sexta-feira, 21 de abril de 2017

Mickey Rourke - Primeiros Filmes

A imprensa começou a falar em Mickey Rourke lá por volta da primeira metade dos anos 80. Claro, ele já havia feito filmes antes dessa década, mas quase sempre como mero coadjuvante e em alguns casos como um extra perdido no meio da multidão. Não era alguém para se prestar atenção. Dessa primeira fase de sua filmografia vale a pena citar "Portal do Paraíso" e "1941 - Uma Guerra Muito Louca", ambos os filmes fracassaram nas bilheterias. Nem o nome de Steven Spielberg conseguiu salvar 1941 de afundar feio nos cinemas. De fato foi o primeiro fracasso comercial do diretor. Logo ele que vinha já naquela época de uma sucessão de sucessos!

Assim o primeiro filme do ator a realmente chamar a atenção foi "Quando os jovens se Tornam Adultos", o conhecido "Diner" de 1982.  Dirigido por Barry Levinson o filme tinha um elenco jovem muito bom, contando com, entre outros, Steve Guttenberg e Kevin Bacon. Com um roteiro acima da média mostrava um grupo de rapazes procurando por um caminho na vida, mas sem encontrar nada consistente mesmo. E no meio desse turbilhão de situações havia o momento em que eles se encontravam, no mesmo lugar, para jantar e jogar conversa fora.

Esse foi o primeiro filme que chamou atenção para Mickey Rourke. Numa de suas primeiras entrevistas inclusive ele dizia que seu apelido "Mickey" (que não era seu nome original) havia sido dado por causa de sua baixa estatura. Como se ele fosse um garoto do tipo raquítico tentando sobreviver na Nova Iorque de sua infância. E para quem não sabe seu nome real é Phillip Andrew Rourke. Pois bem, com "Diner" Mickey Rourje ganhou seu primeiro filme de relevância, pelo menos para ele pessoalmente, dentro de sua carreira. Seu personagem chamado Robert 'Boogie' Sheftell foi um verdadeiro presente para quem tentava decolar uma carreira iniciante de ator.

Pablo Aluísio.

Mel Gibson - Primeiros Filmes

A carreira de Mel Gibson começou muito modesta, ainda nos tempos em que ele morava na Austrália. Embora fosse americano de origem (o ator nasceu em Nova Iorque no ano de 1956), Gibson foi ainda muito jovem morar na distante Austrália por causa dos pais. Lá ele começou a se interessar por atuação, muito embora ainda fosse jovem demais para decidir o que faria da vida no futuro. Seu primeiro trabalho foi na televisão, em uma participação mínima na série "The Sullivans". Era o ano de 1976, Gibson com apenas 20 anos de idade curtiu a experiência, mas percebeu que o mundo da televisão não era para ele.

Seu primeiro filme para o cinema foi "O Último Verão", uma fita sobre quatro amigos que resolvem viajar pela Austrália em busca da onda perfeita. Os personagens eram surfistas (inclusive Gibson) e o roteiro era, para ser bem educado, completamente primário. Um filme que foi renegado pelo próprio Gibson anos depois. Durante uma entrevista o ator, perguntado sobre seu primeiro filme, foi enfático, descartando a produção, a chamando de ridícula. Realmente o título original era bem adequado, "Summer City", pois esse era inevitavelmente um filme vazio de verão, com surf, praias, garotas e nada mais. Não era mesmo nenhuma obra cinematográfica mais relevante. Se não fosse pela participação de Mel Gibson no elenco esse filme já teria sido esquecido completamente.

Depois de "O Último Verão" Gibson faria mais um filme, dessa vez um telefilme para ser exibido exclusivamente no canal ABC da Austrália. O filme se chamava "The Hero" (até hoje sem nome oficial no Brasil). Era uma produção muito fraca, quase um documentário, sobre a vida de atores na Austrália. Foi tão ruim e decepcionante que Gibson chegou ao ponto de pensar em abandonar seus sonhos de se tornar um ator, de viver da arte de atuar.

O que salvou a carreira de Mel Gibson foi o fato do diretor George Miller se interessar por ele após assistir a "O Último Verão". O cineasta acreditou que havia finalmente encontrado o tipo ideal para seu novo projeto, um filme com roteiro insano mostrando um patrulheiro rodoviário tentando colocar ordem e justiça em um mundo pós-apocalíptico. Era uma proposta bem ousada, a ser filmada nas estradas mais desertas e inóspitas do interior australiano. Miller queria mostrar um mundo destruído, desolado e abandonado, cuja a lei deveria ser imposta com violência e insanidade. O nome do filme seria "Mad Max" (Louco Max) e poucos sabiam, mas esse seria um marco absoluto na história do cinema mundial. Mel Gibson foi então convidado para um teste, sem levar nada muito à sério. Mal sabia ele o que estava por vir...
 
