixando a ver navios. Em busca de um trabalho que lhe garanta o sustento até o começo da temporada de rodeios, ele aceita ir trabalhar em um rancho só para moças - o círculo Z - onde garotas bonitas vão para perder peso e ficarem mais charmosas. Entre uma música e outra ele acaba se apaixonando pela professora de ginástica, Pam Meritt (Jocelyn Lane), que esconde um segredo valioso - pois seu avô deixara uma fortuna para ela escondida numa velha cidade fantasma do oeste americano.

Comentários:
Bom, se tem alguma coisa boa a se dizer desse filme é que ele em momento algum chega a se levar a sério. De fato é uma comédia realmente escrachada onde Elvis até mesmo mostra jeito para o gênero. Ao seu lado está Jack Mullaney, um ator que faz o tipo Jerry Lewis - por falar nisso a terça parte final de "Tickle Me" mais parece um episódio do desenho animado Scooby-Doo, com suas tramas de fantasmas que no fundo se revelam apenas ladrões comuns em busca do tesouro! A mocinha Pam, interpretada pela atriz Jocelyn Lane, é só mais uma caricatura, uma professorinha de ginástica que sonha encontrar o tesouro deixado por seu avô numa velha cidade abandonada do velho oeste. Na verdade como se pode perceber "Tickle Me" não é a oitava maravilha do mundo, longe disso, no fundo é uma jogada de Tom Parker para ganhar muito dinheiro de forma fácil e rápida. Perceba que os gastos foram contidos ao máximo, chegando-se ao ponto até mesmo de se dispensar a gravação de uma trilha sonora própria. Também pudera, o filme foi produzido pelo pequeno estúdio Allied Artists Pictures que vivia à beira da falência e estava também mais interessado em lucrar com a presença de Elvis do que em produzir um filme bom. O resultado disso se vê na tela - um filme barato, com poucos cenários mas que soube faturar bem nas bilheterias porque foi lançado em cinemas do interior, drive-ins e cinemas poeira, onde ficou por muito tempo em cartaz. Para surpresa de muitos "Tickle Me" foi uma das maiores bilheterias de Elvis justamente por essas razões. Se comercialmente foi bem sucedido o mesmo não se pode dizer de suas qualidades meramente cinematográficas já que de fato é um filme B, levemente gaiato, que tenta fazer graça com um roteiro bem caricato e derivativo. Cheios de mocinhas em trajes sumários - que caem de amores por Elvis sem que ele precise fazer o menor esforço - e com roteiro mínimo e apelativo até dizer chega! "Cavaleiro Romântico" é aquele tipo de filme complicado de se defender porque afinal de contas é de fato uma porcaria. E pensar que Norman Taurog teve ótimos momentos ao lado de Elvis no cinema alguns anos antes. Vale por Elvis, pelas boas músicas retiradas de bons álbuns de sua carreira e por uma ou outra risada das cenas de comédia pastelão sem noção e nada mais além disso. 

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e a Busca Espiritual

Por volta de 1965, lançamentos sem qualidade como "Harum Scarum" começavam a destruir o prestígio artístico de Elvis Presley. Os jornais destroçavam e até debochavam da má qualidade de seus filmes mas o próprio Elvis Presley não parecia muito preocupado com isso. Isolado e distante de todos ele não chegava a ter conhecimento do que se dizia sobre ele. O cantor parecida viver dentro de uma bolha que o distanciava do mundo lá fora. Nesse período Elvis se afundou pra valer em seus estudos esotéricos. Ele lia livros e mais livros sobre espiritualidade, procurando conhecer todos os tipos de religiões existentes, inclusive as orientais que lhe despertavam grande fascínio.

Assim Elvis deixou sua carreira musical de lado e entregou tudo nas mãos do coronel. Para ele aquilo tudo era apenas um trabalho para se ganhar a vida. Nessa fase de sua vida Elvis começou a se preocupar mesmo com sua vida espiritual. Ele que sempre tivera uma personalidade exuberante começava a procurar por isolamento e calma, sempre com algum livro na mão, procurando lugares serenos para ler. Esse tipo de atitude chegou aos ouvidos do Coronel. Parker há tempos queria se encontrar com Elvis mas ele sempre arranjava uma desculpa qualquer. Preocupado o Coronel resolveu ir até Graceland para ver o que estava acontecendo.

