Vou me concentrar basicamente na edição original americana da década de 1970. Como se sabe esse álbum de Elvis teve várias edições posteriores, inclusive trazendo diversas músicas que não estavam no LP original. A era do CD trouxe mais espaço do que o antigo vinil, além é claro de que nas edições posteriores os interesses da RCA Victor eram bem outros, assim como o marketing também havia mudado, etc.
Pois bem, para quem era colecionador na época de seu lançamento original o que importava era ter novas canções, novas faixas, gravadas por Elvis ao vivo. Os LPs trazendo material "live" já tinham se tornado rotina dentro de sua discografia, então era natural que as novidades de palco se tornavam grandes atrativos de vendas nas lojas de discos. O problema é que Elvis vinha com um repertório mais engessado, desde que retornara aos shows em 1969. Assim a gravadora estava sempre sugerindo ao cantor para que ele inovasse mais na lista de músicas, pois assim o selo teria material mais atrativo para o colecionador de sua discografia.
Nesse quesito de novidades o disco trazia uma versão inédita e pouco conhecida da música "Help Me". Era uma canção gospel ainda não lançada nos discos do cantor. Só depois ela iria chegar ao mercado em sua versão de estúdio no álbum "Promised Land". Era conhecido o fato de que Elvis sempre procurava encaixar alguma canção com letra religiosa em seus concertos. Fazia parte de sua formação musical e de sua personalidade como homem de fé. E esse gospel em particular tinha bom ritmo, boa pegada, para apresentações ao vivo. A letra, como já comentei, era um diálogo pessoal entre ele e Deus, onde de forma humilde pedia por ajuda, uma vez que havia chegado na conclusão de que já não tinha forças suficientes para resolver todos os problemas de sua vida sozinho.
Outra novidade era esse medley de pouco mais de três minutos trazendo "Blueberry Hill / I Can't Stop Loving You", A primeira tinha sido gravada por Elvis nos anos 1950, fazendo parte de seus disco "Loving You" e a segunda era figurinha fácil desde que Elvis voltara aos palcos em 1969 no International Hotel. Ficou muito boa a junção dessas faixas, principalmente nos primeiros acordes de "Blueberry Hill", um clássico do surgimento do rock nos Estados Unidos, ainda na voz de Fats Domino. O piano sempre foi o grande diferencial, trazendo uma harmonia que era pouco explorada em discos de rock naqueles tempos pioneiros.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Elvis Presley - Elvis as Recorded Live on Stage in Memphis - Parte 3
Esse disco ao vivo tem uma boa quantidade de músicas dos anos 50 e Elvis usou o mesmo estilo de cantar daquela época, o que deu um sabor bem nostálgico em sua interpretação. Algo fácil de perceber em faixas como "My Baby Left Me", canção que marcou bastante a carreira do cantor em seus anos iniciais. A versão de 74 não dura muito, é verdade, mas serve como lembrete ao público que aquele que estava no palco naquele momento era conhecido como o Rei do Rock.
"Lawdy, Miss Clawdy" chegou na discografia de álbuns ou LPs da RCA Victor no "For LP Fans Only", uma coleção de músicas que a gravadora lançou enquanto Elvis cumpria serviço militar na Alemanha, no final dos anos 50. Na capa Elvis aparecia com seu cabelo na cor natural, loiro, o que surpreendeu muita gente na época que pensava ser o preto seu cabelo real. Na verdade Elvis vinha pintando o cabelo desde muito cedo. Ele não gostava muito do amarelo de sua mechas e preferia ser aquele cara de olhos azuis e cabelo bem preto, aliás uma combinação que Elvis parecia preferir também nas mulheres. Priscilla, por exemplo, tinha essa combinação, O que talvez explique sua paixão por ela.
"I Got A Woman" também era dos anos 50, de seu primeiro disco na RCA Victor. Nos anos 70 Elvis a modificou bem, fazendo uma dobradinha com "Amen", canção gospel. Havia virado uma rotina em seus concertos, um pequeno medley que ele cantava sempre no começo dos shows. Inicialmente era interessante, Elvis aproveitava para provocar um pouco o público feminino, porém com o passar dos anos esse momento foi ficando saturado, principalmente para os músicos de sua banda, tendo sempre que tocar a mesma partitura. E Elvis foi também "avacalhando" ainda mais, a transformando quase em uma paródia. Hoje em dia já passou da saturação excessiva, principalmente para quem gosta de colecionar seus trabalhos ao vivo. Cansou completamente.
Uma boa surpresa para o colecionador da época vinha com o extenso medley de rocks dos anos 50 trazendo "Long Tall Sally / Whole Lot-ta Shakin' Goin' On / Mama Don't Dance / Flip Flop And Fly / Jailhouse Rock / Hound Dog". É a tal coisa. Todos sabem que Elvis já não tinha mais muita paciência para essas músicas, não depois de as interpretar por anos a fio. Porém o público queria ouvir ele cantando esses momentos. Não havia saída, Elvis tinha que cantar seus clássicos. Assim ele acabou juntando tudo em um medley. Isso me faz lembrar também de um conselho de Frank Sinatra que havia dito a Elvis que não mudasse muito a lista das músicas de seus concertos, que apostasse nos sucessos para ninguém sair decepcionado de suas apresentações.
Pablo Aluísio.
"Lawdy, Miss Clawdy" chegou na discografia de álbuns ou LPs da RCA Victor no "For LP Fans Only", uma coleção de músicas que a gravadora lançou enquanto Elvis cumpria serviço militar na Alemanha, no final dos anos 50. Na capa Elvis aparecia com seu cabelo na cor natural, loiro, o que surpreendeu muita gente na época que pensava ser o preto seu cabelo real. Na verdade Elvis vinha pintando o cabelo desde muito cedo. Ele não gostava muito do amarelo de sua mechas e preferia ser aquele cara de olhos azuis e cabelo bem preto, aliás uma combinação que Elvis parecia preferir também nas mulheres. Priscilla, por exemplo, tinha essa combinação, O que talvez explique sua paixão por ela.
