sábado, 5 de fevereiro de 2011

Chuck Berry

Chuck Berry - Na famosa foto de divulgação da gravadora Decca ao lado, vemos o cantor e compositor Chuck Berry com sua guitarra, ainda no começo da carreira. Ele diria depois que pouco sobrou de seus primeiros anos. Em entrevista Berry recordou: "Todos me roubaram. Meu empresário, os donos das gravadoras, as editoras de música, minhas ex-esposas,  meus parentes! O dinheiro que ganhei no auge da minha carreira foi todo roubado! Assim eu tive que continuar trabalhando para não morrer de fome!"

Chuck Berry, como muitos dos pioneiros do rock, não tinham a menor ideia de como a indústria musical funcionava. Por essa razão assinaram contratos em que praticamente cediam todos os direitos de suas músicas e gravações. Para esses primeiros roqueiros o que importava era gravar discos, mostrar que estava fazendo sucesso no meio musical.

Só que ao assinarem esses contratos leoninos eles perdiam direito a quase tudo. O próprio Chuck Berry iria descobrir que não tinha o direito sequer de usar seu próprio nome pois ele havia cedido tudo para a gravadora Decca, desde suas gravações de seus maiores sucessos, passando por sua imagem e até mesmo o nome! Chuck Berry assim precisou lutar por anos em processos e mais processos judiciais para finalmente começar a ganhar algum dinheiro com sua própria arte.  

Chuck Berry - I Just Want To Make Love To You / House Of Blue Lights / Confessin' The Blues
"I Just Want To Make Love To You" é um dos blues mais bem arranjados da discografia de Chuck Berry. Além da onipresente guitarra de Berry ele resolveu colocar também uma guitarra rítmica que lembra muito a sonoridade típica dos anos 70, um tipo de arranjo que iria fazer parte de muitas músicas daquela época. De todas as faixas do disco "Chuck Berry Blues" essa era uma das mais vocacionadas a virar um hit nas rádios. Só que isso acabou não acontecendo, muito provavelmente por desleixo da gravadora que não trabalhou direito na promoção da música nas estações de rádio. Uma pena.

"House Of Blue Lights" abre com um daqueles rifs memoráveis de Berry. Essa canção é puro rock ´n´ roll dos anos 50. A única razão dela ter sido incluída nesse álbum foi para ajudar na promoção do disco. OK, um dos ingredientes da formação do rock como ritmo musical foi o blues, todos sabem disso, porém "Blue Lights" não é uma canção de blues, pelo contrário, é puro rock mesmo, sem tirar e nem colocar nada. Grande gravação de Berry e também um dos melhores momentos do disco. A melodia é das mais agradáveis e lembra imediatamente de outros sucessos de Berry como a sempre lembrada "Johnny B. Goode".

Mais híbrida é a animadinha "Confessin' The Blues". Dessa faixa aprecio especialmente o "duelo" de guitarras, com Berry solando em praticamente toda a gravação. A melodia com as várias "paradinhas" é outro ponto de atração. Assim como "Make Love to You" essa é igualmente uma das mais bem arranjadas canções do disco. O próprio Chuck Berry abriu espaço no meio da faixa para solar e improvisar como nunca com sua Gibson. Precisava mais de alguma coisa? Penso que não. Em apenas dois minutos Chuck Berry mandou muito bem, adicionando todos os elementos que o fizeram um dos grandes nomes do surgimento do rock nos Estados Unidos.

Chuck Berry: O Ocaso de um Mito
É lamentável saber que um dos grandes mitos da história do rock, Chuck Berry, está nesse momento fazendo uma turnê pela América do Sul (Argentina, Chile, etc) sem ter a menor condição de se apresentar mais com dignidade. Aos 86 anos o velho roqueiro não está nada bem, nem fisicamente e nem psicologicamente falando.