Depois de se encontrar com Elvis ficou ainda mais preocupado. Presley parecia desinteressado pelos aspectos profissionais de sua vida. Nem sequer mais ouvia seus próprios discos para ver se algo de que não gostasse tinha saído nas edições dos LPs. Não ligava mesmo para nada. Parker comentou com Joe Esposito que tinha visto um Elvis apático e que parecia também deprimido, sem forças para se interessar pelas coisa que antes o despertavam grande atenção. Diante disso resolveu abrir o jogo e foi sincero com ele ao afirmar: "Elvis, esses livros que você anda lendo são perigosos. Eles mexem com sua mente. Eu já estudei sobre controle mental e posso dizer que esse tipo de literatura pode mexer com qualquer um." Elvis ao ouvir isso não pareceu prestar muita atenção, como sempre.

Depois Esposito confessou ao Coronel que os caras da máfia de Memphis viviam levando seus problemas pessoais aos ouvidos de Elvis. Esse tipo de coisa o deixava preocupado e muitas vezes arrasado emocionalmente. Sem pensar duas vezes o Coronel reuniu toda a turma e passou um sermão daqueles: "Não levem seus problemas para Elvis. Cuidem de suas próprias vidas. Elvis é um artista e não um psicólogo para ficar cuidando de vocês. Imagine ter que lidar com os problemas de onze pessoas de uma só vez! - isso envergaria qualquer homem - o deixem em paz de uma vez por todas".

Outra coisa também começou a preocupar a mente do velho Coronel. Elvis começou a ter atitudes de quem não andava girando muito bem da cabeça. Certa vez disse aos caras da máfia de Memphis que teria que ir para o meio de um gramado que estava sendo irrigado, durante a madrugada, pois anjos celestiais queriam falar com ele. E lá foi Elvis para o meio da água, com as roupas do corpo todas molhadas, começando a gesticular e bater papo com o vento. Os caras que o acompanharam ficaram assustados com aquilo. Em outra ocasião mais esquisita ainda, Elvis começou a discutir com a parede, dizendo ter visto ali rostos humanos que estavam lhe perguntando sobre os grandes desejos de Deus para a humanidade. Até Priscilla ficou assustada com aquilo tudo.

O Coronel Parker porém já havia decidido que enquanto não queimasse toda a literatura mística de Elvis não ficaria sossegado. Ele começou assim uma campanha surda para que Elvis retornasse à razão. Ao lado de Priscilla ficou com o firme propósito para que Elvis queimasse tudo. De certo modo o velho empresário tinha razão pois Elvis andava lendo coisas bem esquisitas, livros que misturavam religião com discos voadores e coisas do tipo. Uma maluquice sem tamanho. Enquanto Parker não visse uma grande fogueira feita dessa literatura estranha nos quintais de Graceland ele não iria desistir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Elvis Presley - Feriado no Harém

Título no Brasil: Feriado no Harém
Título Original: Harum Scarum
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Gene Nelson
Roteiro: Gerald Drayson Adams
Elenco: Elvis Presley, Mary Ann Mobley, Fran Jeffries

Sinopse:
Johnny Tyronne (Elvis Presley) é um popstar que está viajando pelo Oriente Médio em uma excursão promocional para divulgar seu último filme, "Areias do Deserto". Uma vez que ele chega, no entanto, é seqüestrado por uma gangue de assassinos que estavam tão impressionados com suas aventuras na tela que querem contratá-lo para realizar um assassinato de verdade para eles. Ele recusa-se naturalmente, e depois de sua fuga ousada percorre seu caminho através do deserto de volta à civilização, parando de vez em quando para cantar uma ou duas músicas.

