segunda-feira, 13 de junho de 2005

Elvis Presley - Joe É Muito Vivo

Título no Brasil: Joe é Muito Vivo
Título Original: Stay Away, Joe
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Peter Tewksbury
Roteiro: Dan Cushman, Michael A. Hoey
Elenco: Elvis Presley, Burgess Meredith, Joan Blondell, Katy Jurado
  
Sinopse:
A vida é uma grande curtição para Joe Lightcloud (Elvis Presley). Jovem e extrovertido ele ganha a vida em campeonatos de rodeio pelo oeste americano. Mestiço com bastante orgulho de sua origem nativa, Joe retorna para a reserva na qual nasceu e foi criado para provar para amigos e familiares que também pode ter uma atitude mais madura, com responsabilidades. Mas será mesmo que o bom e velho Joe está disposto a cumprir todas as suas promessas?

Comentários:
"Stay Away, Joe" sempre foi considerado um dos piores filmes de Elvis Presley. Na realidade foi uma produção realizada a toque de caixa, quase sem estrutura nenhuma, com um orçamento pequeno (quase mínimo) que mal sequer tinha um roteiro pronto quando começaram as filmagens. O clima de bagunça e desorganização no set foi tamanho que o próprio Elvis passou várias vezes por cima do poder do diretor ao colocar seus próprios amigos da Máfia de Memphis em cenas que nem estavam no script original. Michael A. Hoey, o roteirista, lembrou anos depois que de repente Elvis se levantava de sua cadeira e dizia: "Vamos fazer uma cena de briga agora!" - só que tal cena sequer existia no roteiro do filme. Mesmo assim ela era filmada! Em suma, uma bagunça e anarquia completas. Isso é facilmente percebido no filme, cujo enredo é disperso e mal estruturado. Elvis canta aqui e acolá, mas sempre com aquele tipo de atitude de desinteresse completo. O clima é de pastelão ao estilo dos antigos filmes dos Três Patetas, mas sem a mesma graça que outras comédias do tipo. A qualidade da produção deixa tanto a desejar que a própria MGM estudou a possibilidade de tirar seu nome dos créditos, tamanha a falta de relevância artística da fita. A carreira do diretor Peter Tewksbury só não foi destruída completamente porque o próprio Elvis deu uma força a ele um ano depois para dirigir mais um de seus filmes, a comédia musical romântica "Lindas Encrencas: As Garotas". Provavelmente Elvis gostou da liberdade que ele dava durante as filmagens, algo impensável para um cineasta sério como  Michael Curtiz, por exemplo. Pena que esse tipo de coisa não se revertia em boa qualidade no resultado final. Em termos gerais não há como escapar pois "Joe é Muito Vivo" realmente é bem ruim, mais fraco do que o que os demais filmes com Elvis Presley nessa mesma época, que inclusive passavam longe de serem considerados bons. Um desperdício completo.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de junho de 2005

Elvis Presley - O Barco do Amor

Título no Brasil: O Barco do Amor
Título Original: Clambake
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Arthur H. Nadel
Roteiro: Arthur Browne Jr.
Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Will Hutchins
  
Sinopse:
Scott Hayward (Elvis Presley) é um jovem rico, filho de um magnata da indústria do Petróleo do Texas, que decide trocar de lugar com o pobretão Tom Wilson (Will Hutchins) durante uma viagem de férias. Ele quer conhecer a garota certa, que não esteja atrás dele apenas por causa de sua fortuna. Assim um assume a identidade do outro. Além disso Scott pretende vencer uma disputa de barcos de velocidade nas praias da região, algo que não será muito fácil, já que agora ele está completamente sem grana. No caminho acaba conhecendo a gentil Dianne Carter (Shelley Fabares) e logo entende que está perdidamente apaixonado por ela. 

