sábado, 28 de maio de 2011
Bob Dylan
Bob Dylan assim se comportou de forma mais estranha do que o próprio prêmio que lhe foi concedido. Quando tudo parecia perdido ele soltou um comunicado breve, dizendo que agradecia sua escolha, mas que não iria comparecer na cerimônia de entrega pois "teria outros compromissos a cumprir" - só não soube explicar que compromissos seriam esses, que afinal de contas teriam que ser mais importantes do que receber um prêmio Nobel! Assim fica a lição. O Nobel deveria mudar alguns aspectos de sua premiação. Certamente é um prêmio voltado mais para as ciências de um modo em geral. Porém se o prêmio considera a literatura, que é uma arte, digna de ter uma categoria, por que não criar outras para a música, o cinema, o teatro, a poesia e a pintura? Penso sinceramente que nenhuma dessas artes deve ser desmerecida. Se uma foi contemplada com um prêmio Nobel, que as demais também o sejam. Modernizar é preciso, ser justo mais ainda.
Bob Dylan definitivamente não é Frank Sinatra. A prova disso está nesse álbum triplo lançado pelo cantor e compositor em 2017. São três álbuns reunidos em único box. Dylan os nomeou como "Til The Sun Goes Down", "Devil Dolls" e "Comin' Home Late". Depois de ouvir os três longos CDs não há outra conclusão a que se chegar. É um lançamento excessivo que vai cansar o ouvinte. Dylan já tinha usado essa fórmula de cantar grandes clássicos do passado antes, em "Fallen angels". O problema básico, que já tinha percebido no disco anterior, é que Bob Dylan não tem um estilo vocal adequado para esse tipo de repertório. Ele é ótimo cantando folks, blues e outros gêneros musicais mais despojados, mas aqui derrapa feio, por não ter o timbre vocal adequado. Ao invés de gravar um álbum triplo ao estilo indie, que seria mais adequado, ele resolveu dar um passo maior do que a perna.
Claro que por ser uma espécie de "queridinho da mídia" praticamente todo mundo elogiou. Um tipo de Caetano Veloso gringo, tudo o que Dylan lança é encarado como um Santo Graal musical. Bobagem. O CD triplo é obviamente cheio de problemas, quando você chega lá pela metade do segundo disco já fica complicado avançar. Aquela voz anasalada de Dylan consegue enganar por três ou quatro faixas, mas quando você chega na décima quinta a audição se torna penosa. São músicas para o repertório de Frank Sinatra ou Nat King Cole, não para Dylan. Ele forçou a barra em inúmeras faixas. Provavelmente seria melhor digerido se fosse lançado em três discos separados, com intervalo de um ano entre eles. Lançado tudo de uma vez só, ficou demais, complicado de absorver. Muitas vezes o simples é o melhor caminho. Overdoses musicais como essas são contraindicadas.
Bob Dylan - Triplicate (2017)
Disc 1 – 'Til the Sun Goes Down
1. I Guess I'll Have to Change My Plans / 2. The September of My Years / 3. I Could Have Told You / 4. Once Upon a Time / 5. Stormy Weather / 6. This Nearly Was Mine / 7. That Old Feeling / 8. It Gets Lonely Early / 9. My One and Only Love / 10. Trade Winds.
Disc 2 – Devil Dolls
1. Braggin' / 2. As Time Goes By / 3. Imagination / 4. How Deep Is the Ocean? / 5. P.S. I Love You / 6. The Best Is Yet to Come / 7. But Beautiful / 8. Here's That Rainy Day / 9. Where Is the One? / 10. There's a Flaw in My Flue.
Disc 3 – Comin' Home Late
1. Day In, Day Out / 2. I Couldn't Sleep a Wink Last Night / 3. Sentimental Journey / 4. Somewhere Along the Way / 5. When the World Was Young / 6. These Foolish Things / 7. You Go to My Head / 8. Stardust / 9. It's Funny to Everyone But Me / 10. Why Was I Born?
