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sábado, 20 de março de 2021

Judas e o Messias Negro

Esse filme está bem cotado ao Oscar nesse ano, concorrendo em diversas categorias. A história é baseada em fatos reais acontecidos no final da década de 1960. Naquela época o grupo Panteras Negras começava a chamar a atenção do FBI porque alguns de seus líderes começaram a pregar ideais revolucionários, inclusive com sugestão de luta armada. Dentro do discurso também havia claros elementos socialistas, o que naquele período histórico conturbado era visto com extrema cautela pelo governo americano, afinal não podemos esquecer que aqueles eram tempos de guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética.

E entre os líderes dos Panteras Negras começou a se destacar um jovem chamado Fred Hampton (Daniel Kaluuya). Com apenas vinte e poucos anos ele inflamava as multidões que chegavam para ouvir seus discursos. Com receios que ele se tornasse um novo Malcolm X, o FBI resolveu infiltrar um informante dentro dos Panteras Negras, um sujeito chamado Bill O'Neal (LaKeith Stanfield). Ele tinha histórico de roubo de carros, com passagem pela polícia. O mais curioso é que ele também fingia ser um agente do FBI, o que era claramente uma mentira e um crime. O agente Roy Mitchell (Jesse Plemons) passaria então a coordenar esse esquema de infiltração dentro do grupo. E assim o roteiro se desenvolve, sempre com O'Neal passando diversas informações dos Panteras Negras para o FBI, agindo como se diz na gíria policial americana, como um "rato".

"Judas e o Messias Negro" é um ótimo filme. Ele me lembrou em diversas ocasiões desse outro clássico moderno desse estilo, o hoje ainda cultuado "Mississípi em Chamas". É curioso perceber nesses filmes como o FBI poderia ficar de um lado ou de outro no que diz respeito às lutas pelos direitos civis pela população negra. Ora os agentes estavam garantindo os direitos constitucionais dessa parcela da população americana, ora estava combatendo certos grupos mais radicais envolvidos nessa questão. Agora, o que realmente deixa perplexo um observador mais atento é perceber que após mais de 5 décadas a questão racial nos Estados Unidos ainda segue sem resolução. O clima de racismo e segregação ainda persiste e piorou muito nos últimos anos. Terá algum dia uma solução?

Judas e o Messias Negro (Judas and the Black Messiah, Estados Unidos, 2021) Direção: Shaka King / Roteiro: Will Berson, Shaka King / Elenco: Daniel Kaluuya, LaKeith Stanfield, Jesse Plemons, Dominique Fishback, Algee Smith / Sinopse: Agente do FBI coordena um esquema de infiltração de um informante da agência dentro do grupo negro radical Panteras Negras, durante a década de 1960. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator coadjuvante (Daniel Kaluuya), melhor ator coadjuvante (LaKeith Stanfield), melhor música original ( "Fight for You" de H.E.R, D'Mile e Tiara Thomas), melhor roteiro original e melhor direção de fotografia (Sean Bobbitt). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor ator (Daniel Kaluuya).

Pablo Aluísio.