"I Got A Woman" também era dos anos 50, de seu primeiro disco na RCA Victor. Nos anos 70 Elvis a modificou bem, fazendo uma dobradinha com "Amen", canção gospel. Havia virado uma rotina em seus concertos, um pequeno medley que ele cantava sempre no começo dos shows. Inicialmente era interessante, Elvis aproveitava para provocar um pouco o público feminino, porém com o passar dos anos esse momento foi ficando saturado, principalmente para os músicos de sua banda, tendo sempre que tocar a mesma partitura. E Elvis foi também "avacalhando" ainda mais, a transformando quase em uma paródia. Hoje em dia já passou da saturação excessiva, principalmente para quem gosta de colecionar seus trabalhos ao vivo. Cansou completamente.
Uma boa surpresa para o colecionador da época vinha com o extenso medley de rocks dos anos 50 trazendo "Long Tall Sally / Whole Lot-ta Shakin' Goin' On / Mama Don't Dance / Flip Flop And Fly / Jailhouse Rock / Hound Dog". É a tal coisa. Todos sabem que Elvis já não tinha mais muita paciência para essas músicas, não depois de as interpretar por anos a fio. Porém o público queria ouvir ele cantando esses momentos. Não havia saída, Elvis tinha que cantar seus clássicos. Assim ele acabou juntando tudo em um medley. Isso me faz lembrar também de um conselho de Frank Sinatra que havia dito a Elvis que não mudasse muito a lista das músicas de seus concertos, que apostasse nos sucessos para ninguém sair decepcionado de suas apresentações.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis as Recorded Live on Stage in Memphis - Parte 4
A primeira vez que um fã de Elvis, ainda nos anos 70, ouviu em disco a música "See See Rider" foi no bom álbum "On Stage - February 1970". Depois a música iria passar um tempo sem aparecer em seus discos ao vivo. A RCA Victor evitava repetir uma mesma faixa várias vezes. Ela retornaria em sua discografia aqui nesse álbum de Memphis. A voz de Elvis estava bem mais encorpada, poderosa na opinião de alguns fãs. E a música, mesmo sendo usada por Elvis nos palcos à exaustão, não perdia o brilho. De certa maneira fácil de cantar, com letra simples e bom balanço, para levantar mesmo o público, era mesmo uma canção à prova de falhas no palco.
Já "Why Me Lord" era novidade, uma das inéditas que levaram os fãs a comprar o disco de todo jeito, mesmo se não estivessem muito a fim de ter outro disco ao vivo de Elvis. Sempre que a RCA mostrava interesse de lançar algum disco "Live" de Elvis no mercado lhe era sugerido que fossem colocadas músicas novas em seu repertório. Era a isca, o jeito de fisgar o colecionador. Em termos de interpretação nada o que criticar. Elvis em músicas religiosas colocava o coração em cada sílaba. Era impressionante ver como ele conseguia atingir notas altas, impossíveis mesmo para alguns cantores. Sempre que o gospel chegava no palco Elvis procurava dar tudo de si. Ele tinha realmente um grande sentimento religioso em seu alma. Era um homem de fé. Ninguém pode negar isso.
"How Great Thou Art" também estreava em álbuns na versão ao vivo, o que deve ter deixado muita gente surpresa. É fato bem claro que Elvis havia elevado o grau de dramaticidade nessa música quando a cantava em seus concertos. O refrão havia se tornado forte, bem mais espetacular do que se ouvia no disco original. Um crítico chegou a dizer que havia dado um pulo da cadeira quando Elvis soltou o vozeirão nessa canção em um concerto realizado no sul. Imagine, nesse lugares, na região conhecida como o "cinturão bíblico" dos Estados Unidos, Elvis realmente procurava caprichar pois sabia que o público era praticamente todo protestante.
"Let Me Be There" também era outra música que aparecia pela primeira vez na discografia de Elvis na época. O curioso dessa faixa é que a RCA Victor iria utilizá-la novamente no álbum "Moody Blue", inclusive usando da mesma gravação, da mesma faixa. Foi um caso bem único na discografia oficial de Elvis. Será que eles achavam que esse country iria passar como algo novo tendo em vista que o disco de Memphis não chegou a vender muito bem? Se foi esse o pensamento, então é mesmo de se lamentar tamanha artimanha para enganar os fãs. Afinal até parecia que não havia material inédito nenhum dentro da gravadora, algo que os anos iriam mostrar ser uma inverdade. De qualquer forma fica o registro. A música que você ouve no "Moody Blue" é a mesma que foi lançada inicialmente nesse disco. Um oportunismo não justificável por parte da gravadora de Elvis nos anos 70. Lamentável mesmo.
Pablo Aluísio.
Já "Why Me Lord" era novidade, uma das inéditas que levaram os fãs a comprar o disco de todo jeito, mesmo se não estivessem muito a fim de ter outro disco ao vivo de Elvis. Sempre que a RCA mostrava interesse de lançar algum disco "Live" de Elvis no mercado lhe era sugerido que fossem colocadas músicas novas em seu repertório. Era a isca, o jeito de fisgar o colecionador. Em termos de interpretação nada o que criticar. Elvis em músicas religiosas colocava o coração em cada sílaba. Era impressionante ver como ele conseguia atingir notas altas, impossíveis mesmo para alguns cantores. Sempre que o gospel chegava no palco Elvis procurava dar tudo de si. Ele tinha realmente um grande sentimento religioso em seu alma. Era um homem de fé. Ninguém pode negar isso.
