domingo, 7 de novembro de 2004

Cinema Review - Edição XIII

O Demônio de Gelo
Depois de dez anos desaparecido, o corpo de um homem é encontrado numa montanha gelada da Sibéria, na Rússia. Imagine-se obviamente que esteja morto, mas para surpresa da equipe médica que presta os primeiros exames, ele se encontra apenas em coma profundo. Depois de algumas semanas de tratamento não há muito o que fazer. Ele é levado para a casa de sua ex-mulher e filha que agora vivem uma outra realidade, pois ela se casou com um outro homem. Então o sujeito fica ali, em coma, dentro de um quarto da casa. E não demora muito a acontecer estranhas coisas pelos corredores escuros daquela velha casa isolada e gelada. 

Filme de terror russo que vai pela linha do terror psicológico e se sai bem nesse caminho. O roteiro é bem escrito, explorando o passado como algo a se esconder. A peça chave é a própria ex-esposa que tem literalmente alguns esqueletos no armário para esconder. Já a filha adolescente sofre pela nova situação. Ela mal conheceu seu pai que ficou desaparecido por anos e anos. Agora precisa lidar com ele, em coma, na sua casa! Complicado! 

Pena que esse monstro de gelo aí do poster não apareça. Como eu disse, esse é um filme de terror psicológico e não um slasher. Então o monstro só aparece no poster mesmo, é uma isca para atrair a atenção do público. Ainda assim, não vou tirar pontos desse filme. Eu gostei do que vi. Um filme com roteiro inteligente que em momento algum desmerece a capacidade do público em entender tudo o que está acontecendo. Pois é, a violência doméstica, pode mesmo ser um horror para quem a vivencia em casa. No fundo, no fundo, é disso que essa história se trata. 

O General Morreu ao Amanhecer ★★
A História do filme se passa na China, durante a década de 1930. O país passa por uma guerra civil. São vários generais que lutam entre si, tentando se opor e impor aos inimigos. Um caos. No meio de tudo isso temos o personagem de Cooper. Ele é um americano que vive de "oportunidades". Assim quando um general lhe dá uma grande quantia em dinheiro por armas, ele embarca em um trem para encontrar esse traficante de armas que vai lhe vender esses rifles e fuzis. O sujeito é um bebum e também é americano. Na viagem de ida ao encontro desse criminoso o trem onde viaja o personagem de Cooper é parado na ferrovia. Ele cai nas mãos do inimigo e precisa dar conta não apenas do dinheiro, como também das armas. Sua vida passa a correr sério risco dentro desse jogo perigoso. 

Eu sempre gostei muito do Cooper, mas confesso que não gostei desse filme. Seu personagem tende a ser um cara bonzinho, mas quem já viu um vendedor de armas contrabandeadas ser um mocinho? Ele é um mercenário em última instãncia, um sujeito que vive de vender armas para alimentar uma guerra civil de uma nação que tenta sobreviver. Isso foi antes da Revolução Comunista e podemos perceber bem o olhar de colonialista dos americanos em relação aos chineses. E para piorar ainda mais o quadro geral, o roteiro tenta emplacar um romance nada convincente entre o personagem de Cooper e uma atriz platinada muito fraquinha. Sua atuação, exagerada e caricata, vai jogando as últimas pás de cal nesse filme que definitivamente não me agradou em nada. 

A Conspiração Consumista ★★★
Muito bom esse documentário que assisti na Netflix. Ele denuncia algo que está claro na frente de todos, governos, empresas e consumidores. Vivemos atualmente no mundo uma cultura de alto consumo e grande desperdício. As montanhas de produtos vendidos todos os dias pela internet viram montanhas de lixo que degradam o meio ambiente. O Plástico, esse produto infernal que não é absorvido pela natureza, está contaminando tudo. Provavelmente o copo de água que você está tomando todos os dias está cheio de plástico que vai para dentro do seu organismo dando origem a diversas doenças. Não tem saída para esse tipo de ciclo tóxico que se impôs em nosso planeta. 

O documentário também desnuda o jogo hipócrita e perverso das empresas. Elas gostam de vender a imagem de que estão preocupadas com o meio ambiente, mas como o documentário bem demonstra, isso tudo é apenas publicidade enganosa. Na maioria das vezes as grandes corporações não estão nem aí com o fato de que seus produtos vão se tornar lixo tóxico na natureza. Pelo contrário, elas incentivam ainda mais o consumo desenfreado, até porque estão visando lucros e nada mais. O meio ambiente que se degrade, que fique contaminado. O que importa é a planilha de lucros aumentando a cada novo ano. 

E outra coisa que me chamou muito atenção nesse documentário foi a tal de Obsolescência programada. Não se engane sobre isso. É algo realmente planejado pelas grandes empresas. Os produtos atualmente possuem pouco tempo de vida e de uso. São produzidos para serem descartáveis mesmo. E quando mais rápido isso acontecer, melhor! A maioria é feita para quebrar em pouco tempo, para que assim o consumidor venha a comprar a versão mais recente desse mesmo produto! E as próprias empresas se programam também para que esses produtos quebrados jamais sejam consertados. Eles querem vender novos produtos, que durem menos e não fazer produtos que sejam consertáveis! Cada dia mais usam novas tecnologias que impeçam até mesmo de serem abertos para conserto! Um absurdo completo!  O produto de hoje é o lixo do amanhã mais recente. O meio ambiente não suporta esse tipo de ciclo. E essa é uma política das próprias grandes corporações multinacionais. Pois é, meus caros. O consumismo capitalista vai acabar consumindo nosso planeta. O problema é que ele é o único que temos! 

Pablo Aluísio.  

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