terça-feira, 23 de setembro de 2025

A Fúria dos Peles Vermelhas

Título no Brasil: A Fúria dos Peles Vermelhas 
Título Original: Rock Island Trail
Ano de Lançamento: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Joseph Kane
Roteiro: James Edward Grant, Frank J. Nevins
Elenco: Forrest Tucker, Adele Mara, Lorna Gray

Sinopse:
O filme conta a história de um empresário americano que no século XIX decidiu empreender por seus próprios esforços pessoais uma ferrovia ligando vários estados do Norte com regiões distantes do oeste selvagem. Uma aventura cheia de perigos, com ataques de bandoleiros sanguinários, concorrentes inescrupulosos e hordas de selvanges nativos violentos. 

Comentários:
Mais um filme que resgata a história das grandes ferrovias que cruzaram o velho oeste no período de verdadeiro colonização daquelas terras selvagens. Os americanos possuem um grande senso de valorização desse período histórico, basicamente porque acreditam que foi através das ferrovias que a civilização chegou naqueles lugares distantes e isolados. Não deixa de ser uma verdade histórica. Até gostei do filme, mas devo dizer que no fundo se trata de uma produção B. Muito bem intencionada, com muito capricho em seu roteiro, mas ainda assim um filme B. O que não desvaloriza o filme em si, mas apenas o coloca numa certa categoria de entretenimento sem maiores pretensões cinematográficas. No quadro geral conta bem sua história, valoriza bons valores e homenageia os pioneiros do velho oeste. Está de bom tamanho. 

Pablo Aluísio.

Pilastras do Céu

Pilastras do Céu
O Sargento Emmett Bell (Jeff Chandler) é o encarregado do governo americano para manter a ordem e a lei numa reserva de tribos nativas norte-americanas. Nessa funciona uma missão cristã que tenta levar o evangelho para os indígenas, convertendo alguns do grupo. Os problemas começam quando alguns chefes não aceitam a realização de uma obra pelo governo americano dentro da reserva. Para os caciques essa seria uma intervenção dentro dos novos domínios controlados pelos índios. Não tarda a se criar um clima de rebelião no local. "Pilastras do Céu" me surpreendeu positivamente. Nunca o tinha assistido e só o fiz por curiosidade, pois andei lendo sobre a vida do ator Jeff Chandler (que morreu em 1961 e hoje anda meio esquecido). Bom, adoro filmes de cavalaria, sou fã assumido desse tipo de western. Esse é bem curioso porque embora tenhamos todos os elementos que sempre caracterizaram esse tipo de filme: tiroteios, batalhas e índios x cavalaria, o subtexto que o roteiro traz não é nada clichê ou banal.

Seu final é uma grande surpresa e mostra bem a mentalidade religiosa que ainda hoje prevalece na sociedade americana. Não vou contar mais para não estragar, quem tiver curiosidade de assistir um filme que consegue misturar tantas coisas em tão pouco tempo aproveite para conferir, garanto que no mínimo ficará surpreso pelo final incomum. Em definição podemos dizer que se trata de um western com temática religiosa ao fundo que certamente vale a pena ser redescoberto pelos admiradores de faroestes americanos da década de 50.

Pilastras do Céu (Pillars Of The Sky, EUA, 1956) Direção: George Marshall / Roteiro: Sam Rolfe baseado na novela de Heck Allen / Elenco: Jeff Chandler, Dorothy Malone, Ward Bond / Sinopse: O Sargento Emmett Bell (Jeff Chandler) é o encarregado do governo americano para manter a ordem e a lei numa reserva de tribos nativas norte-americanas. Nessa funciona uma missão cristã que tenta levar o evangelho para os indígenas, convertendo alguns do grupo. Os problemas começam quando alguns chefes não aceitam a realização de uma obra pelo governo americano dentro da reserva. Para os caciques essa seria uma intervenção dentro dos novos domínios controlados pelos índios. Não tarda a se criar um clima de rebelião no local.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 1

Sua Alteza, a Secretária
Esse filme foi o primeiro com Marilyn Monroe. Na época ela era apenas uma modelo que aspirava a ter uma carreira de atriz em Hollywood. Era um sonho que parecia muito, muito distante! Seu papel era tão insignificante que sequer tinha nome. De fato o personagem de Marilyn era apenas identificado como a "operadora de telefone". Na verdade ela sequer surgia em cena, pois os espectadores praticamente apenas ouviram sua voz. Também não foi creditada no elenco, o que demonstra como foi mesmo apenas um pequeno teste para ela na Fox (e pensar que em um futuro não tão distante ela se tornaria a maior estrela da história do estúdio). 

Já o filme em si, é um misto de drama socialmente consciente, explorando as conquistas da mulher no começo do século e também uma comédia romântica com muitos figurinos bonitos para impressionar no Technicolor berrante da época. Betty Grable era considerada a miss simpatia do plantel da Fox, conquistando boas bilheterias com seus filmes levemente açucarados.

