A carreira de Mel Gibson começou muito modesta, ainda nos tempos em que ele morava na Austrália. Embora fosse americano de origem (o ator nasceu em Nova Iorque no ano de 1956), Gibson foi ainda muito jovem morar na distante Austrália por causa dos pais. Lá ele começou a se interessar por atuação, muito embora ainda fosse jovem demais para decidir o que faria da vida no futuro. Seu primeiro trabalho foi na televisão, em uma participação mínima na série "The Sullivans". Era o ano de 1976, Gibson com apenas 20 anos de idade curtiu a experiência, mas percebeu que o mundo da televisão não era para ele.
Seu primeiro filme para o cinema foi "O Último Verão", uma fita sobre quatro amigos que resolvem viajar pela Austrália em busca da onda perfeita. Os personagens eram surfistas (inclusive Gibson) e o roteiro era, para ser bem educado, completamente primário. Um filme que foi renegado pelo próprio Gibson anos depois. Durante uma entrevista o ator, perguntado sobre seu primeiro filme, foi enfático, descartando a produção, a chamando de ridícula. Realmente o título original era bem adequado, "Summer City", pois esse era inevitavelmente um filme vazio de verão, com surf, praias, garotas e nada mais. Não era mesmo nenhuma obra cinematográfica mais relevante. Se não fosse pela participação de Mel Gibson no elenco esse filme já teria sido esquecido completamente.
Depois de "O Último Verão" Gibson faria mais um filme, dessa vez um telefilme para ser exibido exclusivamente no canal ABC da Austrália. O filme se chamava "The Hero" (até hoje sem nome oficial no Brasil). Era uma produção muito fraca, quase um documentário, sobre a vida de atores na Austrália. Foi tão ruim e decepcionante que Gibson chegou ao ponto de pensar em abandonar seus sonhos de se tornar um ator, de viver da arte de atuar.
O que salvou a carreira de Mel Gibson foi o fato do diretor George Miller se interessar por ele após assistir a "O Último Verão". O cineasta acreditou que havia finalmente encontrado o tipo ideal para seu novo projeto, um filme com roteiro insano mostrando um patrulheiro rodoviário tentando colocar ordem e justiça em um mundo pós-apocalíptico. Era uma proposta bem ousada, a ser filmada nas estradas mais desertas e inóspitas do interior australiano. Miller queria mostrar um mundo destruído, desolado e abandonado, cuja a lei deveria ser imposta com violência e insanidade. O nome do filme seria "Mad Max" (Louco Max) e poucos sabiam, mas esse seria um marco absoluto na história do cinema mundial. Mel Gibson foi então convidado para um teste, sem levar nada muito à sério. Mal sabia ele o que estava por vir...
O filme "Mad Max" foi uma produção barata que não negava suas
origens. O filme foi produzido com apenas 200 mil dólares, tudo feito a
toque de caixa. O diretor George Miller porém tinha uma visão inovadora,
bastante original. Ele mandou confeccionar um belo cartaz do filme e
viajou até os Estados Unidos para lançá-lo no circuito independente. Ele
sabia que nesse meio o filme teria maior recepção.
E
tudo correu de acordo com o que ele pensava. "Mad Max" passou a ser
exibido em um mercado mais underground, que o transformou rapidamente em
um cult movie. Além disso quando o filme finalmente foi lançado (em
1979) o mercado de cinema estava prestes a sofrer uma enorme
transformação. A indústria se preparava para o lançamento de um novo
aparelho doméstico, o videocassete, que iria mudar para sempre os
hábitos dos cinéfilos.
"Mad Max" acabou assim se
tornando um dos primeiros grandes sucessos de lançamento no recém
inaugurado mercado de vídeos domésticos, VHS. Com esse novo meio de
comercialização de filmes os produtores encontraram um novo meio de
ganhar muito dinheiro com os filmes. O que antes se resumia nas
bilheterias de cinema, agora mudava para um novo formato. O consumidor
alugava o filme e levava uma fita para assistir em casa, no conforto do
lar. Com isso "Mad Max" foi ficando cada vez mais popular. A boa
receptividade chamou a atenção para Mel Gibson, o ator que interpretava
Max. Embora fosse americano ele morava na Austrália. Seu agente o
aconselhou a ir embora, vindo morar em Los Angeles.
Antes de ir embora para a América Mel Gibson rodou um novo filme na Austrália. O filme se chamava "Tim - Anjos de Aço".