O filme "Mad Max" foi uma produção barata que não negava suas origens. O filme foi produzido com apenas 200 mil dólares, tudo feito a toque de caixa. O diretor George Miller porém tinha uma visão inovadora, bastante original. Ele mandou confeccionar um belo cartaz do filme e viajou até os Estados Unidos para lançá-lo no circuito independente. Ele sabia que nesse meio o filme teria maior recepção.

E tudo correu de acordo com o que ele pensava. "Mad Max" passou a ser exibido em um mercado mais underground, que o transformou rapidamente em um cult movie. Além disso quando o filme finalmente foi lançado (em 1979) o mercado de cinema estava prestes a sofrer uma enorme transformação. A indústria se preparava para o lançamento de um novo aparelho doméstico, o videocassete, que iria mudar para sempre os hábitos dos cinéfilos.

"Mad Max" acabou assim se tornando um dos primeiros grandes sucessos de lançamento no recém inaugurado mercado de vídeos domésticos, VHS. Com esse novo meio de comercialização de filmes os produtores encontraram um novo meio de ganhar muito dinheiro com os filmes. O que antes se resumia nas bilheterias de cinema, agora mudava para um novo formato. O consumidor alugava o filme e levava uma fita para assistir em casa, no conforto do lar. Com isso "Mad Max" foi ficando cada vez mais popular. A boa receptividade chamou a atenção para Mel Gibson, o ator que interpretava Max. Embora fosse americano ele morava na Austrália. Seu agente o aconselhou a ir embora, vindo morar em Los Angeles.

Antes de ir embora para a América Mel Gibson rodou um novo filme na Austrália. O filme se chamava "Tim - Anjos de Aço". Esse roteiro deu oportunidade para Gibson mostrar que era muito mais do que apenas um patrulheiro rodoviário em um mundo destruído. Seu personagem se chamava Tim Melville, um rapaz com retardo mental que trabalhava em pequenos serviços, como jardineiro, etc. Interpretar alguém excepcional, com necessidades especiais, foi um grande desafio para Mel que pegou gosto pelo drama e pelos enredos mais edificantes. Claro, ele estava prestes a se tornar um dos mais populares atores do gênero ação nos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo sempre iria procurar por desafios como esse em sua futura carreira.
 
Depois do sucesso de "Mad Max" no mercado de vídeo nos Estados Unidos, Gibson viu as portas do cinema americano se abrirem para ele. Antes de ir para a América porém Gibson precisou cumprir alguns contratos que havia assinado na Austrália. Ela já havia decidido ir embora, para morar em Los Angeles por alguns anos, mas sem perder sua ligação com a Austrália, que adorava. Inclusive com o dinheiro ganho em "Mad Max" ele comprou sua primeira pequena fazenda no país, algo que iria manter por muitos anos. Ele também queria continuar a trabalhar no cinema australiano, independente de qualquer coisa.

Um desses filmes de sua fase australiana final foi o filme de guerra "Força de Ataque Z". A história se passava na II Guerra Mundial, quando um comando de militares australianos embarcavam numa missão contra as forças do Japão imperial. Gibson interpretava uma capitão chamado John Kelly nessa produção que se não chegava a ser uma obra prima, pelo menos cumpria bem seus objetivos no quesito diversão. No elenco havia ainda outro bom ator que também iria fazer carreira no cinema americano, o versátil Sam Neill.

Outro filme de guerra dessa mesma época foi "Gallipoli". Era uma produção bem superior ao filme anterior. Enquanto "Força de Ataque Z" era um filme de ação sem maiores pretensões a não ser divertir o público, esse "Gallipoli" era um ótimo drama de guerra dirigido pelo talentoso e reconhecido cineasta Peter Weir. O filme se passava durante a I Guerra Mundial. Gibson interpretava um jovem australiano que era enviado junto de sua companhia para lutar nas areias escaldantes do front egípcio. O inimigo era representado pelas forças militares de uma Turquia ainda muito fanatizada e cruel. Esse filme pode ser considerado o primeiro grande filme da carreira de Mel Gibson. Tinha excelente produção, linda fotografia e um roteiro realmente muito bem escrito. Era o tipo de filme que Gibson queria fazer. Algo muito além das meras cenas de ação dos filmes anteriores.