Sua Alteza, a Secretária (The Shocking Miss Pilgrim, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: George Seaton, Edmund Goulding / Roteiro: George Seaton, Ernest Maasz / Elenco: Betty Grable, Dick Haymes, Anne Revere, Marilyn Monroe, Gene Lockhart, Elizabeth Patterson / Sinopse: No século XIX, Cynthia Pilgrim (Betty Grable) se torna a primeira funcionária de uma grande empresa de transporte em Boston. Em uma época em que poucas mulheres trabalhavam fora ela acaba se tornando um símbolo da nova posição feminina dentro do mercado de trabalho.

Idade Perigosa 
Um grupo de garotos é influenciado negativamente pelo delinquente juvenil Danny (Billy Halop). Assim ele convence mais três jovens a participarem de um assalto, mas os planos não saem exatamente como eles queriam. Uma briga pelo destino daqueles jovens acaba gerando a morte de um professor muito querido na escola, Jeff Carter (Donald Curtis) e Danny é preso! Levado a julgamento começa um intenso debate no tribunal sobre quem seria o verdadeiro culpado, o rapaz ou a sociedade? Esse é considerado por muitos como primeiro filme da carreira de Marilyn Monroe. Segundo os próprios créditos do filme ela "interpreta" Evie, a garçonete do Gopher Hole! Isso não é de se surpreender pois na época em que Marilyn entrou no cast dessa produção ela não era nada mais do que uma modelo bonita que tinha a pretensão de um dia ser levada a sério como atriz! Alguns indicam esse como seu primeiro filme, pois é aqui que ela surge pela primeira vez na tela. Um equívoco pois Marilyn também esteve em "Sua Alteza, a Secretária", onde o espectador podia ouvir sua sensual voz ao telefone.

Já o filme "Dangerous Years" lida com a questão da delinquência juvenil, tema bastante em voga no pós-guerra. O que temos aqui é uma produção B com ares de melodrama que não envelheceu muito bem, sendo em muitos aspectos soa bem inocente - pelo menos para os padrões atuais pois o roteiro insiste de certa forma em apostar na boa índole de jovens a um passo da criminalidade. Na verdade Marilyn Monroe iria se conscientizar que esse não era o caminho para o sucesso, pois ela tinha muito mais vocação para as comédias românticas de costumes, o gênero que iria lhe transformar em uma estrela nas marquises de cinema de todo o mundo. Até porque ela era uma loira bonita e os homens a queriam ver em filmes divertidos e não em dramas sociais com um bando de pequenos infratores como esse.

Idade Perigosa (Dangerous Years, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Arthur Pierson / Roteiro: Arnold Belgard / Elenco: Billy Halop, Scotty Beckett, Richard Gaines, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovens acabam caindo no lado errado da vida quando começam a seguir um delinquente juvenil que planeja um crime na cidade onde mora. 

Nasceste Para Mim
Mais um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Aqui ela não teve tanta sorte como nos demais filmes pois sua participação acabou no chão da sala de edição pois o diretor cortou justamente a cena em que ela tinha maior presença - muito embora tenhamos consciência que suas duas linhas de diálogo eram pouco mais do que uma figuração comum. Mesmo assim ela ainda pode ser visualizada rapidamente numa cena gravada durante uma animada festa, na pista de dança. Ela, acredite, está na pista de dança lotada que foi captada pelo filme. 

Anos depois a própria Marilyn comentou o começo duro de sua carreira ao falar ironicamente sobre sua ofuscada participação nesse filme: "Que papel foi aquele?!". Papel é forma de dizer pois no fundo ela não passa de uma figurante anônima. É uma pena pois o filme, cujo enredo se passa inteiramente na década de 1920, poderia dar a chance para Marilyn pelo menos surgir na tela muito bonita, com aquele figurino do passado. De uma forma ou outra vale a pena ver o filme para tentar achar Marilyn em seus poucos segundos de fama.

Nasceste Para Mim (You Were Meant for Me, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Lloyd Bacon / Roteiro: Elick Moll, Valentine Davies / Elenco: Jeanne Crain, Dan Dailey, Oscar Levant, Marilyn Monroe / Sinopse: Chuck Arnold é um músico e líder de banda que acaba se apaixonando por Peggy, uma garota de sua cidade natal que acaba conhecendo durante um baile. Poucas semanas depois acaba se casando com ela. A vida de músico, sempre viajando para outras cidades, passando longas temporadas fora de casa, porém acaba prejudicando seu relacionamento com a esposa e as coisas pioram ainda mais quando sua banda começa a realmente fazer sucesso.

Travessuras de Casados
Comédia romântica que estaria completamente esquecida hoje em dia se não fosse por um detalhe mais do que importante: a presença no elenco do mito Marilyn Monroe. Muito jovem ainda e nada famosa na época a não ser por alguns ensaios em revistas como modelo, Marilyn tenta ao mesmo chamar a atenção para sua presença em um filme nada memorável, bobo até. Outro destaque digno de menção no elenco é a presença da maravilhosa Ginger Rogers, que hoje em dia infelizmente também anda bem esquecida. 

Por essa época Marilyn lutava para se firmar como atriz em Hollywood, algo que não era nada fácil por causa da competição, afinal loiras bonitas como ela existiam aos montes pelos corredores dos estúdios. Ela passava por várias dificuldades financeiras, sendo despejada de uma série de apartamentos aos quais não podia pagar o aluguel mas o sonho de vencer no cinema era maior. Aqui presenciamos seus primeiros passos antes de virar o maior mito feminino da história do cinema.