Sua última apresentação no último dia 14 de abril na Argentina foi avaliada como “desastrosa” pela imprensa local. Berry subiu ao palco visivelmente debilitado, sem condições de tocar ou cantar adequadamente. Ao lado de sua famosa guitarra mal conseguiu acertar as notas de seus clássicos.Executou apenas 10 canções em 1 hora de show e saiu sem dar adeus. Acompanhado de uma banda considerada “medíocre” pela crítica argentina Berry não tem mais condições psicológicas e nem de saúde para se expor a esse tipo de apresentação. Seu concerto foi classificado como “triste, bizarro e indigno” pela edição argentina da Rolling Stone. A todo momento Berry era ajudado por sua filha que ao que parece tem sido a organizadora de suas últimas e lamentáveis aparições ao vivo.

Para piorar o que já era bem ruim o cantor não parece mais saber direito onde se encontra ou que está fazendo. De fato Berry só não foi vaiado por causa de sua importância na história do rock – e os argentinos entendem perfeitamente isso. Seria a repetição de mais uma história triste envolvendo os pioneiros do rock? Explorado por familiares e parasitas em geral esses músicos são levados a concertos por cachês altos mesmo não tendo mais a menor condição de levar um show em frente. Triste saber que o maravilhoso Berry se encontra nessa situação. Espero que ele consiga encontrar alguma paz em seus últimos anos de vida. Obs: o texto foi escrito antes da morte do cantor. Chuck Berry morreu em 18 de março de 2017.   

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Brian Jones

Foi um dos fundadores do grupo Rolling Stones. Na verdade para muitos a idéia que deu forma ao conjunto partiu exclusivamente dele. Brian Jones era um dândi, um sujeito bem sofisticado, com ótima formação cultural que resolveu embarcar na onda do Rock ´n´ Roll para se divertir e quem sabe ganhar alguns trocados. Ele se uniu então a alguns jovens “Teddy Boys” que encontrou como Mick Jagger e Keith Richards e sem ter noção do que estava criando acabou fundando um dos maiores grupos de rock da história.

Era um grande instrumentista mas como colega de grupo era um sujeito complicado. Esnobe, só aceitava ficar nos melhores hotéis (enquanto os demais Stones se viravam em quartos fajutos). Achava que era o líder intocável dos Stones mas sua presunção acabou minando sua liderança. Aos poucos os garotos de rua, Jagger e Richards, assumiram esse posto. Jones porém não viveu para ver sua queda arquitetada.

Ele morreu antes, em circunstâncias misteriosas na piscina de sua casa. Era um jovem ainda e até hoje não se sabe com exatidão o que aconteceu (para alguns estava tão drogado que simplesmente se afogou de forma acidental). Hoje, passados tantos anos isso não importa mais. Brian Jones sempre será lembrado como o idealista criador dos Rolling Stones. Um dândi afetado que agora faz parte da constelações dos grandes nomes do rock na história.

Brian Jones (1942 – 1969)

Pablo Aluísio.

Raul Seixas – O Dia Em Que A Terra Parou

Depois de alguns problemas de saúde e divergências artísticas Raul Seixas resolveu cair fora da Phillips, a gravadora onde ele havia gravado seus maiores sucessos. De mala e cuia na mão ele acabou indo parar na recém fundada WEA, braço nacional da multinacional Warner. Raul Seixas em casa nova então começou a trabalhar no novo disco. Ao lado de seu parceiro Cláudio Roberto acabou compondo todas as canções do disco. Raul e Cláudio Roberto não era de fato uma dupla tão significativa como Raul e Paulo Coelho mas não há como negar que compuseram alguns dos grandes clássicos do repertorio de Raulzito, inclusive “Maluco Beleza” que está aqui no disco. Como se pode perceber pelo próprio nome do álbum Raul era acima de tudo um grande fã de cinema. “O Dia em que a Terra Parou” é o nome do famoso clássico Sci-fi dos anos 50. Raul então se aproveitou do título para compor uma simpática faixa onde em um inspirado jogo de palavras mostrava um dia em que “ninguém estaria lá”. Nada de ETs ou Aliens na letra, apenas a idéia simples e bem bolada em que ninguém mais sairia de casa, ficando tudo parado no dia em que literalmente a terra parou.

