domingo, 20 de agosto de 2017

Tex

Esse é um dos personagens de quadrinhos mais longevos que se conhece. No Brasil Tex é publicado desde os anos 50, sem interrupções. Mesmo com a mudança de editoras ao longo dos anos a publicação segue em frente, estando atualmente acima do número 500! O interessante é que apesar de suas histórias se passarem no oeste americano, em pleno avanço dos colonizadores rumo ao desconhecido e sendo Tex um autêntico Texas ranger, esses quadrinhos não nasceram nos Estados Unidos, mas sim na Itália!

De fato o personagem foi criado pela dupla formada por   Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini. Eles aproveitaram a moda dos chamados filmes italianos de western (Western Spaghetti) e lançaram as estórias do Tex nas bancas, em revistas em branco e preto, com enredos simples e uma arte realmente caprichada. O sucesso na Itália fez com que os quadrinhos fossem publicados em outros países, inclusive o Brasil, onde fez sucesso imediato. O preço promocional (atualmente uma revistinha custa menos de 10 reais) também ajudou no êxito de vendas.

No Brasil também tivemos o sucesso dos chamados bolsos de livros (bolsilivros) que tinham praticamente o mesmo preço de capa dos quadrinhos de Tex, mas ao contrário desse, não era baseado na nona arte, mas sim em pura literatura, em um tipo de publicação que foi também muito popular no Brasil. Hoje em dia o jovem fã de faroestes pode-se perguntar se valeria a pena começar a ler Tex, já que suas publicações estão mais do que avançadas (afinal já foram lançadas mais de 500 edições só no Brasil). Não há problemas. As estórias de Tex não seguem uma cronologia fixa e geralmente seus arcos narrativos são fechados, sem a preocupação da continuidade (que atinge praticamente todos os super-heróis da DC e Marvel).

Há recentes publicações no Brasil de bonitos encadernados, com enredos compilados, facilitando bastante a vida dos que desejam acompanhar as aventuras do ranger dos quadrinhos. Esses encadernados são obviamente bem mais caros do que as tradicionais revistas mensais, porém valem a pena pela praticidade e também pela beleza pois ficam extremamente bonitos dentro de uma coleção de quadrinhos. Assim deixamos a dica para você também começar a acompanhar Tex e suas histórias, uma tradição que se mantém e firme e forte, apesar de todos esses anos passados.

Pablo Aluísio.

Ed Gein

Quem foi Ed Gein? Ele foi um dos assassinos em série mais infames da história dos Estados Unidos. E deu origem na cultura pop a diversos personagens de filmes de terror como "psicose" e o "Massacre da Serra Elétrica". Até mesmo em revistas em quadrinhos ele foi usado. Era algo bizarro. O homem real porém tinha um jeito menos espalhafatoso. Ele era considerado estranho na cidade onde vivia, mas ninguém poderia supor que ele fosse um serial killer tão insano.

Ed Gein foi criado numa fazenda isolada na pequena cidade onde ele nasceu. Meio-oeste americano, lugar de gente desconfiada e arredia. Sua mãe era uma fanática religiosa. Sempre colocando o jovem Ed embaixo de suas asas, falando de forma ininterrupta sobre pecado, culpa e inferno.

Quando ela morreu, alguns anos depois, Ed Gein ficou completamente sozinho no mundo. Ele já aparentava ter sinais de doença mental, porém enquanto a mãe era viva ele se mantinha na linha. Após a morte dele não houve mais limites ou barreiras. Ele então começou a apresentar atitudes de gente maluca. Desenterrava corpos de mulheres no cemitério local, durante as madrugadas, e levava para casa, para sua coleção de pedaços de corpos humanos. Gein passava dias desmembrando esses corpos, arrancando pedaços para usar numa espécie de artesanato da morte!