Comentários:
Elvis Presley não queria fazer esse filme. Eu não o condeno sobre, ao contrário, me solidarizo. Perceba que Elvis por essa época de sua vida estava estudando filosofias e religiões orientais, procurando entender os mistérios do universo. Agora imagine uma pessoa com essa mentalidade sendo colocada para cantar músicas ruins ao lado de garotas de bikinis salientes sem nenhum talento! Terrível, não é mesmo? Pois é, há uma ruptura entre o homem que Elvis estava se tornando e o artista que ia se afundando cada vez mais em produtos sem qualquer relevância artística. É triste porque Elvis se entupiu de pílulas para emagrecer e remédios contra depressão para encarar as estúpidas filmagens. Assim que chegou em Hollywood o produtor Arthur Gardner o achou gordo demais e o mandou emagrecer rapidamente. Elvis não encontrou outra alternativa e exagerou nos comprimidos para emagrecimento, o que o deixou meio desnorteado, o  levando até mesmo a sofrer uma séria queda no quarto onde estava hospedado. Uma sucessão de erros e fatos infelizes em sua vida. "Clambake" é um filme de verão, de praia, que não se sustenta. Claro que não chega a ser tão ruim e pavoroso como "Harum Scarum", por exemplo, mas tampouco deixará o fã de Elvis feliz. Há uma sucessão de piadas fracas e cenas musicais sem qualquer interesse. De bom mesmo apenas a presença carismática da doce Shelley Fabares. Uma atriz que era uma simpatia em pessoa e que ajuda a tornar mais suportável esse musical romântico de rotina. Por essas e outras que Elvis, em pouco tempo, chegaria na conclusão que teria que ir embora de Hollywood. Dois anos depois ele realmente daria no pé, após cumprir seus últimos contratos com os estúdios. Olhando sob esse ponto de vista até que "Clambake" não é assim um atraso de vida tão completo.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Canções e Confusões

Título no Brasil: Canções e Confusões
Título Original: Double Trouble
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Jo Heims, Marc Brandel
Elenco: Elvis Presley, Annette Day, John Williams
  
Sinopse:
Guy Lambert (Elvis Presley) é um cantor americano de rock que conhece a jovem Jill Conway (Annette Day) em um night club de Londres. Ambos acabam ficando apaixonados, mas há um problema: Jill tem apenas 17 anos! Além disso é uma rica herdeira cujo tio segue seus passos de perto. Sem querer se envolver em novas confusões Guy decide ir para a Bélgica, para se apresentar em uma boate local. Jill porém não desiste dele e resolve lhe seguir. Ao mesmo tempo uma dupla de contrabandistas coloca uma pequena fortuna em diamantes na mala de Guy sem que ele saiba, dando origem a muitos problemas, problemas em dobro!

Comentários:
Mais um filme B, de baixo orçamento, rodado por Elvis na Metro. O resultado infelizmente é bem decepcionante. O enredo se passa todo na Europa, mas ao invés dos produtores aproveitarem isso em seu favor acabaram economizando demais nos custos, fazendo com que o filme fosse todo rodado nos Estados Unidos, em cenários não muito convincentes, criando uma constrangedora sensação no espectador de que está assistindo a um filme pobre, sem maiores recursos. O roteiro pretende fazer humor o tempo todo, porém a imensa maioria das gags não apresentam a menor graça. Elvis chega a sentar em cima de uma bandeja com chá quente para arrancar algumas risadas, mas é tudo em vão. A atriz Annette Day, que contracena com ele, não tem charme, carisma ou talento. Uma jovem inglesa muito chatinha para ser bem sincero. Junte a tudo isso um monte de personagens caricatos, com cenas que mais parecem de uma comédia pastelão dos anos 1920 e você terá uma ideia do que vai encontrar pela frente. O próprio Elvis não parece muito convencido, atuando preguiçosamente, surgindo mais canastrão do que nunca na tela. Sua expressão de tédio fica clara em todos os momentos. O roteiro é primário e sem qualquer direção, com diálogos pobremente escritos e forçados. As sequências musicais não empolgam e demonstram que não foram ensaiadas devidamente como era de se esperar. As músicas não são boas e mesmo sendo curto (meros 90 minutos de duração) o filme dá bocejos em que se arrisca a assistir até o fim. "Double Trouble" assim se resume a mais um desperdício de Elvis em Hollywood. Um desperdício em dobro!

