A data em que Elvis Presley morreu está chegando e é curioso que geralmente nesses momentos as pessoas param um pouco para relembrar os grandes nomes do passado. Assim também ocorre com Elvis. Morto em 1977 o nome do cantor ainda hoje se faz presente pois dificilmente se encontrará alguém que não saiba quem foi ele. Até mesmo no Brasil seu nome segue como referencial, principalmente quando algum outro ídolo da música morre no auge da popularidade (como aconteceu com Michael Jackson e Amy Winehouse). Para não cair no clichê resolvi escrever um texto mais abrangente sobre a influência e a extensão da popularidade que o nome de Elvis alcançou em nosso país.
É fato que a cultura brasileira, principalmente a musical, sempre foi muito forte e presente na vida de todos. Via de regra o brasileiro realmente aprecia mais sua própria musicalidade, os seus próprios ídolos nacionais. Não é muito comum para o nosso povo eleger ídolos internacionais como seus preferidos. Se é assim hoje em dia imagine há mais de 50 anos quando provavelmente o nome de Elvis Presley foi pela primeira vez ouvido por algum brasileiro. Tente imaginar o Brasil em plena década de 1950. A moralidade, os costumes, tudo era muito diferente do que vemos hoje em dia. As mulheres eram de certa forma reprimidas em sua vida social, profissional e principalmente afetiva. Namorar apenas no portão de casa, passear só levando o irmãozinho (ou a irmãzinha) mais novos juntos. Sexo antes do casamento, nem pensar. Moças de família que tivessem vida sexual pré matrimônio logo caiam na boca do povo, ficavam "mal faladas". A revolução sexual ainda não havia acontecido, a pílula anticoncepcional ainda era peça de filme de ficção e o medo da gravidez precoce era muito presente. Pode ter certeza que tornar o nome de Elvis Presley tão popular assim dentro desse contexto histórico não foi nada fácil.
Elvis chegou no Brasil no comecinho de 1956. As lojas receberam um compacto simples com duas músicas do jovem cantor americano. Não havia capa - era apenas o acetato em uma embalagem simples da RCA Victor. O single era pesado, de 78 RPM e vinha sem muito promoção. No lado A "Heartbrek Hotel" e no B "I Was The One". Curiosamente a filial brasileira só decidiu lançar o disquinho após Elvis ser comentado na revista O Cruzeiro. Lá ele era apresentado aos brasileiros da época como um cantor revolucionário, cabelo grande e pasmem "Rebolativo"! Imaginem o rebuliço que isso causou! Embora Elvis ainda fosse uma novidade seu alter ego, James Dean, já era bem conhecido por aqui. A moçada já estava adotando seu visual "transviado", então quando Presley estourou em polêmica logo foi adotado pela geração "topete e brilhantina". E Elvis era bem isso mesmo, um "James Dean de guitarras" ou um "Marlon Brando que sabia cantar"!
Com toda essa onda em torno de seu nome o disquinho acabou vendendo bem. "Heartbreak Hotel" virou modinha nas rodinhas cults da juventude carioca. Ouvir Elvis, aquele rebelde americano, era sinal de que o jovem estava por dentro do que acontecia nos meios musicais. Com a popularidade logo Elvis também virou ídolo das garotas. Não era para menos. Bem apessoado, sensual e com imagem "perigosa" (para os padrões morais daqueles anos) Elvis logo virou poster nos quartos das beldades. Aliás é interessante notar que a popularidade de Elvis estourou primeiro no Brasil no Rio de Janeiro. Elvis, o roqueiro, logo virou ídolo da moçada carioca. Em São Paulo também houve interesse no cantor na época de seu surgimento, mas não no nível do que aconteceu no Rio. Lá ele fez muito sucesso e foi adotado pelos jovens cariocas de braços abertos.
De fato fora do Rio a explosão da popularidade de Elvis se deu por causa do cinema. Embora Elvis tenha se tornado popular nos EUA graças às suas aparições na TV, tais apresentações não chegaram ao Brasil. Foi o cinema e sua máquina publicitária que colocou o nome Elvis Presley na boca do povo brasileiro. Primeiro com o western B, "Love Me Tender" e depois com seus três filmes posteriores da década de 1950 que logo o transformaram em ícone popular. Os compactos foram sendo lançados um atrás do outro, as capas tentavam de maneira geral seguir a direção de arte dos lançamentos americanos, tornando Elvis um produto comercial quente no Brasil. A exceção ocorreu porém no primeiro álbum lançado por aqui. O disco chamado simplesmente "Elvis Presley" nada tinha a ver com o primeiro LP de Elvis nos EUA. Ao invés de copiarem a famosa capa com letras em rosa e vermelho do disco original preferiram colocar como capa uma imagem que havia sido em um EP nos EUA. Embora confusa a coisa deu certo e o hoje conhecido BKL 60 vendeu um bocado bem. Felizmente no segundo disco do cantor, chamado simplesmente "Elvis" a RCA brazuca resolveu seguir os passos da discografia americana.
Hoje em dia há uma certa visão entre especialistas e fãs de que os filmes de Elvis representaram um erro em sua carreira. Em termos artísticos pode até ter sido um erro mas do ponto de vista de popularização do nome de Elvis não há o que discutir. Se olharmos para a realidade brasileira teremos então uma perspectiva bem mais ampla desse aspecto. O cinema foi extremamente importante na carreira de Elvis aqui no Brasil. Embora os filmes nem sempre tenham sido bons o fato é que estrelando um filme atrás do outro nos anos 60 o cantor conseguiu se manter na ordem do dia e se tornar popular até mesmo em pequenas cidades do interior brasileiro, onde se não fosse por seus filmes ele não teria sido tão conhecido.
Depois do impacto inicial e da popularização pelo cinema o nome de Elvis Presley se firmou em nosso país. Fãs clubes foram formados e o artista ganhou grupos de fãs fiéis, que sempre acompanharam seu trabalho ao longo dos anos. A regularidade acabou se refletindo em sua discografia nacional. Embora nem todos os discos de Elvis tenham sido lançados oficialmente no Brasil, muitos deles chegaram por aqui assim que eram lançados no mercado americano. Nos anos 70 a filial da RCA em nosso país manteve vários discos de Elvis em catálogo por anos a fio. Com sua morte o interesse ficou ainda maior e a gravadora relançou quase todos os seus discos em 1982, fato único no Brasil. Hoje, 34 anos após sua morte a música de Presley chega aos mais distantes rincões pela maravilhosa ferramenta chamada Internet. Sem necessidade de ter um meio físico para existir a obra do cantor não mais encontrou barreiras para se difundir. Jovens ainda nos dias atuais se encantam com o incrível talento de Elvis e assim logo se tornam fãs. É um ciclo natural que não terá mais fim. Sobreviverá a minha pessoa, a você que lê esse texto e a de muitas gerações que já se foram ou que ainda virão. A arte tem essa grandeza. Ela não encontra barreiras ou fronteiras, se espalha por todos os lugares. Assim será eternamente com Elvis Presley, esse grande talento musical que nos deixou há décadas, mas que fincou raízes na cultura humana com a beleza de sua arte, de sua música.
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de março de 2009
Elvis Presley - Elvis: O Preço da Fama
Elvis Presley sempre teve problemas em relação a dormir bem. Desde a adolescência ele sentia dificuldades em relaxar e ter uma boa noite de sono. Como a família Presley era muito pobre Elvis se virava para dormir na sala da casa, seja no sofá, seja em colchões pelo chão. Não é complicado entender que nessas circunstâncias era realmente difícil descansar. Em vista disso Elvis adquiriu o hábito nada saudável de dormir muito tarde e acordar muito cedo. Quando sua carreira de cantor tomou um bom rumo a coisa toda tendeu a piorar. Na estrada Elvis pouco dormia entre as apresentações. Bill Black, o baixista de seu grupo, o definia como uma “coruja”, uma pessoa que nunca dormia e que preferia passar a noite no carro ouvindo rádio até o dia amanhecer.
Para segurar o pique Elvis acabou conhecendo alguns remédios que lhe ajudavam a sempre estar bem disposto mesmo quando dormia mal (ou não dormia em absoluto). Quem iniciou Elvis nessas pílulas? Não se sabe ao certo. Para alguns os primeiros comprimidos foram receitados por um médico para Elvis em sua adolescência, já para outros Elvis acabou tomando conhecimento de uma grande variedade de soníferos e estimulantes na estrada mesmo, com os músicos que participavam dos mesmos shows em que ele cantava. As chamadas “bolinhas” eram bem populares entre os músicos que as usavam para aguentar a dura rotina de viagens e shows. O fato é que Elvis logo começou a se sentir muito familiarizado com essas drogas e em pouco tempo estava em busca de mais informações, lendo revistas e livros técnicos sobre farmacologia. Tão interessado ficou no assunto que alguns anos depois deu uma pista ao responder a uma pergunta numa entrevista sobre qual seria seu hobby preferido. “Eu gosto de ler livros médicos” – respondeu na lata o cantor.
Por volta de 1956 Elvis começou a sentir novamente seus velhos problemas de saúde em decorrência da correria a que estava sendo submetido. Sempre viajando, cumprindo compromissos, em Los Angeles, Nova Iorque, Nashville, tudo ao mesmo tempo agora Elvis foi sentindo a pressão aumentar a cada dia. Não havia semana livre – quando não estava em estúdio gravando discos, estava na estrada fazendo shows, quando não estava em um canal de TV estava em um set de filmagens. As pessoas esqueciam que Elvis era apenas um jovem de 21 anos de idade que agora assumia responsabilidades enormes, fora a pressão de sempre fazer sucesso nas paradas, de sempre alcançar o topo dos mais vendidos. Diante de tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo Elvis começou a ter sérios problemas para conseguir dormir. Ele sempre sofreu de insônia mas agora com a pressão de sua vida profissional as coisas foram piorando cada vez mais. Elvis não conseguia relaxar quando ia para a cama – seu pensamento ficava a mil, ele pensava nas obrigações do dia seguinte, no que teria que enfrentar, no lançamento de seus novos discos. Alarmada pelo estado de Elvis sua mãe Gladys mandou um de seus primos para acompanhar Presley nas viagens. Gladys temia que seu filho tivesse um ataque de sonambulismo durante as excursões e caísse pela janela de algum quarto de hotel nas cidades pelas quais passava.
Assim não era raro ele passar dias sem dormir, mesmo com as pílulas que tomava. Para aguentar a rotina puxada do dia Elvis começou a tomar estimulantes pela manhã. Claro que ele ainda estava muitos anos distantes da forte dependência que iria desenvolver nos anos seguintes mas isso já era um claro sinal de que algo definitivamente não ia bem. Uma bolinha à noite para tentar dormir bem e outra pela manhã para aguardar a rotina de gravações e shows. O pior acontecia nas noites de concertos. Elvis ficava com a adrenalina a mil e após as apresentações não conseguia relaxar de jeito nenhum. Elétrico era uma boa definição para seu estado após descer do palco. Ficava a noite inteira ligado e na manhã do dia seguinte seguia viagem para outra cidade para fazer um novo show. Isso tudo sem dormir, sem descansar. Uma rotina realmente penosa. Como odiava voar ele cumpria todos os seus compromissos viajando de carro com a banda. Não é preciso muito para entender o quanto isso era desgastante e cansativo. Para aguentar, mais pílulas. A fama e o sucesso começavam certamente a cobrar seu preço. E não era barato.
Pablo Aluísio.
Para segurar o pique Elvis acabou conhecendo alguns remédios que lhe ajudavam a sempre estar bem disposto mesmo quando dormia mal (ou não dormia em absoluto). Quem iniciou Elvis nessas pílulas? Não se sabe ao certo. Para alguns os primeiros comprimidos foram receitados por um médico para Elvis em sua adolescência, já para outros Elvis acabou tomando conhecimento de uma grande variedade de soníferos e estimulantes na estrada mesmo, com os músicos que participavam dos mesmos shows em que ele cantava. As chamadas “bolinhas” eram bem populares entre os músicos que as usavam para aguentar a dura rotina de viagens e shows. O fato é que Elvis logo começou a se sentir muito familiarizado com essas drogas e em pouco tempo estava em busca de mais informações, lendo revistas e livros técnicos sobre farmacologia. Tão interessado ficou no assunto que alguns anos depois deu uma pista ao responder a uma pergunta numa entrevista sobre qual seria seu hobby preferido. “Eu gosto de ler livros médicos” – respondeu na lata o cantor.
Por volta de 1956 Elvis começou a sentir novamente seus velhos problemas de saúde em decorrência da correria a que estava sendo submetido. Sempre viajando, cumprindo compromissos, em Los Angeles, Nova Iorque, Nashville, tudo ao mesmo tempo agora Elvis foi sentindo a pressão aumentar a cada dia. Não havia semana livre – quando não estava em estúdio gravando discos, estava na estrada fazendo shows, quando não estava em um canal de TV estava em um set de filmagens. As pessoas esqueciam que Elvis era apenas um jovem de 21 anos de idade que agora assumia responsabilidades enormes, fora a pressão de sempre fazer sucesso nas paradas, de sempre alcançar o topo dos mais vendidos. Diante de tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo Elvis começou a ter sérios problemas para conseguir dormir. Ele sempre sofreu de insônia mas agora com a pressão de sua vida profissional as coisas foram piorando cada vez mais. Elvis não conseguia relaxar quando ia para a cama – seu pensamento ficava a mil, ele pensava nas obrigações do dia seguinte, no que teria que enfrentar, no lançamento de seus novos discos. Alarmada pelo estado de Elvis sua mãe Gladys mandou um de seus primos para acompanhar Presley nas viagens. Gladys temia que seu filho tivesse um ataque de sonambulismo durante as excursões e caísse pela janela de algum quarto de hotel nas cidades pelas quais passava.
Assim não era raro ele passar dias sem dormir, mesmo com as pílulas que tomava. Para aguentar a rotina puxada do dia Elvis começou a tomar estimulantes pela manhã. Claro que ele ainda estava muitos anos distantes da forte dependência que iria desenvolver nos anos seguintes mas isso já era um claro sinal de que algo definitivamente não ia bem. Uma bolinha à noite para tentar dormir bem e outra pela manhã para aguardar a rotina de gravações e shows. O pior acontecia nas noites de concertos. Elvis ficava com a adrenalina a mil e após as apresentações não conseguia relaxar de jeito nenhum. Elétrico era uma boa definição para seu estado após descer do palco. Ficava a noite inteira ligado e na manhã do dia seguinte seguia viagem para outra cidade para fazer um novo show. Isso tudo sem dormir, sem descansar. Uma rotina realmente penosa. Como odiava voar ele cumpria todos os seus compromissos viajando de carro com a banda. Não é preciso muito para entender o quanto isso era desgastante e cansativo. Para aguentar, mais pílulas. A fama e o sucesso começavam certamente a cobrar seu preço. E não era barato.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de março de 2009
Elvis Presley - Elvis e o Rock no Cinema!
Elvis Presley e o Rock no Cinema - No final do século XIX o homem via o surgimento de uma revolucionária e maravilhosa novidade. O cinema. Capturando imagens em movimento e reproduzindo-as em uma tela esta singela invenção, que alguns disseram não ir para frente, logo virou uma forma de arte popular. Pouco mais de 50 anos depois, músicos somavam ao ritmo negro ao country e com muita energia fizeram polêmica ao criar um estilo mais simples, ritmado e divertido. De origem exata indeterminada, começou-se a popularizar a expressão "Rock And Roll" com a música "Rock Around the Clock", lançada em 1954 pelo grupo Bill Haley and his Comets. Mas foi só com Elvis Presley, um branco bonitão de voz grave e passos de danças negros, que o Rock realmente explodiu. E o cinema, aquela "invençãozinha" de 50 anos antes, ajudou e documentou a evolução deste estilo de forma primordial.
Só para se ter uma ideia, o Rei do Rock Elvis Presley lançou seu primeiro LP em 1956 e em 1957 já fazia seu terceiro filme, "O Prisioneiro do Rock", cujo tema, "Jailhouse Rock", vendeu milhões de cópias e fez o Rock and Roll virar moda. Aliás, mais que moda. Elvis, Chuck Berry (chamado por John Lennon de "o verdadeiro Rei do Rock"), Jerry Lee Lewis e muitos outros começaram algo grande demais para ser simplesmente modismo. O Rock virava um conceito, um estilo de vida.
Os filmes de Elvis Presley eram feitos para vender discos, as trilhas sonoras. Era o cinema como meio de promoção da indústria do disco. O engraçado era que Elvis realmente almejava uma carreira séria em Hollywood, mas para os produtores ele tinha que interpretar sempre o mesmo papel: o de Elvis Presley. Ninguém queria um ator sério, dramático, como Marlon Brando ou Montgomery Clift, eles queriam um astro do Rock, e este era Elvis. Atores resmungões de Nova Iorque os estúdios tinham de sobra, mas ninguém tinha Elvis Presley. O cantor tentou com "estrela de fogo" e "coração rebelde", mas não deu. Elvis tinha mesmo era que cantar nas telas e não representar. Nos anos 70, todos se tocaram e filmaram Elvis direto nos palcos, nos filmes "That's The Way It Is" e "Elvis on Tour". Se era para cantar então era melhor mesmo filmar tudo o que rolava no palco.
Elvis fez 33 filmes, Hollywood os soube vender muito bem. Os roteiros eram quase sempre os mesmos, paródias da vida real de Presley. Geralmente ele fazia o papel de um rapaz pobre, adorado pela mulheres e que cantava nas horas vagas. Para mudar um pouco, às vezes o cenário mudava e a profissão dos personagem de Elvis também, mas no fundo, todos são iguais. Elvis ficou milionário, sua popularidade disparou, mas os críticos torceram o nariz. No fim de sua carreira Elvis quase estrelou um filme sério ao lado de Barbra Streisand, chamado "nasce uma estrela". Talvez fosse a chance de salvar a carreira do Rei do Rock no cinema. Mas infelizmente o projeto parou em certos detalhes e Elvis perdeu sua melhor chance de se tornar um grande ator. De qualquer forma os filmes de Elvis ficaram aí, como prova de que nem sempre a fusão do mundo da música com o mundo do cinema termina com um final feliz.