Travessuras de Casados (We´re Not Married, Estados Unidos, 1952) Estúdio: Twenty Century Fox / Direção: Edmund Goulding / Roteiro: Dwight Taylor, Gina Kaus, Nunnally Johnson / Elenco: David Wayne, Eddie Bracken, Eve Arden, Fred Allen, Ginger Rogers, Louis Calhern, Marilyn Monroe / Sinopse: Após descobrir que seu casamento não tem valor jurídico pois foi realizado por um juiz de paz com a licença vencida a jovem Annabel Norris (Marilyn Monroe) entra em desespero pois ela almeja disputar o concurso de "Senhora América" que só aceita mulheres casadas entre as competidoras. E agora o que fará, já que ela descobriu que continua solteira uma vez que seu casamento não tem validade?

Almas Desesperadas 
Esse foi um filme feito pela atriz Marilyn Monroe antes dela se tornar uma das maiores estrelas da história de Hollywood. Na época Marilyn era apenas uma garota bonita com um certo potencial. Uma starlet. E o mais interessante de tudo é que ela se saiu muito bem como atriz, sem apelar tanto para seu Sex Appeal. Claro, sua beleza e sensualidade natural sempre iriam chamar a atenção, mas esse não foi o foco do filme em si. A trama é engenhosa. Um casal deixa sua pequena filha aos cuidados da sobrinha do ascensorista do hotel onde estão hospedados. O problema é que a nova babá, chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe), sofre de graves problemas psicológicos e mentais. A aproximação de um outro hóspede, Jed Towers (Richard Widmark), na vida de Nell só piora ainda mais a situação. Com isso a situação que já era delicada, se torna explosiva e altamente perigosa.

"Almas Desesperadas" foi o primeiro filme em que Marilyn Monroe realmente se destacou, surgindo com um papel importante. Até aquele momento ela se resumia a fazer papéis pequenos, sem grande importância. A maioria deles apenas aproveitando de sua beleza. Tudo muda aqui. Marilyn Monroe está em praticamente todas as cenas de um roteiro que se passa quase em tempo real, todo em uma só noite, dentro de um quarto de hotel. Muitos biógrafos e críticos afirmam que o papel da babysitter mentalmente perturbada era muito forte para uma Marilyn Monroe ainda tão jovem e inexperiente. De fato, não deve ter sido nada fácil interpretar um personagem assim com apenas 26 anos de idade, mas sinceramente discordo dos que criticam a atuação da atriz nesse filme. Achei sua atuação muito digna e correta. Marilyn, em nenhum momento, cai no exagero ou na caricatura. Para uma jovem estrela, sem muita experiência dramática, devo dizer que ela se saiu extremamente bem. O filme só funcionaria se Marilyn atuasse de forma satisfatória - e ela fez isso, com muita garra e sensibilidade, tenham certeza.

E como poderíamos definir esse filme? "Almas Desesperadas" é, em essência, um drama com toques de suspense e tensão. Quase cinema noir. A estrutura narrativa inclusive lembra uma peça de teatro. Os personagens estão concentrados em um ambiente fechado, dentro de uma situação limite. Poderia ter ficado pesado e chato, mas não, o filme se desenvolve muito bem em seus curtos 76 minutos. Richard Widmark segue a trilha da boa atuação de Marilyn Monroe e desfila elegância e charme durante as cenas. Aliás seu figurino chama bem a atenção pois revela a moda masculina na primeira metade dos anos 1950 com ternos enormes, folgadões, que alguns anos depois viriam a virar moda novamente. E ele era certamente o ator ideal para atuar nesse tipo de papel. Geralmente interpretava personagens que eram anti-heróis ou vilões assumidos. Nunca foi um ator de papéis de sujeitos bonzinhos ao longo de toda a sua carreira.

Para uma produção B da Fox, achei tudo de bom gosto. O hotel onde se passa a estória foi bem recriado e os demais figurinos são bonitos. E por falar em beleza, Marilyn estava linda, maravilhosa na época. Ainda com o frescor da juventude ela fotografou muito bem nas cenas. Com cabelos mais escuros que o normal, os fãs da atriz foram presenteados com vários closes de seu rosto inesquecível. Mesmo fazendo papel de maluquinha sua sensualidade acabou explodindo em cada tomada. Não foi à toa que ela se tornou um dos grandes símbolos sexuais do século XX. Embora seu papel não fosse essencialmente sensual, ela o tornava assim naturalmente. A Fox inclusive investiu bem nisso, a começar pelo poster do filme explorando a sensualidade de Marilyn de forma bem ostensiva e descarada. Em conclusão podemos afirmar que "Almas Desesperadas" não decepciona. É um registro histórico da ascensão de um dos maiores mitos da história do cinema! Só isso já o torna obrigatório.