Sem distinguir entre realidade e loucura ele logo começou a matar. Matou uma senhora que trabalhava em um pequeno comércio de sua cidade. A esquartejou e depois a pendurou como se fosse uma carcaça de gado em um frigorífico. A sua fama de louco atroz aconteceu quando a política chegou em sua fazenda e encontrou um show de horrores. Abajures feitos de pele humana, corpos em pedaços por todas as partes, rostos de suas vítimas costurados como se fossem uma máscara e utensílios de uso doméstico que eram na verdade crânios de suas vítimas. Ed Gein foi levado e ficou preso até o fim de seus dias. E deixou um legado de horror que foi depois capturado pela cultura do cinema, da literatura e dos livros de pulp fiction.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de agosto de 2017

O Cinema de Steven Spielberg

A primeira boa oportunidade que apareceu para Spielberg no começo de sua carreira foi ser escolhido pelos estúdios Universal para dirigir "Encurralado". Era um telefilme, mas ao mesmo tempo era uma chance de trazer algo novo, que chamasse a atenção de público e crítica. Até esse momento Spielberg havia se dado bem dirigindo episódios de séries populares de TV como "Galeria do Terror" e "Columbo". Era necessário agora impressionar positivamente os executivos da Universal, para quem sabe, ter a possibilidade de dirigir seu primeiro filme para o cinema. Spielberg não queria passar o resto de sua carreira na telinha da TV, ele tinha planos mais ambiciosos para sua vida profissional.

Com roteiro escrito por Richard Matheson e um bom elenco que contava com os atores Dennis Weaver, Jacqueline Scott e Eddie Firestone, a trama de "Encurralado" (Duel, 1971) não parecia grande coisa. Um técnico em computação que de repente se via em uma situação limite ao ser perseguido por um enorme caminhão pelas estradas. Basicamente tudo se resumia em ser um thriller de ação. Para Spielberg porém esse enredo trazia muitas possibilidades, principalmente em usar takes e enquadramentos fora do comum. Assim ele foi para a estrada com sua equipe técnica e realizou um ótimo filme - sem exagero algum! É a tal coisa, se Spielberg queria chamar a atenção com seu primeiro filme, ele conseguiu. A crítica adorou, a tal ponto que Spielberg conseguiu uma indicação ao prêmio de Melhor Telefilme do ano no conceituado Globo de Ouro. Era uma estreia acima da média. Chegou inclusive a ser exibido nos cinemas brasileiros na época. 

Depois desse primeiro telefilme Steven Spielberg tinha planos de tentar algo no cinema, finalmente, mas enquanto um bom roteiro não chegava em suas mãos ele aceitou o convite para dirigir "A Força Do Mal", outra produção a ser exibida na televisão. Era um filme de terror, usando elementos mais tradicionais, mostrando um jovem casal tendo que lidar com forças sobrenaturais na casa para onde se mudaram. Ecos de Poltergeist se viam em todo o desenrolar da história, mas obviamente era uma produção bem mais modesta, com pouca semelhança do famoso filme de terror que iria ser produzido pelo próprio Spielberg dez anos depois.

Ainda houve mais um telefilme no ano seguinte chamado "Savage". Esse último telefilme de Spielberg já tinha traços maiores de inovação. A trama era baseada na estória de um repórter investigativo que descobria a existência de fotos comprometedoras de um juiz que acabara de ser indicado para a suprema corte do país. No elenco estava o grande ator Martin Landau, em mais um boa interpretação. Foi uma boa experiência, mas Spielberg queria deixar o espaço reduzido da TV, para dirigir seu primeiro filme no cinema. Algo que em breve iria finalmente acontecer.

Pablo Aluísio.

Al Pacino e Michelle Pfeiffer

Fazer "O Poderoso Chefão III" foi realmente marcante, mas Pacino ficou bem chateado com as críticas negativas. O curioso é que as críticas não atingiram o seu trabalho como ator no filme, mas sim outros aspectos da produção, como seu roteiro e alguns coadjuvantes que ficaram devendo. Mesmo assim o ator ficou bem contrariado.

Ele esperava que o terceiro filme dessa franquia marcasse a história do cinema como os dois filmes anteriores. Só que isso não aconteceu. O filme também foi menosprezado pela Academia. Quem estava esperando uma chuva de premiações no Oscar ficou realmente a ver navios. Nada aconteceu como era previsto.

