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sábado, 10 de junho de 2017

Nina

Nina Simone foi uma cantora muito popular nos Estados Unidos. Ela teve formação clássica, estudando para ser pianista, porém não conseguiu espaço dentro desse mundo muito exclusivo. Assim resolveu partir para a música popular. Se tornou cantora de boates e night clubs. Com uma voz belíssima ela foi conquistando seu espaço, gravando seus discos (no total lançou mais de 40 álbuns), se tornando muito famosa e respeitada no universo do soul negro dos Estados Unidos. Ao lado da artista talentosa existia também uma mulher atormentada. Alcoólatra, viciada em drogas e com propensão para doenças mentais (ela foi diagnosticada como maníaca depressiva com surtos psicóticos), sua carreira começou a afundar cada vez mais.

O roteiro desse filme se concentra nos últimos anos de Nina. Ela já está completamente decadente, sem nem ao menos conseguir se apresentar ao vivo. Os donos de casas de shows estavam cansados de seus problemas e seus escândalos no palco (ela chegou a esfaquear um homem durante seus concertos!). Quando o filme começa encontramos Nina internada em um hospital psiquiátrico. Completamente surtada ela precisa de cuidados especiais. Com o uso de remédios começa a recobrar a sanidade. Nesse hospital ela simpatiza com um enfermeiro jovem chamado Clifton e resolve contratá-lo como assistente pessoal. Leva o rapaz para a França, onde ela morava, e começa assim uma relação muito próxima que iria durar anos (ele se tornaria empresário dela algum tempo depois).

Como se pode perceber Nina Simone não era uma pessoa de fácil convivência. O filme mostra muitos aspectos negativos de sua personalidade irascível, mas ao mesmo tempo demonstra ter um respeito sempre presente por ela. Esse foi um projeto muito pessoal da atriz Zoe Saldana, que se esforçou bastante para a realização do filme. Produziu e tirou dinheiro do próprio bolso para que essa produção fosse feita. Ela inclusive está muito bem em cena e surpreende quando descobrimos que ela canta praticamente todas as canções do filme, não fazendo feio em momento nenhum! Zoe tem grande talento vocal, isso fica claro nas cenas em que canta. No mais é um resgate dessa cantora que hoje em dia já não é tão lembrada, nem nos Estados Unidos. É um registro importante da vida de Nina, embora cinematograficamente falando seja apenas na média.

Nina (Nina, Estado Unidos, 2016) Direção: Cynthia Mort / Roteiro: Cynthia Mort / Elenco: Zoe Saldana, David Oyelowo, Kevin Mambo / Sinopse: O filme mostra parte da vida da cantora Nina Simone (1933 - 2003). Menina prodígio, era uma excelente pianista clássica, mas não conseguiu vencer nesse meio por causa de problemas raciais. Assim torna-se cantora de soul e depois de muitos anos consegue o sucesso. O filme mostra os últimos anos de Nina quando ela se tornou muito próxima de um jovem chamado Clifton, seu enfermeiro e assistente pessoal. Filme indicado ao Women Film Critics Circle Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Red Tails

Esquadrilha da força aérea americana formada apenas por pilotos negros durante a II Guerra Mundial tenta provar seu valor em missões perigosas e vitais para o esforço de guerra aliada. "Red Tails" (em português "caudas vermelhas" pois os aviões desse esquadrão pintavam suas caudas dessa cor) é a nova produção de George Lucas. Esse é um filme que tenta a todo custo reviver os clássicos filmes de aviação realizados nas décadas de 40 e 50. Embora seja assinado pelo diretor Anthony Hemingway ninguém duvida que é um projeto pessoal de Lucas que se envolveu em todos os aspectos da produção mas optou por não assinar a direção (talvez por receio após sofrer tantas críticas na nova trilogia de "Star Wars"). O pior de tudo é saber que mesmo não colocando a cara para bater Lucas erra e muito aqui - e de certa forma repete todos os seus erros recentes em termos de direção e roteiro. "Red Tails" é do ponto de vista técnico simplesmente irretocável. A produção é de primeira, todas as cenas recriadas digitalmente dos combates aéreos são extremamente bem feitas, nada há o que criticar nesse aspecto. A Industrial Light and Magic, braço da Lucasfilm para efeitos especiais, continua em um nível absurdo de qualidade.

O problema de "Red Tails" é outro, o que incomoda aqui é a falta de um roteiro melhor que fuja de clichês, de uma direção mais bem elaborada de atores e o mais importante, de uma alma ao filme. "Red Tails" em certos momentos mais parece um daqueles videogames de última geração. Em essência tudo é muito vazio, sem coração, sem alma. O espectador não consegue criar vínculo com os personagens que sempre são muito rasos e nada desenvolvidos. Lembrou dos novos filmes de "Star Wars"? Pois tudo se repete novamente aqui. O argumento é bem intencionado, vai de encontro com o politicamente correto tão em moda hoje em dia e aposta numa ação afirmativa que tenta dar o devido reconhecimento e valor de pilotos negros que lutaram nos céus da Itália. Tudo isso é muito louvável mas o bom cinema não vive apenas de boas intenções. Tem que haver mais, tem que priorizar não apenas o aspecto técnico do filme mas seu lado humano também. Os pilotos de "Red Tails" são meros soldadinhos de chumbo. O espectador perde o interesse por eles logo. Uma pena. Enfim, espero que George Lucas volte a fazer cinema de carne e osso um dia. Apenas belos efeitos digitais já não bastam para qualificar um filme como bom atualmente.

Red Tails (Red Tails, Estados Unidos, 2012) Direção: Anthony Hemingway / Roteiro: John Ridley, Aaron McGruder / Elenco: Cuba Gooding Jr., Gerald McRaney, David Oyelowo / Sinopse: Esquadrilha da força aérea americana formada apenas por pilotos negros durante a II Guerra Mundial tenta provar seu valor em missões perigosas e vitais para o esforço de guerra aliada.

Pablo Aluísio.