Almas Desesperadas (Don't Bother to Knock, Estados Unidos, 1953) Direção: Roy Ward Baker / Roteiro: Daniel Taradash baseado na novela de Charlotte Armstrong / Elenco: Richard Widmark, Marilyn Monroe, Anne Bancroft, Donna Corcoran, Jeanne Cagney / Sinopse: Casal que vai a um jantar de gala contrata jovem babá chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe) para cuidar de sua filhinha. A babá é sobrinha do ascensorista do hotel e desde que seu namorado morreu na guerra sofre de crises mentais. E esse se torna o grande problema daquela noite.

Pablo Aluísio.

Homem de Peso

Título no Brasil: Homem de Peso
Título Original: Lady and Gent
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Stephen Roberts
Roteiro: Grover Jones, William Slavens McNutt
Elenco: George Bancroft, John Wayne, Wynne Gibson, Charles Starrett

Sinopse:
O campeão de pesos pesados, completamente decadente, acaba indo a lona por causa de um jovem lutador que ninguém conhece, Buzz Kinney (John Wayne). Agora ele terá que lidar com o fracasso e o fim de sua carreira vitoriosa no esporte.

Comentários:
Primeiro filme de John Wayne a ser indicado ao Oscar. A fita recebeu uma indicação de Melhor Roteiro Original escrito por Grover Jones e William Slavens McNutt. Para Wayne certamente foi um marco e tanto dentro de sua carreira! Aqui John Wayne interpreta um lutador de boxe chamado Buzz Kinney, em uma produção que pode ser considerada a avó dos filmes de Sylvester Stallone como Rocky Balboa. Seu personagem é muito parecido com Rocky, um sujeito completamente desacreditado que consegue vencer o campeão de pesos pesados, para surpresa de muitos. Como se pode deduzir certas estórias são recorrentes em Hollywood, voltando sempre aos cinemas com o passar dos anos. "Homem de Peso" é justamente isso, um Rocky Balboa dos anos 1930.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de setembro de 2025

Terremoto - A Falha de San Andreas

Título no Brasil: Terremoto - A Falha de San Andreas
Título Original: San Andreas
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Village Roadshow Studios
Direção: Brad Peyton
Roteiro: Carlton Cuse, Andre Fabrizio
Elenco: Dwayne Johnson, Carla Gugino, Paul Giamatti

Sinopse:
Piloto de um helicóptero de resgate do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Ray (Dwayne Johnson) se vê diante do maior desafio de sua profissão ao ter que encarar um mega terremoto que atinge o Arizona e a Califórnia. Um tremor de proporções épicas causada pela conhecida falha de San Andreas, um enorme fenda geológica que atravessa diversos estados americanos na costa oeste do país. No meio do caos ele fará de tudo para salvar sua família.

Comentários:
Roteiros explorando um grande terremoto causado pela falha de San Andreas não é novidade nenhuma no cinema americano. Dezenas de filmes já foram realizados usando esse argumento. Só para citar um exemplo basta lembrar do filme "Superman" de 1978. A falha era justamente o que convinha ao vilão Lex Luthor naquele momento. Ele queria que um grande terremoto literalmente afundasse metade da Califórnia no mar! Ficção à parte, o fato é que ela existe e segundo inúmeros estudos e pesquisas um dia irá dar causa a um evento catastrófico naquela região dos Estados Unidos. Milhões de pessoas provavelmente morrerão pois na sua linha existem grandes cidades como Los Angeles e San Francisco. Como um dos personagens do filme mesmo afirma não há dúvidas que esse terremoto um dia acontecerá, a única questão a responder é quando ele virá! Definitivamente não queria morar na Califórnia quando isso viesse a acontecer. Enquanto esse dia não vem (e esperamos que não venha mesmo) o cinema vai explorando o terrorismo psicológico que advém de sua existência. Esse "San Andreas" vai direto ao ponto. Após uma breve apresentação dos personagens principais (o pai bombeiro, a filha que o ama e a ex-esposa que quer o divórcio para se casar com um milionário empresário do ramo imobiliário), a falha finalmente entra em colapso, atingindo as grandes cidades, causando destruição e morte por onde passa.

Em filmes assim, que bebem diretamente do chamado cinema catástrofe dos anos 70, não há muito o que se esperar. São cenas e mais cenas de tragédias acontecendo ao mesmo tempo, desde prédios vindo ao chão até avenidas inteiras que se abrem do nada, engolindo todas as pessoas ao redor. Morte e destruição por todos os lados! Obviamente que tudo é muito bem feito, haja visto o avanço tecnológico que os efeitos digitais alcançaram nos dias de hoje. Pena que não exista mesmo um roteiro mais bem escrito que procure desenvolver melhor todos os personagens. Para piorar ainda mais o personagem central, o bombeiro Ray (interpretado pelo "The Rock"), que deveria ser um herói acima de qualquer crítica, toma uma decisão pouco ética e moralmente condenável, ao largar as pessoas morrendo lá embaixo enquanto usa seu helicóptero (que pertence ao poder público, ao povo da Califórnia, feito para salvar vidas da população em geral) para ajudar única e exclusivamente seus familiares e ninguém mais! Ou seja, o sujeito pensa: "Vou salvar minha filha e minha ex-esposa e o resto do povo que se dane!". Que coisa feia, que vergonha! Um belo exemplo do que um servidor público não deve fazer em suas funções públicas, em prol da sociedade. Isso porém seria exigir demais de um produto tão pop e descartável como esse. Afinal de contas "San Andreas" não passa de puro cinema chiclete, feito para ser exibido em escala industrial nas salas de exibição de grandes shoppings.

