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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A Datilógrafa

Título no Brasil: A Datilógrafa
Título Original: Populaire
Ano de Produção: 2012
País: França
Estúdio: Trésor Films
Direção: Régis Roinsard
Roteiro: Régis Roinsard, Romain Compingt
Elenco: Déborah François, Romain Duris, Bérénice Bejo, Shaun Benson, Mélanie Bernier, Nicolas Bedos

Sinopse:
A jovem Rose Pamphyle (Déborah François) consegue emprego como secretária de um corretor de seguros. Em pouco tempo o patrão percebe que ela tem grande velocidade na datilografia. Assim decide inscrever a garota em um concurso nacional, algo que vai mudar sua vida.

Comentários:
O cinema francês também produz filmes leves e divertidos. Uma prova disso é esse agradável "A Datilógrafa". A história se passa em 1958. Essa informação é importante porque fica claro na primeira parte do filme que o diretor tentou recriar, pelo menos em parte, a atmosfera e o clima das comédias românticas americanas desse período, com destaque para os filmes de Doris Day. A trilha sonora também é um caso à parte. O que os franceses ouviam naquela época? Muitas músicas pop e até rocks são ouvidos ao longo do filme, entre elas uma curiosa versão francesa de um típico rockabilly Made in USA. Ficou no mínimo curioso. A atriz Déborah François é o destaque do filme em termos de elenco. Jovem, bonita e carismática, ajuda ainda mais no resultado final. Eu gostei bastante desse exemplar do cinema francês, que como já escrevi, também pode ser deliciosamente divertido.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Never Grow Old

O imigrante irlandês Patrick Tate (Emile Hirsch) vive com sua família em um pequeno rancho numa cidadezinha do velho oeste. O lugar é dominado por um pastor evangélico que impõe uma rígida disciplina aos moradores, sendo proibido o consumo de álcool. Não há saloons abertos. Também não há prostituição. Tudo de acordo com a moralidade cristã. Isso muda quando o caçador de recompensas e pistoleiro Dutch Albert (John Cusack) chega no lugar. Ele está atrás de um assassino foragido. Liderando um bando de criminosos, ele decide se apoderar de um dos estabelecimentos comerciais do lugar e abre ali um saloon. Quebra as regras de moralidade sem a menor cerimônia.

Como Dutch é um sujeito violento, com fama de psicopata, ninguém ousa enfrentá-lo. Em pouco tempo retorna a prostituição na cidade, assim como o consumo de bebidas e os jogos de cartas, que quase sempre acabam com um dos jogadores baleado ou morto. O irlandês Tate trabalha também como agente funerário e vai levando sua vida, até que um dos capangas de Dutch decide mexer com sua mulher no rancho. A partir daí vem o confronto pois Tate precisa se posicionar, abrindo uma caixa de Pandora de violência e mortes na cidade.

Gostei bastante desse western. Há um clima sombrio, soturno que permeia o filme do começo ao fim. As cenas são bem escuras, geralmente iluminadas apenas por tochas. Tudo para combinar com a tensão que desce sobre aquela comunidade com a presença pecaminosa do vilão Dutch. O grande destaque do elenco vem com John Cusack. Ele está perfeito como o vilão. Um sujeito com fala mansa, típica de psicopatas, como se estivesse na véspera de cometer algum crime, alguma atrocidade. È um faroeste que me surpreendeu em diversos níveis. Meu veredito não poderia ser outro: É um filmão!

Never Grow Old (Estados Unidos, 2019) Direção: Ivan Kavanagh / Roteiro: Ivan Kavanagh / Elenco: Stars: Emile Hirsch, John Cusack, Déborah François, Molly McCann / Sinopse: Pequena e pacata cidade do velho oeste é abalada com a chegada de um pistoleiro e caçador de recompensas conhecido como Dutch, o Holandês. E ele parece disposto a trazer violência e morte para aquele vilarejo, antes devoto com a moralidade cristã.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Monge

Uma grata surpresa. Assim defino esse “O Monge”. O argumento trabalha brilhantemente com a dualidade que está na base da doutrina cristã: a eterna luta do bem contra o mal. No caso ambos os lados lutam pela posse da alma do monge Ambrósio (Vincent Cassel). Na Espanha do Século XVIII ele é abandonado ainda bebê na porta de um mosteiro Capuchino. Criado pelos monges dentro dos dogmas religiosos da ordem, cresce e se torna ele próprio um monge. Brilhante orador, logo começa a chamar a atenção dos fiéis que começam a caminhar grandes distâncias apenas para ouvirem seu sermão e se confessarem com ele pois tem fama de ser uma alma iluminada que realmente perdoa os pecados de cada cristão que o procura. Rígido, não admite aos membros da Igreja passos em falso em sua disciplina religiosa. Procurado por uma freira acaba descobrindo que ela na verdade nutre uma grande paixão por um homem da região. Não pensa duas vezes antes de denunciá-la para sua madre superiora. O castigo é extremamente severo. Seu caminho pela fé parece forte e inabalável até a chegada de um novo noviço chamado Valério. Ele é um sujeito estranho, que usa uma máscara alegando ter sofrido grandes danos em sua face após um grande incêndio. Na verdade Valério será peça chave nas mudanças que estão por surgir na vida do Monge. Em pouco tempo ele terá que escolher entre fé e paixão, sentimento ou crença.

O roteiro de “O Monge” é muito rico em termos teológicos. Analisando bem encontramos em seu enredo elementos vitais para a religiosidade cristã. O livre arbítrio do personagem principal é muito bem desenvolvido pela trama. Embora esteja na presença de uma entidade sinistra e demoníaca ele acaba caindo nas tentações do pecado por livre e espontânea escolha, demonstrando que o pecador é, em última análise, o único culpado pelos erros que comete ao longo de sua vida. Outro ponto extremamente bem desenvolvido é a luta interna que trava ao escolher entre sua fé ou os prazeres mundanos, que surgem incontroláveis, absolutamente inconfessáveis. Na verdade são três linhas narrativas que parecem correr de maneira paralela entre si, mas que na verdade estão fortemente interligadas. O desfecho não abre margem a concessões e é muito interessante, tanto do ponto de vista da própria conclusão da estória como também em termos de teologia pura. Assim “O Monge” é indicado para pessoas inteligentes que tenham particular interesse em temas religiosos. Poucas vezes a luta pela alma de um homem foi tão bem desenvolvido no cinema como aqui. Não perca!

O Monge (Le Moine,  França, 2011) Direção: Dominik Moll / Roteiro: Dominik Moll, Anne-Louise Trividic / Elenco: Vincent Cassel, Déborah François, Joséphine Japy, Sergi López, Catherine Mouchet / Sinopse: Monge Capuchino vira alvo de disputa entre forças celestiais e demoníacas. Entre a fé e a tentação o religioso tentará salvar sua própria alma.

Pablo Aluísio.