Certamente existem pessoas que se dizem de esquerda que são bem intencionadas. A ideia central do comunismo onde tudo seria comum a todos é muito atraente, além de socialmente justa. Infelizmente esse tipo de ideologia também exige uma postura que sinceramente nunca foi implantada em lugar nenhum. O que temos visto desde sempre em relação a regimes comunistas é que tudo se torna mero pretexto para enriquecimento pessoal dos detentores do poder. Isso quando não desanda para uma ditadura brutal e sanguinária.
Certamente eu nunca vou abraçar a ideologia do socialismo simplesmente porque sou cristão e acredito na existência de Deus. O comunismo e o cristianismo são forças que se repelem. O comunismo é ateu por definição. Karl Marx, seu principal articulador, era ateu e considerava a religião danosa, uma simples ferramenta de dominação das classes dominantes. Ele virava os olhos para as boas ações praticadas por religiões ao redor do mundo. Tinha uma visão muito fixa e contrária contra todo tipo de sentimento religioso. Isso por si só já me repele de adotar qualquer tipo de ideologia socialista e comunista em minha vida. Isso obviamente é algo que diz respeito a mim mesmo. Uma visão e postura pessoal.
Porém a ideia de repartir, de evitar a exploração de classes, me parece bem adequada mas certamente jamais será implantada. Sempre haverá uma classe dominante. Basta olharmos para os exemplos dos regimes comunistas como a ex-URSS, Cuba, China ou Coréia do Norte. Todas são violadoras de direitos humanos, oprimem a imprensa livre e formam castas de pessoas que dominam as demais de forma brutal e violenta. Ora, isso não é uma dominação de classe? Claro que sim! Não adianta você se auto intitular representante da classe trabalhadora se não trabalha e não respeita o direito alheio ou se usa a ideologia comunista apenas para em última análise ficar rico. Penso que se não deu certo na União Soviética, que tinha uma sociedade complexa e plural, não dará certo em lugar nenhum, em época alguma. Sempre haverá exploração, dominação e barbárie.
Como eu disse, a ideia básica do comunismo não é má, só que na prática não consegue se impor porque desde que o ser humano surgiu na face da Terra ele tentará impor sua opinião aos outros, buscará a riqueza material para si e combaterá os inimigos de seu status quo. Por isso afirmo que o comunismo é uma utopia e só existe no mundo das ideias pois de certa forma vai contra a própria natureza humana que é a do "meu" e não a do "nosso". Se o comunismo não conseguiu se impor em nações intelectualmente desenvolvidas, com altos índices de escolaridade, o que dirá de regiões mais pobres do globo como a América Latina. Aqui não existe socialismo verdadeiro mas uma manipulação do pensamento comunista para se chegar ao poder. Uma vez lá o ciclo de reinicia, com a busca de enriquecimento pessoal e dominação completa dos setores da sociedade.
Eu afirmo, seria o primeiro a compartilhar tudo o que tenho com o meu próximo, mas não dar o que eu tenho para o enriquecimento de falsos membros da esquerda. Imaginem, o sujeito se auto intitula um socialista aqui dos trópicos ao mesmo tempo em que anda de carro de luxo BMW ou almeja comprar um apartamento em Nova Iorque. Eu lhe pergunto: isso é um socialista verdadeiro ou um mentiroso que está usando a ideologia socialista para enriquecer ao velho estilo capitalista? Volto a dizer, dentro da sociedade humana sempre haverá dominados e dominadores. O que muda é a desculpa para impor a dominação - e ultimamente o socialismo tem sido utilizado para justamente isso. O tão cultuado Fidel Castro é um dos homens mais ricos do mundo! Por isso abra os olhos. Comunista com carro do ano importado, apartamento na praia, iates, vida de luxos e riquezas, nunca foi um verdadeiro comunista mas apenas um mentiroso que usa a ideologia de esquerda para ficar rico e nada mais.
Pablo Aluísio.
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quinta-feira, 7 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
A vida para Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) não foi nada fácil. Aclamado como um dos maiores filósofos da história após sua morte, o autor teve uma vida trágica e breve. Extremamente inteligente e culto, Nietzsche não tinha uma vida social. Na realidade sentia-se bastante deslocado na presença de muitas pessoas. Não gostava muito de gente como confessou certa vez. Preferia a solidão, onde podia desenvolver melhor suas ideias. Leitor voraz, não deixava passar nenhum livro em suas mãos sem antes dar uma conferida sobre do que se tratava, mesmo que o assunto não fosse de seu grande interesse. Quando tentou se aproximar de alguém, de seu ídolo musical, Wagner, o achou um sujeito muito banal, decepcionante até. Sua convivência com o famoso compositor lhe renderia uma frase bastante conhecida. Ao resumir o antigo ídolo (pois passou a achar essa coisa de ter ídolos muito banal) disse que ele era simplesmente "humano, demasiado humano..."