Comentários:
Como fã de Elvis Presley de longa data eu realmente gostaria de escrever aqui que "Harum Scarum" não é tão ruim como tanto se diz por aí. Infelizmente não posso! Sim, esse filme é péssimo, péssimo, péssimo! Não há outro modo de comentar. Chega ao ponto de abalar as estruturas de qualquer fã de Elvis, de qualquer idade. É uma produção tão pobre e medíocre em todos os aspectos (roteiro, atuação e direção) que ficamos até surpresos que Hollywood tenha conseguido divulgar e comercializar esse lixo. A MGM mais uma vez terceirizou a produção do filme para a companhia fundo de quintal Four-Leaf Productions. Eles por sua vez sequer tiveram a dignidade de realmente tocar uma produção de verdade em frente, criando cenários, figurinos etc. Ao invés disso pegaram o que havia de estocado dentro da própria MGM de filmes antigos e filmaram tudo com material emprestado. O problema é que o roteiro exigia uma ambientação exótica, do Oriente Médio, e isso deixou a pobreza e precariedade do filme ainda mais às claras, todos os menores detalhes e grandes defeitos de um filme simplesmente ridículo. O resultado disso se vê na tela. É aquele tipo de musical tão ruim que chega a dar de cabeça no espectador. Os fãs de Elvis certamente ficarão muito decepcionados com o resultado final. Esse é o lado mais constrangedor da passagem de Elvis por Hollywood. Se ainda não assistiu meus parabéns - e se quer um conselho de amigo, fique o mais longe possível dessa tranqueira! 

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - O ano de 1965

Em 1965 Elvis Presley completou trinta anos de idade. Foi um momento significativo. Ele havia passado por muita coisa mas infelizmente sua carreira se encontrava em um beco sem saída. Era certo que ele e o Coronel Parker se equivocaram em apostar todas as suas fichas no cinema. Elvis parou de fazer shows ao vivo e de gravar material de qualidade. Tudo o que sobrara aos fãs eram suas trilhas sonoras Made in Hollywood. Os filmes não ajudavam pois eram em sua maioria comédias românticas embaladas com muita música pop sem qualidade. A questão é que, assim como Elvis, seus fãs também estavam com trinta anos e não iriam se empolgar mais com filmes adolescentes. O resultado disso foi que Elvis foi perdendo fãs aos montes. Os mais jovens estavam gostando do rock inglês e os mais velhos, aqueles mesmos que o seguiam desde os primórdios, ficavam embaraçados com a ruindade do material musical apresentado por Elvis por essa época.

Um exemplo da perda de popularidade de Elvis em 1965 veio das revistas que eram publicadas cujo assunto principal era ele mesmo, Elvis. Muitas delas fecharam as portas e outras perderam mais da metade dos assinantes. Até a internacional Elvis Monthly quase encerra suas atividades. Os fãs clubes tradicionais também debandaram por falta de movimento. Muitos que surgiram nos anos 50 simplesmente deixaram de existir. Os fãs estavam mais velhos e não havia renovação pois os jovens não estavam mais ouvindo Elvis. Não havia mais material de relevância para se comentar e ninguém queria pagar mico elogiando coisas como "Kissin Cousins". Some-se a isso o fato de que uma coisa é ser fã aos 14, 15 anos, outra completamente diferente é ser fã aos 30. Os fãs adultos de Elvis não aguentavam mais tanta mediocridade. Eles ainda compravam os discos por causa da força de seu nome mas os discos decepcionavam completamente. Assim ao invés de irem em reuniões de fãs clubes preferiam ficar em casa cuidando do bebê.

E dentro do cenário musical a posição de Elvis não era nada boa. Em revistas especializadas de rock Elvis era ignorado. Nem uma linha era escrita sobre suas medíocres trilhas sonoras e quando eram tratados eram enfocadas com um tom de melancolia, ao estilo, "Elvis é ótimo mas seus discos recentes são realmente horríveis". Nesse ponto o leitor pode se perguntar porque Elvis não reagiu e retomou os rumos de sua própria carreira? Bom, em primeiro lugar ele queria fazer cinema, era um sonho que ele almejava desde muito jovem, talvez desde a época em que era lanterninha de cinema. Ele iria tentar até o fim, custe o que custasse. Em segundo lugar Elvis se isolou. Em determinado momento da carreira ele decretou que não mais leria críticas negativas ao seu trabalho e ficava enfurecido com quem lhe apresentava algum jornal ou artigo em que algo feito por ele era detonado!

Assim Elvis vendou seus próprios olhos. Não leu as chacotas e críticas que eram feitas em cima de porcarias como "Harum Scarum" e ignorou completamente a opinião daqueles que lhe tentavam abrir os olhos. Elvis estava tão distante do que acontecia ao redor que ao se apresentar no set de "Harum Scarum" (mais um lixo da MGM) ele pensou seriamente que estava prestes a dar um grande passo em sua carreira de ator. Ficou pensando que seguiria os passos do grande mito Rodolfo Valentino, enquanto a equipe técnica ria em suas costas. Ele chegou ao ponto de falar em Oscar de melhor ator, imagine você! Se ele tivesse tido contato com o que foi dito de coisas como "Kissin Cousins" teria rejeitado fazer "Harum Scarum", simplesmente porque era praticamente a mesma equipe técnica do filme anterior, a mesma pobreza de orçamento e a mesma mediocridade de roteiro. Ao invés disso entrou de corpo e alma naquele que seria seu pior filme!