Pablo Aluísio.
Kurt Cobain
Sinceramente não consigo lembrar de ninguém surgido após a década de 1990 que tenha me chamado a atenção por mostrar algo de novo no gênero. Papo de quem está envelhecendo? Pode ser, mas o fato é que a morte de Cobain também marca de certa maneira o fim de minha procura por sons novos e realmente inovadores dentro do rock americano.
Claro que na Inglaterra ainda tivemos um sopro de vida com o Britpop, onde ainda se encontra coisa boa, mas no geral a coisa anda bem feia. Em relação ao Kurt só posso lamentar. Era um artista realmente talentoso mas corroído completamente pelas drogas pesadas que tomava, por isso no final não sobrou muito do ser humano para contar história. Li várias de suas biografias e tudo que encontrei foi o retrato de um homem perdido, que afogava suas mágoas em doses cavalares de heroína e outras substâncias ilegais. Acabou perdendo a vida como tantos outros.
Por isso digo que o chavão "Sexo, Drogas e Rock ´n´ Roll" poderia ser facilmente substituído por "Morte, Drogas e Rock ´n´ Roll" porque as drogas só fizeram mal ao mundo do rock. Levaram seus principais nomes e deixaram uma cultura de drogas que ainda persiste entre os jovens que não conseguem entender que não existe nada de glamoroso na morte de roqueiros como Kurt. Um tiro de fuzil na cabeça não tem nenhum aspecto positivo... É apenas um evento triste... Só isso.
Pablo Aluísio.
Walk The Line
A participação de Elvis no filme se resume a quatro cenas rápidas, nenhuma delas muito proveitosa ou relevante. Na primeira cena em que aparece Elvis, Johnny Cash está passando pela frente da Sun Records em Memphis e lê o famoso cartaz da gravadora anunciando que um disco pode ser gravado por apenas 4 dólares. Ele dá a volta e entra pelas portas do fundo da Sun no exato momento em que Elvis está gravando uma de suas músicas do período Sun, Milkcow Blues Boogie. Sinceramente, o ator que faz Elvis é tão péssimo que ficamos mesmo na dúvida que aquele que aparece naquele momento é mesmo Elvis! Ele não se parece nada (nada mesmo) e não dispensa todos os requebros extremamente mal feitos, que já estamos acostumados, com atores que tentam dançar igual a Elvis em filmes em que ele aparece como personagem. O constrangimento nessa cena é total, eu particularmente fiquei extremamente decepcionado ao constatar como ela foi mal feita. Na verdade sua caracterização está muito mais para Hank Williams do que para Elvis, confundiram os ídolos ou a coisa toda foi mal feita mesmo. Uma decepção. Logo aparece o engenheiro de som e fecha as portas do fundo, deixando Cash do lado de fora. Outra cena péssima é o encontro de Cash com Elvis nos bastidores de um dos festivais que ambos participaram no começo da carreira deles. Elvis aparece escondido num local do teatro, assistindo ao show, tentando passar despercebido da plateia, comendo comidas gordurosas e as oferecendo para Cash. O recado que o roteirista utiliza para deixar bem claro que aquele é Elvis é sua gulodice. É algo do tipo: “Elvis já era um glutão desde o começo!”. Forçou a barra em cena totalmente desnecessária, infantil e sem qualquer importância para o restante do filme. Mas o pior momento é aquele em que um cara da banda oferece pílulas a Johnny Cash afirmando que “Elvis também as toma!”.