Não cabe aqui nesse enxuto texto tratar ou analisar a essência de sua obra (que considero de grande relevância) mas sim trazer um pouco do ser humano por trás das letras. Afinal de contas Friedrich Nietzsche não foi apenas um nome na capa de seus livros mas um homem comum que viveu e sofreu em sua vida, tal como todos nós.
Nietzsche nasceu numa família tradicionalmente religiosa. Sua linhagem era de grandes pastores, homens que entregaram sua alma a Deus. O próprio Nietzsche porém não se sentia à vontade nesse papel, até porque ele tinha sérias dúvidas sobre a existência de uma entidade divina, criadora do céu e da Terra. Vendo as injustiças do mundo e as barbaridades que eram cometidas em seu Nome, ele acabou desenvolvendo um ceticismo natural que iria se refletir em seus livros de filosofia. Isso daria origem a uma de suas frases mais citadas e conhecidas, a de que "Deus estava Morto!". Assim Friedrich Nietzsche desenvolveu uma obra de complexo teor filosófico, mas que tinha como uma de suas bases a crueza do mundo real, e não aquilo que ele considerava puro fruto da imaginação humana. Deuses e criaturas espirituais eram incabíveis em sua análise do mundo e da sociedade. Claro que tal postura e ponto de vista traria grande desgosto em seu seio familiar. Para fugir dessa pressão e sentimento de desilusão, o jovem Nietzsche resolveu adotar uma vida errante, vivendo aqui e acolá, em quartos baratos, sempre solitário, não procurando criar laços sentimentais e de amizade com quem quer que seja.
Embora se sentisse livre, esse tipo de vida também cobrou seu preço. Nietzsche gostava de frequentar tabernas e também prostíbulos. Naquela época não havia consciência de preservação em relação a doenças venéreas e numa dessas idas a lugares como esse o escritor acabou contraindo a terrível sífilis, uma doença infecciosa sexualmente transmissível. Sem cura e tratamento eficaz naqueles tempos ela iria destruir aos poucos o grande pensador. Em seu estágio final a infecção se espalha para o cérebro, o sistema nervoso, o coração, a pele e os ossos, transformando seu portador em uma sombra do que um dia foi. A razão, tão importante para o pensamento e a obra de Friedrich Nietzsche, foi sumindo aos poucos. Ele passou a apresentar sinais de desequilibro mental, falando com animais irracionais e tendo arroubos de megalomania, algo que jamais havia feito parte de sua equilibrada personalidade antes.
Durante uma caminhada viu um cavalo puxando uma carroça e caiu em brandos, abraçando o pobre animal, afirmando que sentia sua dor! Depois fez um irritado discurso a transeuntes afirmando que havia escrito os maiores livros de filosofia de todos os tempos mas que ninguém dava a menor importância para eles - e que naquela altura de sua vida estava cansado de dar pérolas aos porcos alemães. Após ter mais crises como essas foi finalmente levado a um hospital onde ficou claro que estava perdendo o controle de sua racionalidade. A sífilis finalmente havia destruído seu sistema nervoso central. Ele passaria dez anos de sua vida completamente fora da realidade até morrer de forma completamente inglória, na miséria, vivendo de favor na casa de sua irmã que não pensou duas vezes antes de adulterar muitos de seus escritos, colocando conceitos que jamais tinham sido pensados por ele, como a de uma raça superior e ariana - ideias que seriam incorporadas pelo regime nazista anos depois.
Friedrich Nietzsche morreu pobre, ignorado e foi enterrado em uma cova rasa, quase como se fora um indigente ou mendigo. O tempo porém traria reconhecimento. Embora em vida nunca tivesse sido reconhecido seus livros aos poucos foram sendo redescobertos nos meios acadêmicos. Poucos anos depois de sua morte sua obra começou a despertar interesse dos grandes pensadores alemães, servindo inclusive de referência para obras ainda mais complexas. Nietzsche acabou alcançando o patamar de grande mestre e um revolucionário dentro da filosofia. Conceitos seus entraram no dia a dia dos grandes filósofos e ele finalmente foi chamado de grande pensador - algo que nunca foi feito em vida. O tempo fatalmente lhe fez justiça, ainda que tardia.
O melhor da obra de Nietzsche:
Assim Falou Zaratustra (1883)
Para Além do Bem e do Mal (1886)
Genealogia da Moral (1887)
O Anticristo (1895)
Pablo Aluísio.
Não cabe aqui nesse enxuto texto tratar ou analisar a essência de sua obra (que considero de grande relevância) mas sim trazer um pouco do ser humano por trás das letras. Afinal de contas Friedrich Nietzsche não foi apenas um nome na capa de seus livros mas um homem comum que viveu e sofreu em sua vida, tal como todos nós.