"How Great Thou Art" também estreava em álbuns na versão ao vivo, o que deve ter deixado muita gente surpresa. É fato bem claro que Elvis havia elevado o grau de dramaticidade nessa música quando a cantava em seus concertos. O refrão havia se tornado forte, bem mais espetacular do que se ouvia no disco original. Um crítico chegou a dizer que havia dado um pulo da cadeira quando Elvis soltou o vozeirão nessa canção em um concerto realizado no sul. Imagine, nesse lugares, na região conhecida como o "cinturão bíblico" dos Estados Unidos, Elvis realmente procurava caprichar pois sabia que o público era praticamente todo protestante.
"Let Me Be There" também era outra música que aparecia pela primeira vez na discografia de Elvis na época. O curioso dessa faixa é que a RCA Victor iria utilizá-la novamente no álbum "Moody Blue", inclusive usando da mesma gravação, da mesma faixa. Foi um caso bem único na discografia oficial de Elvis. Será que eles achavam que esse country iria passar como algo novo tendo em vista que o disco de Memphis não chegou a vender muito bem? Se foi esse o pensamento, então é mesmo de se lamentar tamanha artimanha para enganar os fãs. Afinal até parecia que não havia material inédito nenhum dentro da gravadora, algo que os anos iriam mostrar ser uma inverdade. De qualquer forma fica o registro. A música que você ouve no "Moody Blue" é a mesma que foi lançada inicialmente nesse disco. Um oportunismo não justificável por parte da gravadora de Elvis nos anos 70. Lamentável mesmo.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis as Recorded Live on Stage in Memphis - Parte 5
Já que o show foi realizado em Memphis nada mais natural do que Elvis trazer bastante country music em seu repertório. E se fosse do começo de sua carreira, melhor ainda. Havia um toque de nostalgia envolvida nessa apresentação, até porque apos tantos anos, voltar a se apresentar em Memphis, a cidade que Elvis considerava seu lar, era muito importante para ele. Assim ele colocou "Trying To Get To You" na seleção musical do concerto. Ele de fato gostava mesmo dessa música, tanto que ela foi figurinha fácil em suas turnês durante os anos 70. Dentro de sua discografia ela fez parte de seu primeiro álbum na RCA Victor. Era uma volta ao passado.
E também por Memphis ser uma das cidades sulistas mais importantes dos Estados Unidos, Elvis não poderia jamais deixar de cantar "An American Trilogy" para esse público. Essa foi uma música histórica, na verdade um medley, que unia músicas tradicionais, ainda dos tempos da guerra civil americana. Como se sabe esse conflito foi um dos mais devastadores da história dos Estados Unidos. E dentro da tragédia sempre a arte se faz presente para captar corações e mentes daqueles que viveram esses tempos difíceis.
Nessa guerra havia dois exércitos. O do sul, chamado confederado (porque eles defendiam a ideia de uma confederação, onde os estados poderiam deixar os Estados Unidos, se assim quisessem) e o do norte (que defendia que a secessão, a saída dos estados da união, não era possível). Os soldados do sul, com casacos cinzas, cantavam sobre Dixieland nos campos de batalha. Dixieland era um lugar utópico, nostálgico, que no fundo representava todo o sul dos Estados Unidos. Memphis era Dixieland, assim como Atlanta, Nashville, também eram Dixieland. Qualquer cidadezinha do sul, por menor que fosse, era Dixieland. Dixieland era o sul inteiro. Era um sentimento de paixão pelas origens, não um lugar bem delimitado geograficamente. Por isso Elvis jamais poderia deixar essa canção de fora em seu concerto de Memphis.
Por fim, fechando o show, Elvis não saiu do que costumeiramente fazia em outras turnês. Ele sempre encerrava seus concertos com a balada do filme Blue Hawaii chamada "Can´t Help Falling In Love". Eu sempre fiquei com um pé atrás de todas as execuções dessa balada em shows ao vivo. Acontece que ela deveria ser executada de uma forma terna, romântica. Só que no excesso de adrenalina dos concertos Elvis e banda sempre a aceleravam demais. Com isso a canção perdia parte de sua beleza em termos de harmonia e desenvolvimento. Assim sempre preferi mesmo a versão de estúdio da trilha sonora original. Foi a melhor performance de Elvis em toda a sua carreira. Nada supera aqueles belos arranjos e aquela bela vocalização por parte do cantor.
Pablo Aluísio.
E também por Memphis ser uma das cidades sulistas mais importantes dos Estados Unidos, Elvis não poderia jamais deixar de cantar "An American Trilogy" para esse público. Essa foi uma música histórica, na verdade um medley, que unia músicas tradicionais, ainda dos tempos da guerra civil americana. Como se sabe esse conflito foi um dos mais devastadores da história dos Estados Unidos. E dentro da tragédia sempre a arte se faz presente para captar corações e mentes daqueles que viveram esses tempos difíceis.
Nessa guerra havia dois exércitos. O do sul, chamado confederado (porque eles defendiam a ideia de uma confederação, onde os estados poderiam deixar os Estados Unidos, se assim quisessem) e o do norte (que defendia que a secessão, a saída dos estados da união, não era possível). Os soldados do sul, com casacos cinzas, cantavam sobre Dixieland nos campos de batalha. Dixieland era um lugar utópico, nostálgico, que no fundo representava todo o sul dos Estados Unidos. Memphis era Dixieland, assim como Atlanta, Nashville, também eram Dixieland. Qualquer cidadezinha do sul, por menor que fosse, era Dixieland. Dixieland era o sul inteiro. Era um sentimento de paixão pelas origens, não um lugar bem delimitado geograficamente. Por isso Elvis jamais poderia deixar essa canção de fora em seu concerto de Memphis.