A produção acabou sendo considerada o grande filme australiano do ano, sempre premiada em várias categorias do Australian Film Institute (uma espécie de Oscar australiano), entre eles melhor filme, direção e ator, com Gibson sendo premiado pela primeira vez em sua carreira. O filme teve tão boa repercussão de público e crítica que acabou sendo lançado nos cinemas brasileiros na época, algo bem raro em se tratando de filmes australianos. Isso demonstrava como havia sido bem recebido em todo o mundo. Por muitos anos Gibson diria que "Gallipoli" havia sido certamente o melhor filme de toda a sua carreira até aquele momento.

Pablo Aluísio.

Brad Pitt - Primeiros Filmes

A primeira vez que ouvi falar em Brad Pitt foi por causa de sua participação no filme "Thelma & Louise" de 1991. Ele interpretava um jovem com chapéu de cowboy chamado J.D. Não havia nada de especial em sua "interpretação", na verdade Pitt chamou a atenção do público feminino mesmo por causa de sua beleza e sensualidade. Como o roteiro do filme explorava duas mulheres que tinham decidido deixar suas vidas chatas de donas de casa para trás, correndo em busca de aventuras, o bonitão vivido por Pitt representava antes de mais nada essa liberdade sexual recentemente recuperada por elas.

O fato porém é que esse não foi o primeiro papel do ator no cinema. Ele havia estreado bem antes, ainda nos anos 80, aparecendo em filmes como "Hunk - Um Pacto dos Diabos", "Atraídos Pelo Perigo" e "Abaixo de Zero". Em nenhum deles chegou nem perto de atrair a atenção do público. Suas participações eram nulas, muitas vezes seus "personagens" sequer tinham nomes. Em "Hunk" ele apareceu nos créditos como "O Rapaz na Praia", ou seja, nada muito promissor ou importante. Como todo jovem ator em Hollywood, Pitt precisou ralar um bocado para alcançar seu lugar ao sol.

Como havia muitos testes todos os dias para arranjar um trabalho, Pitt acabou indo parar até mesmo na série "Dallas" onde interpretou um jovem chamado Randy. Aparecer em Dallas foi bem importante para ele, principalmente para se tornar mais conhecido de agentes, diretores e produtores. A TV porém não era bem aquilo que ele procurava, por isso sua participação se limitou a apenas quatro episódios exibidos em 1987 no canal ABC. Depois disso Brad Pitt ainda trabalhou na televisão por cachês que seguravam sua barra como em "Anjos da Lei" e até mesmo "A Hora do Pesadelo", série feita para a televisão baseada nos famosos filmes de terror. Nada porém parecia dar muito certo ou colher bons frutos para sua carreira.

Sua sorte só mudou mesmo com Thelma & Louise. Esse filme foi realmente o divisor de águas em sua filmografia. Após bastante tempo estrelando séries, telefilmes e filmes sem grande importância, ele teve sua chance de aparecer para os grandes estúdios. Essa produção foi considerada uma das mais bem sucedidas daquele ano e apesar de ser estrelada pelas atrizes  Susan Sarandon e Geena Davis, todos só falavam da pequena e importante participação de Brad Pitt nas telas. O ator então vendo um bom momento em sua carreira trocou de agente e passou a fazer parte de uma agência bem importante de Los Angeles. Seus novos agentes prometiam oportunidades em grandes filmes que estavam sendo produzidos. Um novo horizonte finalmente se abria para Brad naquele começo dos anos 90.

Depois de chamar a atenção com "Thelma & Louise" os produtores lançaram no mercado um estranho filme que Brad Pitt havia estrelado chamado "Johnny Suede". Esse filme chegou a ser lançado no Brasil, em VHS, mas pouquíssimas pessoas assistiram. Era uma produção nonsense, com pretensões de se tornar cult, trazendo Pitt interpretando um personagem com um imenso topete (de fazer inveja a Elvis e James Dean). O roteiro era fraco e o filme como um todo não fazia muito sentido. Mesmo assim, visando principalmente ganhar algum proveito em cima da fama do ator, acabou sendo lançado, mas sem causar maior interesse tanto do público como da crítica. Em 1992 Brad Pitt estrelou outro filme que era bem fora dos padrões chamado "Mundo Proibido". Essa produção misturava cenas com atores reais e desenhos animados. Era de certa forma uma nova versão mais pobre e sem os mesmos recursos do sucesso "Uma Cilada Para Roger Rabitt". A protagonista era uma versão animada da atriz Kim Basinger, que fazia de tudo para copiar a sensual Jessica Rabbit. O filme não deu certo, foi fracasso de público e crítica, justamente por não ser nada original. Nem o clima de fim noir, que o diretor tentou imprimir à direção de arte, ajudou. Hoje em dia é uma produção que poucos conhecem, sendo praticamente desconhecida.