Outro erro por parte de Elvis quando completou seus trinta anos de idade foi se convencer que ele era o maior e que ninguém poderia lhe derrubar. Adotou uma atitude de arrogância em relação aos outros artistas e sempre procurava desmerecer o trabalho dos novos artistas que estavam surgindo dentro do cenário musical. Quando foi presenteado com um disco dos Beatles (o grupo que estava arrasando com ele nas paradas) fez pouco caso e disse não haver nada demais ali, a não ser uma ou outra música de que gostava. Para ele os Beatles iriam passar rapidamente e não fariam nenhuma diferença em sua carreira. Elvis se equivocou e não percebeu que o bravo rock estava renascendo e curtia uma de suas fases mais inspiradas e produtivas. Mas ao invés de embarcar na onda, gravando discos de grandes compositores da época e se lançar em turnês internacionais (coisa que os Beatles vinham fazendo) Elvis preferiu se enfurnar nos estúdios da MGM com um figurino de árabe de araque.

Mas o tempo e principalmente os números ruins de vendas que viriam iriam finalmente abrir seus olhos, mesmo que antes ele tivesse que literalmente ir até o fundo do poço, mas essa é uma outra história...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Elvis Presley - Louco Por Garotas

Título no Brasil: Louco Por Garotas
Título Original: Girl Happy
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Boris Sagal
Roteiro: Harvey Bullock, R.S. Allen
Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Harold J. Stone

Sinopse:
O Rei do Rock Elvis Presley interpreta um cantor garotão que é enviado a uma estação de verão em Fort Lauderdale para tomar conta da bonita e simpática filha de um chefão da máfia de Chicago. Ele não tem alternativas pois depende do sujeito para manter seu emprego como músico free lancer. Musical de verão estrelado pelo cantor Elvis Presley.

Comentários:
Mais um musical típico de Elvis Presley nos anos 60. Aqui ele banca a "vela" de uma garota filha de um chefão de Chicago (interpretada pela bela e simpática Shelley Fabares, que inclusiva faria outros filmes ao lado do cantor). O roteiro tem cenas engraçadas mas no geral "Louco Por Garotas" é tipicamente um "filme de verão", ou seja, muita praia, muito biquíni e todo mundo em férias em algum local turístico (curiosamente não escolheram o Havaí e nem Acapulco aqui mas sim Fort Lauderdale, um point de verão para universitários americanos em férias). Elvis canta as canções da trilha sonora sem muito esforço, dá uns amassos em alguns brotos e se envolve em confusões com o chefão da máfia de Chicago, mas claro tudo muito suave e sem stress, como convinha aos seus filmes dessa época. A verdade é que depois do sucesso de fitas como "Feitiço Havaiano" e "O Seresteiro de Acapulco", Elvis Presley se viu preso a esse tipo de produção.

Os filmes davam ótima bilheteria, tinham produção barata e as trilhas sonoras vendiam bem, recuperando o investimento. Dentro dessa fórmula imposta por Hollywood Elvis Presley foi ficando cada vez mais rico, com cachês milionários mas pessoalmente se sentia frustrado por ter que fazer praticamente o mesmo filme ano após ano. De qualquer forma "Girl Happy" tem seus atrativos. As músicas que Elvis canta no filme são divertidas, agradáveis e animadas (deram uma folga nas baladas românticas aqui). O humor também é bem bolado, com diversas situações que envolvem o personagem de Elvis (numa delas o Rei do Rock acaba se travestindo de mulher, fato único na sua carreira no cinema!). Shelley Fabares, a estrelinha ao lado de Elvis, era uma moça simpática, bonita e elegante que ajudava muito no resultado final do filme. Para o público masculino o filme também traz farto material de garotas em todas as cenas e de todos os tipos. Enfim, "Louco Por Garotas" vale a sessão. Não é dos melhores momentos de Elvis no cinema mas diverte de forma descompromissada.