Por fim, fechando o show, Elvis não saiu do que costumeiramente fazia em outras turnês. Ele sempre encerrava seus concertos com a balada do filme Blue Hawaii chamada "Can´t Help Falling In Love". Eu sempre fiquei com um pé atrás de todas as execuções dessa balada em shows ao vivo. Acontece que ela deveria ser executada de uma forma terna, romântica. Só que no excesso de adrenalina dos concertos Elvis e banda sempre a aceleravam demais. Com isso a canção perdia parte de sua beleza em termos de harmonia e desenvolvimento. Assim sempre preferi mesmo a versão de estúdio da trilha sonora original. Foi a melhor performance de Elvis em toda a sua carreira. Nada supera aqueles belos arranjos e aquela bela vocalização por parte do cantor.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Elvis Presley - Good Times - Parte 1
O LP "Good Times" não foi lançado no Brasil na época. Absurdo completo, mas essa era a nossa realidade em 1974. Nem tudo que era lançado nos Estados Unidos chegava nas mãos dos fãs brasileiros. Uma pena porque o disco era bom. Trazia finalmente material novo, inédito, gravado por Elvis no Stax Recording Studio, em Memphis. Como se sabe Elvis já não tinha mais a mesma disposição de ir até Nashville para fazer novas gravações. Preferia ficar por ali mesmo, nos arredores de Graceland. Era algo mais confortável para ele. Sem outra saída, a RCA Victor concordou com a mudança.
Esse é um álbum de boas baladas, country e um ou outro flerte com a black music, principalmente a produzida em Memphis. O Stax tinha longa tradição em gravações de artistas negros locais. Elvis que sempre bebeu dessa fonte ficou muito à vontade por ali. Reuniu basicamente sua banda de palco e foi para o estúdio em busca de material novo para seus discos. A primeira rodada de gravações aconteceu em julho de 1973.
"Good Time Charlie's Got The Blues" é certamente uma das músicas que mais aprecio dessa fase. Tecnicamente seria um blues com sabor country, escrito por Danny O'Keefe. Fez parte do primeiro álbum desse cantor e compositor em 1967. Ele era tipicamente um artista daquela época, do flower power, do chamado verão do amor. A guerra do Vietnã começava sua escalada rumo ao desastre e ele compôs essa balada de letra e harmonia bem melancólicas. Curiosamente o guitarrista James Burton diria anos depois que a faixa tinha sido um dos seus melhores trabalhos ao lado de Elvis, onde ele tocou seu instrumento apenas com a inspiração do momento, sem se importar muito com as partituras à sua frente. O solo ficou realmente muito bonito. Em seu lançamento original a canção chegou a um honroso nono lugar na parada Billboard Hot 100. Excelente posição!
Já "Spanish Eyes" era mais uma aproximação de Elvis com a música europeia. Ela havia sido gravada pela primeira vez em 1965 com seu título original, "Moon Over Naples". Al Martino foi quem a apresentou com sucesso pela primeira vez ao público americano. Andy Williams também conseguiu grande êxito de vendas com sua própria versão. Quando a música finalmente chegou nas mãos de Elvis já tinha outro nome, "Spanish Eyes", algo que atraiu Elvis desde que a conheceu anteriormente. É uma canção muito tradicional entre os descendentes latinos que vivem na América. Elvis realizou uma bela versão em estúdio, chegando a cantá-la também em concertos ao vivo. Em ambas as situações sua performance sempre foi das melhores. Era algo que claramente o inspirava a cantar bem.
Pablo Aluísio.
Esse é um álbum de boas baladas, country e um ou outro flerte com a black music, principalmente a produzida em Memphis. O Stax tinha longa tradição em gravações de artistas negros locais. Elvis que sempre bebeu dessa fonte ficou muito à vontade por ali. Reuniu basicamente sua banda de palco e foi para o estúdio em busca de material novo para seus discos. A primeira rodada de gravações aconteceu em julho de 1973.
"Good Time Charlie's Got The Blues" é certamente uma das músicas que mais aprecio dessa fase. Tecnicamente seria um blues com sabor country, escrito por Danny O'Keefe. Fez parte do primeiro álbum desse cantor e compositor em 1967. Ele era tipicamente um artista daquela época, do flower power, do chamado verão do amor. A guerra do Vietnã começava sua escalada rumo ao desastre e ele compôs essa balada de letra e harmonia bem melancólicas. Curiosamente o guitarrista James Burton diria anos depois que a faixa tinha sido um dos seus melhores trabalhos ao lado de Elvis, onde ele tocou seu instrumento apenas com a inspiração do momento, sem se importar muito com as partituras à sua frente. O solo ficou realmente muito bonito. Em seu lançamento original a canção chegou a um honroso nono lugar na parada Billboard Hot 100. Excelente posição!
Já "Spanish Eyes" era mais uma aproximação de Elvis com a música europeia. Ela havia sido gravada pela primeira vez em 1965 com seu título original, "Moon Over Naples". Al Martino foi quem a apresentou com sucesso pela primeira vez ao público americano. Andy Williams também conseguiu grande êxito de vendas com sua própria versão. Quando a música finalmente chegou nas mãos de Elvis já tinha outro nome, "Spanish Eyes", algo que atraiu Elvis desde que a conheceu anteriormente. É uma canção muito tradicional entre os descendentes latinos que vivem na América. Elvis realizou uma bela versão em estúdio, chegando a cantá-la também em concertos ao vivo. Em ambas as situações sua performance sempre foi das melhores. Era algo que claramente o inspirava a cantar bem.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Good Times - Parte 2
Certa vez li um artigo escrito por um crítico de música inglês em que ele dizia que "Loving Arms" era o mais próximo que Elvis tinha chegado de gravar uma valsa. Uma valsinha com sabor country. Essa opinião não deixou de ter seu fundo de verdade. A canção realmente tinha um pouco dessa antiga e tradicional escola musical. Se bem que ela não foi composta em Viena, mas sim em Yakima, uma cidadezinha do estado de Washington. Foi lá que nasceu Tom Jans, cantor e compositor folk, country, que acabou tendo sua obra gravada por Elvis alguns anos depois.