Curiosamente por essa época Brad Pitt fez dois trabalhos na TV americana. Um deles foi o telefilme "Histórias Insólitas", que trazia um daqueles roteiros com pequenas histórias diferentes, como se fossem contos literários adaptados para as telas. Nesse filme tínhamos enredos explorando pistoleiros do velho oeste a combatentes da I Guerra Mundial. Brad Pitt interpretou um personagem chamado Billy no segmento "King of the Road". Esse filme nunca foi lançado no Brasil, nem nos tempos das locadoras de vídeo. E isso apesar de ter sido dirigido pelos excelentes cineastas Richard Donner e Tom Holland. Também desconheço qualquer exibição em canais a cabo no Brasil. Pelo visto segue sendo inédito. O interessante é que esse mesmo filme foi relançado depois dentro da série "Contos da Cripta", esse sim lançado em vídeo no Brasil, porém de forma incompleta, o que deixou de fora "King of the Road". justamente aquele em que Pitt atuava. Apesar de tudo, Brad sentia que sua carreira estava demorando demais para decolar. Desde 1988 quando havia surgido pela primeira vez em "Anjos da Lei" ele procurava por uma saída, algum projeto que o lançasse finalmente no cinema. Sua impaciência chegaria ao fim ainda nesse ano de 1992, quando ele finalmente recebeu uma grande proposta para atuar em um filme classe A de Hollywood. Algo que vamos tratar no próximo texto. Até lá!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Filmes no Cinema - Edição XIV

Um dos filmes mais interessantes para se conferir nessa semana nos cinemas é O Rei do Show (The Greatest Showman, EUA, 2017). Essa produção deveria ter estreado em todo o Brasil  na semana passada, porém como o lançamento do novo Star Wars ocupou muitas salas, esse filme só está chegando em várias capitais hoje. O tema é dos mais interessantes. Estrelado por Hugh Jackman, o roteiro conta a história do empresário do circo P.T. Barnum. Ele foi seguramente um dos maiores nomes circenses de toda a história. O filme porém não se contenta em contar sua história, mas acrescenta também alguns "toques mágicos" aos acontecimentos. No elenco ainda há dois bons nomes: Michelle Williams e Zac Efron. A direção é de Michael Gracey que vai em breve dirigir a versão cinematográfica de "Naruto".

Outra boa opção, dessa vez indicada para quem gosta de filmes românticos, sobre relacionamentos, é Roda Gigante (Wonder Wheel, EUA, 2017). Esse é o novo filme do diretor Woody Allen. A história se passa nos anos 40, em Coney Island. Duas mulheres, uma só paixão. Uma delas é casada e a outra é a sua enteada. Ambas apaixonadas por um salva-vidas bonitão interpretado por Justin Timberlake. Como se trata de Woody Allen obviamente o filme vai chamar a atenção dos cinéfilos que admiram e seguem sua carreira. O elenco também vai atrair uma boa bilheteria pois conta com Kate Winslet e o astro pop Justin Timberlake. James Belushi, conhecido humorista e comediante, interpreta o pobre marido traído. Vale conferir.

Para o caso de você não querer ver filmes sobre circos em um realismo fantástico, nem um drama romântico dos anos 50, a pedida é "O Jovem Karl Marx", filme que inclusive já escrevi resenha aqui no blog. Como o título deixa claro, mostra os anos iniciais da vida de Marx, o ideólogo definitivo da ideologia de esquerda. Expulso de seu país natal ele vai parar na França onde recomeça seu ativismo socialista. Lá conhece o jovem filho de um rico industrial, Engels, que acaba se tornando seu mais próximo colaborador e amigo pessoal. Um filme bom, que acerta em contar uma história, sem cair demasiadamente em panfletismos desnecessários.