Pablo Aluísio .

Elvis Presley - Com Caipira Não se Brinca

Título no Brasil: Com Caipira Não se Brinca
Título Original: Kissin' Cousins
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Four-Leaf Productions, MGM
Direção: Gene Nelson
Roteiro: Gerald Drayson Adams, Gene Nelson
Elenco: Elvis Presley, Arthur O'Connell, Glenda Farrell

Sinopse:
A Força Aérea americana decide construir uma base de mísseis balísticos numa montanha distante e isolada do Tennessee mas encontra resistência dos caipiras locais que não querem nem ouvir falar no governo. Assim o comando resolve enviar o tenente Josh Morgan (Elvis Presley) para a região para tentar convencer a caipirada a arrendar a montanha para os interesses militares da US Air Force.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme reconhecidamente bem ruim da filmografia de Elvis. Quando ele assinou com a MGM um contrato de longos sete anos o estúdio para baratear seus filmes resolveu terceirizar as produções para pequenas companhias, que geralmente bancavam orçamentos bem mais modestos. Assim a MGM só iria se preocupar mesmo com a distribuição e divulgação das películas. Era uma maneira de lucrar mais com os musicais estrelados por Elvis. "Kissin' Cousins" segue bem por essa linha. Praticamente todo filmado dentro de um estúdio que imitava as montanhas do Tennessee, o filme não consegue ficar na média nem mesmo dos outros filmes do cantor. Há diversos erros técnicos (como sombras das câmeras se refletindo no próprio Elvis ou bailarinos caindo uns por cima dos outros em cenas de dança). O roteiro trata os caipiras de uma forma bem pejorativa, pois eles são retratados como sujeitos toscos que moram em montanhas, não usam calçados e não possuem qualquer noção sobre quase nada. No jantar comem cozidos de gambás! As garotas andam descalças, com os pés sujos e um monte delas, chamadas Kittyhawks, formam bandos de mulheres desesperadas atrás de homens (é simplesmente hilária de tão absurda uma cena em que Elvis desce as montanhas correndo de uma verdadeira multidão de garotas loucas para rasgarem suas roupas!). Como se isso não fosse apelação suficiente a partir de determinado momento as Kittyhawks começam a andar só de biquínis pelas montanhas (coisa de louco!), certamente para provocar o público masculino que ia aos cinemas conferir essa "obra cinematográfica"! Sutileza em "Kissin' Cousins"? Esqueça...

Em outro momento do enredo o personagem de Arthur O'Connell explica que existem poucos homens nas montanhas e por isso a mulherada deseja fazer bebês antes que fiquem velhas demais para isso (fico imaginando as feministas de hoje em dia encarando um diálogo sem noção desses!). Elvis interpreta dois personagens, o oficial da força aérea e um caipira das montanhas, primo distante dele. Para diferenciar ambos um dos personagens é loiro (o que coloca Elvis em situações constrangedoras ao ter que usar uma peruca loira completamente falsa). O militar é mais polido enquanto que o caipirão é um chucro que sai na mão com todo mundo (até com suas própria mãe que lhe dá um golpe que o leva ao chão em segundos!). Curiosamente quando Elvis encontrou o presidente Nixon na Casa Branca esse lembrou justamente desse filme! Elvis então não perdeu o pique e falou para o presidente que atuar em "Kissin' Cousins" tinha sido um "grande desafio de interpretação!". Claro que não foi, Elvis aí contou uma grande balela. O roteiro não desenvolve nenhum personagem e tudo é mero pretexto para Elvis ir cantando as (até boas) canções da trilha sonora. Nada de novo no front a não ser mesmo a visão maniqueísta e caricata dos pobres caipiras sulistas dos Estados Unidos. Admira mesmo é Elvis ter embarcado nesse projeto até porque ele próprio era um caipira do Tennessee, que o roteiro do filme insiste em satirizar, algumas vezes de forma até ofensiva. Em suma, não era de se esperar muito de um filme chamado "Primos Beijoqueiros" (tradução literal do título original) mas a MGM também não precisava exagerar na falta de capricho e qualidade. Se Elvis Presley tinha mesmo alguma esperança de ser levado à sério como ator em Hollywood esse "Kissin' Cousins" marcou o começo do fim de suas pretensões.

Pablo Aluísio.