Uma série de DVDs lançados nos EUA mostra como, em nome de carreira cinematográfica medíocre, matou-se um mito. Os dois primeiros títulos da coleção, "Saudades de um pracinha" e "No paraíso do Havaí" são sintomáticos, mudam-se os cenários, mas o roteiro é o mesmo. Elvis sempre é o gostosão que usa meios politicamente incorretos para chegar a uma causa nobre. Ele é o iluminado que tem grandes ideias e é ajudado por amigos que tem apenas talentos operacionais e nunca logísticos. Os inimigos são tipos indigestos ou namorados ciumentos que serão postos a nocaute pelos punhos do roqueiro. Há também as garotas. Centenas delas, todas caindo aos pés de Elvis que, ao contrário de James Bond, não precisa sequer de boa lábia para conquistá-las. Por fim há as canções. Elas são responsáveis pelo único fio capaz de puxar um dos filmes de Elvis pela memória. Após assistir a filmes como esses dois, só há uma conclusão. Apesar de "Viva Las Vegas" - seu único trabalho notável no cinema - essa história de cantor se meter a ator só deixou saldos negativos. O rock perdeu seu Rei, e o cinema não ganhou nada em troca.
Apesar dos erros cometidos na carreira de Elvis, o Rock não abandonou o cinema, a história continuou. O fato era que ninguém sabia ao certo o que fazer com Elvis no cinema, pois não havia astros de rock antes dele. Era o começo do Rock. outros filmes que retratam esta época são "A Fera do Rock", sobre a vida de Jerry Lee Lewis e "La Bamba", que mostra a curta e trágica carreira de Ritchie Valens.
Alguns anos depois, 4 rapazes de Liverpool surgiam nas paradas. Aprendendo direitinho a tocar o melhor do Rock And Roll, os Beatles dominavam a América e o mundo. Em "Os Reis do Ié Ié Ié", primeiro filme com a banda, vê-se o tipo de idolatria que se criava ao seu redor. De tão grandes, os Beatles foram também os principais responsáveis pelo Rock ir para outra fase, mais psicodélica e cheia de discursos. "Yellow Submarine", animação longa-metragem, retrata bem este começo, em que o Rock deixa de ser somente diversão e ritmo e começa a cantar contra a guerra e a favor da liberdade e do amor. É a época de Woodstock, dos Hippies e dos beatnicks. "Sem Destino", dirigido e estrelado por Dennis Hopper, o documentário "Woodstock - Onde Tudo Começou" e "Hair", são filmes que foram feitos nesta época e retratam alguns destes ideais. "Quase Famosos", de Cameron Crowe, é uma produção recente que marca exatamente o passar do Hippie e da cultura para a indústria. Tudo com muita emoção.
Os Beatles também romperam uma barreira importante. Ganharam o Oscar pelo filme "Let it Be", em 1970. O filme mostra o fim da banda, na realidade pode ser descrito como "crônica de uma morte anunciada". Aqui vemos Ringo Starr desabando de sua bateria de tão drogado, um John Lennon indiferente ao que acontece ao seu redor, Um George apático e um Paul McCartney desesperado tentando manter as aparências e salvar o filme. O filme é chato, os Beatles estão no seu pior momento, na realidade eles mal se suportavam uns aos outros, bem diferente da atmosfera do "Trash" filme "Help" de 1965, em que eles se metem num filmeco B com canções classe A. Esta parece mesmo a sina do Rock no cinema: grandes canções em péssimos filmes.
Outro grupo inglês que se meteu e se deu mal no cinema foi o Pink Floyd. Seu "The Wall" é longo, chato e pretensioso. Assim como o ego fenomenal de Roger Waters, "The Wall" tinha tudo para dar certo e deu errado. A culpa talvez seja do diretor Alan Parker, conhecido por "coração satânico" e "loucos pela fama". Ele brigou logo no começo do filme com o líder do Floyd e fez o filme ao seu jeito. No final perdeu o Rock uma outra grande chance de se consagrar no cinema. Tudo o que o Rock Progressivo queria alcançar se perdeu no fracassado e péssimo filme "The Wall".
Outra boa idéia desperdiçada no cinema foi a Ópera Rock "Tommy". Filmado em 1975 com Jack Nicholson e Ann Margret e dirigido pelo lunático diretor Ken Russel, o filme desperdiçou os conceitos e as ideias do líder do famoso grupo The Who, Peter Townshend. A história do rapaz que fica cego, surdo e mudo após testemunhar um crime em família funcionava maravilhosamente no álbum, mas no cinema perdeu consistência e se tornou um embaraço para seus realizadores.
Das bandas Heavy Metal é bom nem falar. Elas protagonizaram os maiores "trash" da história do cinema. Basta apenas lembrar das monstruosidades (no mal sentido) feitas pela banda "Kiss". Parece até filme brasileiro dos anos 70 de tão ruim. Os Rolling Stones também deram grandes vexames na tela grande. O melhor é nem lembrar para não ter náusea.
Outros que se deram muito mal no cinema foram Michael Jackson (epa! este não é rock, mas vale a citação), no pavoroso filme "Moonwalker" em que ele salva criancinhas (impossível não lembrar seus casos de pedofilia); Madonna nos horrorosos filmes "Xangai Surprise" e "Procura-se Susan desesperadamente"; Mick Jagger no "mico histórico" Freejack; Tina Turner no equivocado "Mad Max, além da cúpula do trovão" e tantos outros que ficaríamos aqui uma semana listando.
O punk, por sua vez, teve "Sid e Nancy - O Amor Mata", e o documentário "O Lixo e a Fúria", são dois filmes que mostram a banda Sex Pistols, uma das primeiras a lançar outro estilo de Rock, o Punk. Anos mais tarde, já na década de 90, mais um filme e um documentário mostram outro estilo musical, este influenciado pelo Punk; O Grunge. São eles "Vida de Solteiro" e "Hype!". As evoluções do Rock, suas influências no cinema e no dia a dia das pessoas, mostra que qualquer conversa do tipo "o rock morreu", serve apenas para um bom bate papo de bar. O rock não vai morrer enquanto pessoas sonharem com liberdade, amor livre, terem rebeldia e uma bela garagem para um ensaio. O rock é ótimo, desde que bem longe dos cinemas. Fãs de música, como Rob, do filme "Alta Fidelidade", que o digam.
Pablo Aluísio.
Só para se ter uma ideia, o Rei do Rock Elvis Presley lançou seu primeiro LP em 1956 e em 1957 já fazia seu terceiro filme, "O Prisioneiro do Rock", cujo tema, "Jailhouse Rock", vendeu milhões de cópias e fez o Rock and Roll virar moda. Aliás, mais que moda. Elvis, Chuck Berry (chamado por John Lennon de "o verdadeiro Rei do Rock"), Jerry Lee Lewis e muitos outros começaram algo grande demais para ser simplesmente modismo. O Rock virava um conceito, um estilo de vida.
Os filmes de Elvis Presley eram feitos para vender discos, as trilhas sonoras. Era o cinema como meio de promoção da indústria do disco. O engraçado era que Elvis realmente almejava uma carreira séria em Hollywood, mas para os produtores ele tinha que interpretar sempre o mesmo papel: o de Elvis Presley. Ninguém queria um ator sério, dramático, como Marlon Brando ou Montgomery Clift, eles queriam um astro do Rock, e este era Elvis. Atores resmungões de Nova Iorque os estúdios tinham de sobra, mas ninguém tinha Elvis Presley. O cantor tentou com "estrela de fogo" e "coração rebelde", mas não deu. Elvis tinha mesmo era que cantar nas telas e não representar. Nos anos 70, todos se tocaram e filmaram Elvis direto nos palcos, nos filmes "That's The Way It Is" e "Elvis on Tour". Se era para cantar então era melhor mesmo filmar tudo o que rolava no palco.
Elvis fez 33 filmes, Hollywood os soube vender muito bem. Os roteiros eram quase sempre os mesmos, paródias da vida real de Presley. Geralmente ele fazia o papel de um rapaz pobre, adorado pela mulheres e que cantava nas horas vagas. Para mudar um pouco, às vezes o cenário mudava e a profissão dos personagem de Elvis também, mas no fundo, todos são iguais. Elvis ficou milionário, sua popularidade disparou, mas os críticos torceram o nariz. No fim de sua carreira Elvis quase estrelou um filme sério ao lado de Barbra Streisand, chamado "nasce uma estrela". Talvez fosse a chance de salvar a carreira do Rei do Rock no cinema. Mas infelizmente o projeto parou em certos detalhes e Elvis perdeu sua melhor chance de se tornar um grande ator. De qualquer forma os filmes de Elvis ficaram aí, como prova de que nem sempre a fusão do mundo da música com o mundo do cinema termina com um final feliz.
Uma série de DVDs lançados nos EUA mostra como, em nome de carreira cinematográfica medíocre, matou-se um mito. Os dois primeiros títulos da coleção, "Saudades de um pracinha" e "No paraíso do Havaí" são sintomáticos, mudam-se os cenários, mas o roteiro é o mesmo. Elvis sempre é o gostosão que usa meios politicamente incorretos para chegar a uma causa nobre. Ele é o iluminado que tem grandes ideias e é ajudado por amigos que tem apenas talentos operacionais e nunca logísticos. Os inimigos são tipos indigestos ou namorados ciumentos que serão postos a nocaute pelos punhos do roqueiro. Há também as garotas. Centenas delas, todas caindo aos pés de Elvis que, ao contrário de James Bond, não precisa sequer de boa lábia para conquistá-las. Por fim há as canções. Elas são responsáveis pelo único fio capaz de puxar um dos filmes de Elvis pela memória. Após assistir a filmes como esses dois, só há uma conclusão. Apesar de "Viva Las Vegas" - seu único trabalho notável no cinema - essa história de cantor se meter a ator só deixou saldos negativos. O rock perdeu seu Rei, e o cinema não ganhou nada em troca.
Apesar dos erros cometidos na carreira de Elvis, o Rock não abandonou o cinema, a história continuou. O fato era que ninguém sabia ao certo o que fazer com Elvis no cinema, pois não havia astros de rock antes dele. Era o começo do Rock. outros filmes que retratam esta época são "A Fera do Rock", sobre a vida de Jerry Lee Lewis e "La Bamba", que mostra a curta e trágica carreira de Ritchie Valens.
Alguns anos depois, 4 rapazes de Liverpool surgiam nas paradas. Aprendendo direitinho a tocar o melhor do Rock And Roll, os Beatles dominavam a América e o mundo. Em "Os Reis do Ié Ié Ié", primeiro filme com a banda, vê-se o tipo de idolatria que se criava ao seu redor. De tão grandes, os Beatles foram também os principais responsáveis pelo Rock ir para outra fase, mais psicodélica e cheia de discursos. "Yellow Submarine", animação longa-metragem, retrata bem este começo, em que o Rock deixa de ser somente diversão e ritmo e começa a cantar contra a guerra e a favor da liberdade e do amor. É a época de Woodstock, dos Hippies e dos beatnicks. "Sem Destino", dirigido e estrelado por Dennis Hopper, o documentário "Woodstock - Onde Tudo Começou" e "Hair", são filmes que foram feitos nesta época e retratam alguns destes ideais. "Quase Famosos", de Cameron Crowe, é uma produção recente que marca exatamente o passar do Hippie e da cultura para a indústria. Tudo com muita emoção.
Os Beatles também romperam uma barreira importante. Ganharam o Oscar pelo filme "Let it Be", em 1970. O filme mostra o fim da banda, na realidade pode ser descrito como "crônica de uma morte anunciada". Aqui vemos Ringo Starr desabando de sua bateria de tão drogado, um John Lennon indiferente ao que acontece ao seu redor, Um George apático e um Paul McCartney desesperado tentando manter as aparências e salvar o filme. O filme é chato, os Beatles estão no seu pior momento, na realidade eles mal se suportavam uns aos outros, bem diferente da atmosfera do "Trash" filme "Help" de 1965, em que eles se metem num filmeco B com canções classe A. Esta parece mesmo a sina do Rock no cinema: grandes canções em péssimos filmes.
Outro grupo inglês que se meteu e se deu mal no cinema foi o Pink Floyd. Seu "The Wall" é longo, chato e pretensioso. Assim como o ego fenomenal de Roger Waters, "The Wall" tinha tudo para dar certo e deu errado. A culpa talvez seja do diretor Alan Parker, conhecido por "coração satânico" e "loucos pela fama". Ele brigou logo no começo do filme com o líder do Floyd e fez o filme ao seu jeito. No final perdeu o Rock uma outra grande chance de se consagrar no cinema. Tudo o que o Rock Progressivo queria alcançar se perdeu no fracassado e péssimo filme "The Wall".
Outra boa idéia desperdiçada no cinema foi a Ópera Rock "Tommy". Filmado em 1975 com Jack Nicholson e Ann Margret e dirigido pelo lunático diretor Ken Russel, o filme desperdiçou os conceitos e as ideias do líder do famoso grupo The Who, Peter Townshend. A história do rapaz que fica cego, surdo e mudo após testemunhar um crime em família funcionava maravilhosamente no álbum, mas no cinema perdeu consistência e se tornou um embaraço para seus realizadores.
Das bandas Heavy Metal é bom nem falar. Elas protagonizaram os maiores "trash" da história do cinema. Basta apenas lembrar das monstruosidades (no mal sentido) feitas pela banda "Kiss". Parece até filme brasileiro dos anos 70 de tão ruim. Os Rolling Stones também deram grandes vexames na tela grande. O melhor é nem lembrar para não ter náusea.
Outros que se deram muito mal no cinema foram Michael Jackson (epa! este não é rock, mas vale a citação), no pavoroso filme "Moonwalker" em que ele salva criancinhas (impossível não lembrar seus casos de pedofilia); Madonna nos horrorosos filmes "Xangai Surprise" e "Procura-se Susan desesperadamente"; Mick Jagger no "mico histórico" Freejack; Tina Turner no equivocado "Mad Max, além da cúpula do trovão" e tantos outros que ficaríamos aqui uma semana listando.
O punk, por sua vez, teve "Sid e Nancy - O Amor Mata", e o documentário "O Lixo e a Fúria", são dois filmes que mostram a banda Sex Pistols, uma das primeiras a lançar outro estilo de Rock, o Punk. Anos mais tarde, já na década de 90, mais um filme e um documentário mostram outro estilo musical, este influenciado pelo Punk; O Grunge. São eles "Vida de Solteiro" e "Hype!". As evoluções do Rock, suas influências no cinema e no dia a dia das pessoas, mostra que qualquer conversa do tipo "o rock morreu", serve apenas para um bom bate papo de bar. O rock não vai morrer enquanto pessoas sonharem com liberdade, amor livre, terem rebeldia e uma bela garagem para um ensaio. O rock é ótimo, desde que bem longe dos cinemas. Fãs de música, como Rob, do filme "Alta Fidelidade", que o digam.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Elvis Presley - Welcome Home Elvis (1960)
Quando Elvis voltou do serviço militar no começo de 1960 havia uma enorme ansiedade sobre os rumos que sua carreira iria tomar. Também pudera. Quando Elvis foi convocado pelo exército americano ele estava no auge de sua popularidade como roqueiro. Embora os fatos não tivessem ligação entre si o que aconteceu durante seu período militar aumentou ainda mais o sentimento de ausência por parte de seus jovens fãs. Os demais roqueiros da década de 1950 sofreram uma série de tragédias pessoais, problemas com a lei e decadência artística que literalmente jogou o nascente Rock´n´Roll no chão. Haveria saída? Para a juventude desamparada só havia uma salvação para o gênero, a volta triunfal de seu grande Rei, Elvis. Mas seria essa a questão mesmo? Estaria Presley realmente interessado na ressurreição do antes bravo Rock´n´Roll ou estaria ele pronto para partir para outros caminhos musicais? Essas eram perguntas que todos faziam durante aqueles primeiros meses da década de 1960. A realidade mostrou-se bem mais interessante do que muitos supunham. A priori Elvis não abandonou literalmente o barco do Rock e virou suas costas a ele como muitos já escreveram. Seu primeiro disco após a volta à carreira civil demonstra isso. Elvis Is Back! era uma aula de musicalidade, Blues, Pop e Rock em doses generosas.
Claro que seu som sofreu modificações, Elvis deixou o som mais cru e simples de seus primeiros discos e investiu em novos arranjos mais consistentes e harmônicos. Não era um ato de simplesmente virar as costas para o Rock mas sim procurar novos rumos musicais. As primeiras sessões que realizou em Nashville demonstram bem isso. Ecletismo talvez fosse a palavra mais adequada para esse novo caminho musical que Elvis iria percorrer. Outro acontecimento marcante era o fato de Elvis começar a se interessar em canções que lhe trouxessem mais respeito como cantor. Músicas como It´s Now Or Never foram incorporadas aos discos justamente por essa razão, sua aproximação com a sonoridade de grandes ícones do passado como Mario Lanza, que Elvis tanto admirava, era o sinal mais claro de suas reais intenções e pretensões. Outro aspecto a se considerar foi a gravação de um programa de TV ao lado do cantor Frank Sinatra. Elvis e o Coronel poderiam ter fechado um contrato para se apresentar em qualquer canal ou programa que quisessem porém quando Sinatra fez uma oferta irrecusável para que Elvis retornasse a TV justamente em seu programa televisivo o Coronel não pensou duas vezes. Mas afinal qual era o real interesse de Parker com colocar Elvis e Sinatra lado a lado cantando para a nação americana em horário nobre? Simples, o Coronel queria mostrar para a família norte-americana o novo Elvis! Recém saído do serviço militar com ficha impecável, rigorosamente bem vestido e se portando da melhor forma possível e de quebra se apresentando ao lado de Frank Sinatra, o maior ídolo dos pais de seus jovens fãs dos anos 50. Tom Parker armou muito bem e conseguiu inverter completamente aquela imagem de "jovem selvagem, roqueiro alucinado" que os mais velhos tinham concebido de Elvis nos anos anteriores. A metamorfose estava completa. Até mesmo comentários desabonadores de Sinatra em relação ao rock e a seus artistas foram esquecidos pelo próprio quando contratou a preço de ouro o passe de Elvis por uma noite.