Nietzsche nasceu numa família tradicionalmente religiosa. Sua linhagem era de grandes pastores, homens que entregaram sua alma a Deus. O próprio Nietzsche porém não se sentia à vontade nesse papel, até porque ele tinha sérias dúvidas sobre a existência de uma entidade divina, criadora do céu e da Terra. Vendo as injustiças do mundo e as barbaridades que eram cometidas em seu Nome, ele acabou desenvolvendo um ceticismo natural que iria se refletir em seus livros de filosofia. Isso daria origem a uma de suas frases mais citadas e conhecidas, a de que "Deus estava Morto!". Assim Friedrich Nietzsche desenvolveu uma obra de complexo teor filosófico, mas que tinha como uma de suas bases a crueza do mundo real, e não aquilo que ele considerava puro fruto da imaginação humana. Deuses e criaturas espirituais eram incabíveis em sua análise do mundo e da sociedade. Claro que tal postura e ponto de vista traria grande desgosto em seu seio familiar. Para fugir dessa pressão e sentimento de desilusão, o jovem Nietzsche resolveu adotar uma vida errante, vivendo aqui e acolá, em quartos baratos, sempre solitário, não procurando criar laços sentimentais e de amizade com quem quer que seja.
Embora se sentisse livre, esse tipo de vida também cobrou seu preço. Nietzsche gostava de frequentar tabernas e também prostíbulos. Naquela época não havia consciência de preservação em relação a doenças venéreas e numa dessas idas a lugares como esse o escritor acabou contraindo a terrível sífilis, uma doença infecciosa sexualmente transmissível. Sem cura e tratamento eficaz naqueles tempos ela iria destruir aos poucos o grande pensador. Em seu estágio final a infecção se espalha para o cérebro, o sistema nervoso, o coração, a pele e os ossos, transformando seu portador em uma sombra do que um dia foi. A razão, tão importante para o pensamento e a obra de Friedrich Nietzsche, foi sumindo aos poucos. Ele passou a apresentar sinais de desequilibro mental, falando com animais irracionais e tendo arroubos de megalomania, algo que jamais havia feito parte de sua equilibrada personalidade antes.
Durante uma caminhada viu um cavalo puxando uma carroça e caiu em brandos, abraçando o pobre animal, afirmando que sentia sua dor! Depois fez um irritado discurso a transeuntes afirmando que havia escrito os maiores livros de filosofia de todos os tempos mas que ninguém dava a menor importância para eles - e que naquela altura de sua vida estava cansado de dar pérolas aos porcos alemães. Após ter mais crises como essas foi finalmente levado a um hospital onde ficou claro que estava perdendo o controle de sua racionalidade. A sífilis finalmente havia destruído seu sistema nervoso central. Ele passaria dez anos de sua vida completamente fora da realidade até morrer de forma completamente inglória, na miséria, vivendo de favor na casa de sua irmã que não pensou duas vezes antes de adulterar muitos de seus escritos, colocando conceitos que jamais tinham sido pensados por ele, como a de uma raça superior e ariana - ideias que seriam incorporadas pelo regime nazista anos depois.
Friedrich Nietzsche morreu pobre, ignorado e foi enterrado em uma cova rasa, quase como se fora um indigente ou mendigo. O tempo porém traria reconhecimento. Embora em vida nunca tivesse sido reconhecido seus livros aos poucos foram sendo redescobertos nos meios acadêmicos. Poucos anos depois de sua morte sua obra começou a despertar interesse dos grandes pensadores alemães, servindo inclusive de referência para obras ainda mais complexas. Nietzsche acabou alcançando o patamar de grande mestre e um revolucionário dentro da filosofia. Conceitos seus entraram no dia a dia dos grandes filósofos e ele finalmente foi chamado de grande pensador - algo que nunca foi feito em vida. O tempo fatalmente lhe fez justiça, ainda que tardia.
O melhor da obra de Nietzsche:
Assim Falou Zaratustra (1883)
Para Além do Bem e do Mal (1886)
Genealogia da Moral (1887)
O Anticristo (1895)
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Esse Último que Morreu...
Até que não era uma má pessoa. Sua personalidade tendia para a generosidade, principalmente em relação às pessoas mais pobres. Também não era uma pessoa de alma sórdida, tanto que nunca ficou ao lado das cadelas do fascismo de seus familiares. Tinha seu lado bom, generoso. Tinha suas qualidades como pessoa caridosa.
Entretanto nenhum ser humano é perfeito, tampouco ele. Não era um homem de fibras morais, pelo contrário, tinha mesmo esse lado imoral que sempre aflorou em sua personalidade. Já velho, jogou o juízo pela janela e foi se juntar com uma mulher mais jovem, de péssima reputação. Jogou a família que tinha fora e se entregou à esbórnia.
Embora seja de uma família que sempre se auto afirmou religiosa e de fibra moral, ele não tinha nada disso. Pelo menos assumiu o que fez, de peito aberto. Nesse aspecto podemos dizer até que era mais honesto e sincero. Não era um hipócrita.
Homem de poucas letras, tinha o sorriso fácil e gostava de prosa, principalmente se tivesse bom humor nelas. Era agradável, mas como eu disse, tinha mesmo esse lado escroto. Se houver céu acho que não entrará, embora esse papo de céu e inferno seja tudo balela mesmo. Ele viveu como quis e pagou o preço por suas escolhas. No fim de tudo é o que importa. Viva de seu jeito e seja feliz com suas escolhas.
Pablo Aluísio.
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