sexta-feira, 5 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Texto III

Too Much
(Rosenberg / Weinman) - Música título de um single lançado em janeiro de 1957 com "Playing for Keeps" no lado B alcançando o segundo lugar nas paradas. O disco foi lançado num momento em que Elvis estava sendo muito visado pela mídia norte americana por causa das polêmicas apresentações dele no Ed Sullivan Show e nos programas de Milton Berle e Steve Allen. Foi gravada em 2 de setembro de 1956 juntamente com as músicas que fizeram parte do segundo disco do cantor, "Elvis".

Don´t Be Cruel (Presley / Blackwell) - Lançado no single mais vendido da carreira de Elvis Presley, juntamente com "Hound Dog" no lado B. A canção foi uma das mais bem sucedidas parcerias entre Elvis e Blackwell. Esse era um renomado compositor de R&B nascido e criado no Brooklin de Nova Iorque. Em meados dos anos 50 ele foi contratado pela poderosa Hill & Range, que ao longo dos anos iria providenciar muitas das músicas escritas para o cantor. Elvis em diversas entrevistas nos anos cinquenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, por sua vez declarou: "Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque

That´s When Your Hearaches Begin (Raskin / Brown / Fisher} - Em 1953 Elvis entrou pela primeira vez em um estúdio de gravação. Pagou quatro dólares e saiu com o primeiro acetato de sua vida. No lado principal "My Hapiness" e no lado B, "That's when your heartaches begin". A lenda afirmava que o cantor havia gravado este disco para dar de presente a sua mãe, mas o que Elvis queria mesmo era ouvir como ficava sua voz num disco. Este pequeno acetato ficou perdido por vários anos, sendo que nem mesmo Elvis sabia aonde ele foi parar durante todo esse tempo (o mitológico compacto só foi encontrado após a morte de Elvis com um amigo de ginásio de Presley e lançado pela primeira vez no box "The King Of Rock'n'Roll). Esta versão do disco "Elvis Golden Records", por sua vez, é uma gravada posteriormente por Elvis já como cantor profissional e que foi lado B de "All Shook Up" em março de 1957. A versão original desta música foi lançada em 1950 pelo grupo "The Ink Spots".

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Texto II

Heartbreak Hotel
(Axton / Durden / Presley) — Tommy Durden era um músico e compositor desempregado morando na Flórida, quando numa certa manhã de um domingo qualquer de 1955 se deparou no jornal local com uma notícia no mínimo inusitada: um homem de trinta e poucos anos havia se suicidado e deixado um bilhete ao seu lado na cama escrito com apenas uma frase: "Eu caminho por uma rua solitária". A polícia local não sabia a identidade do suicida e perguntava no diário lido por Tommy: "Você conhece esse homem?". Durden logo viu que aquilo era tão interessante que poderia dar em música, um Blues é claro! Logo começou a escrever a canção. Como escrevia sempre melhor em parceria procurou no dia seguinte sua amiga Mae Axton. Mae era importante para Durden por duas razões básicas: Ela era uma radialista influente e poderia vender a canção em uma convenção de DJs e também escrevia muito bem. Axton adorou a idéia de Tommy e em poucos tempo já estava ao seu lado melhorando a letra da música. Logo ela sugeria que se esse homem caminhava em uma rua solitária, essa deveria ter um Hotel dos corações partidos! Pronto, a música estava completa! No mês seguinte Mae Axton foi a Nashville para a convenção nacional dos DJs de rádios. Sua principal intenção era vender a música que compôs ao lado de Durden. 

Chegando lá ela logo conheceu Elvis, que também estava circulando pela convenção. Mae então tocou a música para Presley num demo cantado pelo cantor Glen Reeves. Elvis ouviu e seus olhos brilharam! Era aquele som que ele estava procurando. Ele havia sido contratado pela RCA Victor e estava precisando de novas músicas para a sua primeira sessão de gravação na grande gravadora. Ele e Mae Axton fecharam no mesmo dia. Em troca Mae ofereceu parceria a Elvis como compositor. Elvis agradeceu a gentileza e levou a música consigo para sua primeira sessão na RCA em janeiro. O resultado foi melhor do que o esperado: "Heartbreak Hotel" logo se tornou o primeiro grande sucesso de Elvis em nível nacional quando lançada em Janeiro de 1956 com "I was the one" no lado B alcançando o primeiro lugar simultâneo nas paradas Country, R&B e Pop - um fato inédito até então!. Essa sem dúvida é um dos maiores sucessos de toda a carreira de Elvis Presley, um símbolo e uma marca registrada de seu estilo.