Por isso o ator decidiu por um filme bem leve depois da experiência de fazer "O Poderoso Chefão III". A nova produção se chamava "Frankie & Johnny" e era sobre um romance envolvendo um cozinheiro e uma garçonete de uma lanchonete daquelas bem populares nos Estados Unidos. Gente comum retratada no cinema.

Para contracenar ao seu lado o estúdio contratou a linda Michelle Pfeiffer. Todos ainda tinham na cabeça sua performance como a Mulher-Gato, lançado nesse mesmo ano. O sucesso do filme do Batman, acabou, quem diria, levantando e muito a bilheteria desse filme despretensioso, um mero romance sobre duas pessoas do dia a dia. Pacino ficou duplamente feliz com o resultado do filme. E adorou trabalhar novamente ao lado de Michelle Pfeiffer. Afinal eles já tinham feito uma ótima parceria no começo dos anos 80 no filme "Scarface" de Brian De Palma.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Nicole Kidman - Primeiros Filmes

Terror a Bordo (1989) 
O primeiro filme com Nicole Kidman a ter sucesso internacional foi essa produção australiana chamada "Terror a Bordo". Era um suspense dirigido pelo cineasta veterano Phillip Noyce. O roteiro contava a estória de suspense e terror passada em um veleiro, no meio do oceano. O filme chamou a atenção da crítica internacional, ganhou status de cult movie e abriu as portas de Hollywood para a atriz.

Dias de Trovão (1990)
O primeiro filme de repercussão internacional que a atriz participou foi esse "Dias de Trovão". Foi a primeira grande produção da carreira da atriz que contracenava com o astro e ídolo Tom Cruise. O romance dos personagens acabou passando para fora das telas e Nicole e Cruise começaram a namorar, em um dos romances mais badalados dos anos 90. Romance esse que iria virar casamento que infelizmente não iria terminar muito bem, anos depois. "Dias de Trovão" foi dirigido por Tony Scott que em suas próprias palavras quis realizar um "Ases Indomáveis com carros de corrida"

Flertando - Aprendendo a Viver (1990)
Depois do blockbuster "Dias de Trovão", ao lado do namorado Tom Cruise, Nicole resolveu alisar seus cabelos que chamavam a atenção por causa de seus longos cachos ondulados, para atuar nesse pequeno filme independente chamado "Flirting", dirigido por John Duigan. O filme se passava todo em um ambiente escolar nada saudável. A produção australiana foi premiada em seu país, pelo Australian Film Institute, ganhando uma boa receptividade por parte da crítica internacional de um modo em geral.

Billy Bathgate: O Mundo a Seus Pés (1991)
Filme passado na era dos grandes gangsters americanos. Nicole Kidman interpretou uma personagem chamada Drew Preston, em um papel não muito significativo. Foi complicado para a atriz se sobressair em um elenco com tantos astros como Dustin Hoffman e Bruce Willis. Dirigido pelo cineasta Robert Benton, o filme não conseguiu fazer sucesso, ficando no meio do caminho. Com orçamento milionário o filme foi mal nas bilheterias. Uma das poucas coisas boas, segundo a crítica da época de lançamento da produção, era justamente a presença de Kidman, que com figurino de época ficou ainda mais bonita e glamorosa.

Pablo Aluísio.

Tobe Hooper

O cinema de terror perdeu um de seus mestres, o diretor Tobe Hooper. Tive o prazer de assistir muitos filmes de Hooper no cinema, como tinha que ser. Ele foi um criador de películas de horror em um tempo onde o politicamente correto não interferia na criatividade dos cineastas, onde tudo era possível e não havia muitos limites. Assim Hooper teve a chance de dirigir e produzir um autêntico cinema podreira de qualidade. No total dirigiu 37 filmes! Uma marca e tanto em termos de produtividade.