A versão de Elvis foi obviamente inspirada não na gravação original de Tom Jans, mas sim na que saiu no disco de Kris Kristofferson. Elvis já havia gravado antes músicas desse talentoso ator e cantor, em especial "Help Me Make It Through The Night" que já tinha sido lançada no álbum "Elvis Now" de 1972.
O grande sucesso do disco "Good Times" porém foi inegavelmente a canção "My Boy". Era uma versão em língua inglesa da música original francesa que havia sido composta pela dupla Jean-Pierre Bourtayre e Claude François. Para muitos autores a canção mexeu com Elvis por causa da letra, versando sobre um pai e seu filho, após o fim de seu casamento. Algo bem próximo do que Elvis vinha passando em sua vida pessoal. Embora tenha se divorciado de Priscilla em 1972, o fim desse relacionamento jamais foi superado por Elvis. Pior era saber que Lisa Marie, sua filha, iria crescer em um lar desfeito. Elvis jamais conseguiu se conformar com isso. Era algo muito doloroso para ele do ponto de vista emocional. Assim a canção vinha como uma forma de mensagem sincera para sua filha.
"If That Isn't Love" sempre achei um pouco coadjuvante, sem brilho próprio. Um autêntico Lado B da discografia de Elvis. É uma canção romântica, uma declaração de amor com versos até simples. "Se isso não for amor / Então o oceano está seco / E não há estrelas no céu / E os pássaros não podem voar / Sim, se isso não for amor / Então o céu é um mito / Não há sensação como esta", Como se pode perceber pelos seus versos é uma canção romântica bem singela, novamente com claro estilo country, onde o autor tenta trazer esse sentimento amoroso bucólico, misturando seus sentimentos com aspectos da natureza. Um autêntico poema da primeira geração romântica. De uma forma ou outra chamou a atenção de Elvis que quis gravar sua versão da música.
Pablo Aluísio.
A versão de Elvis foi obviamente inspirada não na gravação original de Tom Jans, mas sim na que saiu no disco de Kris Kristofferson. Elvis já havia gravado antes músicas desse talentoso ator e cantor, em especial "Help Me Make It Through The Night" que já tinha sido lançada no álbum "Elvis Now" de 1972.
O grande sucesso do disco "Good Times" porém foi inegavelmente a canção "My Boy". Era uma versão em língua inglesa da música original francesa que havia sido composta pela dupla Jean-Pierre Bourtayre e Claude François. Para muitos autores a canção mexeu com Elvis por causa da letra, versando sobre um pai e seu filho, após o fim de seu casamento. Algo bem próximo do que Elvis vinha passando em sua vida pessoal. Embora tenha se divorciado de Priscilla em 1972, o fim desse relacionamento jamais foi superado por Elvis. Pior era saber que Lisa Marie, sua filha, iria crescer em um lar desfeito. Elvis jamais conseguiu se conformar com isso. Era algo muito doloroso para ele do ponto de vista emocional. Assim a canção vinha como uma forma de mensagem sincera para sua filha.
"If That Isn't Love" sempre achei um pouco coadjuvante, sem brilho próprio. Um autêntico Lado B da discografia de Elvis. É uma canção romântica, uma declaração de amor com versos até simples. "Se isso não for amor / Então o oceano está seco / E não há estrelas no céu / E os pássaros não podem voar / Sim, se isso não for amor / Então o céu é um mito / Não há sensação como esta", Como se pode perceber pelos seus versos é uma canção romântica bem singela, novamente com claro estilo country, onde o autor tenta trazer esse sentimento amoroso bucólico, misturando seus sentimentos com aspectos da natureza. Um autêntico poema da primeira geração romântica. De uma forma ou outra chamou a atenção de Elvis que quis gravar sua versão da música.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Elvis Presley - Good Times - Parte 3
Pois é, quem disse que a vida ia ser fácil? Elvis em 1974 tentava ainda superar o fim de seu casamento. O divórcio tinha acabado com seu sonho de casal feliz um ano antes. O cantor ainda procurava justificativas, fazia reflexões e tentava superar a depressão. Muitas vezes aproveitava para mandar mensagens do que pensava nas letras das músicas dos discos que gravava.
Em "She Wears My Ring" Elvis cantava uma letra que ia direto ao ponto, se referindo ao anel de casamento. Só que o seu matrimônio havia sido uma experiência ruim. Como ele poderia ser ao mesmo tempo nostálgico sobre tudo o que aconteceu? Provavelmente chorava por uma idealização que nunca chegou a se concretizar. Diante de tudo isso sempre achei a música a mais baixo astral do álbum. Não empolga e no fim das contas chega a cair na monotonia em alguns trechos.
Ainda falando sobre os bons e velhos tempos, Elvis soava mais uma vez como pura nostalgia em "Talk About The Good Times". Esse country rock de maravilhosa melodia deveria ter se tornado um dos grandes sucessos de Elvis nos anos 70. Também deveria ter sido explorada mais por Elvis em seus concertos. Iria funcionar muito bem, principalmente por causa de seu ritmo contagiante. Infelizmente nada disso aconteceu. A RCA Victor nunca promoveu a gravação e Elvis não a levou para seu repertório de shows. Com isso acabou muito restrita, sendo conhecida basicamente apenas por seus fãs de longa data. Que desperdício!