Frank Sinatra era um homem de opinião certamente, mas também naquela altura já era um ambicioso homem de negócios dentro do show business ianque. Como seu programa vinha declinando de audiência a cada mês ele resolveu apostar alto e trazer Elvis, que era naquele momento o assunto mais comentado na mídia mundial. Infelizmente o futuro demonstraria que artisticamente o programa em si seria muito abaixo das expectativas de um encontro dos dois maiores cantores do século XX. Infelizmente o lado publicitário do evento suplantou em muito o aspecto meramente artístico que um encontro desses poderia proporcionar. Elvis e Sinatra apenas apresentaram um dueto fraco, cheio de brincadeiras entre ambos, e que trouxe pouco para a carreira desses fantásticos artistas. Nada de muito relevante foi feito e por isso a crítica especializada tenha sido tão dura quanto à qualidade do especial. A Billboard, por exemplo, criticou a pobreza da produção e até os modos de Elvis durante o especial: "A dinamite tão esperada foi subestimada e colocada de maneira por demais polida. Tivemos a impressão que Presley tem muito a aprender para conseguir interpretar no estilo de um Sinatra, de um Joey Bishop e especialmente de um Sammy Davis Jr. Este simplesmente estraçalhou o show. Elvis tem o hábito que causa a impressão de nunca estar tranquilo. Não admite que alguém cante seus números. Na verdade ele necessita de um trato para aprender a falar e se comportar". Os jornais de um modo geral demonstraram desapontamento com o resultado final do programa. Elvis se limitou a apresentar seu novo single Stuck On You, seguido de seu lado B, Fame and Fortune, e como encerramento um dueto muito abaixo do esperado com a dobradinha Witchcraft / Love Me Tender ao lado de Sinatra. Muito pouco para o que poderia se esperar de um evento tão importante como esse. Mas será que o programa realmente foi tão ruim assim?
A TV americana nos anos 60 era voltada para a classe média suburbana daquele país. Eram os únicos que podiam comprar uma Televisão, que naquela época ainda era um luxo ao alcance de apenas uma pequena parcela da população. Assim o importante era o entretenimento, acima de tudo. Elvis e Sinatra no palco apenas fizeram aquilo que era a média do que era exibido na época. Antes de Elvis aparecer na TV na parte final do programa a trupe de Sinatra se esbaldou com a audiência extra que sua presença trouxe e apresentou vários números musicais. Juntos, Frank Sinatra, Nancy Sinatra, Joey Bishop e Sammy Davis saudaram o retorno de Elvis com a música It’s Nice To Go Travelling. Sinatra cantou seus grandes sucessos Witchcraft e Gone With The Wind e Sammy Davis interpretou There’s A Boat That’s Leaving Soon For New York. Fora isso não poderia faltar os diversos números cômicos tão característicos do chamado Rat Pack. Agora imaginem esse tipo de coisa sendo assistida por fãs que se consideravam órfãos do Rock da época! Não deve ter sido nada fácil. Talvez por isso criou-se tão fortemente na consciência coletiva a ideia de que Elvis simplesmente virou as costas para o Rock. Quem estava assistindo o programa esperando encontrar o jovem selvagem interpretando Ready Teddy com fúria, como aconteceu nos programas dos anos 50, realmente tomou um susto quando Elvis cantou suas novas músicas. Stuck On You era uma boa canção, com uma levada extremamente agradável, bem ao estilo pop e Fame and Fortune tinha uma vocalização que não ficaria estranha na voz até mesmo de um Sinatra.
Eram músicas interessantes mas não era aquilo que se esperava de um "Messias Redentor" que estava voltando para resgatar o Rock das trevas. A tal "dinamite" como bem afirmou a Billboard não explodiu como todos esperavam. Era o Novo Elvis, concebido por Parker certamente. De qualquer forma para o Coronel naquela altura o que importava não era a opinião dos jovens fãs de Elvis, pois esses já estavam devidamente conquistados na visão dele. A intenção do empresário de Elvis era clara nesse sentido. O que importava mesmo era a opinião dos mais velhos que assistiram ao encontro, Elvis deveria ser consumido não apenas pelos roqueiros de outrora, mas também por seus pais, tios e avôs. Se essa era a real intenção de Parker então ele conseguiu completo êxito. Financeiramente a forma de ver a situação por Parker era completamente correta. Ora, se Elvis era um produto que só interessava a uma parcela da população (os jovens) então era dever de Parker como homem de negócios vender Elvis também para a outra parcela da população (os mais velhos). Levantar dólares era sua função, então se os mais velhos também começassem a consumir os discos e filmes de Elvis, ótimo! Porém existe também o outro lado da questão. Ideologicamente, para quem vê o Rock como algo mais do que um gênero musical, mas também um estilo de vida, contestador e revolucionário por natureza, a estratégia de Parker foi simplesmente desastrosa. Para esses não há perdão, Elvis simplesmente não quis mais saber de se envolver com Rock´n´roll e pulou fora para ser recebido de braços abertos pela ala mais conservadora da sociedade norte-americana. Foi acima de tudo um traidor do movimento, no apagar das luzes.
Embora convincente em certos momentos, essa é uma forma simplista de entender o contexto histórico em que tudo aconteceu. É certo que Elvis explodiu com a primeira geração de roqueiros mas mesmo dentro de seus discos nos anos 50 podemos perceber que o Rock era apenas uma face de sua linguagem musical. No final a tão comentada "virada" em sua carreira no começo dos anos 60 nada mais seria do que apenas a continuidade do que ele sempre fez, porém vista sob uma nova ótica. Obviamente que nos anos que viriam Elvis se tornaria apenas um cantor contratado dos estúdios de gravação e de cinema, sem controle sobre o material que lhe era imposto, principalmente na pior fase de suas futuras trilhas sonoras, porém em 1960 isso ainda não era algo definitivo, embora se mostrasse presente. Assim aquele encontro com Sinatra acabou se tornando um sinal dos tempos que estavam por vir, com Elvis perdendo gradativamente sua liberdade artística em prol do sucesso fácil e de rápido consumo, lição aliás já devidamente aprendida e seguida ao pé da letra pelo próprio Ol' Blue Eyes. A América e Elvis finalmente perdiam a inocência.
Welcome Home Elvis! (1960): Local de gravação: Fountainbleau Hotel, Miami / Data de gravação: 26 de março de 1960 / Data de exibição: 12 de maio de 1960 / Direção musical e arranjos: Nelson Riddle / Produção: Sammy Cahn & James Van Heusen para a Hobart Productions / Direção: Richard Dunlap / Convidados: Elvis Presley, Nancy Sinatra, Joey Bishop, Sammy Davis Jr. Peter Lawford & The Tom Hansen Dancers / Músicas: 1. It’s Nice To Go Travelling-Frank Sinatra, Nancy Sinatra, Joey Bishop, Sammy Davis, Tom Hansen Dancers. Timex introduction sequence 2. It’s Nice To Go Travelling (reprise)-Elvis Presley Joey Bishop/Frank Sinatra comedy routine 3. Witchcraft-Frank Sinatra Frank Sinatra introduces Sammy Davis 4. There’s A Boat That’s Leaving Soon For New York-Sammy Davis Frank Sinatra introduces oriental dance routine from The Tom Hansen Dancers Joey Bishop/Frank Sinatra/Sammy Davis comedy routine 5. Gone With The Wind-Frank Sinatra Joey Bishop introduces Tom Hansen Dancers routine Frank Sinatra introduces Sammy Davis Jr Impersonation routine, with Peter Lawford, Joey Bishop and Frank Sinatra, includes All The Way performed by Sammy as Tony Bennett, Louis Armstrong and Dean Martin. 6. Fame & Fortune-Elvis Presley 7. Stuck On You-Elvis Presley 8. Witchcraft/Love Me Tender Medley Duet-Frank Sinatra & Elvis Presley 9. You Make Me Feel So Young-Frank Sinatra & Nancy Sinatra - Nancy Sinatra Dance Routine 10. It’s Nice To Go Travelling -Frank Sinatra
Pablo Aluísio.
Claro que seu som sofreu modificações, Elvis deixou o som mais cru e simples de seus primeiros discos e investiu em novos arranjos mais consistentes e harmônicos. Não era um ato de simplesmente virar as costas para o Rock mas sim procurar novos rumos musicais. As primeiras sessões que realizou em Nashville demonstram bem isso. Ecletismo talvez fosse a palavra mais adequada para esse novo caminho musical que Elvis iria percorrer. Outro acontecimento marcante era o fato de Elvis começar a se interessar em canções que lhe trouxessem mais respeito como cantor. Músicas como It´s Now Or Never foram incorporadas aos discos justamente por essa razão, sua aproximação com a sonoridade de grandes ícones do passado como Mario Lanza, que Elvis tanto admirava, era o sinal mais claro de suas reais intenções e pretensões. Outro aspecto a se considerar foi a gravação de um programa de TV ao lado do cantor Frank Sinatra. Elvis e o Coronel poderiam ter fechado um contrato para se apresentar em qualquer canal ou programa que quisessem porém quando Sinatra fez uma oferta irrecusável para que Elvis retornasse a TV justamente em seu programa televisivo o Coronel não pensou duas vezes. Mas afinal qual era o real interesse de Parker com colocar Elvis e Sinatra lado a lado cantando para a nação americana em horário nobre? Simples, o Coronel queria mostrar para a família norte-americana o novo Elvis! Recém saído do serviço militar com ficha impecável, rigorosamente bem vestido e se portando da melhor forma possível e de quebra se apresentando ao lado de Frank Sinatra, o maior ídolo dos pais de seus jovens fãs dos anos 50. Tom Parker armou muito bem e conseguiu inverter completamente aquela imagem de "jovem selvagem, roqueiro alucinado" que os mais velhos tinham concebido de Elvis nos anos anteriores. A metamorfose estava completa. Até mesmo comentários desabonadores de Sinatra em relação ao rock e a seus artistas foram esquecidos pelo próprio quando contratou a preço de ouro o passe de Elvis por uma noite.
Frank Sinatra era um homem de opinião certamente, mas também naquela altura já era um ambicioso homem de negócios dentro do show business ianque. Como seu programa vinha declinando de audiência a cada mês ele resolveu apostar alto e trazer Elvis, que era naquele momento o assunto mais comentado na mídia mundial. Infelizmente o futuro demonstraria que artisticamente o programa em si seria muito abaixo das expectativas de um encontro dos dois maiores cantores do século XX. Infelizmente o lado publicitário do evento suplantou em muito o aspecto meramente artístico que um encontro desses poderia proporcionar. Elvis e Sinatra apenas apresentaram um dueto fraco, cheio de brincadeiras entre ambos, e que trouxe pouco para a carreira desses fantásticos artistas. Nada de muito relevante foi feito e por isso a crítica especializada tenha sido tão dura quanto à qualidade do especial. A Billboard, por exemplo, criticou a pobreza da produção e até os modos de Elvis durante o especial: "A dinamite tão esperada foi subestimada e colocada de maneira por demais polida. Tivemos a impressão que Presley tem muito a aprender para conseguir interpretar no estilo de um Sinatra, de um Joey Bishop e especialmente de um Sammy Davis Jr. Este simplesmente estraçalhou o show. Elvis tem o hábito que causa a impressão de nunca estar tranquilo. Não admite que alguém cante seus números. Na verdade ele necessita de um trato para aprender a falar e se comportar". Os jornais de um modo geral demonstraram desapontamento com o resultado final do programa. Elvis se limitou a apresentar seu novo single Stuck On You, seguido de seu lado B, Fame and Fortune, e como encerramento um dueto muito abaixo do esperado com a dobradinha Witchcraft / Love Me Tender ao lado de Sinatra. Muito pouco para o que poderia se esperar de um evento tão importante como esse. Mas será que o programa realmente foi tão ruim assim?
A TV americana nos anos 60 era voltada para a classe média suburbana daquele país. Eram os únicos que podiam comprar uma Televisão, que naquela época ainda era um luxo ao alcance de apenas uma pequena parcela da população. Assim o importante era o entretenimento, acima de tudo. Elvis e Sinatra no palco apenas fizeram aquilo que era a média do que era exibido na época. Antes de Elvis aparecer na TV na parte final do programa a trupe de Sinatra se esbaldou com a audiência extra que sua presença trouxe e apresentou vários números musicais. Juntos, Frank Sinatra, Nancy Sinatra, Joey Bishop e Sammy Davis saudaram o retorno de Elvis com a música It’s Nice To Go Travelling. Sinatra cantou seus grandes sucessos Witchcraft e Gone With The Wind e Sammy Davis interpretou There’s A Boat That’s Leaving Soon For New York. Fora isso não poderia faltar os diversos números cômicos tão característicos do chamado Rat Pack. Agora imaginem esse tipo de coisa sendo assistida por fãs que se consideravam órfãos do Rock da época! Não deve ter sido nada fácil. Talvez por isso criou-se tão fortemente na consciência coletiva a ideia de que Elvis simplesmente virou as costas para o Rock. Quem estava assistindo o programa esperando encontrar o jovem selvagem interpretando Ready Teddy com fúria, como aconteceu nos programas dos anos 50, realmente tomou um susto quando Elvis cantou suas novas músicas. Stuck On You era uma boa canção, com uma levada extremamente agradável, bem ao estilo pop e Fame and Fortune tinha uma vocalização que não ficaria estranha na voz até mesmo de um Sinatra.
Eram músicas interessantes mas não era aquilo que se esperava de um "Messias Redentor" que estava voltando para resgatar o Rock das trevas. A tal "dinamite" como bem afirmou a Billboard não explodiu como todos esperavam. Era o Novo Elvis, concebido por Parker certamente. De qualquer forma para o Coronel naquela altura o que importava não era a opinião dos jovens fãs de Elvis, pois esses já estavam devidamente conquistados na visão dele. A intenção do empresário de Elvis era clara nesse sentido. O que importava mesmo era a opinião dos mais velhos que assistiram ao encontro, Elvis deveria ser consumido não apenas pelos roqueiros de outrora, mas também por seus pais, tios e avôs. Se essa era a real intenção de Parker então ele conseguiu completo êxito. Financeiramente a forma de ver a situação por Parker era completamente correta. Ora, se Elvis era um produto que só interessava a uma parcela da população (os jovens) então era dever de Parker como homem de negócios vender Elvis também para a outra parcela da população (os mais velhos). Levantar dólares era sua função, então se os mais velhos também começassem a consumir os discos e filmes de Elvis, ótimo! Porém existe também o outro lado da questão. Ideologicamente, para quem vê o Rock como algo mais do que um gênero musical, mas também um estilo de vida, contestador e revolucionário por natureza, a estratégia de Parker foi simplesmente desastrosa. Para esses não há perdão, Elvis simplesmente não quis mais saber de se envolver com Rock´n´roll e pulou fora para ser recebido de braços abertos pela ala mais conservadora da sociedade norte-americana. Foi acima de tudo um traidor do movimento, no apagar das luzes.
Embora convincente em certos momentos, essa é uma forma simplista de entender o contexto histórico em que tudo aconteceu. É certo que Elvis explodiu com a primeira geração de roqueiros mas mesmo dentro de seus discos nos anos 50 podemos perceber que o Rock era apenas uma face de sua linguagem musical. No final a tão comentada "virada" em sua carreira no começo dos anos 60 nada mais seria do que apenas a continuidade do que ele sempre fez, porém vista sob uma nova ótica. Obviamente que nos anos que viriam Elvis se tornaria apenas um cantor contratado dos estúdios de gravação e de cinema, sem controle sobre o material que lhe era imposto, principalmente na pior fase de suas futuras trilhas sonoras, porém em 1960 isso ainda não era algo definitivo, embora se mostrasse presente. Assim aquele encontro com Sinatra acabou se tornando um sinal dos tempos que estavam por vir, com Elvis perdendo gradativamente sua liberdade artística em prol do sucesso fácil e de rápido consumo, lição aliás já devidamente aprendida e seguida ao pé da letra pelo próprio Ol' Blue Eyes. A América e Elvis finalmente perdiam a inocência.
Welcome Home Elvis! (1960): Local de gravação: Fountainbleau Hotel, Miami / Data de gravação: 26 de março de 1960 / Data de exibição: 12 de maio de 1960 / Direção musical e arranjos: Nelson Riddle / Produção: Sammy Cahn & James Van Heusen para a Hobart Productions / Direção: Richard Dunlap / Convidados: Elvis Presley, Nancy Sinatra, Joey Bishop, Sammy Davis Jr. Peter Lawford & The Tom Hansen Dancers / Músicas: 1. It’s Nice To Go Travelling-Frank Sinatra, Nancy Sinatra, Joey Bishop, Sammy Davis, Tom Hansen Dancers. Timex introduction sequence 2. It’s Nice To Go Travelling (reprise)-Elvis Presley Joey Bishop/Frank Sinatra comedy routine 3. Witchcraft-Frank Sinatra Frank Sinatra introduces Sammy Davis 4. There’s A Boat That’s Leaving Soon For New York-Sammy Davis Frank Sinatra introduces oriental dance routine from The Tom Hansen Dancers Joey Bishop/Frank Sinatra/Sammy Davis comedy routine 5. Gone With The Wind-Frank Sinatra Joey Bishop introduces Tom Hansen Dancers routine Frank Sinatra introduces Sammy Davis Jr Impersonation routine, with Peter Lawford, Joey Bishop and Frank Sinatra, includes All The Way performed by Sammy as Tony Bennett, Louis Armstrong and Dean Martin. 6. Fame & Fortune-Elvis Presley 7. Stuck On You-Elvis Presley 8. Witchcraft/Love Me Tender Medley Duet-Frank Sinatra & Elvis Presley 9. You Make Me Feel So Young-Frank Sinatra & Nancy Sinatra - Nancy Sinatra Dance Routine 10. It’s Nice To Go Travelling -Frank Sinatra
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - O Natal com Elvis!