O primeiro grande sucesso de sua filmografia foi "O Massacre de Serra Elétrica" de 1974. Como se diz hoje em dia esse é um filme terror de raiz! O diretor aproveitou um caso real (acredite, o roteiro é baseado em acontecimentos reais ocorridos no Texas) e criou essa sangrenta fita, onde psicopatas cruéis matavam suas vítimas com requintes de crueldade. O filme, feito com orçamento mínimo, se tornou um cult movie e colocou Hooper no radar dos fãs de horror. Depois disso o diretor começou uma fase áurea, tudo culminando com o sucesso de "Poltergeist" de 1982. O diretor foi escolhido a dedo por Steven Spielberg, que produziu a fita. Nas palavras de Spielberg ninguém mais poderia dirigir aquela história tão bem como Hooper.

Na década de 80 Hooper colecionou filmes mais do que interessantes. Produções B de terror que com o tempo se tornaram pequenas obras primas do gênero. Em "Pague Para Entrar, Reze Para Sair" o diretor usou um parque de diversões, esse lugar tão infantojuvenil, para explorar o máximo em termos de sangues e tripas. Já em "Força Sinistra" Hooper levou o terror para o espaço. Misturando filmes de terror com Sci-Fi ele criou uma espécie de alienígena que sugava a força vital dos seres que encontrava pela frente. Um tipo de "vampiros espaciais" como bem definiu Hooper. Nem é preciso dizer que a fita caiu no gosto dos fãs de filmes trash (mas aqui feitos com bons orçamentos).

Hooper repetiu a dose em "Invasores de Marte", mais um filme que misturava os dois gêneros mais populares entre os adolescentes dos anos 80. Essa aliás era uma característica interessante da obra do diretor. Ele sempre procurava misturar o gênero terror com outros gêneros cinematográficos. Assim levou humor ao horror em "O Massacre da Serra Elétrica 2", onde no meio da matança desenvolveu momentos de puro humor negro como poucas vezes visto no cinema da época. O diretor também trabalhou na TV, em séries como "Histórias Maravilhosas" ao lado de Spielberg novamente. O diretor continuava na ativa, intercalando seus trabalhos de direção com produção, sempre no estilo que o consagrou: o terror. Para quem levou sustos no cinema com suas obras (ora divertidas, ora assustadoras) fica assim a sensação de vazio de um mestre que nos deixou. Descanse em paz, Tobe Hooper.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

The Beach Boys: Uma História de Sucesso

Mais um título nacional extremamente equivocado. O filme não é propriamente a história de sucesso da banda Beach Boys, mas sim do drama pessoal enfrentado pelo cantor e compositor Brian Wilson após ser diagnosticado como esquizofrênico e paranoico. Líder e mentor intelectual de um dos grupos de rock de maior sucesso dos anos 60 ele viu tudo desmoronar por causa de seus problemas psiquiátricos. Wilson é interpretado no filme por dois atores, que seguem em linhas narrativas diferentes, uma no passado, durante o apogeu do grupo nos anos 60 e outra mais à frente, nos anos 80, com Wilson lutando contra sua doença mental, em um estado bem mais avançado. Nos anos 60 ele é bem interpretado por Paul Dano. Aqui Wilson já é o líder dos Beach Boys. Ele começa a apresentar um comportamento anormal, que começa a alarmar os demais membros do grupo. Depois surta dentro do estúdio tentando criar um álbum completamente fora dos padrões comerciais, tentando superar os Beatles, o maior rival nas paradas dos Beach Boys.

John Cusack dá vida a Brian Wilson já completamente destruído pela esquizofrenia. Ele passa a ser dominado por um médico que acaba se revelando mais maluco do que ele. Um sujeito que o explora e o coloca sob um coquetel de drogas pesadas para tentar ficar com sua fortuna. Quem o salva da morte é uma ex-modelo, vendedora de carros, chamada Melinda Ledbetter (Elizabeth Banks). Wilson se apaixona por Melinda e ela tenta de todas as formas ajudá-lo a sair daquela prisão em que ele se encontra. O roteiro do filme se foca completamente em Brian Wilson, por isso se você estiver em busca de algo mais relacionado ao grupo The Beach Boys é melhor procurar por outro filme, algum documentário musical. Aqui só temos mesmo os dramas pessoais de Wilson, seus problemas de saúde, seus traumas, suas lutas contra o estigma da doença mental e outros dramas mais pesados. No final é um filme muito bom, mas também muito triste para quem nunca conheceu em maiores detalhes os problemas enfrentados por esse genial músico.