Jailhouse Rock (Leiber / Stoller) - "Jailhouse Rock" é um dos maiores clássicos da história do Rock mundial. Poucas músicas conseguiram traduzir e representar toda uma época e uma geração como essa. Perfeitamente executada, com ótimo arranjo a canção é uma das mais conhecidas da carreira de Elvis Presley. Nesse dia Elvis resolveu dispensar a participação dos Jordanaires após ter gravado alguns takes com os vocalistas. Elvis acertou, a canção ganhou em ritmo e fluência. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente visceral, tanto que ele mesmo confidenciou depois ter sido essa uma das mais difíceis de acertar. Reconhecido pelos especialistas como o melhor rock gravado por Elvis em toda a sua carreira, a canção até hoje empolga e não envelheceu nem um minuto. Tão preciso e atual é o seu arranjo que até parece que foi gravada ontem. Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um EP (compacto duplo) em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. 

O sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido em 1957. Porém a trajetória de sucesso dessa canção imortal continuou. No 70º aniversário de Elvis a música foi mais uma vez relançada em single para comemorar a data. Não deu outra, a música novamente liderou as paradas, 48 anos depois de ter sido gravada! Imortal é isso aí!

Love Me (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole", entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Leiber e Stoller achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele, tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas de seu segundo LP, onde "Love Me" foi originalmente lançada. A música é uma das mais conhecidas de Elvis dos anos 50, pelo seu romantismo, por sua bela melodia e pela letra apaixonante. Embalou muitos corações apaixonados e serviu de trilha sonora para muitas paixões eternas. Sem dúvida um registro de Elvis em um de seus melhores momentos de estúdio.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Texto I

Hound Dog
(Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Esse single é o mais vendido de toda a carreira de Elvis. No estúdio "Hound Dog" se transformou em uma das mais difíceis de gravar, levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes! Finalmente Elvis se deu por satisfeito, escolhendo uma das versões como definitiva. No começo Elvis não quis gravá-la, mas como a música havia se transformado em um dos pontos altos de seus shows, o cantor cedeu aos apelos dos executivos da RCA Victor e a gravou em 2 de julho de 56 nos estúdios da RCA em Nova Iorque, os mesmos que havia utilizado para gravar parte das músicas de seu primeiro disco. Nessa mesma noite Elvis ainda gravaria as versões definitivas de "Don't Be Cruel" e "Any Way You Want Me". 

Uma das razões que levaram Elvis a ter uma certa resistência em gravar "Hound Dog" era o teor sua letra. Obviamente ela deveria ser cantada por uma cantora (de preferência negra, como Big Mama) pois era uma mensagem direta de uma mulher afro-americana despachando seu "homem" por ele ser infiel e mentiroso, apesar de tentar manter uma pose de honesto. Usando de gírias típicas da comunidade negra, Leiber e Stoller tinham essa clara intenção ao escrever sua música. Anos depois Stoller se manifestou: "Eu nunca escrevi o verso 'Well, you ain't never caught a rabbit and you ain't no friend of mine', isso foi escrito por Elvis para tentar disfarçar um pouco o conteúdo do que realmente queríamos dizer. Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso". "Hound Dog" sem dúvida foi um tremendo êxito, mas Elvis a imortalizou mesmo ao apresentá-la no programa de Milton Berle na TV americana. Esse número entrou definitivamente na história e se transformou numa das melhores performances de sua vida.

Loving You (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Música título do segundo filme de Elvis, "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), que foi gravada em três arranjos diferentes: uma versão acústica para uma determinada cena do filme, em balanço blues e a versão clássica, conhecido por todos, lenta e romântica, que está presente neste LP. A razão para tantas versões é a determinação dos diretores musicais da Paramount para que fosse gravada variações diferentes para a aprovação final do estúdio. Além disso deveria haver takes de "Loving You" suficientes para utilizar em material promocional, como trailers, divulgação em rádios, etc. Aliás "Loving You" acabou se tornando um problema para Elvis. 