De todas as datas e feriados do ano, o Natal era particularmente adorado por Elvis Presley. Ao longo da vida procurou sempre desfrutar a noite de natal ao lado de seus familiares, amigos e namoradas. Elvis, que era muito próximo de sua mãe, sempre se lembrava dos natais que passou ao seu lado, quando era apenas uma criança em Tupelo e Memphis. Não é para menos. Quando seu pai foi preso, por ter falsificado um cheque, Elvis só tinha uma pessoa para celebrar a noite de natal: sua querida e estimada mãe Gladys. Mesmo absurdamente pobres, Gladys jamais deixou Elvis de mãos abanando nessa data. O presente poderia ser humilde e sem grandes atrativos, mas para Elvis significava tudo.
Quando era jovem demais para entender completamente o que era ser pobre, sua mãe fazia todo o esforço do mundo para que seu filho não se sentisse diferente das outras crianças da vizinhança nesse dia. Se os seus amiguinhos ganhavam presentes, Gladys, mesmo sozinha, pobre e sem recursos, arranjaria uma maneira de presentear seu filho. Elvis ficava extremamente feliz pelas pequenas lembranças que sua mãe trazia para a noite de natal e conforme foi ficando adulto compreendeu melhor o significado dos presentes que recebia de sua amada mãe. Anos depois, já rico e famoso, entendeu completamente o ato de Gladys nessas ocasiões e procurou fazer o mesmo, sempre presenteando pessoas que passavam por dificuldades.
Ao longo da vida Elvis mostrou toda a sua generosidade. Não é segredo para ninguém todos os atos dele dando presentes a amigos, parentes e até desconhecidos. Era uma forma que Elvis encontrava de retribuir o que havia recebido. Também era uma maneira de manter o espírito de Gladys vivo. A morte da mãe, quando estava prestando serviço militar na Alemanha, foi um fator decisivo na vida de Elvis. Quando ela morreu Elvis ficou arrasado e quando a primeira noite de natal sem Gladys chegou ele se trancou em seu quarto e chorou por toda a noite, completamente sozinho. O falecimento dela já era por si devastador e passar a noite natalina sem que fosse ao seu lado foi um dos piores sentimentos que sentiu em sua vida. Os presentes dados a Elvis nesse ano ficaram quase uma semana embaixo da árvore de natal, intocados. Para Elvis o natal havia perdido muito do seu significado. A noite que deveria ser uma das mais alegres e felizes do ano se tornaria logo uma das mais depressivas, pois Gladys não estava mais lá para compartilhar o espírito natalino ao seu lado. Era muito triste para Elvis, que tinha grandes lembranças dos natais passados. Sempre se lembrava com carinho do primeiro natal ao lado de seu pai, após cumprir pena, ou então do primeiro natal em uma casa própria, um dos grandes sonhos realizados pela família Presley. O último grande natal passado ao lado de Gladys inclusive ainda era uma lembrança feliz e recente, pois havia sido o primeiro natal na sua querida mansão Graceland.
Depois que voltou do exército Elvis resolveu reconstruir sua família, que a partir daquele momento seria basicamente formada por seu pai, sua avó e pelos amigos que Elvis considerava leais e bons companheiros. Em cada natal Elvis fazia questão de presentear a todos. Não era muito bom em receber presentes pois para Elvis o mais importante era presentear as pessoas, pois esse era o verdadeiro sentido da noite de natal. Embora tentasse demonstrar felicidade por fora, não era bem isso que sentia em seu interior. Ao longo dos anos isso foi bem notado por Priscilla Presley. Nessa época do ano Elvis decorava Graceland, comprava todos os enfeites imagináveis e transformava a própria mansão em uma grande e pomposa árvore de natal. Convidava todos e procurava se divertir o máximo que podia, porém como bem deixa claro Priscilla em sua autobiografia, ela sempre notava um ar de tristeza, melancolia e depressão em Elvis nessas ocasiões. Era impossível esquecer Gladys e no natal isso era particularmente doloroso.
Embora tenha passado felizes natais ao lado de seus amigos e esposa durante a década de 60 o natal voltou a se tornar um momento triste para Elvis quando Priscilla o abandonou anos depois. Para Elvis natal significava basicamente família e quando o divórcio saiu ele não tinha mais o que celebrar. Isso foi decisivo para o crescente sentimento de solidão que se abateu sobre ele em seus momentos finais. As últimas noites de natal da vida de Elvis foram melancólicas. Atormentado por diversos problemas pessoais e de saúde o cantor não reunia mais ânimo para celebrar como nas ocasiões anteriores. Em algumas dessas noites Elvis descia por poucos momentos para ficar ao lado de seus amigos e familiares e voltava logo após aos seus aposentos. Em outras nem descia, trocando felicitações de natal com todos pelo circuito interno de tv da mansão. O natal nunca mais seria o mesmo sem sua querida mãe, Gladys, e sua esposa, Priscilla, que amou até o fim da vida. Após sua morte a família Presley decidiu que o natal sempre seria especial em Graceland, como nos bons anos em que Elvis o celebrava. Dessa forma não há um só ano em que o presépio não seja montado em frente a mansão, tal como Elvis tanto gostava. Graceland também ganha luzes, enfeites e brilho nessa época do natal. Agindo assim o espírito natalino que um dia foi tão festejado por Elvis e Gladys jamais se apagará em seu querido lar.
Pablo Aluísio.
Quando era jovem demais para entender completamente o que era ser pobre, sua mãe fazia todo o esforço do mundo para que seu filho não se sentisse diferente das outras crianças da vizinhança nesse dia. Se os seus amiguinhos ganhavam presentes, Gladys, mesmo sozinha, pobre e sem recursos, arranjaria uma maneira de presentear seu filho. Elvis ficava extremamente feliz pelas pequenas lembranças que sua mãe trazia para a noite de natal e conforme foi ficando adulto compreendeu melhor o significado dos presentes que recebia de sua amada mãe. Anos depois, já rico e famoso, entendeu completamente o ato de Gladys nessas ocasiões e procurou fazer o mesmo, sempre presenteando pessoas que passavam por dificuldades.
Ao longo da vida Elvis mostrou toda a sua generosidade. Não é segredo para ninguém todos os atos dele dando presentes a amigos, parentes e até desconhecidos. Era uma forma que Elvis encontrava de retribuir o que havia recebido. Também era uma maneira de manter o espírito de Gladys vivo. A morte da mãe, quando estava prestando serviço militar na Alemanha, foi um fator decisivo na vida de Elvis. Quando ela morreu Elvis ficou arrasado e quando a primeira noite de natal sem Gladys chegou ele se trancou em seu quarto e chorou por toda a noite, completamente sozinho. O falecimento dela já era por si devastador e passar a noite natalina sem que fosse ao seu lado foi um dos piores sentimentos que sentiu em sua vida. Os presentes dados a Elvis nesse ano ficaram quase uma semana embaixo da árvore de natal, intocados. Para Elvis o natal havia perdido muito do seu significado. A noite que deveria ser uma das mais alegres e felizes do ano se tornaria logo uma das mais depressivas, pois Gladys não estava mais lá para compartilhar o espírito natalino ao seu lado. Era muito triste para Elvis, que tinha grandes lembranças dos natais passados. Sempre se lembrava com carinho do primeiro natal ao lado de seu pai, após cumprir pena, ou então do primeiro natal em uma casa própria, um dos grandes sonhos realizados pela família Presley. O último grande natal passado ao lado de Gladys inclusive ainda era uma lembrança feliz e recente, pois havia sido o primeiro natal na sua querida mansão Graceland.
Depois que voltou do exército Elvis resolveu reconstruir sua família, que a partir daquele momento seria basicamente formada por seu pai, sua avó e pelos amigos que Elvis considerava leais e bons companheiros. Em cada natal Elvis fazia questão de presentear a todos. Não era muito bom em receber presentes pois para Elvis o mais importante era presentear as pessoas, pois esse era o verdadeiro sentido da noite de natal. Embora tentasse demonstrar felicidade por fora, não era bem isso que sentia em seu interior. Ao longo dos anos isso foi bem notado por Priscilla Presley. Nessa época do ano Elvis decorava Graceland, comprava todos os enfeites imagináveis e transformava a própria mansão em uma grande e pomposa árvore de natal. Convidava todos e procurava se divertir o máximo que podia, porém como bem deixa claro Priscilla em sua autobiografia, ela sempre notava um ar de tristeza, melancolia e depressão em Elvis nessas ocasiões. Era impossível esquecer Gladys e no natal isso era particularmente doloroso.
Embora tenha passado felizes natais ao lado de seus amigos e esposa durante a década de 60 o natal voltou a se tornar um momento triste para Elvis quando Priscilla o abandonou anos depois. Para Elvis natal significava basicamente família e quando o divórcio saiu ele não tinha mais o que celebrar. Isso foi decisivo para o crescente sentimento de solidão que se abateu sobre ele em seus momentos finais. As últimas noites de natal da vida de Elvis foram melancólicas. Atormentado por diversos problemas pessoais e de saúde o cantor não reunia mais ânimo para celebrar como nas ocasiões anteriores. Em algumas dessas noites Elvis descia por poucos momentos para ficar ao lado de seus amigos e familiares e voltava logo após aos seus aposentos. Em outras nem descia, trocando felicitações de natal com todos pelo circuito interno de tv da mansão. O natal nunca mais seria o mesmo sem sua querida mãe, Gladys, e sua esposa, Priscilla, que amou até o fim da vida. Após sua morte a família Presley decidiu que o natal sempre seria especial em Graceland, como nos bons anos em que Elvis o celebrava. Dessa forma não há um só ano em que o presépio não seja montado em frente a mansão, tal como Elvis tanto gostava. Graceland também ganha luzes, enfeites e brilho nessa época do natal. Agindo assim o espírito natalino que um dia foi tão festejado por Elvis e Gladys jamais se apagará em seu querido lar.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Elvis Presley - Os Compositores de Elvis Presley
Os Compositores de Elvis - Durante a carreira de Elvis Presley um número enorme de compositores, músicos, maestros, arranjadores, argumentistas e artistas contribuíram com seus talentos para que esta fosse a história de maior sucesso da música mundial. Atrás de Elvis sempre estava um time de especialistas musicais, tomando os devidos cuidados para que tudo saísse de forma perfeita. Muitas destas pessoas nunca foram reconhecidas, como por exemplo o compositor Arthur "big boy" Grudup, que escreveu a primeira canção que Elvis gravou, "That's All Right (mama)". "Big Boy" morreu pobre e esquecido, mas não totalmente, pois hoje ele está sendo lembrado nestas palavras, através da Internet, um meio de comunicação que ele jamais imaginou que um dia iria existir. Outros escritores de canções foram reconhecidos em vida como os maravilhosos Jerry Leiber e Mike Stoller (leia sobre os dois no artigo "O Legado de Leiber e Stoller"). De qualquer forma esta é uma homenagem a estes grandes nomes da música que tiveram muito a ver com todo o brilhantismo da carreira de Elvis Presley, heróis anônimos, que com seus talentos musicais ficaram imortalizados na voz de um Rei. Este artigo sobre os compositores de Elvis é dedicado à memória de Arthur "big boy" Grudup, que jamais será esquecido.
Otis Blackwell - Cantor, pianista e compositor negro nascido no Brooklin na cidade de Nova Iorque em 1931. Autor de "Don't be Cruel", "All Shook Up", "Fever" (com o pseudônimo de John Davenport), "One Broken Heart for Sale" e "Return to Sender". Blackwell desde jovem era fã de ídolos da música country como Tex Ritter, adorava também R&B e cantores como Chuck Willis. Em 1952 resolveu se inscrever como calouro em um programa de show de talentos no Apollo Theater. Para surpresa de todos e do próprio Otis, venceu o concurso. Mas o mais importante deste evento foi conhecer pessoalmente o compositor Doc Pomus, que o incentivou a escrever suas próprias canções. Assim em 1953, a sua primeira música foi gravada: "Daddy Rollin' Stone". No Natal de 1955, em sérias dificuldades financeiras, Otis vendeu um lote de 6 músicas, por apenas 150 dólares, para uma editora musical. Eventualmente as músicas foram parar nas mãos de Steve Sholes, o produtor de Elvis, que mostrou as canções para o cantor. Ele adorou "Don't be Cruel" e "All Shook Up" e resolveu gravá-las. Resultado: milhões de discos foram vendidos e de uma hora para outra o nome de Otis Blackwell se tornou mundialmente famoso. Assim ele começou a compor para outros artistas como Jerry Lee Lewis (Breathless e Great Balls Of Fire) e Dee Clark (Hey Little Girl e Just Keep It). Consagrado como compositor (chegou a compor mais de 1000 canções), Blackwell resolveu retomar sua carreira como cantor em 1976. Começou a trabalhar também com artistas como Stevie Wonder. Seus maiores sucessos como interprete foram os discos "These Are My Songs" e "Singin' The Blues". Em 1977 após a morte de Elvis, Blackwell o homenageou com a canção "The No. 1 King Of Rock'n'Roll". Em 1994 vários artistas se reuniram para homenagear o legado de Otis Blackwell no album "Brace Yourself!".
Doc Pomus & Mort Schuman - Uma das duplas de compositores mais importantes da História do Rock americano, só superados talvez por Leiber & Stoller. Escreveram juntos mais de 500 canções entre 1958 e 1965. Doc Pomus (nome verdadeiro: Jerome Felder) nasceu no Brooklin em Nova Iorque no ano de 1925. Acometido de paralisia infantil Pomus teve que lutar desde muito cedo para vencer na vida como músico. Ainda jovem começou a tocar Sax em clubes noturnos do Greenwich Village. Na metade dos anos 50 começa a escrever canções e investe na carreira de compositor. O sucesso chega com "Boogie Woogie Country Girl" cantada por Big Joe Turner, "Lonely Avenue" com Ray Charles e "Youngblood" com o grupo The Coasters. Mort Schuman estudou música no New York Conservatory e começou a tocar piano em várias gravações de R&B. Em uma dessas sessões conheceu Doc e juntos formaram uma dupla para compor canções. No primeiro ano juntos emplacam grandes sucessos: "Turn Me Loose", "I'm Tiger", ambas cantadas por Fabian; "Teenager in Love" e "Hushabye" cantadas pelo grupo Dion and the Belmonts e "Go, Jimmy, Go." que lançava o cantor Jimmy Clanton. Em 1960 chegam ao primeiro lugar nas paradas com "Save the Last Dance for Me", cantado pelo grupo The Drifters. Com o sucesso consolidado a dupla é contratada para escrever músicas para Elvis, que voltava do exército naquele ano. Surgem assim grandes hits cantados pelo Rei do Rock e escrita por eles: "Surrender", "Little Sister", "Suspicion", "(Marie's the Name) His Latest Flame" e "Viva Las Vegas". Em 1964 Schuman resolve ir morar na Inglaterra e compor com outros escritores. Era o fim da dupla. Doc Pomus, por sua vez tenta retomar sua carreira, mas seus problemas de saúde se agravam. Somente nos anos 70 volta a compor para B.B.King, Bob Dylan, Lou Reed, John Hiatt e Roseanne Cash. Em 1991 (há muito afastado da música por causa de sérios problemas de saúde), Doc Pomus morre de câncer em Nova Iorque. O reconhecimento veio em 1992 quando ele finalmente entrou no Rock'n'Roll Hall da fama.
Bill Monroe - Músico pioneiro, é conhecido nos Estados Unidos como o pai do Bluegrass. O próprio Bill se auto denominava "um fazendeiro com um bandolim e uma voz de tenor". Ele e seu conjunto de Bluegrass ajudaram e influenciaram profundamente o Western Swing e o honky-tonk (variações da música rural americana). Bill Monroe nasceu em Rosine, Kentucky no ano de 1911. Em 1934 juntou-se ao seu irmão, Charlie Monroe, e juntos começaram a tocar em Estados do Sul como a Carolina. Dois anos depois firmaram um contrato com uma subsidiária da RCA, a Bluebird label. Em 1938 se separa de seu irmão e forma sua própria banda, Bill Monroe & His Bluegrass Boys e começam a se apresentar no Grand Ol' Opry. Depois do fim da banda em 1945, Monroe continua em carreira solo, se apresentando em vários festivais de Country Music. Em 1954, Elvis Presley grava seu primeiro single com uma canção de Monroe no Lado B "Blue Moon of Kentucky". Monroe cruzou o caminho de outro mito, Hank Williams, e se imortalizou entrando para o Country Hall da fama nos anos 70 e no Rock and Roll Hall da fama em 1997. Foi também homenageado no álbum "Bill Monroe and Friends", lançado em 1985 contando com grandes nomes da música country como Johnny Cash, Willie Nelson e Emmylou Harris. Bill Monroe morreu no dia 9 de setembro de 1996 em Springfield, Tennessee.