Para quem pensa que a cena é totalmente gratuita e vai acabar logo é surpreendido com o que acontece depois. O pior acontece mesmo quando o próprio Elvis aparece do nada e fazendo sinais de aprovação com a cabeça incentiva Cash e usar as drogas. Essa cena é um recurso do roteiro para explicar o começo dos problemas químicos de Cash e historicamente é totalmente improvável por vários motivos! Elvis jamais iria aparecer em público, mesmo que fosse ao lado de seus próprios músicos, e incentivar alguém a usar pílulas. Isso nem sequer é sugerido na autobiografia de Cash. Elvis não é mencionado e nem muito menos apontado como uma pessoa que o incentivou pessoalmente a usar pílulas. O que ele afirma é que começou a usar pílulas durante os festivais dos quais participava durante os anos 50. Elvis participou de dois bem conhecidos jamborees ao lado de Cash e June. O primeiro foi liderado por Hank Snon e o segundo pelo próprio Elvis quando ele já era uma estrela nacional. Mas fora esses dois momentos ao lado de Elvis, Cash participou de muito outros e com muitos outros artistas e músicos. Cash não especifica quem lhe deu as drogas em seu livro. Jogar a culpa do vício de Cash, mesmo que indiretamente, sobre os ombros de Elvis não foi uma coisa honesta dos roteiristas. Naqueles tempos o uso de pílulas por parte de Elvis passava longe de ser um fato notório comentado pelos músicos dos festivais de forma tão natural e simples. Isso era um segredo muito bem guardado por todos ao redor do cantor. Outro personagem ainda chega a comentar com Cash que Elvis só conversava sobre sacanagem durante as excursões! Eu fiquei particularmente espantado com essa bobagem. De onde esses caras tiram essas ideias?!
Outro furo do roteiro é a não menção ao Million Dollar Quartet. Mesmo que a participação de Cash nesse evento tenha sido secundária, era para ser retratada no filme. É muito mais importante do que mostrar Elvis comendo frituras ou incentivando Cash (pessoa a quem ele nem tinha muita intimidade) a usar drogas. Por fim, após Cash fazer uma apresentação no filme, Elvis entra no palco para tocar “That’s All Right” (Mama). O ator, como bem já frisei, é horrível. Sinceramente, já que a pessoa que faz Elvis não precisou atuar, porque eles não contrataram logo um cover de Elvis dos anos 50? Ficaria muito melhor e muito menos constrangedor. A cena é digna de qualquer programa de auditório da TV brasileira, de tão mal feita. Enfim... o filme passou de ser razoável na minha opinião. As partes em que Elvis participa como personagem são horríveis. Vocês podem até me perguntar: E o resto do filme Pablo? Bom... tem altos e baixos. Joaquim Phoenix está muito bem, tanto que vem sendo premiado por sua atuação, O fato dele cantar em várias cenas, dispensando o uso de playback, é realmente impressionante. Mas como disse antes, a tentativa por parte dos produtores de fazer algo bem comercial, pesa contra o resultado final positivo. Muita coisa importante ficou de fora, enquanto coisas dispensáveis e irrelevantes foram incluídas. No final o filme leva uma nota 7,0 de minha parte.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Leo Jaime - Sessão da Tarde
Esse disco "Sessão da Tarde" foi muito provavelmente o melhor álbum da carreira de Leo Jaime. Lançado em 1985, bem no meio da efervescência do Rock Brasil, é um dos mais criativos LPs do cantor. Claro que naquela época as músicas eram bem mais simples (e até ingênuas) do que as que ouvimos atualmente, isso porém não chega a ser um problema, até porque Leo Jaime também podia ser bem irônico e sarcástico quando queria. Um exemplo disso vem da primeira faixa "O Pobre". O refrão dizia: "Ela não gosta de mim / Mas é porque eu sou pobre!". Divertido não é mesmo? Eu gosto bastante dos arranjos desse álbum porque o Leo Jaime preferiu algo menos modinha, sem a cara da sonoridade típica dos anos 80. Isso poupou o disco de ficar completamente datado. Se ele tivesse usado uma infinidade de sintetizadores a coisa teria piorado e muito com o passar dos anos.