Muitos dos takes produzidos nas sessões de janeiro de 57 foram rejeitados pela Paramount. Então Elvis deve que voltar várias vezes aos estúdios para regravar grande parte do material, tanto que a versão definitiva de "Loving You" só saiu mesmo dia 24 de fevereiro. Mesmo assim Elvis não estava completamente seguro de que aquela seria a versão ideal. Mas sem mais tempo a RCA Victor resolveu lançá-la mesmo no single junto com "Teddy Bear". O single, como já foi escrito aqui, fez grande sucesso e novamente mostrou que seus compositores, Leiber e Stoller, se firmavam cada vez mais como os principais escritores de Elvis. A música em si possui melodia e letra simples, ideal para os corações juvenis dos anos cinquenta.

All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) - Elvis teve a ideia sobre essa música durante um de seus sonhos. Depois a repassou para Blackwell para que ele a transformasse em música. Quando a melodia e a letra ficaram prontas Elvis ainda fez algumas modificações, principalmente acelerando um pouquinho o tempo da canção. Como Elvis estava na ordem do dia, sendo venerado em massa pela juventude americana, quando o single chegou às lojas foi imediatamente transformado em um de seus maiores sucessos. Esta canção alcançou tamanha repercussão entre a moçada que chegou inclusive a virar gíria, entrando para o vocabulário da juventude norte americana da época. 

Bem gravada, numa ginga e manha toda pessoal, "All Shook Up", apesar de curtinha (menos de 2 minutos de duração) varreu as paradas do mundo inteiro chegando a vários primeiros lugares simultâneos em diversos países (inclusive no Brasil). Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood.

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 5

 Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 5
"Heartbreak Hotel" não poderia faltar nessa coletânea de grandes sucessos. Aliás esse foi o primeiro sucesso nacional e internacional de Elvis. Seu single de maior sucesso na RCA Victor que tinha recentemente contratado aquele cantor desconhecido de Memphis. Assim que ouviram essa gravação os executivos da gravadora acharam um desastre! Era uma música com letra sombria, falando de um sujeito que estava prestes a se suicidar! Realmente nada do que eles esperavam. Pode ter certeza que o produtor Steve Sholes foi colocado contra a parede. Felizmente a música, depois de certa hesitação, começou finalmente a tocar nas rádios, se tornando um grande hit de Elvis. 

"Any Way You Want Me" foi outro lado B que entrou nesse álbum de forma equivocada ao meu ver. Acabou entrando na lista porque afinal de contas foi o outro lado do single "Love Me Tender", mas é a tal coisa. Ela em si nunca se destacou nas paradas e nem foi um sucesso nas rádios. Na verdade é até uma bela balada, mas que foi esquecida muito rapidamente. Elvis, por exemplo, nunca a cantou em um palco em toda a sua carreira. Um verdadeiro Lado B de sua discografia. 

"All Shook Up" por outro lado fez muito sucesso, chegando ao topo da Billboard em 1957. Ela foi creditada como sendo composta pelo próprio Elvis, mas na realidade ele apenas deu a ideia inicial. É uma das mais conhecidas de Elvis em sua fase rocker dos anos 50 e ganhou várias versões diferentes nos anos seguintes, tanto na voz de Elvis como de outros cantores também. "Too Much" fez menos sucesso, mas ainda assim consigo ver nela uma das boas performances de Elvis na RCA. Isso muito embora Scotty Moore tenha cometido um pequeno deslize no solo da guitarra, no acompanhamento. Elvis foi avisado por Sholes, mas decidiu aproveitar esse take mesmo por causa de sua boa vocalização. 

"I Want You, I Need You, I Love You"  é uma balada romântica daquelas bem anos 50. Essa canção não trazia boas recordações para Elvis. Um dia antes de gravar ela em estúdio Elvis quase morreu em um acidente de avião. Ele ficou tão nervoso que mal conseguiu cantar. E também essa música foi usada naquele programa de TV em que Elvis aparecia ao lado do cão "Hound Dog". Aquilo para Elvis era o fim e ele prometeu nunca mais passar por aquilo novamente. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 4

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 4
"Teddy Bear (Let Me Be Your)" foi um grande hit para Elvis nos anos 50. Seu single vendeu milhões de cópias ao redor do mundo. Fazia parte originalmente da trilha sonora do filme "Loving You" (A Mulher que eu Amo, no Brasil) e obviamente caiu nas graças das fãs de Elvis imediatamente. E apesar de todo o sucesso comercial que veio, também houve um curioso efeito colateral por causa de todo esse êxito nas rádios e nas lojas de discos de vinil. 