The Beach Boys: Uma História de Sucesso (Love & Mercy, Estados Unidos, 2014) Direção: Bill Pohlad / Roteiro: Oren Moverman, Michael A. Lerner / Elenco: John Cusack, Paul Dano, Elizabeth Banks, Paul Giamatti / Sinopse: O filme conta a história real do cantor e compositor Brian Wilson. Líder do famoso grupo de rock e surf music The Beach Boys. Ele acabou tendo que lutar contra a doença mental, no auge do sucesso, após ser diagnosticado como esquizofrênico e paranoico. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Paul Dano) e Melhor Música Original ("One Kind of Love" de Brian Wilson e Scott Montgomery Bennett).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Megan Leavey

Título no Brasil: Megan Leavey
Título Original: Megan Leavey
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: LD Entertainment
Direção: Gabriela Cowperthwaite
Roteiro: Pamela Gray, Annie Mumolo
Elenco: Kate Mara, Common, Ramon Rodriguez, Tom Felton, Will Patton, Bradley Whitford

Sinopse:
Cansada de sua vida banal e dos problemas familiares envolvendo sua mãe, a jovem Megan Leavey (Kate Mara) decide se alistar no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Após um período de treinamento pesado ela é enviada para o Iraque, onde passa a integrar um grupo especial designado para localizar bombas e explosivos, usando para isso cães especialmente treinados. Filme vencedor do Heartland Film Festival.

Comentários:
Filme especialmente indicado para quem curte filmes sobre os Marines americanos e criadores de cães treinados. O roteiro é baseado na história real da cabo Megan Leavey que foi remanejada para um esquadrão de localização de bombas com cães e acabou criando um vínculo muito forte com seu animal, um pastor alemão chamado Rex. Esses pastores pertencem na realidade aos fuzileiros navais americanos, mas os próprios oficiais aconselham aos soldados que esses criem fortes vínculos entre eles, até para ajudar no cumprimento das missões no meio do deserto. Megan acabou levando a determinação bem à sério, se tornando muito afeiçoada ao seu cão. Quando ambos são atingidos por uma bomba ela fica ainda mais próxima do animal. Pensando em deixar os marines ela tenta adotar Rex, mas bate de frente contra seus oficiais comandantes. Mesmo ferido o cão não poderia ser enviado para viver ao lado dela, numa vida civil. Um animal treinado para o campo de batalha poderia ser extremamente perigoso nas ruas. Assim o filme também levante esse curioso debate. Por fim um detalhe não menos importante: praticamente toda a equipe técnica é formada por mulheres, da diretora, passando pelas roteiristas, etc. O filme assim tem um fator subliminar de empoderamento das profissionais que trabalham no cinema.

Pablo Aluísio.

Norman

Mais um bom filme de Richard Gere. Aqui ele interpreta esse sujeito incomum chamado Norman. Ele passa o dia inteiro pelas ruas de Nova Iorque pendurado em seu celular! Em que ele exatamente trabalha? Não se sabe ao certo. Ele mesmo afirma que dá consultorias (não se sabe de quê!) e que presta serviços (sem conseguir explicar quais seriam esses serviços!). Na sua rotina Norman tenta entrar em contato com pessoas ricas e poderosas. Ele acredita que o mais importante de tudo é ter contatos, aproximações com esse tipo de gente. Para isso ele topa qualquer coisa, inclusive entrar de bicão, sem ser convidado, para festas de milionários (obviamente sempre sendo convidado a se retirar depois). Após muitas portas na cara, Norman finalmente tira a sorte grande ao conseguir se aproximar com êxito de um político de segundo escalão do governo de Israel.