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de junho de 2005

Elvis Presley - Meu Tesouro é Você

Título no Brasil: Meu Tesouro é Você
Título Original: Easy Come, Easy Go
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Rich
Roteiro: Allan Weiss, Anthony Lawrence
Elenco: Elvis Presley, Dodie Marshall, Pat Priest

Sinopse:
O mergulhador e aventureiro Ted Jackson (Elvis Presley) decide dar baixa na Marinha americana para se lançar em uma busca ousada por um tesouro há muito desaparecido nas profundezas do oceano sem fim. No caminho porém acaba se apaixonando perdidamente por uma linda garota, mostrando que o verdadeiro tesouro certamente não é aquele afundado nas águas cristalinas da costa azul.

Comentários:
Esse filme marcou a despedida de Elvis Presley na Paramount Pictures. Durante anos o estúdio e o produtor Hal B. Wallis investiram na carreira de Elvis em Hollywood e foram muito bem sucedidos em termos de bilheteria. Em 1967 porém os filmes estrelados pelo cantor já não davam mais o mesmo retorno financeiro esperado. Veja os números desse aqui. O filme custou meros dois milhões de dólares, mas só faturou um milhão e novecentos mil, trazendo um prejuízo de cem mil dólares ao estúdio. Assim a Paramount não mais quis renovar com Elvis para futuras produções. O interessante é que seus filmes faziam sucesso enquanto sua carreira musical ia bem e quando os discos e as músicas deixaram de frequentar o topo dos mais vendidos Elvis foi deixando de ser interessante também para a indústria do cinema americano. De uma forma ou outra a Paramount pode ser parabenizada por sempre ter colocado à disposição do cantor o que havia de melhor em termos de produção na época. Ao contrário da MGM que jogava Elvis em qualquer abacaxi, a Paramount procurava caprichar, até mesmo aqui no final da carreira do cantor no estúdio. Um exemplo? O figurino de Elvis no filme foi todo desenhado pela ótima estilista Edith Head, considerada uma das mais marcantes profissionais da moda no cinema americano durante sua época de ouro. Infelizmente mesmo com a boa vontade dos produtores o filme não consegue decolar. O maior problema de "Easy Come, Easy Go" vem de seu fraco roteiro, com pequena carga dramática, o que deixa o espectador com a impressão de que a estória não avança para lugar nenhum. Elvis até tenta, mas não há como salvar um roteiro fraco, uma lição que todos os grandes astros de Hollywood sabiam muito bem desde sempre.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Dez curiosidades do filme "Double Trouble"

1. Annette Day, que contracena com Elvis no filme, não era atriz! Ele foi encontrada por acaso e escolhida pelo produtor Judd Bernard. Ele estava fazendo compras em Londres quando a avistou em uma loja de antiguidades da cidade. Depois a convidou para jantar junto. Ao lado do ator Lee Marvin acabou convencendo a garota a ir para Hollywood filmar ao lado de Elvis Presley em seu novo filme.

2. Elvis acabou dando parte de seu figurino de presente para fãs que acompanhavam as filmagens. Isso causou alguns problemas pois Elvis resolveu presentear seu único casaco para uma jovem fã que lhe pediu um autógrafo. A produção então teve que se virar para comprar uma roupa igual para não comprometer a continuidade das cenas.

3. Sobre o filme Elvis Presley comentou ironicamente: "Não era exatamente um filme de James Bond, até porque nem Sean Connery conseguiria cantar um monte de canções enquanto escapava de uma chuva de balas"!

4. "Double Trouble" acabou sendo o primeiro e último filme da novata Annette Day, que não quis seguir carreira artística.

5. Embora a história de "Double Trouble" fosse ambientada na Europa Elvis não precisou sair de Hollywood. Com cenas de segunda unidade filmadas previamente na Bélgica ele apenas atuou na frente de uma grande tela presente em um estúdio da MGM em Culver City na Califórnia.