"A Fórmula do Amor" trazia Leo em parceira com a turma do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. Paula Toller, uma das melhores vozes do rock nacional, esbanja versatilidade e carisma. Ela inclusive ressuscitou a música recentemente, a trazendo de volta para o seu repertório de shows, mas claro com novos arranjos, nada parecido com o que ouvimos aqui. Bom, quem conhece o rock nacional dos anos 80 sabe que onde o Kid Abelha estava, também estava o sax onipresente de George Israel. Aqui nem incomoda muito, até que ficou legal. A letra é bobinha, mas de acordo com o estilo da época. Vale pela nostalgia envolvida. Em suma, são muitas músicas boas. Esse é provavelmente o melhor disco do Leo Jaime, mesmo tendo passado tantos anos de seu lançamento original.
Leo Jaime - Sessão da Tarde (1985)
1. O Pobre
2. A Fórmula do Amor
3. A Vida Não Presta
4. As Sete Vampiras
5. Só
6. O Regime
7. Amor Colegial
8. Solange (So Lonely)
9. O Crime Compensa
10. Abaixo a Depressão
Pablo Aluísio.
Ultraje a Rigor - Sexo!!
"Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?" é fraca em letra e melodia. "A Festa" não se sustenta e "Maximillian Sheldon" não diz a que veio. Apenas "Will Robinson e Seus Robots" se salva um pouquinho, mas aí por causa da associação com a nostálgica série espacial "Perdidos no Espaço" (certamente o Roger deveria ser fã). Então é um disco mesmo de altos e baixos. No geral passa na média, porém fica longe de "Nós Vamos Invadir Sua Praia", aquele sim um clássico absoluto da geração que ficaria conhecida como Rock Brasil. Ah... e antes que me esqueça, essa capa, no mais puro estilo anos 80 é realmente muito boa, uma das melhores da época - e a própria definição de ironia com sarcasmo!
Ultraje a Rigor - Sexo!!
1. Eu Gosto de Mulher
2. Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?
3. Terceiro
4. A Festa
5. Prisioneiro
6. Sexo!!
7. Pelado
8. Ponto de Ônibus
9. Maximillian Sheldon
10. Will Robinson e Seus Robots
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
David Gilmour - Live At Pompeii
Agora David Gilmour resolveu voltar por lá, cantando velhas e novas canções, mas apoiado por uma grande produção de palco, luzes, tudo classe A. O guitarrista também fez questão que a apresentação ocorresse durante à noite e não de dia como no show original. Obviamente só assim o público iria aproveitar toda a produção do concerto. O box traz dois DVDs. Além do show em si, na íntegra, temos ainda um documentário sobre a última turnê de Gilmour, entrevistas com uma historiadora especializada na história da cidade romana e muitas informações. O box traz igualmente os dois CDs gravados no mesmo evento, além de um livreto com tudo sobre a produção do show, cartões postais e posters da apresentação. Um produto de excelente qualidade, muito recomendado para quem gosta do Pink Floyd e, é claro, de David Gilmour, que sempre considerei o maior guitarrista da história do rock, em todos os tempos.
David Gilmour - Live At Pompeii (2017)
DVD 1
1. 5 A.M.
2. Rattle That Lock
3. Faces Of Stone
4. What Do You Want From Me
5. The Blue
6. The Great Gig In The Sky
7. A Boat Lies Waiting
8. Wish You Were Here
9. Money
10. In Any Tongue
11. High Hopes
DVD 2
1. One Of These Days
2. Shine On You Crazy Diamond (Parts 1-5)
3. Fat Old Sun
4. Coming Back To Life
5. On An Island
6. Today
7. Sorrow
8. Run Like Hell
9. Time/Breathe (In The Air)(Reprise)
10. Comfortably Numb
11. Pompeii Then And Now
Pablo Aluísio.
The Beach Boys - All Summer Long
Esse álbum foi lançado no auge da Beatlemania, quando o grupo inglês conseguia ocupar praticamente todos os primeiros lugares da parada. Era um fenômeno sem precedentes dentro da indústria. Para combater os cabeludos de terninho a gravadora Capital (ironicamente a mesma que lançava os discos dos Beatles nos Estados Unidos) investiu pesado na panelinha da casa. E onde estava Elvis, o Rei do Rock nesse mesmo período? Ora, estava afundando em Hollywood, estrelando coisas como "Kissin Cousins", filmes ruins que não conseguiam mais chamar a atenção dos jovens. Por isso grupos mais antenados com eles, como o próprio Beach Boys, ocupavam cada vez mais espaço, crescendo no vácuo real deixado por Presley.