"Take Good Care of Her" voltava para a melancolia. Cantar essa letra deve ter sido um martírio psicológico para Elvis. Nela um homem apaixonado se lamentava pelo fim de seu relacionamento. Sem ter chance de fazer nada sobre isso apenas dizia para o novo casal (sua ex-mulher e o novo homem dela) que eles deveriam se cuidar mutuamente, para serem felizes. Desiludido, chegava ao ponto de dar parabéns ao novo casal! Que dureza hein? Era como se Elvis se dirigisse a Mike Stone para dizer a ele que cuidasse bem de Priscilla, porque ela havia sido o maior amor de sua vida! Resignação completa, um homem de joelhos por causa da nova situação, tentando superar tudo da melhor forma possível! Psicologicamente tenho certeza não foi nada bom para ele gravar uma canção como essa! Não me admira a depressão ir aumentando dia a dia, tornando a doença uma companheira constante e nada agradável em sua vida.
Pablo Aluísio.
Em "She Wears My Ring" Elvis cantava uma letra que ia direto ao ponto, se referindo ao anel de casamento. Só que o seu matrimônio havia sido uma experiência ruim. Como ele poderia ser ao mesmo tempo nostálgico sobre tudo o que aconteceu? Provavelmente chorava por uma idealização que nunca chegou a se concretizar. Diante de tudo isso sempre achei a música a mais baixo astral do álbum. Não empolga e no fim das contas chega a cair na monotonia em alguns trechos.
Ainda falando sobre os bons e velhos tempos, Elvis soava mais uma vez como pura nostalgia em "Talk About The Good Times". Esse country rock de maravilhosa melodia deveria ter se tornado um dos grandes sucessos de Elvis nos anos 70. Também deveria ter sido explorada mais por Elvis em seus concertos. Iria funcionar muito bem, principalmente por causa de seu ritmo contagiante. Infelizmente nada disso aconteceu. A RCA Victor nunca promoveu a gravação e Elvis não a levou para seu repertório de shows. Com isso acabou muito restrita, sendo conhecida basicamente apenas por seus fãs de longa data. Que desperdício!
"Take Good Care of Her" voltava para a melancolia. Cantar essa letra deve ter sido um martírio psicológico para Elvis. Nela um homem apaixonado se lamentava pelo fim de seu relacionamento. Sem ter chance de fazer nada sobre isso apenas dizia para o novo casal (sua ex-mulher e o novo homem dela) que eles deveriam se cuidar mutuamente, para serem felizes. Desiludido, chegava ao ponto de dar parabéns ao novo casal! Que dureza hein? Era como se Elvis se dirigisse a Mike Stone para dizer a ele que cuidasse bem de Priscilla, porque ela havia sido o maior amor de sua vida! Resignação completa, um homem de joelhos por causa da nova situação, tentando superar tudo da melhor forma possível! Psicologicamente tenho certeza não foi nada bom para ele gravar uma canção como essa! Não me admira a depressão ir aumentando dia a dia, tornando a doença uma companheira constante e nada agradável em sua vida.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Good Times - Parte 4
"I Got a Feelin' in My Body" é uma das melhores músicas do álbum "Good Times". Em um disco de músicas mais voltadas para o romantismo, em um repertório de baladas country, essa faixa realmente se destacava por ser diferente. Ela foi composta por Dennis Linde, e oferecida quase que imediatamente para Elvis gravar. Para quem tinha composto o hit "Burning Love" era mais do que bem-vinda.
Porém como já havia virado tradição (negativa, é bom frisar) a gravadora RCA Victor nada fez para promovê-la nas rádios. Mal promovida, acabou não fazendo o sucesso que todos esperavam. O que é uma pena, já que ela tinha potencial, quase no mesmo nível que "Burning Love".
O curioso é que em 1979, já depois da morte de Elvis, a RCA decidiu relançá-la como lado A de um single com "There's a Honky Tonk Angel (Who Will Take Me Back In)". O resultado? Chegou ao sexto lugar na Billboard, parada country! Veja como a RCA cometia erros dentro da discografia de Elvis. Por que não a divulgaram em 1974? Sem palavras...
Do estilo mais dançante dentro do disco eu ainda prefiro "I've Got a Thing About You Baby". Nem preciso me repetir aqui. Essa é outra gravação ótima de Elvis que a RCA Victor não fez a menor questão de promover. O incrível é saber que a RCA (Radio Corporation of America) tinha centenas de estações de rádio ao seu dispor, fazia parte da mesma empresa. Só era necessário o envio de acetatos para essas rádios espalhadas por todos os Estados Unidos para transformar qualquer canção gravada por Elvis em sucesso instantâneo, mas ao invés disso a gravadora do cantor nada fez, não promoveu, não fez nada pelo disco. Assim ficava mesmo complicado se destacar nas paradas musicais da época.
Pablo Aluísio.
Porém como já havia virado tradição (negativa, é bom frisar) a gravadora RCA Victor nada fez para promovê-la nas rádios. Mal promovida, acabou não fazendo o sucesso que todos esperavam. O que é uma pena, já que ela tinha potencial, quase no mesmo nível que "Burning Love".
O curioso é que em 1979, já depois da morte de Elvis, a RCA decidiu relançá-la como lado A de um single com "There's a Honky Tonk Angel (Who Will Take Me Back In)". O resultado? Chegou ao sexto lugar na Billboard, parada country! Veja como a RCA cometia erros dentro da discografia de Elvis. Por que não a divulgaram em 1974? Sem palavras...