O álbum foi criticado por alguns por não trazer tantas faixas significativas como nos primeiros discos de Raulzito mas não concordo plenamente com essa visão. Existem no mínimo quatro grandes canções na seleção musical. Além das óbvias “Maluco Beleza” (onde brincava com sua fama de lunático) e a já citada “O Dia Em Que a Terra Parou” havia ainda a deliciosa “No Fundo do Quintal da Escola” onde Raul dava uma banana para seus críticos mais ferozes. Aproveitava também para relembrar dos dias de colegial quando pulava o muro do quintal da escola. Ótima letra. Afirmando que não sabia para onde estava indo mas que estava no seu caminho, Raulzito dá seu divertido recado para os que gostavam de lhe passar sermões. Outro momento fenomenal é “Sapato 36” onde em uma letra nostálgica Raul relembra aspectos de sua infância, mostrando que já não era mais a criança de antes mas sim uma pessoa ciente de si mesmo. Um recado sincero para seu pai. Enfim, para os críticos de sua fase na WEA basta apenas uma audição. Certamente não é um disco filosófico e cheio de mensagens como os anteriores mas não há como negar que é uma bela coleção de canções do eterno maluco beleza.

Raul Seixas – O Dia Em Que A Terra Parou (1977)
Tapanacara
Maluco Beleza
O Dia em que a Terra Parou
No Fundo do Quintal da Escola
Eu Quero Mesmo
Sapato 36
Você
Sim
Que Luz É Essa?
De Cabeça-pra-Baixo

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Frankie Valli and the Four Seasons

Certa vez li um texto escrito por um jornalista inglês especializado em música pop dizendo, de forma bem irônica e ácida, que o Four Seasons foi “a melhor banda de casamentos da história”. Era um tom de escárnio com a música do grupo, como se quisesse desmerece-los por causa de suas canções inocentemente românticas. Bom, como diria o presidente JFK jamais confie em especialistas! Na verdade o grupo Frankie Valli and the Four Seasons marcou bastante a música americana, principalmente naquela fase de entressafra, quando a música jovem daquele país passava por uma grande mudança. A indústria que se assustara com os roqueiros rebeldes e perigosos dos anos 50 agora abraçava moços bem comportados, que só queriam emplacar sua música nas paradas de sucessos. Nada de derrubar o sistema, nem de invocar rebelião nas escolas. O grupo só queria mesmo cantar o amor juvenil daquela época para assim vender muitos discos. Esse aliás era o grande sonho do baixinho Frankie Valli, descendente de italianos, que queria mostrar o talento de seu grupo. Dono de uma voz finíssima e até estridente, Valli, mesmo que por caminhos tortuosos, conseguiu chegar lá!

O grupo nasceu em 1960 e sua formação inicial contava com o próprio Frankie Valli como líder vocal, Bob Gaudio nos teclados, Tommy DeVito na guitarra e Nick Massi no baixo.  Frankie Valli já tinha estrada pois estava tentando decolar na carreira desde 1953. Ele participou de sucessivos grupos mas a sorte não parecia bater na sua porta. Não conseguiu se sobressair e nem fazer sucesso, também pudera na década de 50 o rock americano teve uma verdadeira explosão de criatividade, dominando todas as paradas. Só na década seguinte Valli conseguiu conquistar seu lugar ao sol, justamente quando se uniu ao Four Seasons. O primeiro single foi um fracasso mas aos poucos o grupo foi chamando a atenção, conquistando seu espaço. A explosão veio com "Sherry”, seguido do sucesso número 1 da Billboard, "Big Girls Don't Cry". A partir daí o grupo se firmou e foi conseguindo um sucesso atrás do outro até a invasão britânica em 1964 que de uma forma ou outra enterrou várias carreiras de artistas americanos. É claro que o som deles jamais poderia ser páreo para os Beatles e os Rolling Stones. Não faz mal. Ouvir um álbum do Four Seasons hoje é um dos maiores prazeres que um fã da música dos anos 60 pode desfrutar. Seu som, suas letras sobre romances adolescentes e principalmente a voz de Valli ainda soam maravilhosamente inocentes e cativantes. Uma volta ao tempo que faz muito bem à alma e ao espírito. Por isso serão sempre eternos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A-ha – Memorial Beach