Don Robertson - Músico desde os 14 anos, Don Robertson se notabilizou pelas lindas canções românticas que escreveu para Elvis Presley. A carreira profissional de Robertson começou quando ele foi tentar a sorte em Los Angeles em 1945. Começou como pianista de bares e aos poucos foi conseguindo melhores contratos, em bares mais sofisticados. Em 1953, Don foi levado por um amigo ao escritório da poderosa editora musical Hill and Range. É contratado e passa a compor canções sob encomenda. Em 1954, Don conseguiu que uma de suas canções se tornasse sucesso na voz de Eddie Arnold. A música era "I Really Don't Want to Know" e consolidou a carreira de compositor de Robertson. Em 1956 Elvis Presley gravou uma canção de Robertson em seu disco de estreia, "I'm Counting on You". Além do sucesso do disco de Elvis, outras músicas escritas por Robertson começam a estourar nas paradas: "Hummingbird" e "The Happy Whistler". No mesmo ano, Robertson funda sua própria editora musical, a "Birchwood Music Company". Em 1959 Don gravou seu próprio disco e estoura nas paradas com a canção "Please Help Me I'm Falling". Em 1961 Robertson conhece Elvis Presley e se tornam amigos, levando o Rei do Rock a gravar diversas canções escritas por Don como "Anything That's Part of You", "There's Always Me", "No More", "I'm Yours" e "Love me Tonight". Don Robertson fazia o tipo boa pinta e fazia grande sucesso com as garotas, sempre compondo sobre casos amorosos em canções românticas que caíram como uma luva para a voz de Elvis. Em 1964 Don Robertson chegou finalmente ao primeiro lugar nas paradas com a canção "Ringo". Robertson continuou sua carreira ao longo dos anos. Ele morreu em março de 2015.
Carl Perkins - Um dos maiores nomes do Rock mundial. Carl Perkins foi o autor de "Blue Suede Shoes", um dos maiores sucessos da carreira de Elvis. Carl Perkins nasceu em Lake County, uma cidadezinha perdida no Tennessee. Com 13 anos de idade se inscreveu em um concurso de talentos com a canção "Movie Magg". Na metade dos anos 50, Carl foi até a cidade de Memphis tentar uma vida melhor. Lá conheceu Sam Phillips, dono da pequena gravadora Sun Records. Sam, que era um descobridor de talentos nato, pois tinha descoberto Elvis Presley, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Roy Orbison, resolveu dar uma chance a Perkins. Assim foi gravado e lançado em 1956 o single "Blue Suede Shoes", que foi o primeiro a vender mais de um milhão de cópias dentro da Sun. Neste meio tempo Elvis apaixonou-se pela música e resolveu lança-la. O sucesso foi estrondoso e a canção foi escolhida para abrir o primeiro disco de sua carreira. Perkins estava no auge, mas o destino lhe reservava um momento trágico. Carl Perkins sofreu um sério acidente automobilístico, que quase lhe custo a vida e praticamente o impediu de seguir adiante em sua carreira como cantor. Em 1963 os Beatles gravaram cinco canções de Perkins ("Matchbox", "Honey Don't", "Everybody's Trying To Be My Baby" entre outras) e o reergueram novamente. Perkins parte então, junto com Chuck Berry, para uma série de shows na Inglaterra, sucesso que o faz voltar às paradas. Nos anos seguintes Perkins iria conciliar sua carreira de cantor com compositor, tendo inclusive trabalhado com Johnny Cash. Em 1978 Perkins funda seu próprio selo, "Suede" e lança um disco que faz um grande sucesso, ""Ol' Blue Suede's Back". Em 1982, um de seus maiores fãs, Paul McCartney o convida para participar do disco "Tug of War", no qual ele canta junto de Paul a canção "Get It". Devidamente reconhecido e homenageado, Carl Perkins entra para Rock'n'Roll Hall da fama em 1987. Afastado da música, a não ser em participações especiais nos trabalhos de outros artistas, Carl Perkins morre em Jackson, Tennessee em 1998.
Ben Weisman & Fred Wise - A dupla que escreveu mais de 50 músicas para a carreira de Elvis. Muitas destas canções foram escritas para os filmes de Elvis. Ben Weisman nasceu em Providence, Rhode Island, em Novembro de 1921. Aos 21 anos se mandou para Nova Iorque atrás de oportunidades. No começo trabalhou em bares menores na quinta avenida até conseguir um emprego na rede de TV CBS. Lá conheceu pessoas influentes e começou a escrever temas para os programas de TV. Perry Como se tornou seu amigo e começou a gravar algumas de suas músicas como "A Still Small Voice", "Especially For The Young" e "It All Seems To Fall Into Line". Aconselhado por um produtor de cinema, Weisman foi para Hollywood em 1955. Lá fez parceria com outro músico de estúdio, Fred Wise e juntos começaram a escrever canções para filmes. Fred Wise nasceu em Nova Iorque no ano de 1915. Antes de se unir a Ben, conseguiu chegar ao primeiro lugar nas paradas com a canção "A ~ You're Adorable", também gravada por Perry Como. No final dos anos 50 foram contratados pelo produtor Hal Wallis para escrever as canções dos filmes de Elvis. Esta parceria foi rompida em 1966 com a morte de Wise. Weisman continuou escrevendo canções para Elvis com outros parceiros como Hal Blair e Aaron Schroeder. Ben Weisman morreu em 2007.
Joe South - Radialista, escritor e guitarrista nascido em Atlanta no ano de 1940, Joe South exerceu quase todas as profissões ligadas ao mundo da música. Com 11 anos já estava envolvido em transmissões de rádio pelo interior da Georgia, South sempre procurou estar perto do mundo da música country, que ele tanto amava. Depois de tocar durante mais de 10 anos como músico de estúdio, Joe conseguiu que um grupo country desconhecido, The Tams, gravasse uma de suas canções, intitulada "Untie Me". O mais incrível foi que esta música acabou chegando ao primeiro lugar na parada country. Em 1968 Joe realiza um de seus sonhos e grava seu primeiro trabalho como cantor, o disco "Introspect". No ano seguinte a cantora Lynn Anderson grava "Rose Garden", que se torna a sua segunda música a chegar no topo da parada country. Em 1970 Elvis Presley grava a sua primeira música de autoria de Joe South, "Walk a Mile in My Shoes". Joe South continuou sua carreira e em 1999 entrou para o Georgia's Music Hall of Fame.
Hank Williams - Considerado um dos pais da música country e folk dos Estados Unidos, Hank Williams já ultrapassou o status de grande cantor e compositor para se tornar um mito da canção norte americana. Sua influência foi vasta atingindo tanto o blues como o nascente Rock'n'Roll dos anos 50. Hank Williams nasceu em Mount Olive, Alabama, em 1923. Assim como Elvis, aprendeu a cantar nos cultos protestantes de domingo, sua música mãe também foi o Gospel. Aos 16 anos formou sua primeira banda, a lendária Drifting Cowboys e começou a se apresentar nas rádios locais. Em 1946 foi para Nashville, a capital mundial da música country. Lá seu talento chamou atenção e Hank estourou com as músicas "Move It On Over," e "Lovesick Blues". Começou a se apresentar no Grand Ol' Opry e se tornou um nome nacional, um ídolo de costa a costa dos EUA. Se imortalizou a partir daí chegando 36 vezes no Top Ten da parada musical (este recorde seria batido justamente por Elvis, anos depois). Mas o sucesso acabou fazendo muito mal a Hank, sem grande preparo para tamanho sucesso, Williams começou a se envolver com drogas e bebidas, morrendo prematuramente aos 29 anos, no banco de trás de seu cadillac, após um de seus shows. Em 1961 Hank Williams foi o primeiro eleito a integrar o Country Music Hall of Fame, o que demonstra o tamanho de seu sucesso. Elvis Presley gravaria canções de Hank em sua carreira como "Your Cheatin' Heart" e "I'm So Lonesome I Could Cry".
Ivory Joe Hunter - Uma das mais longas e produtivas carreiras musicais dos EUA. Ivory Joe Hunter se destacou como compositor, cantor e pianista. Ele nasceu em Kirbyville, Texas no ano de 1914. Filho de uma cantora gospel e de um guitarrista a música sempre fez parte de sua vida, desde os primeiros anos. Em 1933 Hunter fez sua primeira gravação e nos anos 40 se tornou DJ em uma pequena emissora de rádio em Beaumont, Texas. Sempre envolvido no mundo da música, Hunter conseguiu seu primeiro sucesso regional, a canção " Blues At Sunrise". No começo dos anos 40, Hunter resolveu se mudar para a costa leste e tentar alavancar sua carreira. Conseguiu entrar para a banda de Duke Ellington e escreveu dois sucessos nacionais: "I Quit My Pretty Mama" e "Guess Who". Nos anos 50 a consagração: várias canções se tornam sucessos como "I Almost Lost My Mind" (primeiro lugar na parada R&B) e "I Need You So" que levam o músico a assinar com uma grande companhia, a Atlantis Records. Durante o tempo que esteve nesta gravadora, só surgiram sucessos como "Since I Met You Baby", "Empty Arms" e "City Lights". No começo dos anos 60 retoma sua carreira de cantor country e começa a se apresentar no Grand Old Opry. Elvis Presley o descobriu no inicio de sua carreira gravando canções como "My wish Came True" e "Ain't That Loving You Baby". Nos anos 70 Elvis continuaria a gravar músicas de Ivory Joe Hunter como "It's Still Here" e "I Will be True" (ambas lançadas no LP "Elvis" de 1973). Ivory Joe Hunter morreu de câncer em 1974, em Memphis no Tennessee.
Dennis Linde - Cantor, músico e compositor texano, Dennis Linde escreveu um dos maiores sucessos da carreira de Elvis Presley, a música "Burning Love". Dennis sentiu que se realmente quisesse fazer sucesso no mundo da música tinha que deixar o Texas e ir para Nashville no Tennessee, e foi o que fez. Antes passou uma temporada em New Orleans, para ouvir e aprender com os músicos locais. Em Nashville, Dennis Linde se tornou músico de estúdio, tocando em várias gravações de outros artistas. Nos estúdios da cidade, Dennis começou a mostrar suas composições aos músicos locais e conseguiu que alguns o gravassem, sem contudo despertar grande repercussão. A grande virada aconteceu em 1972, quando Elvis resolveu gravar uma das canções escritas por Linde, a música "Burning Love", lançada em single ainda naquele ano. Sucesso total e tocando em todas as emissoras, Dennis Linde finalmente conseguiu se firmar como escritor de canções. A partir daí se enturmou na entourage de Elvis e começou a tocar guitarra e baixo em algumas das gravações do cantor em estúdio. Ao lado de Mark James, Joe South, Tony Joe White e Mickey Newsbury formou o principal time de compositores da carreira de Elvis nos anos 70. Outros grandes nomes também gravaram canções de Dennis Linde como Tom Jones e Garth Brooks.
Mac Davis - Compositor e músico nascido em Lubbock, Texas. Davis nasceu na mesma cidade em que Elvis prestou serviço militar no final dos anos 50. Acompanhou toda a agitação ao redor da presença do cantor e resolveu também se tornar músico. Filho de classe média, Mac Davis se apaixonou pelo Blues de Muddy Waters e Howlin Wolf. Começou a escrever canções e conseguiu emprego como músico de estúdio no American Studios em Memphis, Tennessee. Foi lá que conheceu Felton Jarvis, o produtor de Elvis, e mostrou algumas de suas canções. E foi com as gravações de "In The Ghetto", "Memories" e "Don’t Cry Daddy", todas gravadas por Elvis Presley que Mac Davis estourou mundialmente. A partir daí a carreira do compositor deslanchou, com vários sucessos como "Something’s Burnin’", "The Lonesomest Lonesome", "Stop And Smell The Roses" e tantas outras. O último grande sucesso de Mac foi lançado em 1982 com a música "You’re My Bestest Friend". Com o sucesso de seu show para a TV (The Mac Davis Show) o compositor ganhou o prêmio de "Entertainer of the Year award" da Academy of Country Music.
Don Gibson - Donald Eugene Gibson nasceu em Shelby, Carolina do Norte no ano de 1928. Aos 20 anos formou sua própria banda, chamada "Sons of the Soil". Chama a atenção da Mercury Records que resolve gravar um single com o grupo. O disco com "Why Am I So Lonely?" não faz o menor sucesso. Em 1950 vai para a RCA levado por um amigo, desta vez vai como compositor contratado. Passa uma temporada nesta gravadora e resolve novamente mudar de rumo indo para a Columbia. Nesta grava seu primeiro grande sucesso, "Sweet Dreams". Em 1957 volta novamente para a RCA Victor e escreve a grande canção de sua carreira: "I Can't Stop Loving You". Esta música se tornou uma das mais conhecidas do universo country americano sendo gravada por diversos cantores: Kitty Wells (1958), Don Gibson (1958), Elvis Presley, Ray Charles, Conway Twitty (1972), Sammi Smith (1977), Mary K. Miller (1978). Depois disso Gibson não fez mais nada de significativo, se retirando aos poucos do mundo da música para se dedicar a sua fazenda em Knoxville, onde vive até os dias de hoje.
Jerry Chestnut - Compositor, argumentista e violonista nascido em Loyall, Kentucky no ano de 1931. Jerry tinha como sonho de infância seguir os passos de seu ídolo maior: Hank Williams. Ao assistir um show de Hank no Kentucky decidiu que iria dedicar sua vida à música country. Em 1958 fez o caminho de milhares de outros aspirantes ao estrelado e foi em direção à Nashville tentar a sorte. Durante aproximadamente 9 anos fez de tudo para se manter na capital da country music, até que em 1967 consegue seu primeiro sucesso como compositor: a canção "A Dime At a Time" interpretada pelo cantor Del Reeves. No ano seguinte o "matador" Jerry Lee Lewis grava uma das músicas de Jerry chamada "Another Place Another Time" e chega ao primeiro lugar nas paradas. Esta canção foi um marco na carreira de Chesnut, que recebe uma indicação ao prêmio Grammy. Com o sucesso Jerry assina com uma grande companhia, a United Artists Records. Nos anos 70 Elvis Presley grava "T-R-O-U-B-L-E", carro chefe de seu disco "Elvis Today", que contava ainda com outra canção escrita por Chestnut: "Woman Without Love". Um ano antes Elvis já tinha lançado em single "It's Midnight", um dos trabalhos mais intimistas de Jerry. Chestnut teve vários de suas canções gravadas por outros artistas como Elvis Costello, Tom Jones, Dolly Pardon, Loretta Lynn, Johnny Cash e Travis Tritt.
Leon Payne - Músico por excelência, Leon Payne dominava vários instrumentos: guitarra. piano. orgão, trombone e bateria. Nascido em Alba, Texas, no ano de 1917, Leon sempre quis ser músico. Começou sua carreira no rádio, em uma pequena cidade do Texas chamada Palestine. Em 1938 entra na banda Bob Wills and the Texas Playboys e parte em excursão pelos Estados rurais do Sul dos EUA. No final dos anos 40 entra em outro grupo, Jack Rhodes and His Rhythm Boys, e finalmente no ano seguinte monta a sua própria banda country, The Lone Star Buddies. Com esse grupo começa a se apresentar em templos country como o Louisiana Hayride. Nos anos seguintes assina com a editora Hill and Range e estoura nas paradas com grandes sucessos como "You've Still Got a Place in My Heart", "Blue Side of Lonesome", "More Than Anything Else in the World" e "They'll Never Take Her Love From Me", esta última gravada por Hank Williams. Elvis gravou o maior sucesso de Payne, a música "I Love You Because" e nos anos 70 gravaria ainda "Fools Rush In". Leon Payne morreu em 1969.
Chuck Berry - Um dos verdadeiros pais do Rock'n'Roll. Charles Edward Anderson Berry nasceu em St. Louis, no ano de 1926. Pobre e negro, a única alternativa para Berry era abraçar a música, principalmente porque nasceu no berço do jazz americano. Em 1952 formou o grupo "Chuck Berry Combo" e começou a se apresentar em inferninhos de St. Louis. Em 1955 encontra a lenda do Blues Muddy Waters, que lhe arranja um teste na Chess Records. Chuck é contratado e passa a se apresentar ao vivo, principalmente no teatro Paramount. Em 1956, Chuck Berry lança seu primeiro grande sucesso, a canção "Maybellene". A partir daí Chuck estoura junto com o surgimento do Rock e se torna ao lado de Elvis e Little Richard os maiores nomes do movimento. Durante este período Berry lança suas maiores obras musicais: "Roll Over Beethoven", "Johnny B. Goode", "Sweet Little Sixteen", "School Day", "Memphis, Tennessee", "Surfin USA", "Back in the USA", "Brown Eyed Handsome Man" e tantas outras. Tamanho foi o sucesso alcançado por Chuck Berry que ele só foi superado por Elvis no topo das paradas. No final dos anos 50 Chuck é preso e acusado por "tráfico de escravas brancas", pois ele mantinha prostitutas em seu bordel em St. Louis. É solto no começo dos anos 60, mas infelizmente a esta altura sua carreira estava praticamente arruinada. Tenta voltar ao cenário musical, mas agora o Rock é embalado por outros ídolos como os Beatles e os Rolling Stones. Nos anos 60 lança apenas um trabalho de qualidade, o disco "Rock It". Nos anos 70 Elvis grava uma música de Berry, "Promised Land" que se torna um grande sucesso. Ao longo de sua carreira Elvis gravou uma dezena de faixas de Berry. Em 1987, Chuck Berry foi justamente homenageado no filme "Hail! Hail! Rock 'N Roll" com a participação de grandes nomes do Rock mundial.
Pablo Aluísio.