Acontece que um boato se espalhou afirmando que Elvis colecionava ursinhos de pelúcia. Não era verdade. Elvis jamais pensou em algo parecido, em colecionar esse tipo de brinquedo. Só que boatos ganham vida própria e são mais fáceis de espalhar do que de desmenti-los. Então, praticamente da noite para o dia, as fãs começaram a enviar ursinhos Teddy para Elvis pelo serviço postal.

Todos os dias chegavam dezenas e até centenas desses ursinhos na casa de Elvis. E chegou a um ponto em que ele não tinha mais onde guardar todos aqueles bichinhos. Elvis não iria jogar fora os brinquedos porque ele considerava isso um desrespeito e uma falta de consideração com as fãs. Então, após pensar por alguns dias, achou a solução. Ele iria doar os ursinhos para orfanatos, hospitais infantis e instituições de caridade. Assim as crianças iriam ficar felizes, Elvis faria sua caridade cristã e tudo terminaria bem. E foi justamente o que ele fez. Em pouco tempo todos os ursinhos tinham sido doados para crianças carentes. 

Em minha opinião "That's When Your Heartaches Begin" não deveria fazer parte dessa coletânea de hits, até porque essa balada não havia feito sucesso. Havia muitas outras músicas mais bem sucedidas para se encaixar nesse álbum, mas de uma forma ou outra ela foi incluída. Ela só entrou no repetório por ter sido Lado B do single "All Shook Up", mas a pura verdade é que nunca fez sucesso. Apenas estava no single cujo lado A foi de fato um grande sucesso. Elvis, como sempre, a canta bem. Só que eu nunca consegui gostar muito dessa canção. É um tanto melosa demais para meu gosto pessoal. 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 3

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 3
"Treat Me Nice"  está nesse disco porque foi o lado B do single de grande sucesso "Jailhouse Rock". É uma música do terceiro filme de Elvis, o primeiro na MGM. Eu gosto muito dessa música, mas não da sua versão oficial. Eu gosto mesmo da versão que foi gravada para fazer parte de uma das cenas do filme, onde Elvis a canta em um velho microfone RCA, ao lado de seu guitar player Scotty Moore. Uma versão mais simples, com arranjo mais limpo. Eu penso que certas músicas pedem mesmo por arranjos mais simplificados. 

E por falar em arranjos simples, é justamente isso o que encontramos na versão oficial de "Love Me Tender". Nos anos 70 Elvis iria trazer essa música de volta, a cantando nos palcos de Las Vegas. Nesses momentos ele até mesmo descia do palco, indo andar no meio do público, onde beijava várias mulheres na boca! Algo que hoje em dia não mais seria possível. Essas versões Live de Vegas tinham um arranjo bem grandioso, com muita orquestra. Na boa, prefiro a versão voz e violão do single dos anos 50. 

"Loving You" que deu nome ao segundo filme de Elvis também era uma música romântica de arranjo simples. A única diferença mais notável é que Elvis encorpou a sua voz, tentando seguir o estilo do grande Bing Crosby. E as coincidências curiosas não paravam por aí. Na trilha sonora do filme, no Lado B, tínhamos uma versão de um sucesso de Crosby na voz de Elvis. Era a música "True Love" do grande sucesso musical "Alta Sociedade" que trazia em seu elenco nada mais, nada menos, do que Grace Kelly e Frank Sinatra. 