Nem sempre os melhores álbuns se tornam necessariamente sucessos de vendas. Um dos maiores exemplos disso é “Memorial Beach”, um dos discos mais bem produzidos e realizados do grupo norueguês A-ha, que a despeito de sua grande qualidade musical literalmente afundou nas paradas. Para se ter uma idéia o álbum não conseguiu se destacar nem nas paradas da Alemanha e Inglaterra, dois fortes redutos de fãs do grupo. Porque isso aconteceu? Muitos atribuem o fato à pouca divulgação que o disco teve em seu lançamento, já outros acreditam que seu resultado comercial pífio foi resultado das próprias músicas presentes no álbum pois tinham pouca vocação comercial, sendo em sua grande maioria faixas mais românticas, ternas, que em pouco lembravam os hits radiofônicos dos discos anteriores do grupo. De uma forma ou outra “Memorial Beach” acabou mesmo sendo ignorado pelo grande público, circulando apenas entre os fãs mais fieis ao A-ha.

Deixando a questão meramente comercial de lado e analisando o trabalho apenas em seu lado artístico não há como negar que “Memorial Beach” é sem dúvida um dos melhores discos do A-ha. As canções, todas extremamente bem escritas e executadas, levam o ouvinte a realmente se sentir numa praia durante um entardecer preguiçoso. Há grandes baladas aqui, todas com melodias inspiradas, sem qualquer pressa de chegarem ao fim. O clima relaxante e romântico dita o tom de todas as demais músicas. Isso porém não quer dizer que haja apenas baladas. “Move to Memphis”, por exemplo, é ótima, ideal para dançar e se divertir. Curiosamente o disco foi gravado em um frio e isolado estúdio localizado nos arredores de Minneapolis, o que deve ter contribuído ainda mais para o clima soturno de “Memorial Beach”. Enfim, fica a dica para quem não conhece e pensa que o A-ha é apenas um grupo vocacionado para sucessos descartáveis de FM. Eles são bem mais do que isso e “Memorial Beach” prova isso muito bem.

A-ha - Memorial Beach (1993)
Dark Is the Night for All
Move to Memphis
Cold as Stone
Angel in the Snow
Locust
Lie Down in Darkness
How Sweet It Was
Lamb to the Slaughter
Between Your Mama and Yourself
Memorial Beach

Pablo Aluísio.

Jimmy Clanton

Algumas histórias no mundo da música são mais do que divertidas, são na verdade finas ironias do destino. Veja o caso de Jimmy Clanton. Ele surgiu no vácuo deixado por Elvis Presley após ele ser convocado pelo exército americano no final da década de 50. Caindo nas graças do influente DJ Alan Freed, o jovem mal tinha saído do High School e já estava vendo sua carreira decolar rapidamente. Numa conversa informal com um produtor do selo Ace Records, Freed teria dito: “Qualquer garoto bonito pode fazer o mesmo sucesso que Elvis. Eu vou transformar esse garoto em um cantor maior que Presley, espere e verá!”. E no começo as coisas realmente pareciam ir muito bem. De repente Jimmy Clanton começou a aparecer nas paradas de sucesso, na TV (no popular American Bandstand) e sua gravação "Just a Dream" subiu ao primeiro posto da Billboard (vendendo mais de um milhão de cópias!). Um feito maravilhoso, só comparado a Elvis, é claro! Mas eles queriam mais. Após mais um sucesso, a deliciosamente descerebrada “Go Jimmy Go”, o cantor foi parar nas telas de cinema.