O disco é inegavelmente divertido, agradável e com ótima sonoridade. A capa é uma das mais simpáticas da história de rock, como se fosse um recorte de memórias das férias de verão. Assim que se coloca para rodar o ouvinte se depara logo com um dos maiores sucessos do grupo, o clássico "I Get Around", uma faixa que fez muito bonito nas paradas de 64. É sem dúvida uma vocalização perfeita, com uma melodia que lembra um carrossel sonoro. Impecável. Depois dela não temos nada tão talentoso e inspirador. A música que dá nome ao álbum até que é bonitinha, mas nada demais. Sempre implico com seu arranjo que mais parece de canções infantis. Coisas dos garotos da praia. Se você ainda não sabe direito o que é uma beach music sugiro que ouça com atenção a terceira música do disco, "Hushabye". É uma bobagem sentimental que quase sem letra ainda consegue criar um clima de nostalgia no ouvinte. Realmente impressiona pelo clima, nos levando mentalmente a ver um casal de namorados adolescentes passeando pela praia à noite, trocando juras de amor!
"Little Honda" que vem depois foi muito promovida nas rádios, apresentando duas ousadias em se tratando de Beach Boys: tinha um ritmo realmente cortante, de puro rock dos anos 50 e uma duração que era uma verdadeira eternidade para os padrões do grupo: quase sete minutos de duração! Não era assim um Pink Floyd, mas impressionava os brotos dos anos 60. O resto do disco infelizmente é apenas uma repetição de fórmulas, com nenhum momento marcante. Apenas "Drive-In" conseguiu me chamar a atenção, com um bom arranjo e uma letra pra lá de divertida. Enfim é isso. Tudo tão descontraído e descompromissado como um grupo como esse poderia soar naqueles tempos, apesar da grande responsabilidade de ter que encarar o maior conjunto de rock da história nas paradas de sucesso.
The Beach Boys - All Summer Long (1964)
1) I Get Around
2) All Summer Long
3) Hushabye
4) Little Honda
5) We'll Run Away
6) Carl's Big Chance
7) Wendy
8) Do You Remember?
9) Girls On The Beach
10) Drive-In
11) Our Favorite Recording Sessions
12) Don't Back Down
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Madonna - True Blue
Desse disco a minha canção preferida é a que dá título ao álbum. "True Blue" parece uma melodia saída de algum compacto de Buddy Holly. Uma delícia. O clipe serviu para que Madonna adotasse um visual a la Marilyn Monroe, algo que sempre achei muito adequado. Ambas inclusive tinham mais em comum do que muitos pensavam. Também sempre considerei a imagem de Madonna dançando como uma pin-up dos anos 50 um verdadeiro ícone da música e do nascimento dos videoclips. A letra é bobinha, para não fundir a cabecinha das fãs, mas tudo bem. Esse é um daqueles pops que ficaram para sempre na cabeça de quem viveu os anos 80. O disco também é cheio de bobagens que não sobreviveram ao tempo. "White Head" é um desses momentos absurdamente datados. Cheio de sintetizadores, com uma parte falada - como se um filme estivesse sendo exibido ao fundo - a canção é um exemplo de como o tempo arrasa certas canções quando elas adotam instrumentos e efeitos sonoros que com o tempo ficam completamente ultrapassados e fora de moda. "Love Makes the World Go Round" também ficou velha, mas seu ritmo latino a salvou da mediocridade total. Vale pelo refrão bem alto astral. Madonna, que nunca foi boba, sabia como levantar uma pista de dança.