Otis Blackwell - Cantor, pianista e compositor negro nascido no Brooklin na cidade de Nova Iorque em 1931. Autor de "Don't be Cruel", "All Shook Up", "Fever" (com o pseudônimo de John Davenport), "One Broken Heart for Sale" e "Return to Sender". Blackwell desde jovem era fã de ídolos da música country como Tex Ritter, adorava também R&B e cantores como Chuck Willis. Em 1952 resolveu se inscrever como calouro em um programa de show de talentos no Apollo Theater. Para surpresa de todos e do próprio Otis, venceu o concurso. Mas o mais importante deste evento foi conhecer pessoalmente o compositor Doc Pomus, que o incentivou a escrever suas próprias canções. Assim em 1953, a sua primeira música foi gravada: "Daddy Rollin' Stone". No Natal de 1955, em sérias dificuldades financeiras, Otis vendeu um lote de 6 músicas, por apenas 150 dólares, para uma editora musical. Eventualmente as músicas foram parar nas mãos de Steve Sholes, o produtor de Elvis, que mostrou as canções para o cantor. Ele adorou "Don't be Cruel" e "All Shook Up" e resolveu gravá-las. Resultado: milhões de discos foram vendidos e de uma hora para outra o nome de Otis Blackwell se tornou mundialmente famoso. Assim ele começou a compor para outros artistas como Jerry Lee Lewis (Breathless e Great Balls Of Fire) e Dee Clark (Hey Little Girl e Just Keep It). Consagrado como compositor (chegou a compor mais de 1000 canções), Blackwell resolveu retomar sua carreira como cantor em 1976. Começou a trabalhar também com artistas como Stevie Wonder. Seus maiores sucessos como interprete foram os discos "These Are My Songs" e "Singin' The Blues". Em 1977 após a morte de Elvis, Blackwell o homenageou com a canção "The No. 1 King Of Rock'n'Roll". Em 1994 vários artistas se reuniram para homenagear o legado de Otis Blackwell no album "Brace Yourself!".
Doc Pomus & Mort Schuman - Uma das duplas de compositores mais importantes da História do Rock americano, só superados talvez por Leiber & Stoller. Escreveram juntos mais de 500 canções entre 1958 e 1965. Doc Pomus (nome verdadeiro: Jerome Felder) nasceu no Brooklin em Nova Iorque no ano de 1925. Acometido de paralisia infantil Pomus teve que lutar desde muito cedo para vencer na vida como músico. Ainda jovem começou a tocar Sax em clubes noturnos do Greenwich Village. Na metade dos anos 50 começa a escrever canções e investe na carreira de compositor. O sucesso chega com "Boogie Woogie Country Girl" cantada por Big Joe Turner, "Lonely Avenue" com Ray Charles e "Youngblood" com o grupo The Coasters. Mort Schuman estudou música no New York Conservatory e começou a tocar piano em várias gravações de R&B. Em uma dessas sessões conheceu Doc e juntos formaram uma dupla para compor canções. No primeiro ano juntos emplacam grandes sucessos: "Turn Me Loose", "I'm Tiger", ambas cantadas por Fabian; "Teenager in Love" e "Hushabye" cantadas pelo grupo Dion and the Belmonts e "Go, Jimmy, Go." que lançava o cantor Jimmy Clanton. Em 1960 chegam ao primeiro lugar nas paradas com "Save the Last Dance for Me", cantado pelo grupo The Drifters. Com o sucesso consolidado a dupla é contratada para escrever músicas para Elvis, que voltava do exército naquele ano. Surgem assim grandes hits cantados pelo Rei do Rock e escrita por eles: "Surrender", "Little Sister", "Suspicion", "(Marie's the Name) His Latest Flame" e "Viva Las Vegas". Em 1964 Schuman resolve ir morar na Inglaterra e compor com outros escritores. Era o fim da dupla. Doc Pomus, por sua vez tenta retomar sua carreira, mas seus problemas de saúde se agravam. Somente nos anos 70 volta a compor para B.B.King, Bob Dylan, Lou Reed, John Hiatt e Roseanne Cash. Em 1991 (há muito afastado da música por causa de sérios problemas de saúde), Doc Pomus morre de câncer em Nova Iorque. O reconhecimento veio em 1992 quando ele finalmente entrou no Rock'n'Roll Hall da fama.
Bill Monroe - Músico pioneiro, é conhecido nos Estados Unidos como o pai do Bluegrass. O próprio Bill se auto denominava "um fazendeiro com um bandolim e uma voz de tenor". Ele e seu conjunto de Bluegrass ajudaram e influenciaram profundamente o Western Swing e o honky-tonk (variações da música rural americana). Bill Monroe nasceu em Rosine, Kentucky no ano de 1911. Em 1934 juntou-se ao seu irmão, Charlie Monroe, e juntos começaram a tocar em Estados do Sul como a Carolina. Dois anos depois firmaram um contrato com uma subsidiária da RCA, a Bluebird label. Em 1938 se separa de seu irmão e forma sua própria banda, Bill Monroe & His Bluegrass Boys e começam a se apresentar no Grand Ol' Opry. Depois do fim da banda em 1945, Monroe continua em carreira solo, se apresentando em vários festivais de Country Music. Em 1954, Elvis Presley grava seu primeiro single com uma canção de Monroe no Lado B "Blue Moon of Kentucky". Monroe cruzou o caminho de outro mito, Hank Williams, e se imortalizou entrando para o Country Hall da fama nos anos 70 e no Rock and Roll Hall da fama em 1997. Foi também homenageado no álbum "Bill Monroe and Friends", lançado em 1985 contando com grandes nomes da música country como Johnny Cash, Willie Nelson e Emmylou Harris. Bill Monroe morreu no dia 9 de setembro de 1996 em Springfield, Tennessee.
Don Robertson - Músico desde os 14 anos, Don Robertson se notabilizou pelas lindas canções românticas que escreveu para Elvis Presley. A carreira profissional de Robertson começou quando ele foi tentar a sorte em Los Angeles em 1945. Começou como pianista de bares e aos poucos foi conseguindo melhores contratos, em bares mais sofisticados. Em 1953, Don foi levado por um amigo ao escritório da poderosa editora musical Hill and Range. É contratado e passa a compor canções sob encomenda. Em 1954, Don conseguiu que uma de suas canções se tornasse sucesso na voz de Eddie Arnold. A música era "I Really Don't Want to Know" e consolidou a carreira de compositor de Robertson. Em 1956 Elvis Presley gravou uma canção de Robertson em seu disco de estreia, "I'm Counting on You". Além do sucesso do disco de Elvis, outras músicas escritas por Robertson começam a estourar nas paradas: "Hummingbird" e "The Happy Whistler". No mesmo ano, Robertson funda sua própria editora musical, a "Birchwood Music Company". Em 1959 Don gravou seu próprio disco e estoura nas paradas com a canção "Please Help Me I'm Falling". Em 1961 Robertson conhece Elvis Presley e se tornam amigos, levando o Rei do Rock a gravar diversas canções escritas por Don como "Anything That's Part of You", "There's Always Me", "No More", "I'm Yours" e "Love me Tonight". Don Robertson fazia o tipo boa pinta e fazia grande sucesso com as garotas, sempre compondo sobre casos amorosos em canções românticas que caíram como uma luva para a voz de Elvis. Em 1964 Don Robertson chegou finalmente ao primeiro lugar nas paradas com a canção "Ringo". Robertson continuou sua carreira ao longo dos anos. Ele morreu em março de 2015.
Carl Perkins - Um dos maiores nomes do Rock mundial. Carl Perkins foi o autor de "Blue Suede Shoes", um dos maiores sucessos da carreira de Elvis. Carl Perkins nasceu em Lake County, uma cidadezinha perdida no Tennessee. Com 13 anos de idade se inscreveu em um concurso de talentos com a canção "Movie Magg". Na metade dos anos 50, Carl foi até a cidade de Memphis tentar uma vida melhor. Lá conheceu Sam Phillips, dono da pequena gravadora Sun Records. Sam, que era um descobridor de talentos nato, pois tinha descoberto Elvis Presley, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Roy Orbison, resolveu dar uma chance a Perkins. Assim foi gravado e lançado em 1956 o single "Blue Suede Shoes", que foi o primeiro a vender mais de um milhão de cópias dentro da Sun. Neste meio tempo Elvis apaixonou-se pela música e resolveu lança-la. O sucesso foi estrondoso e a canção foi escolhida para abrir o primeiro disco de sua carreira. Perkins estava no auge, mas o destino lhe reservava um momento trágico. Carl Perkins sofreu um sério acidente automobilístico, que quase lhe custo a vida e praticamente o impediu de seguir adiante em sua carreira como cantor. Em 1963 os Beatles gravaram cinco canções de Perkins ("Matchbox", "Honey Don't", "Everybody's Trying To Be My Baby" entre outras) e o reergueram novamente. Perkins parte então, junto com Chuck Berry, para uma série de shows na Inglaterra, sucesso que o faz voltar às paradas. Nos anos seguintes Perkins iria conciliar sua carreira de cantor com compositor, tendo inclusive trabalhado com Johnny Cash. Em 1978 Perkins funda seu próprio selo, "Suede" e lança um disco que faz um grande sucesso, ""Ol' Blue Suede's Back". Em 1982, um de seus maiores fãs, Paul McCartney o convida para participar do disco "Tug of War", no qual ele canta junto de Paul a canção "Get It". Devidamente reconhecido e homenageado, Carl Perkins entra para Rock'n'Roll Hall da fama em 1987. Afastado da música, a não ser em participações especiais nos trabalhos de outros artistas, Carl Perkins morre em Jackson, Tennessee em 1998.
Ben Weisman & Fred Wise - A dupla que escreveu mais de 50 músicas para a carreira de Elvis. Muitas destas canções foram escritas para os filmes de Elvis. Ben Weisman nasceu em Providence, Rhode Island, em Novembro de 1921. Aos 21 anos se mandou para Nova Iorque atrás de oportunidades. No começo trabalhou em bares menores na quinta avenida até conseguir um emprego na rede de TV CBS. Lá conheceu pessoas influentes e começou a escrever temas para os programas de TV. Perry Como se tornou seu amigo e começou a gravar algumas de suas músicas como "A Still Small Voice", "Especially For The Young" e "It All Seems To Fall Into Line". Aconselhado por um produtor de cinema, Weisman foi para Hollywood em 1955. Lá fez parceria com outro músico de estúdio, Fred Wise e juntos começaram a escrever canções para filmes. Fred Wise nasceu em Nova Iorque no ano de 1915. Antes de se unir a Ben, conseguiu chegar ao primeiro lugar nas paradas com a canção "A ~ You're Adorable", também gravada por Perry Como. No final dos anos 50 foram contratados pelo produtor Hal Wallis para escrever as canções dos filmes de Elvis. Esta parceria foi rompida em 1966 com a morte de Wise. Weisman continuou escrevendo canções para Elvis com outros parceiros como Hal Blair e Aaron Schroeder. Ben Weisman morreu em 2007.
Joe South - Radialista, escritor e guitarrista nascido em Atlanta no ano de 1940, Joe South exerceu quase todas as profissões ligadas ao mundo da música. Com 11 anos já estava envolvido em transmissões de rádio pelo interior da Georgia, South sempre procurou estar perto do mundo da música country, que ele tanto amava. Depois de tocar durante mais de 10 anos como músico de estúdio, Joe conseguiu que um grupo country desconhecido, The Tams, gravasse uma de suas canções, intitulada "Untie Me". O mais incrível foi que esta música acabou chegando ao primeiro lugar na parada country. Em 1968 Joe realiza um de seus sonhos e grava seu primeiro trabalho como cantor, o disco "Introspect". No ano seguinte a cantora Lynn Anderson grava "Rose Garden", que se torna a sua segunda música a chegar no topo da parada country. Em 1970 Elvis Presley grava a sua primeira música de autoria de Joe South, "Walk a Mile in My Shoes". Joe South continuou sua carreira e em 1999 entrou para o Georgia's Music Hall of Fame.
Hank Williams - Considerado um dos pais da música country e folk dos Estados Unidos, Hank Williams já ultrapassou o status de grande cantor e compositor para se tornar um mito da canção norte americana. Sua influência foi vasta atingindo tanto o blues como o nascente Rock'n'Roll dos anos 50. Hank Williams nasceu em Mount Olive, Alabama, em 1923. Assim como Elvis, aprendeu a cantar nos cultos protestantes de domingo, sua música mãe também foi o Gospel. Aos 16 anos formou sua primeira banda, a lendária Drifting Cowboys e começou a se apresentar nas rádios locais. Em 1946 foi para Nashville, a capital mundial da música country. Lá seu talento chamou atenção e Hank estourou com as músicas "Move It On Over," e "Lovesick Blues". Começou a se apresentar no Grand Ol' Opry e se tornou um nome nacional, um ídolo de costa a costa dos EUA. Se imortalizou a partir daí chegando 36 vezes no Top Ten da parada musical (este recorde seria batido justamente por Elvis, anos depois). Mas o sucesso acabou fazendo muito mal a Hank, sem grande preparo para tamanho sucesso, Williams começou a se envolver com drogas e bebidas, morrendo prematuramente aos 29 anos, no banco de trás de seu cadillac, após um de seus shows. Em 1961 Hank Williams foi o primeiro eleito a integrar o Country Music Hall of Fame, o que demonstra o tamanho de seu sucesso. Elvis Presley gravaria canções de Hank em sua carreira como "Your Cheatin' Heart" e "I'm So Lonesome I Could Cry".
Ivory Joe Hunter - Uma das mais longas e produtivas carreiras musicais dos EUA. Ivory Joe Hunter se destacou como compositor, cantor e pianista. Ele nasceu em Kirbyville, Texas no ano de 1914. Filho de uma cantora gospel e de um guitarrista a música sempre fez parte de sua vida, desde os primeiros anos. Em 1933 Hunter fez sua primeira gravação e nos anos 40 se tornou DJ em uma pequena emissora de rádio em Beaumont, Texas. Sempre envolvido no mundo da música, Hunter conseguiu seu primeiro sucesso regional, a canção " Blues At Sunrise". No começo dos anos 40, Hunter resolveu se mudar para a costa leste e tentar alavancar sua carreira. Conseguiu entrar para a banda de Duke Ellington e escreveu dois sucessos nacionais: "I Quit My Pretty Mama" e "Guess Who". Nos anos 50 a consagração: várias canções se tornam sucessos como "I Almost Lost My Mind" (primeiro lugar na parada R&B) e "I Need You So" que levam o músico a assinar com uma grande companhia, a Atlantis Records. Durante o tempo que esteve nesta gravadora, só surgiram sucessos como "Since I Met You Baby", "Empty Arms" e "City Lights". No começo dos anos 60 retoma sua carreira de cantor country e começa a se apresentar no Grand Old Opry. Elvis Presley o descobriu no inicio de sua carreira gravando canções como "My wish Came True" e "Ain't That Loving You Baby". Nos anos 70 Elvis continuaria a gravar músicas de Ivory Joe Hunter como "It's Still Here" e "I Will be True" (ambas lançadas no LP "Elvis" de 1973). Ivory Joe Hunter morreu de câncer em 1974, em Memphis no Tennessee.
Dennis Linde - Cantor, músico e compositor texano, Dennis Linde escreveu um dos maiores sucessos da carreira de Elvis Presley, a música "Burning Love". Dennis sentiu que se realmente quisesse fazer sucesso no mundo da música tinha que deixar o Texas e ir para Nashville no Tennessee, e foi o que fez. Antes passou uma temporada em New Orleans, para ouvir e aprender com os músicos locais. Em Nashville, Dennis Linde se tornou músico de estúdio, tocando em várias gravações de outros artistas. Nos estúdios da cidade, Dennis começou a mostrar suas composições aos músicos locais e conseguiu que alguns o gravassem, sem contudo despertar grande repercussão. A grande virada aconteceu em 1972, quando Elvis resolveu gravar uma das canções escritas por Linde, a música "Burning Love", lançada em single ainda naquele ano. Sucesso total e tocando em todas as emissoras, Dennis Linde finalmente conseguiu se firmar como escritor de canções. A partir daí se enturmou na entourage de Elvis e começou a tocar guitarra e baixo em algumas das gravações do cantor em estúdio. Ao lado de Mark James, Joe South, Tony Joe White e Mickey Newsbury formou o principal time de compositores da carreira de Elvis nos anos 70. Outros grandes nomes também gravaram canções de Dennis Linde como Tom Jones e Garth Brooks.
Mac Davis - Compositor e músico nascido em Lubbock, Texas. Davis nasceu na mesma cidade em que Elvis prestou serviço militar no final dos anos 50. Acompanhou toda a agitação ao redor da presença do cantor e resolveu também se tornar músico. Filho de classe média, Mac Davis se apaixonou pelo Blues de Muddy Waters e Howlin Wolf. Começou a escrever canções e conseguiu emprego como músico de estúdio no American Studios em Memphis, Tennessee. Foi lá que conheceu Felton Jarvis, o produtor de Elvis, e mostrou algumas de suas canções. E foi com as gravações de "In The Ghetto", "Memories" e "Don’t Cry Daddy", todas gravadas por Elvis Presley que Mac Davis estourou mundialmente. A partir daí a carreira do compositor deslanchou, com vários sucessos como "Something’s Burnin’", "The Lonesomest Lonesome", "Stop And Smell The Roses" e tantas outras. O último grande sucesso de Mac foi lançado em 1982 com a música "You’re My Bestest Friend". Com o sucesso de seu show para a TV (The Mac Davis Show) o compositor ganhou o prêmio de "Entertainer of the Year award" da Academy of Country Music.
