Após o fim de Domiciano, assassinado em uma conspiração da guarda pretoriana, houve uma certa indefinição sobre quem seria o novo imperador. Para o bem de Roma, finalmente um senador chamado Marcus Cocceius Nerva foi o escolhido em 18 de setembro de 96. Ele assim se tornava o novo imperador de Roma. Com Nerva o senado romano finalmente chegava ao poder máximo no Império. A era dos imperadores generais tinha chegado ao seu final. Como a brutalidade e violência desses militares eram bem conhecidos pelo povo romano, o fato do novo imperador não ser um desses militares toscos já era um ponto de esperança. A escolha de Nerva assim foi muito bem recebida nas ruas da capital do império.
Nerva era bem conhecido do povo romano. Ele era um homem da elite e vinha desempenhando o cargo de senador desde os tempos de Nero. Sua vasta experiência como político o fez compreender como nenhum outro romano, os erros dos imperadores anteriores, alguns deles verdadeiros homens insanos. Nerva sabia que não poderia cometer os mesmos erros. E ele era um homem preparado, intelectual, que conhecia bem as vias da administração de Roma. Também era um político nato, formando alianças com as diversas linhas de pensamento dentro do império. Era bom ouvinte e a leitura era vista por ele como um prazer. Sem dúvida era um homem culto e adequado para o cargo. Também mostrou desde os primeiros dias que iria recusar a violência e a repressão como única política de Estado. Não gostava de atitudes tirânicas. Ao seu modo era sem dúvida um homem democrata!
Pessoalmente era um imperador cordial, diplomata. Dedicava todo o seu tempo diário para resolver os problemas imperiais. Era sensato, estudioso, pensativo. Nunca tomava uma decisão sem antes ouvir o senado e os demais setores importantes da sociedade. Com Nerva no poder, o império romano conquistou uma estabilidade política que lembrava os antigos tempos do imperador Augusto. Com tantas qualidades, ele passou a ser apontado pelos historiadores como o primeiro dos cinco grandes imperadores dessa fase. Era o primeiro do ciclo dos cinco bons imperadores, homens sérios, honestos, que trabalhavam duro pela ascensão do império.
Pouco antes de morrer, Nerva adotou Trajano como seu filho. Ele não tinha filhos naturais e a escolha do bom Trajano foi uma questão de garantir uma sucessão pacífica para o poder. Nerva via em Trajano todas as qualidades que entendia ser essenciais para o contínuo sucesso do império romano. Com a escolha de Trajano para sucedê-lo também houve um abrandamento completo dentro das fileiras que faziam oposição ao imperador Nerva pois esses entendiam que Trajano seria um imperador melhor. Nerva, que sempre ouvia a todos, até mesmo seus opositores, decidiu que eles também teriam a chance de governar Roma após sua morte.
Outro aspecto que mostra o sucesso do imperador Nerva vem do fato de que ele morreu de morte natural, ao sofrer um derrame enquanto trabalhava. Ele estava debruçado sobre documentos administrativos de Roma quando sofreu o derrame. Ele morreu aos 67 anos de idade, em 27 de janeiro de 98. Foi uma surpresa para o povo de Roma ver um imperador morrer assim, pois praticamente todos os imperadores anteriores tinham sido assassinados. Nerva, o imperador sábio e pacífico, foi grande até mesmo no momento de sua morte.
Pablo Aluísio.