Do estilo mais dançante dentro do disco eu ainda prefiro "I've Got a Thing About You Baby". Nem preciso me repetir aqui. Essa é outra gravação ótima de Elvis que a RCA Victor não fez a menor questão de promover. O incrível é saber que a RCA (Radio Corporation of America) tinha centenas de estações de rádio ao seu dispor, fazia parte da mesma empresa. Só era necessário o envio de acetatos para essas rádios espalhadas por todos os Estados Unidos para transformar qualquer canção gravada por Elvis em sucesso instantâneo, mas ao invés disso a gravadora do cantor nada fez, não promoveu, não fez nada pelo disco. Assim ficava mesmo complicado se destacar nas paradas musicais da época.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Elvis Presley - Raised on Rock - Parte 1
O disco "Raised on Rock" não foi muito bem sucedido do ponto de vista comercial. Só conseguiu chegar entre os 50 álbuns mais vendidos, segundo a parada da Billboard. Uma posição bem ruim para um astro do porte e da fama de Elvis Presley. Pior do que isso, era um álbum de gravações inéditas, o que deixou a RCA Victor perplexa pela falta de interesse dos próprios fãs de Elvis. Ninguém pareceu se interessar. Muito se criticou também na época de lançamento que era um LP muito curto (não chegava nem a 30 minutos de duração), sem grandes sucessos e músicas de impacto. Faltava uma "Burning Love", por exemplo, para puxar as vendas para cima. Sem hits, acabou ficando no vácuo.
E isso não deixava de ser algo a se lamentar, porque havia sim boas faixas em seu repertório. Nenhuma delas se tornou muito relevante para a carreira de Elvis, isso era verdade, mas inegavelmente havia boa música ali. Talvez o disco tenha se prejudicado por problemas pessoais de Elvis. A gravadora queria realizar uma nova maratona de gravações, como a que havia acontecido em 1969 e 1970, mas Elvis sucumbiu no meio dos trabalhos. Ele chegava atrasado no estúdio, aparentando desinteresse (um efeito da depressão pelo qual vinha passando) e isso desanimava os demais músicos da banda. O produtor Felton Jarvis acabou tendo muito trabalho com o grupo. Um baixista foi demitido por tocar deitado no chão, entediado pelo estado desanimador de Elvis. Tudo muito baixo astral.
Parte desse clima passou para algumas das canções. Um exemplo era "Are You Sincere", uma música muito melancólica, depressiva mesmo, que Elvis gravou com dificuldades. A letra, extremamente simples e emocional, com estrofes pequenos e repetitivos, criava um clima de desamparo completo no ouvinte. Quando Elvis morreu e a RCA lançou o disco "Our Memories of Elvis" essa canção foi a que abriu o disco. A diferença é que ela vinha na sua versão crua, tal como fora gravado em estúdio. No disco oficial "Raised On Rock" ela aparecia com os diversos tratamentos sonoros colocados pelo produtor Felton Jarvis. Muitos fãs preferem ouvir as faixas limpas, apenas com Elvis e banda tocando em estúdio, porém penso que não é sempre o caso. "Are You Sincere", por exemplo, ganhou bastante em beleza pelas mãos talentosas do produtor Jarvis. Sem overdub ela só conseguia se parecer mais tristonha e depressiva do que já era e isso não era bem uma qualidade a se louvar.
Pablo Aluísio.
E isso não deixava de ser algo a se lamentar, porque havia sim boas faixas em seu repertório. Nenhuma delas se tornou muito relevante para a carreira de Elvis, isso era verdade, mas inegavelmente havia boa música ali. Talvez o disco tenha se prejudicado por problemas pessoais de Elvis. A gravadora queria realizar uma nova maratona de gravações, como a que havia acontecido em 1969 e 1970, mas Elvis sucumbiu no meio dos trabalhos. Ele chegava atrasado no estúdio, aparentando desinteresse (um efeito da depressão pelo qual vinha passando) e isso desanimava os demais músicos da banda. O produtor Felton Jarvis acabou tendo muito trabalho com o grupo. Um baixista foi demitido por tocar deitado no chão, entediado pelo estado desanimador de Elvis. Tudo muito baixo astral.
Parte desse clima passou para algumas das canções. Um exemplo era "Are You Sincere", uma música muito melancólica, depressiva mesmo, que Elvis gravou com dificuldades. A letra, extremamente simples e emocional, com estrofes pequenos e repetitivos, criava um clima de desamparo completo no ouvinte. Quando Elvis morreu e a RCA lançou o disco "Our Memories of Elvis" essa canção foi a que abriu o disco. A diferença é que ela vinha na sua versão crua, tal como fora gravado em estúdio. No disco oficial "Raised On Rock" ela aparecia com os diversos tratamentos sonoros colocados pelo produtor Felton Jarvis. Muitos fãs preferem ouvir as faixas limpas, apenas com Elvis e banda tocando em estúdio, porém penso que não é sempre o caso. "Are You Sincere", por exemplo, ganhou bastante em beleza pelas mãos talentosas do produtor Jarvis. Sem overdub ela só conseguia se parecer mais tristonha e depressiva do que já era e isso não era bem uma qualidade a se louvar.
Pablo Aluísio.
domingo, 16 de maio de 2010
Elvis Presley - Raised on Rock - Parte 2
Muitos criticam a canção "Girl of Mine" afirmando que seria uma performance preguiçosa por parte de Elvis Presley. Há uma certa dose de verdade nisso. Elvis que já não vinha muito bem no aspecto psicológico (a depressão ia aumentando a cada dia) apenas levou a música em um certo tom, diria no controle remoto. A melodia e a harmonia da música também não ajudavam. Ele é bem assim mesmo, composta dessa forma. O que salva é a sonoridade country bem característica de Nashville nos anos 70. Particularmente gosto da letra. Tem versos bem construídos como os que seguem: "Quando você dorme ao meu lado, eu fico olhando você deitada / Suas mãos sobre o travesseiro e o luar em seu cabelo / Eu sinto uma sensação tão boa, tão boa que quase choro / Eu beijo seus lábios sonolentos e digo, eu te amarei até o fim dos meus dias." Como se pode ver a "sonolência" da música em si se justifica em parte por seus próprios versos.