E para completar o quadro dessas belas baladas românticas presentes nessa coletânea, os executivos da RCA Victor ainda colocaram "Love Me" que havia sido lançada no segundo LP de Elvis pela gravadora. É curioso essa música ter sido colocada nesse álbum, porque ela nunca foi lançada em single. Penso que foi encaixada por aqui como uma representante do segundo álbum de Elvis, esse sim um grande sucesso de vendas nas lojas de discos da época. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 2 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 2

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 2
Essa foi a primeira coletânea da carreira de Elvis. Como ele iria servir o exército americano por um longo período a RCA Victor correu para colocar no mercado esse álbum que nada mais era do que uma coletânea de seus singles premiados com discos de ouro. E como Elvis estava na sua fase de maior sucesso comercial, material dourado é o que não lhe faltava. Só hits, com uma ou duas exceções. Era a consagração daquele jovem que apenas dois anos antes havia chegado na gravadora com muitas incertezas sobre seu futuro, se ia fazer sucesso ou não. A quantidade de discos de ouro vinha para confirmar que ele era realmente um campeão de vendas de discos. 

E o álbum não poderia abrir com outra música. "Hound Dog" havia se tornado conhecida nacionalmente por causa da escandalosa apresentação de Elvis na TV. Nunca havia se visto nada parecido com aquilo. Elvis rebolando escandalosamente em rede nacional, chegando nos lares de toda a América. Os jovens amaram, os mais velhos odiaram. Elvis foi chamado de delinquente, selvagem, comunista, corrompidor dos jovens e tudo o mais que se possa imaginar. Quem poderia imaginar ver na TV um branco cantando música de negros, rebolando lascivamente daquela forma? Chamem o FBI e prendam esse marginal! - Gritavam os pais indignados! Foi um choque cultural como há muito não se poderia prever. Elvis abalou as estruturas mesmo, virou notícia por todo o mundo. 

Aproveitando o embalo da polêmica, a RCA colocou no mercado Hound Dog com outro grande sucesso "Don't Be Cruel (To A Heart That's True)". Essa segunda canção era mais comportada, nada da selvageria lasciva de "Hound Dog". Na realidade poderíamos até mesmo qualificar "Don't Be Cruel" como juvenil, uma música mais palatável, bem na linha Family Friendly. Só que como Elvis estava sendo muito atacado naqueles tempos sobrou para ela também. Os mais velhos ficaram dizendo que era indecoroso um sujeito ligar para uma garota jovem, se insinuando, perguntando se ela estava sozinha naquela noite e tudo mais. Essa gente conservadora dos anos 50 via sexo em tudo mesmo! Paranoicos reprimidos!

"Jailhouse Rock" também foi acusada de selvageria. Esse é mesmo um rock visceral, talvez o melhor rock da carreira de Elvis. Título de seu terceiro filme, o primeiro no estúdio da MGM, até mesmo ironizava as críticas de que Elvis era um marginal. Assim nada melhor do que colocar o jovem cantor interpretando um presidiário nas telas. Nem preciso dizer que muitos pais proibiram seus filhos de irem ao cinema ver aquela coisa ultrajante! Queriam mesmo corromper os valores sagrados das famílias norte-americanas e blá, blá, blá... Não adiantou, os jovens compraram todos os discos e foram ao cinema, lotando as sessões do filme. "Falem mal de mim, mas falem de mim", diria o Coronel Parker com toda aquela polêmica se transformando em divulgação gratuita para seu pupilo. 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 1

Elvis Presley - Elvis' Golden Records - Parte 1
Nos anos 50 os singles (compactos simples com duas canções, uma no lado A e outra no lado B) eram a verdadeiras estrelas do mundo musical. Ter um disco de sucesso significava antes de tudo ter uma música tocando nas rádios e um single nas primeiras posições da parada. Geralmente esses singles tinham que contar com um grande sucesso para o lado principal e uma canção menos conhecida, mas que fosse boa o suficiente para prender a atenção do consumidor nos famosos "Lados B". Elvis Presley viveu intensamente a "era dos grandes singles". Seus maiores sucessos nunca foram lançados em álbuns e sim em singles, que geralmente ficavam de fora dos LPs. Por quê os singles eram tão importantes nesse tempo? Simplesmente porque eram baratos (custavam menos do que 1 dólar), vendiam muito e caiam como uma luva para as emissoras de rádio, que os usavam como o melhor meio de divulgação para os artistas.