Don Gibson - Donald Eugene Gibson nasceu em Shelby, Carolina do Norte no ano de 1928. Aos 20 anos formou sua própria banda, chamada "Sons of the Soil". Chama a atenção da Mercury Records que resolve gravar um single com o grupo. O disco com "Why Am I So Lonely?" não faz o menor sucesso. Em 1950 vai para a RCA levado por um amigo, desta vez vai como compositor contratado. Passa uma temporada nesta gravadora e resolve novamente mudar de rumo indo para a Columbia. Nesta grava seu primeiro grande sucesso, "Sweet Dreams". Em 1957 volta novamente para a RCA Victor e escreve a grande canção de sua carreira: "I Can't Stop Loving You". Esta música se tornou uma das mais conhecidas do universo country americano sendo gravada por diversos cantores: Kitty Wells (1958), Don Gibson (1958), Elvis Presley, Ray Charles, Conway Twitty (1972), Sammi Smith (1977), Mary K. Miller (1978). Depois disso Gibson não fez mais nada de significativo, se retirando aos poucos do mundo da música para se dedicar a sua fazenda em Knoxville, onde vive até os dias de hoje.
Jerry Chestnut - Compositor, argumentista e violonista nascido em Loyall, Kentucky no ano de 1931. Jerry tinha como sonho de infância seguir os passos de seu ídolo maior: Hank Williams. Ao assistir um show de Hank no Kentucky decidiu que iria dedicar sua vida à música country. Em 1958 fez o caminho de milhares de outros aspirantes ao estrelado e foi em direção à Nashville tentar a sorte. Durante aproximadamente 9 anos fez de tudo para se manter na capital da country music, até que em 1967 consegue seu primeiro sucesso como compositor: a canção "A Dime At a Time" interpretada pelo cantor Del Reeves. No ano seguinte o "matador" Jerry Lee Lewis grava uma das músicas de Jerry chamada "Another Place Another Time" e chega ao primeiro lugar nas paradas. Esta canção foi um marco na carreira de Chesnut, que recebe uma indicação ao prêmio Grammy. Com o sucesso Jerry assina com uma grande companhia, a United Artists Records. Nos anos 70 Elvis Presley grava "T-R-O-U-B-L-E", carro chefe de seu disco "Elvis Today", que contava ainda com outra canção escrita por Chestnut: "Woman Without Love". Um ano antes Elvis já tinha lançado em single "It's Midnight", um dos trabalhos mais intimistas de Jerry. Chestnut teve vários de suas canções gravadas por outros artistas como Elvis Costello, Tom Jones, Dolly Pardon, Loretta Lynn, Johnny Cash e Travis Tritt.
Leon Payne - Músico por excelência, Leon Payne dominava vários instrumentos: guitarra. piano. orgão, trombone e bateria. Nascido em Alba, Texas, no ano de 1917, Leon sempre quis ser músico. Começou sua carreira no rádio, em uma pequena cidade do Texas chamada Palestine. Em 1938 entra na banda Bob Wills and the Texas Playboys e parte em excursão pelos Estados rurais do Sul dos EUA. No final dos anos 40 entra em outro grupo, Jack Rhodes and His Rhythm Boys, e finalmente no ano seguinte monta a sua própria banda country, The Lone Star Buddies. Com esse grupo começa a se apresentar em templos country como o Louisiana Hayride. Nos anos seguintes assina com a editora Hill and Range e estoura nas paradas com grandes sucessos como "You've Still Got a Place in My Heart", "Blue Side of Lonesome", "More Than Anything Else in the World" e "They'll Never Take Her Love From Me", esta última gravada por Hank Williams. Elvis gravou o maior sucesso de Payne, a música "I Love You Because" e nos anos 70 gravaria ainda "Fools Rush In". Leon Payne morreu em 1969.
Chuck Berry - Um dos verdadeiros pais do Rock'n'Roll. Charles Edward Anderson Berry nasceu em St. Louis, no ano de 1926. Pobre e negro, a única alternativa para Berry era abraçar a música, principalmente porque nasceu no berço do jazz americano. Em 1952 formou o grupo "Chuck Berry Combo" e começou a se apresentar em inferninhos de St. Louis. Em 1955 encontra a lenda do Blues Muddy Waters, que lhe arranja um teste na Chess Records. Chuck é contratado e passa a se apresentar ao vivo, principalmente no teatro Paramount. Em 1956, Chuck Berry lança seu primeiro grande sucesso, a canção "Maybellene". A partir daí Chuck estoura junto com o surgimento do Rock e se torna ao lado de Elvis e Little Richard os maiores nomes do movimento. Durante este período Berry lança suas maiores obras musicais: "Roll Over Beethoven", "Johnny B. Goode", "Sweet Little Sixteen", "School Day", "Memphis, Tennessee", "Surfin USA", "Back in the USA", "Brown Eyed Handsome Man" e tantas outras. Tamanho foi o sucesso alcançado por Chuck Berry que ele só foi superado por Elvis no topo das paradas. No final dos anos 50 Chuck é preso e acusado por "tráfico de escravas brancas", pois ele mantinha prostitutas em seu bordel em St. Louis. É solto no começo dos anos 60, mas infelizmente a esta altura sua carreira estava praticamente arruinada. Tenta voltar ao cenário musical, mas agora o Rock é embalado por outros ídolos como os Beatles e os Rolling Stones. Nos anos 60 lança apenas um trabalho de qualidade, o disco "Rock It". Nos anos 70 Elvis grava uma música de Berry, "Promised Land" que se torna um grande sucesso. Ao longo de sua carreira Elvis gravou uma dezena de faixas de Berry. Em 1987, Chuck Berry foi justamente homenageado no filme "Hail! Hail! Rock 'N Roll" com a participação de grandes nomes do Rock mundial.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Os Discos de Elvis!
Anos 50: Elvis Rocker! - A discografia de Elvis é grande e complexa. Cada período apresenta características bem distintas. De maneira a simplificar o estudo e a analise dos discos do cantor eles podem ser divididos em três grandes fases. A primeira corresponde aos anos iniciais e pode ser subdividido entre a fase que Elvis gravou na Sun Records (1954 / 1955) e seus primeiros discos na RCA até ele ir servir o exército (1956/ 1958). Na fase Sun, Elvis apresenta um repertório mais restrito ao tipo de música bem regional, do sul dos EUA. Aqui estão os cincos singles que Elvis gravou na gravadora de Sam Phillips. Depois que foi para a RCA em 1956, Elvis entrou num leque maior de opções musicais. Agora ele não era mais o cantor country restrito aos estados do Tennessee e do Mississipi.
Nos anos 50, com o cabelo cheio de brilhantina, gole da camisa pra cima, olhar de deboche e desafio, terno folgadão e cara de baby face, Elvis chegava para criar todo uma revolução na careta América do pós guerra dos anos Eisenhower. Elvis Presley surgiu logo no período em que o Presidente americano era um general medalhão, herói da 2ª Guerra Mundial. O Elvis Rocker chegou para romper as estruturas e chacoalhar a morosa música da época. Elvis era visto como um incentivador da delinquência juvenil, um perigo para os valores da geração Wasp (White, Anglo Saxon and Protestant). A gravadora RCA queria lançá-lo em nível nacional e assim seus discos se tornaram mais comerciais para se adequar aos novos tempos. A exceção a esta regra é justamente o primeiro LP de sua carreira, chamado "Elvis Presley", que pode ser considerado um disco de transição, sendo que várias faixas dele foram gravados na Sun, o que de certa forma muda a partir de "Elvis", seu segundo disco, onde o caminho a seguir fica bem definido.
Elvis agora é um produto. Ele seria lançado principalmente como roqueiro e esta foi a imagem escolhida e aclamada pelo público. Este é a fase de maior sucesso. Elvis na flor da idade incendiou toda uma geração e foi o ídolo da geração rockbilly, transviada e órfão do eterno rebelde James Dean. Mas, apesar de todo o marketing, a própria personalidade de Elvis começa a despontar ainda nesta fase mais rocker, principalmente quando ele resolve gravar canções do estilo gospel no compacto duplo "Peace in the Valley". Aqui está, sem sombra de dúvida, o verdadeiro Elvis, louco por baladas e músicas religiosas. Nos anos 50 também surgem os primeiros discos em que se reúnem os singles da carreira de Elvis como por exemplo "Elvis Golden Records", "For LP Fans Only" e "A Date With Elvis" Na primeira fase de Elvis também começa a surgir as suas trilhas sonoras. As primeiras como "Jailhouse Rock", "Love me Tender" , "Loving You" e "King Creole" são clássicos absolutos. A primeira fase termina como começa: de forma brilhante!
Anos 60: Starring Elvis Presley! - A Segunda grande fase da carreira de Elvis começa em 1960 e começa muito bem com os discos "Elvis Is Back" e "His Hand in Mine", um especial de TV com Frank Sinatra e os singles de grande sucesso como "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?". Elvis muda de produtor (sai Steve Sholes e entra Chet Atkins) e glamoriza seus arranjos. Apesar do cantor lançar discos de qualidade como "Something for Everybody" e "Pot Luck", algo começa a dar errado, os discos começam a mostrar sinais de desgaste. Elvis começa a gravar trilhas em ritmo industrial, uma atrás da outra, três por ano, muitas vezes gravadas às pressas para atender as exigências do mercado. Elvis Presley vende muito e a RCA exige cada vez mais. A qualidade é deixada de lado para a quantidade.
No meio de toda a correria ainda é possível destacar alguns poucos momentos interessantes, nas trilhas sonoras se salvam uma ou outra canção digna de ser ouvida, principalmente nas trilhas de "Roustabout", "G.I.Blues" e "Blue Hawaii" mas é muito pouco para quem sustentava a coroa de Rei do Rock'n'Roll. Elvis tinha consciência de tudo isso e começa a perder a paciência com este tipo de pressão, mas na prática não faz nada, fica cada vez mais preso aos contratos que assinou e começa a entrar numa sucessão de filmes de baixa qualidade. Sua carreira começa a entrar em parafuso. O público prestigia, mas começa a perder a paciência com tantos discos ruins, Elvis é superado pelos Beatles, Rolling Stones e por grupos psicodélicos como The Doors.
Em 1964 Elvis gravou aquele que seria talvez o único trabalho de consistência deste período, a trilha de "Viva Las Vegas"; em compensação os trabalhos ruins são em maior número: "Kissin Cousins", "Harum Scarum" e "Paradise, Hawaiian Style" provavelmente nunca passariam no crivo de Sam Phillips. Em 1967 no meio do pântano de trabalhos inconsistentes Elvis lança um disco que vem reafirmar todo o seu talento, o disco gospel "How Great Thou Art" e ganha seu primeiro prêmio Grammy, justamente na pior fase de sua carreira musical, novamente a canção religiosa faz emergir o verdadeiro Elvis. Porém, infelizmente esta segunda fase acaba de forma melancólica com as péssimas trilhas "Speedway" e "Clambake", meros enlatados dos estúdios de cinema.
Anos 70: Elvis on the Road! - Em 1968 começa a terceira fase da carreira de Elvis. Ele faz o especial de TV para a NBC e volta a tocar junto de seus velhos companheiros. O cantor muda novamente de produtor e Felton Jarvis assume a produção de seus discos. Talvez o maior mérito de Jarvis tenha sido deixar Elvis em paz para ele gravar as músicas que quisesse. O sucesso do NBC TV Special faz o rei do rock voltar, em 1969, aos estúdios de Memphis onde ele grava um trabalho que literalmente salvou sua carreira. Estas músicas foram reunidas nos melhores discos da terceira fase de sua carreira : "From Elvis in Memphis" e "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis".
Elvis monta uma nova banda, com orquestra e acompanhamento vocal completo e volta aos shows ao vivo e às paradas de sucesso. Seus discos começam a trazer os shows do cantor em Las Vegas como "On Stage" e "That's the Way It Is" ou os seus shows em turnês como "Madison Square Garden" e "On Stage in Memphis". Além de todo este pique para cruzar os Estados Unidos de costa a costa Elvis ainda arranja tempo de gravar belos trabalhos de estúdio como "Elvis Country" e "Elvis Now". O Rei do Rock em sua segunda chance caiu de corpo e alma na estrada. Voltou ao seio de seu público e conquistou novamente a todos com o seu enorme talento. Em 1973 Elvis se apresenta ao vivo via satélite para o mundo no show "Aloha From Hawaii", seu último grande momento antes da queda final.
O Elvis dos anos setenta, em pouco lembra o rocker dos anos 50. Elvis começa a cantar um repertório mais romântico, intimista e às vezes até mesmo deprimido. Começa a usar uma coleção de trajes com pedras preciosas e transforma muitos de seus shows em adorações coletivas. Seu lado místico se acentua e Elvis se torna um Deus azteca no palco. Este aspecto religioso e esotérico se reflete na sua música. Seus discos são intercalados com muito country e muitas vezes até mesmo com gospel. Apesar de gravar outro disco gospel "He Touched Me", Elvis sempre achava uma maneira de colocar mais uma canção religiosa em seus discos "não temáticos".
Elvis não segue tendências musicais nos anos 70, seu estilo se torna bastante peculiar, enquanto o rock entra fundo no progressivo com Pink Floyd e outras bandas do gênero, Elvis sequer toma conhecimento deste movimento e prefere seguir gravando as canções de sua preferência musical. Seu público continua fiel a ele, sempre lotando seus shows, mas a partir de 1974 Elvis começa a apresentar os primeiros sinais de seu declínio físico e emocional.
Ofegante, obviamente drogado, Elvis erra as letras e o acompanhamento, cancela shows e começa a aparecer nos meios de imprensa mais por suas atitudes "excêntricas' do que por sua música. O rei começa a morrer artisticamente. Apesar de tudo são desta época bons trabalhos como "Elvis Today" e "Promised Land". Finalmente em 1977, seu debilitado organismo diz basta e Elvis é encontrado morto. Seus últimos discos não são muito relevantes artisticamente falando e perdem muito em comparação a trabalhos de outros artistas do mesmo período, sem falar se o compararmos até mesmo aos outros discos da própria carreira de Elvis. "Moody Blue" é uma colcha de retalhos que traz instantâneos do talento de Elvis em seus momentos finais e "Elvis in Concert", que registra seus últimos shows, é só um documentário triste do fim do Rei do Rock.
Enfim, a discografia de Elvis é igual a ele: fantástico e muitas vezes decepcionante, fenomenal e banal, memorável e esquecível, feroz e cansado, verdadeiro e tremendamente falso. Elvis foi todos ao mesmo tempo e seus discos também o foram. O retrato do homem perfeitamente traduzido em seu trabalho.
Pablo Aluísio.
Nos anos 50, com o cabelo cheio de brilhantina, gole da camisa pra cima, olhar de deboche e desafio, terno folgadão e cara de baby face, Elvis chegava para criar todo uma revolução na careta América do pós guerra dos anos Eisenhower. Elvis Presley surgiu logo no período em que o Presidente americano era um general medalhão, herói da 2ª Guerra Mundial. O Elvis Rocker chegou para romper as estruturas e chacoalhar a morosa música da época. Elvis era visto como um incentivador da delinquência juvenil, um perigo para os valores da geração Wasp (White, Anglo Saxon and Protestant). A gravadora RCA queria lançá-lo em nível nacional e assim seus discos se tornaram mais comerciais para se adequar aos novos tempos. A exceção a esta regra é justamente o primeiro LP de sua carreira, chamado "Elvis Presley", que pode ser considerado um disco de transição, sendo que várias faixas dele foram gravados na Sun, o que de certa forma muda a partir de "Elvis", seu segundo disco, onde o caminho a seguir fica bem definido.
Elvis agora é um produto. Ele seria lançado principalmente como roqueiro e esta foi a imagem escolhida e aclamada pelo público. Este é a fase de maior sucesso. Elvis na flor da idade incendiou toda uma geração e foi o ídolo da geração rockbilly, transviada e órfão do eterno rebelde James Dean. Mas, apesar de todo o marketing, a própria personalidade de Elvis começa a despontar ainda nesta fase mais rocker, principalmente quando ele resolve gravar canções do estilo gospel no compacto duplo "Peace in the Valley". Aqui está, sem sombra de dúvida, o verdadeiro Elvis, louco por baladas e músicas religiosas. Nos anos 50 também surgem os primeiros discos em que se reúnem os singles da carreira de Elvis como por exemplo "Elvis Golden Records", "For LP Fans Only" e "A Date With Elvis" Na primeira fase de Elvis também começa a surgir as suas trilhas sonoras. As primeiras como "Jailhouse Rock", "Love me Tender" , "Loving You" e "King Creole" são clássicos absolutos. A primeira fase termina como começa: de forma brilhante!
Anos 60: Starring Elvis Presley! - A Segunda grande fase da carreira de Elvis começa em 1960 e começa muito bem com os discos "Elvis Is Back" e "His Hand in Mine", um especial de TV com Frank Sinatra e os singles de grande sucesso como "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?". Elvis muda de produtor (sai Steve Sholes e entra Chet Atkins) e glamoriza seus arranjos. Apesar do cantor lançar discos de qualidade como "Something for Everybody" e "Pot Luck", algo começa a dar errado, os discos começam a mostrar sinais de desgaste. Elvis começa a gravar trilhas em ritmo industrial, uma atrás da outra, três por ano, muitas vezes gravadas às pressas para atender as exigências do mercado. Elvis Presley vende muito e a RCA exige cada vez mais. A qualidade é deixada de lado para a quantidade.
No meio de toda a correria ainda é possível destacar alguns poucos momentos interessantes, nas trilhas sonoras se salvam uma ou outra canção digna de ser ouvida, principalmente nas trilhas de "Roustabout", "G.I.Blues" e "Blue Hawaii" mas é muito pouco para quem sustentava a coroa de Rei do Rock'n'Roll. Elvis tinha consciência de tudo isso e começa a perder a paciência com este tipo de pressão, mas na prática não faz nada, fica cada vez mais preso aos contratos que assinou e começa a entrar numa sucessão de filmes de baixa qualidade. Sua carreira começa a entrar em parafuso. O público prestigia, mas começa a perder a paciência com tantos discos ruins, Elvis é superado pelos Beatles, Rolling Stones e por grupos psicodélicos como The Doors.