Pablo Aluísio.

De Volta ao Jogo

Título no Brasil: De Volta ao Jogo
Título Original: John Wick
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Chad Stahelski, David Leitch
Roteiro: Derek Kolstad
Elenco: Keanu Reeves, Willem Dafoe, Michael Nyqvist, Alfie Allen, Adrianne Palicki, John Leguizamo 
  
Sinopse:
John Wick (Keanu Reeves) ainda está tentando se recuperar da morte de sua querida esposa. Como último desejo ela acaba deixando de presente para ele uma cadelinha, para ajudar em sua recuperação. A dor emocional é imensa, mas ele tenta seguir em frente. Ao parar em um posto de gasolina para reabastecer seu carro ele é imediatamente intimidado por Iosef Tarasov (Alfie Allen), um filhinho mimado de um poderoso chefão da máfia russa. O que Iosef nem desconfia é que Wick também tem um passado sangrento no mundo do crime. Mexer com ele definitivamente não será uma boa ideia.

Comentários:
Pois é meu amigo, tome muito cuidado com quem você deseja provocar ao dar uma de valentão. Possa ser que seja a pessoa errada. Esse é o mote desse filme de ação muito movimentado estrelado por Keanu Reeves. No começo da trama o espectador é levado a crer que seu personagem é uma pessoa comum, tentando sobreviver a uma crise existencial após a morte prematura de sua esposa. Quando vira alvo de um roubo planejado por um filho de um mafioso russo sua verdadeira identidade se revela. John Wick é na verdade um ex-assassino profissional, um dos melhores do ramo, tendo inclusive trabalhado para a mesma máfia russa no passado. Um especialista em chacinas de inimigos. Agora, roubado e espancado por membros da gangue de Iosef Tarasov, um jovem inconsequente, ele se propõe a voltar ao seu velho trabalho, com a diferença que agora a questão é puramente pessoal. Para tentar salvar seu filho da morte certa, pois Wick não costuma errar seus alvos, o chefão Viggo Tarasov (Michael Nyqvist) decide então contratar outro assassino profissional tão mortal quanto o próprio Wick, o Sr. Marcus (Willem Dafoe). A partir desse ponto o espectador não terá mais descanso, já que as cenas de ação vão se suceder numa sequência intermitente de tiroteios, assassinatos e correria em geral. John Wick até parece um personagem saído de algum filme de ação da década de 1980 pela quantidade de pessoas que mata! No geral é uma boa fita de ação, valorizada por bem ensaiadas cenas de luta corporal. O ator Keanu Reeves, que andava meio gordinho e fora de forma, finalmente recuperou a antiga forma física e não se sai mal nesse papel que exigiu muito dele do ponto de vista físico. "De Volta ao Jogo" não traz um grande roteiro, mas diverte, acima de tudo. Vale a diversão.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de setembro de 2025

Michael Jackson - Ben

Michael Jackson - Ben
Eu tenho uma cópia desse disco em vinil em minha coleção particular há muitos anos, mas confesso que nunca havia dado muita bola para ele. Ficava lá, perdido no meio de tantos outros discos, pegando poeira. Dia desses, por mera curiosidade, fui ouvir para tentar me lembrar dele. Gente, que disco agradável de se ouvir! Claro, eu conhecia muito bem a canção "Ben" que dá título ao álbum, mas devo ser sincero em dizer que não conhecia e nem me lembrava das demais faixas. Fiquei surpreso com o que ouvi! Disco muito, mas muito bom mesmo!

Veja, não é o Michael Jackson do final dos anos 70 e começo dos 80. Não tem música daquele estilo que o alcançou ao máximo do sucesso por aqui. Tire o cavalinho da chuva. Aqui você ouvirá o puro som da Motown, gravadora black que fez história dentro da música dos Estados Unidos. A gravadora já vinha faturando muito com o grupo familiar Jackson Five, então eles apostaram também no lado solo da carreira de Michael Jackson e quando gravou esse disco ele não passava de um garotinho! Ainda assim, olha, é de ficar de queixo qualidade com a qualidade musical desse LP. O mais puro som Motown, isso é o que o ouvinte encontrará nessas belas faixas. Incrível, realmente ótimo! 

Michael Jackson - Ben (1972)
Ben
The Greatest Show on Earth
People Make the World Go Round
We've Got a Good Thing Going
Everybody's Somebody's Fool
My Girl
What Goes Around Comes Around
In Our Small Way
Shoo-Be-Doo-Be-Doo-Da-Day
You Can Cry on My Shoulder

Pablo Aluísio. 

Dancin’ Days

Outro disco dos anos 70. As trilhas sonoras de novelas foram muito populares no Brasil durante a era do vinil, mas curiosamente nunca tiveram muita vez em minha casa quando eu era jovem. Eu só me lembro dessa trilha e de Estúpido Cupido muitos anos depois. Era um vinil original, todo estropiado, havia sido comprado quando a novela estava passando. Não compramos o disco, ele simplesmente apareceu. Não me pergunte como isso foi parar em nossa discoteca. 