6. Esse foi o primeiro filme produzido por Irwin Winkler. Anos depois ele se notabilizaria por produzir filmes como "Rocky, Um Lutador", "New York, New York", "Touro Indomável" e "O Lobo de Wall Street".

7. Elvis se deu muito bem com Annette Day no set apesar dela ser apenas uma amadora bem intencionada. No final das filmagens lhe deu um carro esportivo de presente. Anos depois ela deu o mesmo carro para seu irmão mais jovem. 

8. O diretor Norman Taurog queria inserir propagandas de biscoitos nas filmagens, mas o Coronel Tom Parker soube a tempo e disse que Elvis deixaria o filme caso fosse realizado o merchandising.

9. Norman Rossington do elenco foi o único ator da história a trabalhar em um filme dos Beatles e outro de Elvis Presley.

10. O casaco vermelho que Elvis usou no filme seria vendido anos depois em um leilão pelo preço de 11 mil dólares.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de junho de 2005

Elvis Presley - Minhas Três Noivas

Título no Brasil: Minhas Três Noivas
Título Original: Spinout
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Theodore J. Flicker, George Kirgo
Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Diane McBain

Sinopse:
O astro Elvis Presley interpreta o piloto de corridas Mike McCoy. Seu grande sonho é se tornar um campeão das pistas, mas enquanto isso não acontece se vira como cantor nas horas vagas, se apresentando em boates e night clubs. Agora seu coração está dividido entre três gatinhas e ele está sinceramente em dúvida sobre com qual delas pretende se casar.

Comentários:
"Spinout" é em essência um genérico de "Viva Las Vegas", um dos maiores sucessos de bilheteria do cantor Elvis Presley nos cinemas durante os anos 60. Não há muito o que acrescentar por essa razão, mas certos aspectos merecem crédito. A MGM absorveu as inúmeras críticas que se abateram sobre os filmes anteriores de Elvis realizados no estúdio e resolveu dessa vez disponibilizar ao cantor uma melhor produção. De fato "Spinout" é bem superior nesse aspecto em relação a verdadeiras tralhas como "Harum Scarum" e "Frankie and Johnny". A fotografia em especial é bem caprichada e as cenas de corridas contam com uma muito bem realizada edição. Em termos de elenco temos o retorno da atriz Shelley Fabares, o que também se revela um ponto positivo já que ela além de carismática era muito simpática. O filme na realidade foi vendido à época como um presente aos fãs pelo décimo aniversário de Elvis Presley em Hollywood. Apesar do marketing reforçado e das melhoras na película de uma maneira em geral o filme não conseguiu se tornar um sucesso, se revelando um dos mais fracos comercialmente da carreira de Elvis. Fruto da perda de paciência dos fãs que naquela altura queriam mudanças na carreira do ex-Rei do Rock. Mesmo com tanta coisa contra, um legado indireto de "Spinout" permaneceu. O filme foi a inspiração para Tatsuo Yoshida criar um dos personagens de animação mais populares dos anos 60: o corredor Speed Racer, cuja série animada estrearia no ano seguinte nas TVs de todo o mundo. Nada mal para uma produção que não se tornou um sucesso na ocasião de seu lançamento.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - No Paraíso do Havaí

Título no Brasil: No Paraíso do Havaí
Título Original: Paradise, Hawaiian Style
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Michael D. Moore
Roteiro: Allan Weiss, Anthony Lawrence
Elenco: Elvis Presley, Suzanna Leigh, Donna Butterworth, James Shigeta

Sinopse:
Rick Richards (Elvis Presley) é um piloto que acaba pagando caro por ser tão mulherengo. Demitido do emprego resolve ir até o ensolarado Havaí com o plano de montar uma empresa de viagens turísticas pelas ilhas por helicópteros. Ao lado de seu sócio as coisas até começam bem mas Rick não toma jeito e se envolve novamente em muitas confusões envolvendo as garotas que se atiram aos montes em seus pés.