Além disso a produção de singles era relativamente barata, tanto que muitas gravadoras de fundo de quintal surgiram nos EUA por essa época, entre elas a própria Sun Records de Sam Phillips. Como os custos eram baixos não havia tanto risco para um pequeno empresário montar seu próprio selo e arriscar a sorte na esperança de conseguir um grande sucesso nacional. Foi nesse ambiente que Elvis surgiu e despontou. Todos poderiam ter uma chance assim, até mesmo um caminhoneiro de Cia Elétrica, caso tivesse uma boa voz. Nesse mundo dominado pelos singles Elvis reinou absoluto. Nenhum artista conseguiu vender o número de singles que ele vendeu nos anos 50 (nem mesmo os Beatles na década seguinte). Raramente um grande single de sucesso de Elvis vendia menos do que 5 milhões de cópias! Se esse é um grande número ainda hoje imagine há 50 anos atrás! Era uma sucesso enorme, que espantou até mesmo a RCA Victor, que pressionada pela enorme demanda chegou a colocar fábricas inteiras de sua propriedade apenas para produzir singles de Elvis Presley.

Nesse ínterim os LPs (álbuns com 10 ou 12 músicas) eram considerados secundários pela indústria, pois ao contrário dos singles eram caros e não estavam ao acesso de qualquer um, principalmente de um adolescente cheio de espinhas na cara vivendo da mesada do pai. Os álbuns geralmente eram utilizados para as gravações de maior duração como óperas! Não era o meio ideal para um cantor de público jovem, pois muitas vezes esses nem tinham dinheiro suficiente para comprar um Long Playing. A série Golden Records foi bolada pelo Coronel como uma forma de reunir os maiores singles de Elvis em um álbum. Provavelmente se você fosse um adolescente dos anos 50 nem iria comprar esse disco, pois já teria todos os singles de Elvis que foram reeditados aqui. Mas como todos sabemos o Coronel sempre procurava ganhar mais e aproveitar o produto até o esgotamento dele. Então Parker simplesmente uniu todos os compactos campeões em um só álbum.

Além disso Elvis estava para passar por uma grande reviravolta em sua vida pessoal e o Coronel procurava se precaver levantando alguns trocados a mais. Por isso é importante analisar o que estava ocorrendo com Elvis nesta época. No mesmo mês que este LP era lançado (março de 1958) Elvis começava seu serviço militar nas forças armadas norte americanas. Foi o acontecimento mais comentado pela imprensa no período trazendo enorme publicidade para o cantor. De inicio Elvis foi despachado para Fort Hood no Texas e depois completou seu serviço na Alemanha. Ele iria ficar um longo tempo sem gravar e fazer filmes e por isso a RCA resolveu lançar esta reunião de seus principais sucessos. E assim nasceu o disco "Elvis Golden Records". A primeira coletânea dos sucessos da carreira de Elvis Presley reúne músicas que fizeram parte de singles que atingiram enorme sucesso quando lançadas.

Este é o primeiro da série "Golden Records" que iriam contar com mais três discos que seguiam a mesma filosofia. Com a consolidação do LP foi necessário reunir os principais hits da carreira de Elvis neste formato, pois a maioria delas só havia sido lançadas antes como singles. Desta forma estão reunidas aqui verdadeiras pérolas do inicio do Rock'n'Roll e as mais conhecidas músicas do anos cinquenta, pois sem nenhuma sombra de dúvida esta foi a década de ouro da carreira de Elvis. Aqui esta a nata do período antes dele servir o exército, em que o Rei virou a história da música popular pelo avesso O disco "Elvis Golden Records" chegou ao terceiro lugar nas paradas, uma posição muito boa pois o LP só apresentava músicas já lançadas anteriormente. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Elvis Presley - A Big Hunk O' Love / My Wish Came True

A Big Hunk O' Love / My Wish Came True
Finalmente, depois de três tentativas frustradas, Elvis Presley finalmente conseguiu chegar ao primeiro lugar da Billboard com seu novo single trazendo as músicas "A Big Hunk O' Love" no lado A e "My Wish Came True" no lado B. A canção principal havia sido gravada um ano antes em Nashville, só chegando ao mercado em junho de 1959. O sucesso de “A Big Hunk O´Love” vinha para fortalecer ainda mais o nome de Elvis dentro do mercado. Ele estava há pouco menos de um ano de dar baixa no exército e sua volta era considerada uma última esperança para os roqueiros dos anos 50.