Na cara de pau mesmo, Norman o segue pelas ruas de Nova Iorque e depois consegue se aproximar do tal sujeito. Trocam cartões e mantém contatos. Para sua grande surpresa o tal político acaba se tornando primeiro ministro de Israel, o que acaba abrindo todas as portas para Norman, justamente por sua proximidade com o figurão. Só que com todo esse conhecimento tudo o que Norman acaba conseguindo é entrar numa tremenda enrascada! Pois é, esse personagem (mais um presente para Richard Gere em sua carreira) é uma espécie de herói picaresco (para usar um termo de nossa literatura), um homenzinho sem muita sorte que vai abrindo seu próprio espaço com artimanhas, jogadas de sorte (e também de inteligência), nem sempre se dando bem no final. A trilha sonora do filme reforça bem esse aspecto da personalidade do protagonista. Todas as vezes que ele vai entrando em uma nova enrascada lá está aquele trombone em tom de humor farsesco. É um filme realmente muito bom, valorizado por Richard Gere, ora com um olhar de bom malandro, ora como um inocente que não sabe bem onde está entrando. Divertido e até mesmo em certos aspectos lírico, esse "Norman" é um dos filmes mais surpreendentes desse ano.

Norman: Confie em Mim (The Moderate Rise and Tragic Fall of a New York Fixer, Estados Unidos, Israel, 2016) Direção: Joseph Cedar / Roteiro: Joseph Cedar / Elenco: Richard Gere, Michael Sheen, Steve Buscemi, Lior Ashkenazi / Sinopse: Norman Oppenheimer (Richard Gere) se autodenomina um consultor, um estrategista, embora ninguém saiba ao certo quem ele é ou o que faz da vida. Forçando aproximação com pessoas ricas e poderosas ele acaba conhecendo Micha Eshel (Lior Ashkenazi), um político sem muita importância que acaba se tornando primeiro ministro de Israel. Usando dessa proximidade Norman começa a tecer uma enorme teia de relações e contatos, dando origem a uma enorme confusão. Filme indicado ao Cleveland International Film Festival.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Rush - No Limite da Emoção

A Rede Globo vai exibir esse filme hoje em Supercine. É mais um excelente filme que mostra um interessante capítulo da história da Fórmula 1. Curioso que produções como essa estão se tornado cada vez mais comuns, um tipo de filme biográfico esportivo que ultimamente tem cada vez mais chamado a atenção dos cinéfilos e fãs de esportes. Pois bem, na trama vemos a rivalidade histórica que surgiu entre dois pilotos da F1, James Hunt (Chris Hemsworth) e Niki Lauda (Daniel Brühl). O primeiro um mulherengo incorrigível, um sujeito fanfarrão que adorava festas e diversão. O segundo um piloto arrojado, disciplinado, que fazia das pistas seu objetivo de vida. Do choque de duas personalidades tão diferentes surge uma concorrência marcada por brigas, mas também por respeito e admiração mútuas. Eu não conhecia essa história, o que tornou o filme como um todo ainda mais interessante.

Apesar de não ser tão velho ainda me lembro de Niki Lauda nas pistas. Na época ele já trazia as marcas que deformaram seu rosto após um grave acidente (que inclusive é mostrado no filme). Já James Hunt realmente não cheguei a conhecer, pois ele, impulsivo e indisciplinado, já tinha deixado as corridas quando me dei conta da existência da Fórmula 1. Esse filme procura transitar justamente do choque entre esportistas tão diferentes entre si durante o campeonato de 1976. É um belo drama esportivo, muito bem conduzido, que vai no final das contas agradar aos fãs das corridas em geral bem como também ao sujeito que não liga muito para a F1 desde a morte de Senna, mas que ainda esteja disposto a assistir a um bom filme dramático. Embora Lauda seja o principal personagem do enredo quem acaba roubando a cena realmente é James Hunt, pois sua personalidade extrovertida e expansiva, termina por chamar mais a atenção do espectador. Assim deixamos a dica desse bom filme sobre esportes. Não importa se você anda cansado da Fórmula 1, no final vai gostar, não se preocupe em relação a isso.

Rush - No Limite da Emoção (Rush, Inglaterra, Alemanha, 2013) Estúdio: Imagine Entertainment / Direção: Ron Howard / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde / Sinopse: O filme conta a grande rivalidade surgida nas pistas de Fórmula 1 envolvendo os famosos pilotos James Hunt (Chris Hemsworth) e Niki Lauda (Daniel Brühl). Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator Coadjuvante (Daniel Brühl).

Pablo Aluísio.