Comentários:
Algo deu muito errado na carreira de Elvis no cinema. Cinco anos depois de fazer sucesso com "Feitiço Havaiano" (Blue Hawaii, 1961) ele voltava ao mesmo ponto de antes, ou pior, para algo inferior. O filme é obviamente uma tentativa de reviver os bons tempos de Elvis no Havaí mas pouca coisa se salva nesse remake disfarçado. O roteiro, mais uma vez escrito por Allan Weiss, é bem ruim e nem sequer tenta disfarçar a falta de um argumento melhor para Elvis ir apresentando as canções (igualmente ruins) da trilha sonora. A produção tampouco é boa e o enredo literalmente se arrasta, com Elvis de vez em quando cantando um pouco para quebrar o tédio reinante. Curiosamente foi o primeiro filme do diretor Michael D. Moore que não conseguiu esconder sua falta de experiência. Há erros de continuidade e muitas vezes tudo cai no marasmo, fato que fica evidente no rosto de Elvis, transparecendo aborrecimento em cada momento. Pelo visto ele sabia que estava envolvido em mais um abacaxi de Hollywood, para sua tristeza e de seus fãs - que começavam a debandar em massa por causa da má qualidade de seus filmes e trilhas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de junho de 2005

Elvis Presley - Entre a Loura e a Ruiva

Título no Brasil: Entre a Loura e a Ruiva
Título Original: Frankie and Johnny
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Frederick De Cordova
Roteiro: Alex Gottlieb, Nat Perrin
Elenco: Elvis Presley, Donna Douglas, Harry Morgan

Sinopse:
Elvis Presley interpreta Johnny, um jogador que vai levando a vida entre partidas emocionantes de cartas e amores clandestinos. Quando conhece Frankie (Donna Douglas), uma loira bonita e charmosa, ele pensa que finalmente poderá entrar em um relacionamento sério com uma mulher, algo que acaba não acontecendo pois também surge em sua vida a dançarina Nellie (Nancy Kovack), que também mexe com seu coração. E agora, como solucionar esse complicado triângulo amoroso? Roteiro baseado na famosa canção “Frankie and Johnny” do século XIX.

Comentários:
A primeira coisa que me chamou bem a atenção quando assisti a esse filme de Elvis pela primeira vez foi a pobreza da produção. Veja que em filmes que ele realizou em estúdios como a Paramount isso jamais aconteceria, pois os executivos dessas empresas cinematográficas tinham um nome a zelar e não deixariam que o nome da Paramount fosse envolvida em produções classe Z. Infelizmente a MGM, sempre com ameaças de fechar suas portas, não mais se importava com isso. Então a coisa toda foi realizada mesmo assim, a toque de caixa, sem capricho e sem recurso. Supostamente teria que ser um filme de época, com cenários e figurinos de encher os olhos, mas como a grana estava curta tudo foi realizado com material de segunda mão. Os figurinos vieram de produções de faroeste classe B e os cenários foram reaproveitados de outras produções. Quando Elvis surge na janela de um barco nós logo percebemos que aquilo pode ser tudo, menos uma embarcação de verdade. O que realmente vemos em cena é uma divisória de madeira bem mal feita se fazendo passar por um barco-cassino do século XIX. É demais, vamos convir. O roteiro é básico, sem novidades, um mero pretexto para que Elvis vá cantando preguiçosamente as (boas) músicas da trilha sonora a cada 10 ou 15 minutos. O filme aliás foi muito criticado justamente pelo fato de se estar lidando com um enredo até conhecido, que já entrou inclusive no folclore americano. Pena que os produtores não estavam nem aí para isso. Assim chegamos na conclusão de que se a trilha sonora pode até ser considerada boa, do filme pouco se salva, pois é muito ruim de fato. Mais um passo em falso na melancólica trajetória de Elvis por Hollywood na década de 1960.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e os anos 60

Em meados dos anos 1960 o rock começou a mudar. Não era apenas uma mudança de sonoridade mas também de propostas, de ideologia. O novo som que passaria a ser chamado de psicodélico procurava realizar verdadeiras "viagens da mente" para quem os ouvia. Por isso novos instrumentos foram usados em estúdio para tentar recriar as sensações de quem usava drogas pesadas como a LSD. O movimento hippie também começou a ganhar adeptos entre a juventude. Sob o lema "Paz e Amor" os jovens se entregavam a uma vida supostamente livre de amarras, de convenções sociais. O rock como fenômeno cultural procurou acompanhar todas essas mudanças na sociedade e ao mesmo tempo em que era influenciado também influenciava o comportamento das pessoas.