Uma série incrível de eventos havia se abatido sobre os pioneiros do rock e agora Elvis parecia ser a última tábua de salvação do gênero. A verdade porém é que a própria música americana havia mudado. O que predominava nas paradas agora eram canções juvenis, falando de amores adolescentes, cantadas por ídolos que não tinham mais a postura de rebeldes como os roqueiros de meados da década de 1950. De certa forma Elvis iria embarcar nessa onda após seu retorno das forças armadas, porém esse single, gravado antes dele ir para a Alemanha, mantinha a chama acessa do verdadeiro Rock americano.

Enquanto Elvis estava no exército uma leva de ídolos adolescentes foi surgindo e dominando as paradas. Cantores e compositores como Neil Sedaka, Paul Anka, Frankie Avalon, Fabian, Pat Boone e Ricky Nelson eram os novos ídolos da juventude enquanto os roqueiros pioneiros iam sumindo do mapa. Eu gosto de chamar essa geração de "movimento algodão doce", porque de certa maneira eles se encaixavam bem nessa descrição. Os novos cantores juvenis eram bem diferentes de Elvis e dos roqueiros pioneiros. Todos surgiam impecavelmente bem vestidos, cabelos penteados, a imagem do genro que toda mãe de boa família da América queria ter. Não havia um pingo de rebeldia nesses novos artistas da música.

Enquanto eles subiam nas paradas, o pioneiros do rock afundavam cada vez mais. Jerry Lee Lewis escandalizou a sociedade ao se casar com uma prima de apenas 13 anos, que para piorar parecia ainda mais jovem! Chuck Berry foi preso por supostamente ter enviado uma prostituta branca além da fronteira do estado (o que configuraria tráfico de pessoas), Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Booper tinham morrido em um acidente de avião sendo seus corpos encontrados em um milharal nevado, Johnny Cash abraçara a country music de forma definitiva e finalmente Little Richard havia decidido abandonar tudo para se tornar apenas um pastor evangélico.

Para ser bem sincero esse rock “A Big Hunk O' Love” só chegou ao topo da parada por causa da força do nome de Elvis. Essa era uma canção completamente diferente do que estava fazendo sucesso na época. Foi de fato o último rock genuíno a liderar a Billboard até a chegada de uma nova leva de roqueiros nos anos 60. O Pop romântico havia ocupado o espaço do rock pioneiro. O curioso é que Elvis ao sair do exército também seguiria de certa forma também por essa tendência. Mas essa é uma outra história que contaremos depois...

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - For LP Fans Only - Discografia Brasileira

Coletâneas ficam ultrapassadas e ainda mais se forem da época do vinil. É o que aconteceu aqui. As poucas edições que vieram depois só existiram por causa dos colecionadores. São eles que querem ter todos os álbuns oficiais lançados enquanto Elvis era vivo! Apenas eles fazem questão disso. Por essa razão, principalmente no Brasil, era raro que coletâneas ganhassem novas edições. Foi justamente o caso desse disco. 

A primeira versão, a original da discografia brasileira, até que saiu rápido em nosso país. Chegou nas lojas em dezembro de 1959 com o título nacional de "Elvis Somente Para Fãs". OK, naqueles tempos, hoje distantes, as gravadoras nacionais realmente traduziam os nomes dos discos americanos. Algo mais do que normal em um país onde a imensa maioria da população não falava o idioma inglês. 

Depois dessa primeira edição o "For LP Fans Only" só viria a ganhar uma nova edição em nosso país em 1982. Essa segunda versão do disco chegou dentro do pacote "Pure Gold" que lançou vários discos de Elvis de uma só vez. Foi o maior lançamento de álbuns do cantor em vinil após sua morte. Nunca mais iria acontecer algo assim em nosso mercado. 

Eu sinceramente desconheço qualquer versão do álbum em CD aqui no Brasil. Penso que não foi lançado, mas como as coisas eram meio bagunçadas na filial da RCA no Brasil pode até ser que tenha sido lançada uma versão em CD, lá pelo começo dos anos 90. Só que apenas falo por mim, eu pessoalmente nunca vi e nunca soube de nada sobre isso. Então fica essa observação final. 

Pablo Aluísio.