Madonna - True Blue (1986)
Papa Don't Preach / Open Your Heart / White Heat / Live to Tell / Where's the Party / True Blue / La Isla Bonita / Jimmy Jimmy / Love Makes the World Go Round.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Madonna - Like a Prayer
O alvo da vez, um dos preferidos da diva, foi a Igreja Católica. Como toda descendente de italianos a cantora sempre teve essa relação de amor e ódio com o catolicismo (afinal seu próprio nome vem da tradição católica romana). Na época Madonna criou polêmica com o clip da música, colocando um Jesus negro em uma igreja de um bairro pobre de Nova Iorque, sofrendo mais uma vez a violência das ruas. Para ser mais ousada ainda surgiu beijando na boca o Messias. Um escândalo! Era o tipo de polêmica que ela queria na época pois se mostrar como uma artista ousada, desafiadora, sempre rendeu bons dividendos de popularidade. E a Igreja Católica com toda sua tradição milenar se mostrou um alvo certeiro mais uma vez. No fundo essas exibições polêmicas de Madonna não possuem qualquer valor mais à sério para se debruçar, pois é queiram ou não seus admiradores, apenas mais uma jogada de marketing. A diva sabe se promover, isso é um fato incontestável. Deixando isso tudo de lado temos aqui uma boa seleção musical com faixas que viraram grandes hits nas rádios. Por essa época de extrema popularidade praticamente todas as canções dos álbuns de Madonna viravam mais cedo ou mais tarde hits radiofônicos. Musicalmente os arranjos, como não poderiam deixar de ser, seguem o receituário da época, ou seja, muitos sintetizadores, melodias dançantes e letras derivativas. Mesmo assim são gravações deliciosamente descartáveis que hoje funcionam como pura nostalgia para quem viveu na época. Uma receita de sucesso que se mostrou imbatível por anos e anos a fio.
Madonna - Like a Prayer (1989)
Like a Prayer / Express Yourself / Love Song / Till Death Do Us Part / Promise to Try / Cherish / Dear Jessie / Oh Father / Keep It Together / Spanish Eyes / Act of Contrition.
Pablo Aluísio.
Madonna - Like a Virgin
Como não poderia deixar de ser o álbum Like a Virgin é lotado de hits. "Material Girl", "Like a Virgin", "Into the Groove" (que foi incluída depois em uma segunda tiragem do disco), "Over and Over","Shoo-Bee-Doo" e "Dress You Up". Essas faixas tocavam o tempo todo, em todas as rádios, o dia inteiro. É literalmente impossível alguém que tenha vivido na década de 80 que não conheça todas elas."Material Girl" e "Like a Virgin" trazem a essência de Madonna. As letras falam de uma nova mulher, mais livre, dona de si, que deixa as amarras moralistas de lado para assumir um lado mais feminino, mais despudorado até. A própria Madonna usava "Like a Virgin" como uma paródia para os costumes e tabus sexuais da época. A virgindade, a suposta pureza que a sociedade exigia das mulheres, tudo isso era satirizado pela cantora. Nem preciso dizer que esse tipo de mensagem, aliada a um visual ousado e uma campanha muito bem pensada de marketing por parte da Warner, transformaram Madonna em um sucesso musical só comparado na época a Michael Jackson, que vinha de seu ultra sucesso "Thriller" (falaremos sobre ele em breve aqui no blog). O curioso é que muitos diziam que Madonna definitivamente não iria durar muito, que era uma estrela juvenil que logo seria esquecida. O tempo provou que ela tem uma forte resistência aos modismos e às modas musicais que vão e vem. De fato Madonna sobrevive. Hoje em dia ainda é considerada uma estrela, mesmo após tantos anos desse seu "Like a Virgin". Por essa razão se você estiver mesmo a fim de entender Madonna em sua mais pura essência não deixe de ouvir Like a Virgin. Um disco fundamental nesse aspecto.
Madonna - Like a Virgin (1984)
Material Girl / Angel / Like a Virgin / Over and Over / Love Don't Live Here Anymore / Into the Groove / Dress You Up / Shoo-Bee-Doo / Pretender / Stay.
Pablo Aluísio.