O ator Burt Lancaster começou sua carreira no circo, como malabarista. Quando foi para Hollywood os produtores o viram como se fosse um novo Douglas Fairbanks, o acrobata dos filmes de piratas durante o auge do cinema mudo. Claro que o tempo iria provar que Lancaster não era apenas um atlético homem de circo, mas sim um ator realmente muito bom, que conseguia se sair bem tanto em filmes de pura ação, como essa aventura, como àqueles em que tinha que atuar muito mais dramaticamente (como o sempre lembrado "O Homem de Alcatraz").
Em 1954 porém a imagem de Burt Lancaster ainda não tinha evoluído muito. O que havia sido posto sobre a mesa dos grandes chefões era a de que ele poderia se sair muito bem em aventuras dos sete mares. Assim o ator foi escalado para esse filme sobre um capitão que no Pacífico Sul tentava tirar a sorte grande ao explorar uma ilha remota povoada por nativos ainda bem primitivos. O lugar, cheio de coqueiros, era um manancial de riquezas. O óleo da casca do coco era fartamente usado na época pela indústria recém nascida. Levar aquele óleo para a distante Europa seria a sua salvação. Certamente ele ficaria rico. Só faltava saber como...
O protagonista interpretado por Burt Lancaster porém teria que antes disso vencer uma série de desafios. O principal deles era arranjar uma nova embarcação pois seu último navio havia sido tomado pela própria tripulação em um motim violento. Preso e jogado no mar em um pequeno bote o capitão só conseguiu sobreviver por causa das marés que o levaram até uma paradisíaca ilha em Fiji (um dos cartões postais mais bonitos do planeta, com suas águas límpidas, cristalinas e azuis). E é justamente nesse lugar que o velho capitão vivido por Lancaster começa novos planos de exploração. É claro que sob um ponto de vista atual tudo soará meio indigesto. O homem branco americano de Lancaster nem pensa duas vezes em colocar todos aqueles nativos morenos e primitivos para trabalharem em seu proveito pessoal, quase numa relação de escravismo. E olha que o personagem era visto como um herói naqueles distantes anos 50.
Deixando essas questões puramente ideológicas de lado o fato é que o filme como diversão funciona muito bem. O roteiro é redondinho, bem articulado e só derrapa mesmo na cena final, na conclusão do enredo que soa meio forçado. A ilha de Lancaster acaba virando um barril de pólvora, com disputas internas envolvendo o poder entre os selvagens. Alguns decidem apoiar Lancaster e outros ficam do lado de colonizadores franceses e belgas (que também querem explorar comercialmente a ilha). Qual seria a conclusão óbvia de uma situação assim? Claro que no mínimo uma sangrenta guerra civil, mas o roteiro parece ignorar a natureza humana, tudo terminando em um improvável Happy Ending, com todos de braços dados, felizes e sorridentes. De qualquer forma, levando-se em consideração a época em que o filme foi produzido, até que isso não incomoda muito. Embargue em sua proposta aventuresca e procure se divertir o máximo possível. Agindo assim esse "Sua Majestade o Aventureiro" vai servir bem aos seus objetivos.
Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirDireção: ★★★
Elenco: ★★★
Produção: ★★★
Roteiro: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.9
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim
Comments: John Lennon, Rickenbacker; Elvis, Walk a Mile in My Shoes; Drama & Romance, Na Batida do Coração.
ResponderExcluir... e, Jogo de Espiões.
ResponderExcluirOk... respondidos...
ResponderExcluirÓtimo texto, Pablo, parabéns! Confesso que ainda não assiti a este longa do grande Burt Lancaster de quem eu sou fã incondicional.
ResponderExcluirO gavião e a flecha, direção de Jacques Torneur, é bem melhor
ResponderExcluirObrigado Telmo.
ResponderExcluirO Lancaster fez muitos filme ao longo da carreira. Fica realmente complicado ter visto todos. De qualquer maneira deixa a dica desse em especial.
Abraços, Pablo Aluísio.
Gosto bastante de "O Gavião e a Flecha". Muito bem lembrado.
ResponderExcluirAbraços, Pablo Aluísio.
Pablo. De todos os filmes de Lancaster que tive o privilégio de assistir, sem dúvida, o longa "Entre Deus e o Pecado" foi a sua maior performance. Inclusive fiz o texto deste clássico que está aqui no seu Blog.
ResponderExcluirO Blog mudou a minha foto de perfil sem que eu solicitasse. kkkkk
ResponderExcluirOlá Telmo,
ResponderExcluirRealmente esse filme citado por você é ótimo mesmo. Já é de uma fase em que o Lancaster começou a dar passos firmes rumo a uma melhor interpretação, em roteiros mais bem trabalhados e produzidos.
Telmo o Gavião e a Flecha é o Robin Hood acrobático e engraçado. É fora de série, muito bom. Grande lembrança.
ResponderExcluirPretendo rever o clássico "O Gavião e a Flecha". Assim que conferir irei escrever.
ResponderExcluirPublicado originalmente no blog Cinema Clássico
ResponderExcluirPablo Aluísio
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