Esse roteiro deu oportunidade para Gibson mostrar que era muito mais do
que apenas um patrulheiro rodoviário em um mundo destruído. Seu
personagem se chamava Tim Melville, um rapaz com retardo mental que
trabalhava em pequenos serviços, como jardineiro, etc. Interpretar
alguém excepcional, com necessidades especiais, foi um grande desafio
para Mel que pegou gosto pelo drama e pelos enredos mais edificantes.
Claro, ele estava prestes a se tornar um dos mais populares atores do
gênero ação nos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo sempre iria procurar
por desafios como esse em sua futura carreira.
Depois do sucesso de "Mad Max" no mercado de vídeo nos Estados
Unidos, Gibson viu as portas do cinema americano se abrirem para ele.
Antes de ir para a América porém Gibson precisou cumprir alguns
contratos que havia assinado na Austrália. Ela já havia decidido ir
embora, para morar em Los Angeles por alguns anos, mas sem perder sua
ligação com a Austrália, que adorava. Inclusive com o dinheiro ganho em
"Mad Max" ele comprou sua primeira pequena fazenda no país, algo que
iria manter por muitos anos. Ele também queria continuar a trabalhar no
cinema australiano, independente de qualquer coisa.
Um desses filmes de sua fase australiana final foi o filme de guerra "Força de Ataque Z".
A história se passava na II Guerra Mundial, quando um comando de
militares australianos embarcavam numa missão contra as forças do Japão
imperial. Gibson interpretava uma capitão chamado John Kelly nessa
produção que se não chegava a ser uma obra prima, pelo menos cumpria bem
seus objetivos no quesito diversão. No elenco havia ainda outro bom
ator que também iria fazer carreira no cinema americano, o versátil Sam
Neill.
Outro filme de guerra dessa mesma época foi "Gallipoli".
Era uma produção bem superior ao filme anterior. Enquanto "Força de
Ataque Z" era um filme de ação sem maiores pretensões a não ser divertir
o público, esse "Gallipoli" era um ótimo drama de guerra dirigido pelo
talentoso e reconhecido cineasta Peter Weir. O filme se passava durante a
I Guerra Mundial. Gibson interpretava um jovem australiano que era
enviado junto de sua companhia para lutar nas areias escaldantes do
front egípcio. O inimigo era representado pelas forças militares de uma
Turquia ainda muito fanatizada e cruel. Esse filme pode ser considerado o
primeiro grande filme da carreira de Mel Gibson. Tinha excelente
produção, linda fotografia e um roteiro realmente muito bem escrito. Era
o tipo de filme que Gibson queria fazer. Algo muito além das meras
cenas de ação dos filmes anteriores.
A produção acabou
sendo considerada o grande filme australiano do ano, sempre premiada em
várias categorias do Australian Film Institute (uma espécie de Oscar
australiano), entre eles melhor filme, direção e ator, com Gibson sendo
premiado pela primeira vez em sua carreira. O filme teve tão boa
repercussão de público e crítica que acabou sendo lançado nos cinemas
brasileiros na época, algo bem raro em se tratando de filmes
australianos. Isso demonstrava como havia sido bem recebido em todo o
mundo. Por muitos anos Gibson diria que "Gallipoli" havia sido
certamente o melhor filme de toda a sua carreira até aquele momento.
Pablo Aluísio.
Cine Action
ResponderExcluirO Cinema de Mel Gibson
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O Mel Gibson em Mad Max era um cara muito bonito e cool, ou seja, talhado para ser o herói do mundo do cinema. Bom, na vida real, ao contrario, era um católico fundamentalista com tudo que essa definição traz de ruim: hipócrita ao extremo, como a maior parte dos católicos do mundo (eu me incluo nessa). Consequência: anos depois traiu a mulher com quem era casado a muitos anos; ofendeu profundamente o establishment Judeu com o filme A Paixão de Cristo (eu acho que ele foi profundamente verdadeiro neste filme e finalmente se fez justiça em colocar as claras a monstruosidade que os Judeus fizeram com Cristo)e por conta desses deslizes caiu em desgraça e o resto é a historia que você, com sua competência habitual, ainda vai esmiuçar.
ResponderExcluirO Mel Gibson é um sujeito estranho... Ele tem picos de genialidade intercaladas com surtos de maluquice. É um cara complicado de entender...
ResponderExcluirMel Gibson continua sendo alvo de chacota e de escárnio em Hollywood e no mundo inteiro até os dias de hoje junto com Bruce Willis, Mickey Rourke, Edward Norton e Peter Jackson também.
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