Em 1964 Elvis gravou aquele que seria talvez o único trabalho de consistência deste período, a trilha de "Viva Las Vegas"; em compensação os trabalhos ruins são em maior número: "Kissin Cousins", "Harum Scarum" e "Paradise, Hawaiian Style" provavelmente nunca passariam no crivo de Sam Phillips. Em 1967 no meio do pântano de trabalhos inconsistentes Elvis lança um disco que vem reafirmar todo o seu talento, o disco gospel "How Great Thou Art" e ganha seu primeiro prêmio Grammy, justamente na pior fase de sua carreira musical, novamente a canção religiosa faz emergir o verdadeiro Elvis. Porém, infelizmente esta segunda fase acaba de forma melancólica com as péssimas trilhas "Speedway" e "Clambake", meros enlatados dos estúdios de cinema.
Anos 70: Elvis on the Road! - Em 1968 começa a terceira fase da carreira de Elvis. Ele faz o especial de TV para a NBC e volta a tocar junto de seus velhos companheiros. O cantor muda novamente de produtor e Felton Jarvis assume a produção de seus discos. Talvez o maior mérito de Jarvis tenha sido deixar Elvis em paz para ele gravar as músicas que quisesse. O sucesso do NBC TV Special faz o rei do rock voltar, em 1969, aos estúdios de Memphis onde ele grava um trabalho que literalmente salvou sua carreira. Estas músicas foram reunidas nos melhores discos da terceira fase de sua carreira : "From Elvis in Memphis" e "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis".
Elvis monta uma nova banda, com orquestra e acompanhamento vocal completo e volta aos shows ao vivo e às paradas de sucesso. Seus discos começam a trazer os shows do cantor em Las Vegas como "On Stage" e "That's the Way It Is" ou os seus shows em turnês como "Madison Square Garden" e "On Stage in Memphis". Além de todo este pique para cruzar os Estados Unidos de costa a costa Elvis ainda arranja tempo de gravar belos trabalhos de estúdio como "Elvis Country" e "Elvis Now". O Rei do Rock em sua segunda chance caiu de corpo e alma na estrada. Voltou ao seio de seu público e conquistou novamente a todos com o seu enorme talento. Em 1973 Elvis se apresenta ao vivo via satélite para o mundo no show "Aloha From Hawaii", seu último grande momento antes da queda final.
O Elvis dos anos setenta, em pouco lembra o rocker dos anos 50. Elvis começa a cantar um repertório mais romântico, intimista e às vezes até mesmo deprimido. Começa a usar uma coleção de trajes com pedras preciosas e transforma muitos de seus shows em adorações coletivas. Seu lado místico se acentua e Elvis se torna um Deus azteca no palco. Este aspecto religioso e esotérico se reflete na sua música. Seus discos são intercalados com muito country e muitas vezes até mesmo com gospel. Apesar de gravar outro disco gospel "He Touched Me", Elvis sempre achava uma maneira de colocar mais uma canção religiosa em seus discos "não temáticos".
Elvis não segue tendências musicais nos anos 70, seu estilo se torna bastante peculiar, enquanto o rock entra fundo no progressivo com Pink Floyd e outras bandas do gênero, Elvis sequer toma conhecimento deste movimento e prefere seguir gravando as canções de sua preferência musical. Seu público continua fiel a ele, sempre lotando seus shows, mas a partir de 1974 Elvis começa a apresentar os primeiros sinais de seu declínio físico e emocional.
Ofegante, obviamente drogado, Elvis erra as letras e o acompanhamento, cancela shows e começa a aparecer nos meios de imprensa mais por suas atitudes "excêntricas' do que por sua música. O rei começa a morrer artisticamente. Apesar de tudo são desta época bons trabalhos como "Elvis Today" e "Promised Land". Finalmente em 1977, seu debilitado organismo diz basta e Elvis é encontrado morto. Seus últimos discos não são muito relevantes artisticamente falando e perdem muito em comparação a trabalhos de outros artistas do mesmo período, sem falar se o compararmos até mesmo aos outros discos da própria carreira de Elvis. "Moody Blue" é uma colcha de retalhos que traz instantâneos do talento de Elvis em seus momentos finais e "Elvis in Concert", que registra seus últimos shows, é só um documentário triste do fim do Rei do Rock.
Enfim, a discografia de Elvis é igual a ele: fantástico e muitas vezes decepcionante, fenomenal e banal, memorável e esquecível, feroz e cansado, verdadeiro e tremendamente falso. Elvis foi todos ao mesmo tempo e seus discos também o foram. O retrato do homem perfeitamente traduzido em seu trabalho.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Elvis Presley - O Último Elvis
Título no Brasil: O Último Elvis
Titulo Original: El Último Elvis
Ano de Produção: 2012
País: Argentina
Estúdio: Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales
Direção: Armando Bo
Roteiro: Armando Bo, Nicolás Giacobone
Elenco: John McInerny, Griselda Siciliani, Margarita Lopez.
Sinopse:
Carlos Gutiérrez (John McInerny) sonha um dia ser como seu ídolo, Elvis. Sua realidade porém é muito dura. Durante o dia ele trabalha como um simples operário numa linha de montagem e à noite canta como cover de Presley em boates, bingos e até asilos da terceira idade. Ficando cada vez mais careca, obeso e envelhecido, sua vida como cantor parece ter entrado numa encruzilhada sem saída. Se sua vida profissional não parece promissora a vida pessoal é ainda mais caótica. Sua ex-mulher o hostiliza frequentemente e sua única filha (chamada de Lisa tal como a filha de Elvis) tem um relacionamento frio com ele. Diante de tantas desilusões Carlos resolve tomar uma decisão completamente inesperada. Uma última louvação com ares de desespero ao seu ídolo decaído.
Comentários:
"O Último Elvis" é um belo retrato, muito humano, de uma pessoa que tenta sonhar em um mundo muito inglório. Ele quer ser como Elvis mas sua realidade fica muito longe das luzes de Las Vegas ou dos grandes palcos do mundo. No fundo o roteiro explora a dualidade em que vive o personagem principal, na diferença brutal entre seu mundo idealizado e a sua rotina diária, massacrante. Outro ponto muito positivo é a exploração que o texto faz dos perigos do fanatismo sem controles ou limites. Deslumbrado com o mundo no qual seu ídolo viveu ele vai perdendo aos poucos o contato com a realidade ao seu redor, passando em determinado momento a agir, pensar e se comportar como o próprio Elvis, inclusive comendo os mesmos sanduíches de banana preferidos do cantor e tratando todos ao seu redor como se eles estivessem na presença de seu deus morto. Analisando de forma profunda temos aqui um boa imagem das armadilhas que podem aparecer no caminho de fãs de ídolos da cultura pop que perdem o seu próprio sentido de vida. Nesse aspecto "El último Elvis" é realmente brilhante. Não deixe de assistir, seja você fã ou não de Elvis Presley.
Pablo Aluísio.
Titulo Original: El Último Elvis
Ano de Produção: 2012
País: Argentina
Estúdio: Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales
Direção: Armando Bo
Roteiro: Armando Bo, Nicolás Giacobone
Elenco: John McInerny, Griselda Siciliani, Margarita Lopez.
Sinopse:
Carlos Gutiérrez (John McInerny) sonha um dia ser como seu ídolo, Elvis. Sua realidade porém é muito dura. Durante o dia ele trabalha como um simples operário numa linha de montagem e à noite canta como cover de Presley em boates, bingos e até asilos da terceira idade. Ficando cada vez mais careca, obeso e envelhecido, sua vida como cantor parece ter entrado numa encruzilhada sem saída. Se sua vida profissional não parece promissora a vida pessoal é ainda mais caótica. Sua ex-mulher o hostiliza frequentemente e sua única filha (chamada de Lisa tal como a filha de Elvis) tem um relacionamento frio com ele. Diante de tantas desilusões Carlos resolve tomar uma decisão completamente inesperada. Uma última louvação com ares de desespero ao seu ídolo decaído.
Comentários:
"O Último Elvis" é um belo retrato, muito humano, de uma pessoa que tenta sonhar em um mundo muito inglório. Ele quer ser como Elvis mas sua realidade fica muito longe das luzes de Las Vegas ou dos grandes palcos do mundo. No fundo o roteiro explora a dualidade em que vive o personagem principal, na diferença brutal entre seu mundo idealizado e a sua rotina diária, massacrante. Outro ponto muito positivo é a exploração que o texto faz dos perigos do fanatismo sem controles ou limites. Deslumbrado com o mundo no qual seu ídolo viveu ele vai perdendo aos poucos o contato com a realidade ao seu redor, passando em determinado momento a agir, pensar e se comportar como o próprio Elvis, inclusive comendo os mesmos sanduíches de banana preferidos do cantor e tratando todos ao seu redor como se eles estivessem na presença de seu deus morto. Analisando de forma profunda temos aqui um boa imagem das armadilhas que podem aparecer no caminho de fãs de ídolos da cultura pop que perdem o seu próprio sentido de vida. Nesse aspecto "El último Elvis" é realmente brilhante. Não deixe de assistir, seja você fã ou não de Elvis Presley.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Deus é o Elvis Maior
"Deus é o Elvis Maior" é um documentário produzido e dirigido por Rebecca Cammisa que mostra a rotina da irmã Dolores Hart, que em 1963 largou uma carreira promissora de atriz em Hollywood para ingressar na abadia de Regina Laudis (uma fazenda em Connecticut nos Estados Unidos ) e seguir a vida como freira beneditina. Atualmente ela exerce o posto de madre priori. Dolores Hart ficou famosa como atriz em Hollywood entre 1957 e 1962, fez cerca de dez filmes, trabalhando ao lado da grandes personalidades do cinema como: Marlon Brando, Karl Malden e Montgomery Clift. Mas seu nome ficou conhecido mesmo após atuar em dois filmes ao lado do mito Elvis Presley: “A Mulher que Eu Amo” e “Balada Sangrenta”. Reza a lenda que Dolores que na época era conhecida como a sucessora do mito Marilyn Monroe, começou a ter a sua vida modificada quando no início dos anos 60 esteve em Roma nas filmagens da vida de São Francisco de Assis; ela fazia o papel de Santa Clara. Poucos anos depois, visitando um convento de beneditinas em Nova York, descobriu que era o lugar onde gostaria de passar o resto de sua vida. Quando foi se apresentar à abadessa do convento, disse: "...Daqui em diante não terei mais nenhuma preocupação com a vida de atriz..."
O documentário que foi indicado ao Oscar em 2012, tem 40 minutos e, com narração da própria Dolores, mostra o dia a dia de clausura da famosa madre e as outras irmãs, dentro do convento. A convivência com os animais da fazenda, os pássaros, a paz, o silêncio, as cartas que Dolores recebe até hoje de seus fãs do cinema e também dos fãs de Elvis, além da sua imensa felicidade e gratidão a Deus. Dolores também narra os momentos de sua chegada ao convento em 1963, quando todas as freiras apostavam que ela não aguentaria a vida monástica. A parte mais melancólica do documentário diz respeito ao período de sua vida quando estava de casamento marcado com Don Robinson. Depois de pouco tempo de noivado, ela decidiu abandonar tudo (inclusive o noivo) para ingressar para sempre no monastério. Um documentário muito bom, muito humano e muito emocionante.
Deus é o Elvis Maior (God Is The Bigger Elvis, EUA, 2012) Direção: Rebecca Cammisa, Julie Anderson / Produção: Julie Anderson, Rebeca Cammisa / Elenco: Dolores Hart / Sinopse: Documentário sobre a vida da atriz Dolores Hart, mais conhecida por seus papéis ao lado de Elvis Presley e por seu desempenho no drama Where the Boys Are, que em 1963 optou em deixar Hollywood para trás e se tornar uma freira beneditina.
Telmo Vilela Jr.
O documentário que foi indicado ao Oscar em 2012, tem 40 minutos e, com narração da própria Dolores, mostra o dia a dia de clausura da famosa madre e as outras irmãs, dentro do convento. A convivência com os animais da fazenda, os pássaros, a paz, o silêncio, as cartas que Dolores recebe até hoje de seus fãs do cinema e também dos fãs de Elvis, além da sua imensa felicidade e gratidão a Deus. Dolores também narra os momentos de sua chegada ao convento em 1963, quando todas as freiras apostavam que ela não aguentaria a vida monástica. A parte mais melancólica do documentário diz respeito ao período de sua vida quando estava de casamento marcado com Don Robinson. Depois de pouco tempo de noivado, ela decidiu abandonar tudo (inclusive o noivo) para ingressar para sempre no monastério. Um documentário muito bom, muito humano e muito emocionante.
Deus é o Elvis Maior (God Is The Bigger Elvis, EUA, 2012) Direção: Rebecca Cammisa, Julie Anderson / Produção: Julie Anderson, Rebeca Cammisa / Elenco: Dolores Hart / Sinopse: Documentário sobre a vida da atriz Dolores Hart, mais conhecida por seus papéis ao lado de Elvis Presley e por seu desempenho no drama Where the Boys Are, que em 1963 optou em deixar Hollywood para trás e se tornar uma freira beneditina.
Telmo Vilela Jr.
terça-feira, 17 de março de 2009
Elvis Presley - Protegendo o Rei
Título no Brasil: Protegendo o Rei
Título Original: Protecting the King
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Impello Films
Direção: D. Edward Stanley
Roteiro: D. Edward Stanley, Marty Poole
Elenco: Matt Barr, Greg Collins, Tom Sizemore
Sinopse:
No palco Elvis Presley é adorado como um dos maiores ídolos da música de todos os tempos. Na vida privada porém é um homem torturado, traído pela esposa, cercado de parasitas, sem amigos, completamente viciado em drogas pesadas, que tenta manter seus vários problemas com dependência química longe da imprensa e do seu público. Rodeado por um grupo de guarda-costas que o protegem do mundo exterior ele vai caminhando rapidamente para um trágico fim.
Comentários:
O filme é baseado nos relatos de pessoas próximas a Elvis durante seus anos finais. Parte do material vem do famoso livro de guarda-costas que, demitidos, resolveram dar o troco a Elvis revelando aspectos de sua vida privada. O retrato do cantor aqui não é dos melhores. Presley é apenas uma sombra, um sujeito totalmente viciado que não consegue sequer ir ao banheiro sozinho. Quando não está nos palcos (também drogado) passa os dias trancado em seu quarto, sem ver a luz do dia, usando drogas ministradas por médicos de aluguel. Sempre dopado não consegue mais separar alucinações da realidade. Os fãs do cantor certamente vão ficar chocados pois o mito se revela em seu lado mais humano e auto destrutivo. Além das drogas pesadas o Elvis de "Protecting the King" é um pervertido, um maníaco e um sujeito violento que não pensa duas vezes antes de sair dando tiros a esmo. Ele trata mal as mulheres ao seu redor e não tem nenhuma consideração pela vida alheia. Sentiu o drama? Bem, vamos aos fatos. Em primeiro lugar é bom avisar que a produção desse filme não é boa. Tudo soa bem artificial e os atores são meras caricaturas. Desnecessário esclarecer, por exemplo, que o ator que interpreta Elvis exagera até o último grau, pois fica o tempo todo tentando ganhar o espectador nos maneirismos mas não consegue obter nenhum sucesso. No geral é realmente um filme fraco e sensacionalista ao extremo que não acrescenta em nada. Afinal de contas é complicado confiar na palavra de pessoas que foram empregadas do cantor e que depois de demitidas resolveram escandalizar o máximo que podiam. Melhor ignorar realmente.
Pablo Aluísio.
Título Original: Protecting the King
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Impello Films
Direção: D. Edward Stanley
Roteiro: D. Edward Stanley, Marty Poole
Elenco: Matt Barr, Greg Collins, Tom Sizemore
Sinopse:
No palco Elvis Presley é adorado como um dos maiores ídolos da música de todos os tempos. Na vida privada porém é um homem torturado, traído pela esposa, cercado de parasitas, sem amigos, completamente viciado em drogas pesadas, que tenta manter seus vários problemas com dependência química longe da imprensa e do seu público. Rodeado por um grupo de guarda-costas que o protegem do mundo exterior ele vai caminhando rapidamente para um trágico fim.
Comentários:
O filme é baseado nos relatos de pessoas próximas a Elvis durante seus anos finais. Parte do material vem do famoso livro de guarda-costas que, demitidos, resolveram dar o troco a Elvis revelando aspectos de sua vida privada. O retrato do cantor aqui não é dos melhores. Presley é apenas uma sombra, um sujeito totalmente viciado que não consegue sequer ir ao banheiro sozinho. Quando não está nos palcos (também drogado) passa os dias trancado em seu quarto, sem ver a luz do dia, usando drogas ministradas por médicos de aluguel. Sempre dopado não consegue mais separar alucinações da realidade. Os fãs do cantor certamente vão ficar chocados pois o mito se revela em seu lado mais humano e auto destrutivo. Além das drogas pesadas o Elvis de "Protecting the King" é um pervertido, um maníaco e um sujeito violento que não pensa duas vezes antes de sair dando tiros a esmo. Ele trata mal as mulheres ao seu redor e não tem nenhuma consideração pela vida alheia. Sentiu o drama? Bem, vamos aos fatos. Em primeiro lugar é bom avisar que a produção desse filme não é boa. Tudo soa bem artificial e os atores são meras caricaturas. Desnecessário esclarecer, por exemplo, que o ator que interpreta Elvis exagera até o último grau, pois fica o tempo todo tentando ganhar o espectador nos maneirismos mas não consegue obter nenhum sucesso. No geral é realmente um filme fraco e sensacionalista ao extremo que não acrescenta em nada. Afinal de contas é complicado confiar na palavra de pessoas que foram empregadas do cantor e que depois de demitidas resolveram escandalizar o máximo que podiam. Melhor ignorar realmente.
Pablo Aluísio.
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