Ele assim surgiu estrelando mais um daqueles típicos filmes de rock ´n´ roll, “Go, Johnny Go!”. Na película ele interpretava o personagem Johnny Melody, uma paródia de si mesmo. Vieram mais sucessos em seguida, "A Letter to an Angel," "Ship on a Stormy Sea," e "Venus in Blue Jeans". A verdade é que enquanto Elvis Presley estava virando picolé no frio da Alemanha, Jimmy Clanton deitava e rolava nas paradas e no cinema até que... bem, a festa certamente não duraria para sempre! Em 1960, bem no exato momento em que Elvis voltava para os EUA com ampla repercussão da mídia, Clanton era convocado pelo exército americano! Existe ironia mais interessante do que essa no mundo da música americana? Eu acredito que não. Ele acabou sendo vitima do mesmo destino que havia prejudicado Elvis e que em última análise o tinha transformado em um astro!. Clanton acabou ficando dois anos em serviço militar e quando voltou o mundo musical já era bem outro. Os Beatles estavam nas paradas e ninguém mais daria muita bola para um artista que sempre vivera na sombra de Elvis Presley (já naquela época também passando sufoco para competir com a invasão britânica). A moral de toda essa história? Ora, definitivamente o mundo dá voltas meus amigos...

Pablo Aluísio

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

The Trashmen - Surfin' Bird

Provavelmente você não conheça assim de nome, afinal quem se lembraria de um grupo de rock chamado “Os Lixeiros”? Se não lembra do grupo certamente se lembrará de seu som ao ouvir o maior sucesso deles, "Surfin' Bird"! A música foi lançada em um single sem maiores pretensões em 1963 e conseguiu a façanha de alcançar o quarto lugar entre os mais vendidos da parada Billboard, provavelmente o maior feito comercial de uma banda de garagem da história da música americana! Sim, o Trashmen era uma banda de amigos de Minnesota que nunca se levaram muito a sério (bom, basta ouvir Surfin Bird para entender isso).

E foi justamente esse o segredo do sucesso desse single – a sonoridade era tão absurdamente estúpida e a letra tão completamente debilóide que obviamente caiu nas graças dos jovens de forma imediata! Foi um estouro de vendas! Era tola, ridícula e... irresistível! O grupo acabou em 1967, quase no anonimato já que Surfin Bird tinha sido a única grande “criação” deles (na verdade uma fusão de duas outras músicas, "The Bird's the Word" e "Papa-Oom-Mow-Mow" que não foram creditadas na época) mas quem se importa? Surfin Bird é uma das melhores representantes da surf music, que aqui surge em sua essência, uma ode ao doce sabor da juventude sem problemas da década de 60! Quem disse que toda música tem que mudar o mundo? O Trashmen provou justamente o contrário disso!

Pablo Aluísio.

Patsy Cline

Certa vez durante uma reunião com amigos um deles me fez uma pergunta das mais interessantes: “Pablo qual foi na sua opinião a voz feminina dos anos 60?”. Nem pensei muito. “Patsy Cline” – respondi. Infelizmente poucos se lembram de Patsy, principalmente no Brasil, onde apenas colecionadores mais atentos se lembram da maravilhosa voz dessa cantora, em um timbre vocal que sempre gostei de chamar de angelical. Além disso é impossível ouvir uma canção de Patsy sem lembrar imediatamente dos chamados anos dourados. É uma associação imediata. Sua voz, seus arranjos, as letras, tudo soa muito evocativo àquele período.

Patsy Cline foi uma estrela cadente. Gravou apenas três álbuns de estúdio e teve sua vida encerrada muito cedo, morrendo com apenas 30 anos em 1963 mas seu legado é fenomenal. Ela começou a carreira no universo country mas logo despontou com um pop romântico fantástico que logo alcançou repercussão nas paradas. “Crazy” é sintomático nessa nova fase. Como uma típica garota daqueles anos ela teve que conciliar sua carreira musical com seus casamentos, que não deram muito certo. Ela vivia nessa dualidade entre a vida de cantora e dona de casa mas a vocação falou mais alto. Patsy morreu em um acidente de carro perto de Camdem, uma cidade importante na história da música americana pois foi lá que nasceu a RCA Victor uma das companhias mais importantes da indústria fonográfica. Felizmente seus discos preservaram o que de melhor havia nela, seu grande talento vocal.

Discografia de Patsy Cline:
Patsy Cline (1957)
Patsy Cline Showcase (1961)
Sentimentally Yours (1962)

Pablo Aluísio.