Já "Find Out What's Happening" tem um ótimo balanço. Essa é obviamente influenciada pela black music, inclusive o clima do Stax Recording Studios se fez mais presente do que em qualquer outra faixa desse disco. Aqui o produtor Felton Jarvis abriu muito mais espaço para os músicos da banda de Elvis, com vários solos (todos ótimos) e uma valorização ainda maior do baixo, que no estúdio contou com três baixistas (Tommy Cogbill, Donald Dunn e Thomas Hensley) que foram se revezando no decorrer das gravações. A letra também é boa. Ao invés de Elvis se colocar como o homem que foi abandonado pela mulher amada (tema recorrente em seus discos dos anos 70) aqui é ele que vai embora. Uma mudança de astral bem-vinda. Fossa demais ninguém aguenta, não é mesmo? Aqui Elvis pelo menos canta versos mais auto afirmativos como: "Baby, você me conhece bem / Você sabe que eu quero dizer, o que eu digo / Antes de dizer adeus / Eu vou dar-lhe apenas mais um dia / É melhor descobrir o que está acontecendo / Descubra o que está acontecendo antes de tempo, Oh yeah / Se você não descobrir o que está acontecendo / Você vai descobrir que eu estou indo embora agora, Oh yeah"
Se Find Out What's Happening" valorizou a banda de Elvis, dando destaque a eles como solistas, a canção "I Miss You" veio para valorizar seu grupo de vocalistas de apoio. J.D.Summer e The Stamps, e o Grupo Voice ganharam destaque. O curioso é que o produtor Felton Jarvis achava excessivo o número de vocalistas que Elvis levava para o estúdio. Todos os seus álbuns estariam bem servidos apenas com o grupo liderado por J.D.Summer, mas Elvis resolveu formar ele próprio um outro grupo vocal, o Voice, com cantores que estavam desempregados na época. Além de ser um ato de generosidade do cantor, era também a forma dele ter sempre eles por perto, para cantar nas suítes depois dos shows ou como grupo de aquecimento antes das gravações de seus discos em estúdio. No mais a letra de "I Miss You" era outro recado para Priscilla, com Elvis abrindo seu coração em versos como: "Então eu relembro todos os bons tempos juntos... / O amor que repartimos, a alegria e os sorrisos... / Como eu quero que você sinta o que meu coração diz esta noite querida... / Eu sinto sua falta e eu quero você aqui.. / Sonhos que eu tinha, eles acabaram-se num instante... / Os planos que eu fiz, as esperanças para o amanhã... / Se eu pudesse, eu diria como estou sozinho esta noite, querida... / Eu sinto sua falta e eu quero você aqui..". Pois é, definitivamente ele ainda não havia superado a separação e o fim de seu casamento.
Pablo Aluísio.
Já "Find Out What's Happening" tem um ótimo balanço. Essa é obviamente influenciada pela black music, inclusive o clima do Stax Recording Studios se fez mais presente do que em qualquer outra faixa desse disco. Aqui o produtor Felton Jarvis abriu muito mais espaço para os músicos da banda de Elvis, com vários solos (todos ótimos) e uma valorização ainda maior do baixo, que no estúdio contou com três baixistas (Tommy Cogbill, Donald Dunn e Thomas Hensley) que foram se revezando no decorrer das gravações. A letra também é boa. Ao invés de Elvis se colocar como o homem que foi abandonado pela mulher amada (tema recorrente em seus discos dos anos 70) aqui é ele que vai embora. Uma mudança de astral bem-vinda. Fossa demais ninguém aguenta, não é mesmo? Aqui Elvis pelo menos canta versos mais auto afirmativos como: "Baby, você me conhece bem / Você sabe que eu quero dizer, o que eu digo / Antes de dizer adeus / Eu vou dar-lhe apenas mais um dia / É melhor descobrir o que está acontecendo / Descubra o que está acontecendo antes de tempo, Oh yeah / Se você não descobrir o que está acontecendo / Você vai descobrir que eu estou indo embora agora, Oh yeah"
Se Find Out What's Happening" valorizou a banda de Elvis, dando destaque a eles como solistas, a canção "I Miss You" veio para valorizar seu grupo de vocalistas de apoio. J.D.Summer e The Stamps, e o Grupo Voice ganharam destaque. O curioso é que o produtor Felton Jarvis achava excessivo o número de vocalistas que Elvis levava para o estúdio. Todos os seus álbuns estariam bem servidos apenas com o grupo liderado por J.D.Summer, mas Elvis resolveu formar ele próprio um outro grupo vocal, o Voice, com cantores que estavam desempregados na época. Além de ser um ato de generosidade do cantor, era também a forma dele ter sempre eles por perto, para cantar nas suítes depois dos shows ou como grupo de aquecimento antes das gravações de seus discos em estúdio. No mais a letra de "I Miss You" era outro recado para Priscilla, com Elvis abrindo seu coração em versos como: "Então eu relembro todos os bons tempos juntos... / O amor que repartimos, a alegria e os sorrisos... / Como eu quero que você sinta o que meu coração diz esta noite querida... / Eu sinto sua falta e eu quero você aqui.. / Sonhos que eu tinha, eles acabaram-se num instante... / Os planos que eu fiz, as esperanças para o amanhã... / Se eu pudesse, eu diria como estou sozinho esta noite, querida... / Eu sinto sua falta e eu quero você aqui..". Pois é, definitivamente ele ainda não havia superado a separação e o fim de seu casamento.
Pablo Aluísio.
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