Elvis Presley tinha sido um dos pioneiros do rock lá nos anos 50 e percebeu que algo havia mudado mas diferentemente de praticamente todos os artistas daquela época não quis seguir a tendência. Na verdade Elvis abominava muitas das novas mudanças de mentalidade. Para começo de conversa Elvis achava um absurdo dar um nome de droga a um estilo musical. Para Presley a música deveria sempre trazer mensagens positivas, de amor e alegria. Nada de ficar louvando LSD em enigmáticas letras que ninguém conseguia saber ao certo do que se tratava. Também começou a implicar com algumas ideologias que foram se espalhando entre a juventude. No auge dos protestos contra a guerra do Vietnã, Elvis que havia sido um militar, ficava transtornado ao presenciar jovens queimando a bandeira dos Estados Unidos. Ele sempre se considerara um bom patriota, um homem que sabia seus deveres perante sua pátria. Aquilo que via na TV era a total inversão dos valores pelos quais ele havia sido criado. Um absurdo!

E isso era apenas o começo. Quando o rock ficou ainda mais pesado, com bandas de heavy Metal louvando satã, Elvis ficou desnorteado! Imagine dar o nome de um grupo musical de "Missa Negra"? Esses caras estavam loucos? Satanistas malditos, deveriam ser presos por isso. Se havia algo que Elvis Presley odiava no mundo da música era justamente esses caras mal encarados, cabeludos que ficavam gritando letras louvando o demônio. Ele criou uma verdadeira ojeriza em relação ao Heavy que, não escondia, chamava de "Música de Satã". Para quem havia sido criado dentro da tradição cristã e gravado discos de hinos gospel aquilo era demais para aguentar.

Elvis também não suportava mulheres independentes demais ou com muita opinião. Tinha sempre uma opinião bem negativa sobre o estilo de vida das atrizes com quem contracenava. Talvez por isso seu relacionamento com Ann-Margret não tenha ido para a frente. Ele sempre preferia as submissas, tal como a adolescente Priscilla que nessa época morava escondida em sua casa. Presley também não aguentava aquelas mulheres hippies dos anos 60 andando descalças pelas ruas, sem se depilar e com vários parceiros. Para ele o tal de "amor livre" era um mal que estava se implantando dentro da sociedade. A mulher ideal para Elvis deveria se casar virgem, ser dona de casa, rainha do lar e mãe presente na vida do homem e seus filhos. Nada de modernices demais em sua visão. Também odiava certas modernidades como tatuagens em mulheres. Para Elvis isso era o fim pois as garotas começavam a parecer marinheiros de portos europeus!

O interessante é que durante toda a sua vida Elvis manteve essas opiniões longe do público, jamais falando sobre isso publicamente - ordens do Coronel Parker. Quando confrontado Elvis se recusava a falar sobre Vietnã ou qualquer outro tema polêmico. Ele saía pela tangente. Tudo o que sabemos sobre suas opiniões chegaram até nós através de depoimentos de pessoas que conviviam com ele e documentos oficiais como os da Casa Branca que registrou as opiniões do cantor quando ele se encontrou com o presidente republicano Richard Nixon. Elvis estava particularmente preocupado com o avanço dos pensamentos subversivos entre a juventude, a proliferação da cultura das drogas e as técnicas comunistas de controle da mente. Quando John Lennon o convidou para participar de um grande concerto pela paz, Elvis deu uma desculpa qualquer para não ir. Ele jamais participaria de algum manifesto contra as tropas militares americanas no Vietnã, jamais!