De qualquer forma é um bom disco pegando bem a moda da discoteca que varreu o mundo da música dos anos 70. Tudo era exagerado, das roupas e meias coloridas, das discotecas em si com seus balóes de vidro e até mesmo pelo figurino. Música dançante que fez muito sucesso, mas que inesperadamente não formou grandes ídolos da música. Eram geralmente artistas de um sucesso só! 

Dancin’ Days – Internacional (1978)

Lado A:
1- Dancin' Days Medley – (Harmony Cats) 
2- Three Times A Lady – (Commodores) 
3- Scotch Machine – (Voyage)
4- The Wages Of Sin – (Santa Esmeralda) 
5- You Light Up My Life – (Debby Boone) 
6- The Grand Tour – (Grand Tour) 
7- I Loved You – (Freddy Cole)

Lado B:
1- Macho Man – (Village People) 
2- Follow You, Follow Me – (Genesis) 
3- Gypsy Lady – (Linda Clifford) 
4- Blue Street – (Blood, Sweat And Tears)
5- Rio De Janeiro – (Gary Criss) 
6- Rivers Of Babylon – (Boney M) 
7- Automatic Lover – (Dee D. Jackson)

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Os Filmes de Leonardo DiCaprio - Parte I

O Despertar de um Homem
Filme baseado em fatos reais. O enredo se passa nos anos 70. Enquanto cresce e se torna um homem o jovem Toby Wolff (Leonardo DiCaprio) presencia sua mãe Caroline (Ellen Barkin) se envolver com uma série de homens violentos, irascíveis e cafajestes. A situação se torna insustentável o que faz com que ela procure recomeçar sua vida em uma outra cidade. Lá acaba conhecendo um novo namorado, Dwight (Robert De Niro), um sujeito que parece ser um bom partido para ela. Trazendo um pouco de estabilidade em sua conturbada vida amorosa, Caroline acaba tendo que lidar com os atritos entre sua nova paixão e seu filho que não gosta do novo companheiro dela.

Esse bom filme assisti em VHS nos anos 90. É aquele tipo de drama que procura ser o mais pé no chão possível. Nada de espetacular ou absurdo acontece - apenas retrata as dificuldades da vida de um jovem, adolescente, que vê sua mãe errando sempre na escolha de seus namorados. Tudo baseado nas memórias pessoais do escritor Tobias Wolff. Eu me recordo que o filme realmente me tocou quando o vi pela primeira vez. Embora nunca tenha passado por algo semelhante deve ser muito penoso (para não dizer traumatizante) ser criado em uma família desestruturada como a do personagem de Leonardo DiCaprio. Afinal de contas nessa idade o ser humano vai criando seus valores morais, seus padrões familiares e quando não há modelos disso por perto tudo pode ficar ainda mais desesperador. 

Robert De Niro está realmente inspirado pois seu papel exige uma dualidade de personalidades que ele desenvolve muito bem. Para Caroline ele é um tipo de pessoa, já para seu filho o quadro muda drasticamente. DiCaprio, anos antes de virar ídolo em "Titanic" demonstra uma maturidade em seu trabalho que realmente espanta. Afinal ele era apenas um garoto na época! Por fim a bela Ellen Barkin explode em sensualidade em seu papel, mesmo sendo uma personagem em si dramática e infeliz. Assim tente dar uma de coruja hoje à noite e faça uma forcinha para conferir pois esse "This Boy's Life" realmente vale a pena.

O Despertar de um Homem (This Boy's Life, Estados Unidos, 1993) Estúdio: Warner Bros / Direção: Michael-Caton Jones / Roteiro: Robert Getchell, baseado no livro de Tobias Wolff / Elenco: Robert De Niro, Ellen Barkin, Leonardo DiCaprio, Chris Cooper / Sinopse: A história de uma jovem mulher, seu filho e os relacionamentos dramáticos que acaba se envolvendo. 

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador 
Lasse Hallström, talentoso cineasta sueco que realizou o brilhante "Minha Vida de Cachorro ", teve o melhor momento em sua carreira no cinema americano nesse muito terno e comovente "What's Eating Gilbert Grape" em 1993. O filme que agora completa 20 anos merece passar por uma revisão por parte dos cinéfilos. A trama gira em torno da família de Gilbert Grape (Johnny Depp). Ele é um jovem normal que pretende seguir em frente com sua vida mas que não consegue criar um caminho próprio por causa de problemas familiares. Seu irmão, Arnie Grape (Leonardo DiCaprio), é deficiente mental e precisa de cuidados especiais. Sua mãe tem problemas emocionais e sofre de uma obesidade sem controle. Suas irmãs não são menos problemáticas. Uma é solitária e triste e a outra rebelde e bem agressiva. No meio de tantos conflitos Gilbert tenta levar uma vida normal.

"Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador" tem vários méritos cinematográficos. Em termos de elenco temos uma interpretação brilhante de Leonardo DiCaprio que lhe valeu inclusive indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. Foi o primeiro filme que chamou a atenção do grande público para seu trabalho. Muitos consideram até hoje seu melhor trabalho de atuação física no cinema. Johnny Depp também está muito bem, curiosamente fazendo um papel bem atípico de sua carreira, a de um jovem comum. Sem maquiagem pesada e sem interpretar um personagem bizarro (tão comum em seus filmes posteriores) Depp mostra seu talento natural. 

O roteiro também se revela muito delicado, colocando as várias questões humanas envolvidas na trama com rara sensibilidade. O filme fez bastante sucesso no mercado de vídeo na época e hoje, como já foi escrito, merece uma revisão. Um excelente drama mostrando a vida de uma família americana tipicamente interiorana que certamente vai agradar aos mais sensíveis. Se ainda não viu não deixe passar em branco, principalmente se você for um fã dos atores Leonardo DiCaprio e Johnny Depp. Esse é um filme que vale a pena conhecer.

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador (What's Eating Gilbert Grape, Estados Unidos, 1993) Direção: Lasse Hallström / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Johnny Depp, Leonardo DiCaprio, Juliette Lewis, Mary Steenburgen, John C. Reilly, Darlene Cates, Laura Harrington, Mary Kate Schellhardt / Sinopse: O filme narra a conturbada vida familiar de Gilbert Grape (Depp) que tenta levar uma vida normal em meio a inúmeros problemas familiares.

Diário de um Adolescente
Adaptação cinematográfica do livro escrito por Jim Carroll. Durante a década de 1960, esse escritor, ainda adolescente, afundou no mundo das drogas. Para manter o vício em heroína, passou a cometer crimes como furtos e roubos. E acabou entrando no submundo de Nova Iorque. Muitos anos antes de Titanic, o ator Leonardo DiCaprio já estrelava filmes excelentes. Quer um exemplo dessa fase de sua carreira? Temos aqui um exemplo perfeito. O filme não foi um sucesso de bilheteria na época em que foi lançado. Na realidade, era praticamente um filme independente, feito com pouco mais de 2 milhões de dólares. Mesmo assim, se destacava porque a história que contava era extremamente importante. 

Era uma mensagem para os adolescentes que poderiam cair no mundo das drogas pesadas. Tudo o que se vê no filme é autobiográfico e realmente aconteceu de fato com o escritor que escreveu o livro original que deu origem ao roteiro desse filme. A cidade de Nova Iorque surge aqui como um lugar sujo e cheio de criminalidade. E o protagonista transita entre o mundo do basquete colegial, onde ele se dava muito bem e o mundo das drogas, onde ele afundava cada vez mais. É seguramente um dos melhores filmes da carreira de Leonardo DiCaprio. E isso em uma época em que ele era apenas uma adolescente promissor no mundo do cinema!

Diário de um Adolescente (The Basketball Diaries, Estados Unidos, 1995) Estúdio: New Line Cinema / Direção: Scott Kalvert / Roteiro: Bryan Goluboff / Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Wahlberg, Lorraine Bracco, Marilyn Sokol, James Madio, Patrick McGaw / Sinopse: O filme conta a história de um jovem que na fase mais promissora de sua vida acaba se encontrando com as drogas e o mundo do crime. 

Rápida e Mortal
Lady (Sharon Stone) chega numa cidade perdida do velho oeste para participar de uma competição de duelos para saber quem é o mais rápido do gatilho na região. A competição é organizada por Herod (Gene Hackman), um facínora que aterroriza todos os habitantes honestos da cidadezinha. Em troca de uma suposta “proteção” ele cobra valores absurdos de comerciantes e cidadãos que pagam na verdade para não serem mortos por ele e seus capangas armados até os dentes. O que Herod não sabe é que Lady vem em busca de vingança pela morte de seu pai, um xerife que cruzou com o caminho dele em um passado remoto. 

“Rápida e Mortal” é de certa forma uma homenagem do cineasta Sam Raimi aos antigos filmes clássicos do chamado western spaguetti. Tudo ecoa ao estilo dessas produções – a trilha sonora, os enquadramentos de câmera, a violência e o enredo, que novamente constrói toda uma trama em cima de um ato de vingança, tentando trazer justiça a um evento do passado (tema que era bem recorrente nos faroestes italianos). As cenas de duelos que permeiam toda a estória reforçam ainda mais esse aspecto. A estilização das mortes e os personagens em si são os aspectos mais visíveis da produção nesse sentido.

Muitos podem torcer o nariz pelo fato do filme ser estrelado pela atriz Sharon Stone (no auge de sua carreira) mas o fã de filmes de western deve ignorar esse detalhe. O que não faltam aqui são atores talentosos em cena. O elenco aliás é um dos maiores trunfos do filme pois é recheado de grandes nomes. Além de Sharon Stone (linda e mostrando que ficava muito bonita de figurino country) temos ainda o maravilhoso Gene Hackman (como o vilão, ótimo como sempre), Leonard DiCaprio (Como Kid, filho de Herod, um jovem falastrão e fanfarrão que pensa ser melhor no gatilho do que realmente é na verdade) e Russel Crowe (como um pistoleiro arrependido e convertido que agora só pensa em servir como missionário de Deus, rejeitando a violência). 