No fundo de tudo, por baixo da roupagem de roqueiro rebelde, se escondia um homem que se considerava um bom cristão, um bom patriota e um verdadeiro cidadão de seu país. No auge da contra-cultura nada parecia mudar esse ponto de vista. Elvis seguiu firme com suas convicções, no fundo um conservador da velha escola que por acaso, no começo da carreira, participou de um movimento chamado Rock ´n´ Roll. Elvis Presley no fundo de sua alma nunca foi um rebelde que queria abalar as estruturas da sociedade mas apenas um bom rapaz que queria preservar o que havia de melhor dentro do espírito americano de ser.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Elvis Presley - Cavaleiro Romântico

Título no Brasil: Cavaleiro Romântico
Título Original: Tickle Me
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Elwood Ullman, Edward Bernds
Elenco: Elvis Presley, Julie Adams, Jocelyn Lane

Sinopse:
Lonnie Beale (Elvis Presley) é um cowboy errante que chega numa cidadezinha do Arizona. Ele pretende se encontrar com um amigo que irá lhe arranjar um emprego mas esse some do mapa, o deixando a ver navios. Em busca de um trabalho que lhe garanta o sustento até o começo da temporada de rodeios, ele aceita ir trabalhar em um rancho só para moças - o círculo Z - onde garotas bonitas vão para perder peso e ficarem mais charmosas. Entre uma música e outra ele acaba se apaixonando pela professora de ginástica, Pam Meritt (Jocelyn Lane), que esconde um segredo valioso - pois seu avô deixara uma fortuna para ela escondida numa velha cidade fantasma do oeste americano.

Comentários:
Bom, se tem alguma coisa boa a se dizer desse filme é que ele em momento algum chega a se levar a sério. De fato é uma comédia realmente escrachada onde Elvis até mesmo mostra jeito para o gênero. Ao seu lado está Jack Mullaney, um ator que faz o tipo Jerry Lewis - por falar nisso a terça parte final de "Tickle Me" mais parece um episódio do desenho animado Scooby-Doo, com suas tramas de fantasmas que no fundo se revelam apenas ladrões comuns em busca do tesouro! A mocinha Pam, interpretada pela atriz Jocelyn Lane, é só mais uma caricatura, uma professorinha de ginástica que sonha encontrar o tesouro deixado por seu avô numa velha cidade abandonada do velho oeste. Na verdade como se pode perceber "Tickle Me" não é a oitava maravilha do mundo, longe disso, no fundo é uma jogada de Tom Parker para ganhar muito dinheiro de forma fácil e rápida. Perceba que os gastos foram contidos ao máximo, chegando-se ao ponto até mesmo de se dispensar a gravação de uma trilha sonora própria. Também pudera, o filme foi produzido pelo pequeno estúdio Allied Artists Pictures que vivia à beira da falência e estava também mais interessado em lucrar com a presença de Elvis do que em produzir um filme bom. O resultado disso se vê na tela - um filme barato, com poucos cenários mas que soube faturar bem nas bilheterias porque foi lançado em cinemas do interior, drive-ins e cinemas poeira, onde ficou por muito tempo em cartaz. Para surpresa de muitos "Tickle Me" foi uma das maiores bilheterias de Elvis justamente por essas razões. Se comercialmente foi bem sucedido o mesmo não se pode dizer de suas qualidades meramente cinematográficas já que de fato é um filme B, levemente gaiato, que tenta fazer graça com um roteiro bem caricato e derivativo. Cheios de mocinhas em trajes sumários - que caem de amores por Elvis sem que ele precise fazer o menor esforço - e com roteiro mínimo e apelativo até dizer chega! "Cavaleiro Romântico" é aquele tipo de filme complicado de se defender porque afinal de contas é de fato uma porcaria. E pensar que Norman Taurog teve ótimos momentos ao lado de Elvis no cinema alguns anos antes. Vale por Elvis, pelas boas músicas retiradas de bons álbuns de sua carreira e por uma ou outra risada das cenas de comédia pastelão sem noção e nada mais além disso. 

Pablo Aluísio.