De quebra Cary Sinise surge em flashbacks como o pai da personagem de Sharon Stone, um xerife morto em serviço. Confesso que na época em que assisti pela primeira vez o filme não me marcou muito. Achei apenas um western eficiente e nada mais. Agora em uma nova revisão revi minha antiga opinião pois o achei realmente divertido, com boa fluência e ritmo. O roteiro que gira quase que totalmente em torno do torneio de duelos poderia desenvolver melhor os personagens mas do jeito que está não compromete. No final das contas o tempo acabou fazendo bem a “Rápida e Mortal”, quem diria.

Rápida e Mortal (The Quick and the Dead, Estados Unidos, 1995) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Simon Moore / Elenco: Sharon Stone, Gene Hackman, Russell Crowe, Leonardo DiCaprio, Lance Henriksen / Sinopse: Em busca de vingança uma cowgirl conhecida apenas como Lady (Sharon Stone) chega numa cidadezinha aterrorizada pelo bandido Herod (Gene Hackman). Ele está organizando um torneio de duelos para determinar quem é o gatilho mais rápido da região. Não demora para que ela também entre na disputa!

Eclipse de uma Paixão
O filme resgata a juventude do poeta Arthur Rimbaud (1854 - 1891). Impulsionado por seu mentor e mestre Paul Verlaine (David Thewlis) ele começa a dar os primeiros passos em relação a sua obra, que se tornaria no futuro uma das mais importantes da história. Ao lado do escritor também surgem aspectos de sua própria vida pessoal, como sua sexualidade fora dos padrões convencionais de sua época.

Esse filme acabou ganhando notoriedade pelos motivos errados. Ao invés das pessoas discutiram aspectos biográficos do imortal Rimbaud, ficou-se meses falando das ousadas cenas de homossexualidade protagonizadas pelo galã adolescente Leonardo DiCaprio! Assim grande parte dos méritos artísticos do filme foram literalmente ignoradas em prol de um debate fútil e incoerente sobre os rumos que a carreira de DiCaprio estavam tomando. Afinal, seria interessante para um ator que estava prestes a se tornar um dos maiores astros de Hollywood se expor dessa forma, em cenas tão polêmicas? 

Tudo bobagem. Hoje em dia, quando ninguém mais fala sobre isso, o filme ganha contornos ainda mais interessantes para entender o artista (e o homem) por trás de uma obra tão importante. Ele morreu ainda bem jovem (com apenas 37 anos) e o que mais chama atenção é que seus melhores trabalhos foram feitos quando ele era ainda bem mais jovem, quando era praticamente um adolescente. Enfim, temos aqui uma boa amostra para a vida sofrida e breve desse poeta. Basta deixar as futilidades de lado para entender um pouco de seu pensamento ímpar.

Eclipse de uma Paixão (Total Eclipse, Inglaterra, França, Bélgica, 1995) Estúdio: Capitol Films, Le Studio Canal+ / Direção: Agnieszka Holland / Roteiro: Christopher Hampton / Elenco: Leonardo DiCaprio, David Thewlis, Romane Bohringer, Dominique Blanc, Félicie Pasotti, Christopher Chaplin / Sinopse: A história do jovem Arthur Rimbaud, sua obra e seus amores. Filme indicado ao San Sebastián International Film Festival.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Code 8 Renegados

Code 8 Renegados 
Esse é o primeiro filme dessa franquia. Assim como sua sequência, esse também pode ser encontrado na Netflix. São filmes que contam histórias relativamente independentes, então você poderá assistir a algum deles sem se preocupar com a cadeia de eventos que os liga. Aqui temos a história de um jovem que até tenta levar uma vida honesta e decente. Só que sua mãe está morrendo de câncer. Ela foi mãe solo e o criou sozinho desde que nasceu. Como nos Estados Unidos não existe saúde pública, a mãe corre o risco de morrer sem nenhum tratamento médico. O jovem precisa de dinheiro e de forma urgente, o jeito é entrar no mundo do crime. 

A história do filme se passa em um futuro distópico. Há muita tecnologia, com policiais robôs e tudo mais, só que ao mesmo tempo a sociedade amarga a miséria, a corrupção (inclusive policial) e a criminalidade que infesta as ruas das grandes cidades americanas. Eu gostei desse filme, mais até do que do segundo, que também havia gostado. Tem uma boa premissa e os personagens são interessantes a ponto de nos importarmos com eles. E não se engane sobre isso, nos dias atuais, com roteiros cheios de "roteiradas", isso é até mesmo algo raro de encontrar em filmes mais recentes. Então deixo a dica para quem quiser assistir a um bom filme futurista de ação que a despeito de priorizar esse aspecto, também deixa margens para discutir questões bem mais interessantes, sobre as razões de vida que fazem alguém entrar para o mundo do crime.  

Code 8 Renegados (Code 8, Canadá, 2019) Direção: Jeff Chan / Roteiro: Chris Pare; história de Jeff Chan / Elenco: Robbie Amell, Stephen Amell, Sung Kang / Sinopse: Um jovem com poderes especiais acaba entrando no mundo do crime para tentar salvar a vida de sua mãe que está morrendo de uma doença terminal e não tem como pagar pelas despesas médicas. 

Pablo Aluísio.