Mustang Island é um filme mais indicado para os jovens que estão passando por um período de fossa. Isso mesmo. No roteiro um jovem, após ver seu relacionamento afundar, decide pegar o carro e ir para um destino desconhecido. É um road movie, com pitadas de drama, comédia e aventura. Nada muito especial, mas vale uma espiada. O elenco traz Macon Blair e Lee Eddy. A direção é Craig Elrod. Para finalizar uma curiosidade. Está chegando só agora nas telas brasileiras de cinema o filme Cavalos Selvagens! Essa produção é de 2015 e levou quase três anos para conseguir espaço em nosso circuito comercial. Um absurdo! De qualquer forma se ainda não viu ignore esse atraso. É uma produção muito boa, dirigida e atuada pelo veterano Robert Duvall, com um elenco que conta ainda com James Franco e Josh Hartnett. Já fiz inclusive resenha desse western contemporâneo aqui em nosso blog. Com enredo interessante, passado no moderno oeste americano, é uma boa pedida para o fim de semana.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Filmes no Cinema - Edição XIII

Há pelo menos dois bons motivos para ir ao cinema nesse fim de semana. O primeiro (e mais óbvio) é o lançamento do tão aguardado reboot da (agora) franquia "Blade Runner". Como se sabe o primeiro filme não foi exatamente um sucesso de bilheteria quando chegou aos cinemas lá pela primeira metade dos anos 80. Isso não o impediu de virar um cult movie, um filme amado e cultuado pelos cinéfilos. Agora temos esse "Blade Runner 2049". A primeira impressão, eu sei, seria de pura desconfiança. Hollywood cada vez com menos ideias novas, sem originalidade, estaria apelando mais uma vez para reciclagens. Bom, ainda não vi o filme, mas pelo que tenho colhido em termos de reação da crítica (e também público), parece que o filme não decepciona! É pagar para ver, de preferência no cinema mesmo.

Outro bom motivo para ir para o cinema nesse fim de semana é a estreia do drama histórico "Churchill". Para quem andou cabulando as aulas de história, ele foi o primeiro ministro inglês durante a II Guerra Mundial. Um verdadeiro herói para a Inglaterra pois enfrentou Hitler, o nazismo e se sagrou vencedor no maior conflito armado da história. O curioso dessa nova abordagem é que o diretor Jonathan Teplitzky resolveu investir no lado mais humano do líder europeu. Não o retratando apenas como o herói das estátuas em praça pública, da visão mais ufanista, mas como um homem que tinha receios, dúvidas e até medo do destino da Europa naquele momento histórico tão perigoso. O elenco conta com  Brian Cox como o premier britânico e Miranda Richardson como sua esposa. Para quem gosta de dramas históricos essa é certamente uma grande pedida.

O circuito comercial porém não vive apenas de grandes filmes, como bem sabemos. Há também espaço para aquelas obras bem mais modestas do ponto de vista artístico. Nessa semana teremos o lançamento, por exemplo, do primeiro longa do famoso personagem dos desenhos animados, "Pica-Pau". Um fato curioso ronda essa produção. Ela só será lançada nos cinemas do Brasil. Isso mesmo. A produtora americana decidiu que lançará o filme apenas em DVD e em streaming nos Estados Unidos. A justificativa seria que o personagem já não seria tão popular e conhecido entre as crianças americanas (ele é uma criação dos anos 40, imagine você!). Mesmo sendo uma produção feita para o público infantil as críticas não andam nada boas. Parece que o filme é bem ruim.

Por fim aqui vão três dicas para um público mais seletivo, que queira conhecer melhor a atual produção cinematográfica de outros países. O francês "O Melhor Professor da Minha Vida" mostra a amizade que nasce entre um renomado professor do Liceu Henri IV de Paris e um garoto negro da periferia que vai estudar lá. Já a animação japonesa "Your Name" de Makoto Shinkai, mostra a história de uma garota do interior que sonha um dia ir embora para Tóquio, a grande capital do país. Por fim fica a dica do coreano "Na Praia à Noite Sozinha", que explora a história de uma atriz da Coreia do Sul que resolve ir para a Hamburgo, na Alemanha, para refletir sobre sua própria vida. Esse filme tem uma bela fotografia e um roteiro mais intimista que vai agradar ao público que aprecia dramas mais consistentes.

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição XII

Quinta-feira é dia de dar uma olhada nos lançamentos da semana nos cinemas brasileiros. Hoje temos um excelente novo filme de guerra chegando nas telas. Estamos falando de "Dunkirk" de Christopher Nolan. Depois de realizar a mais aclamada trilogia do Batman nos cinemas, Nolan volta suas atenções para a II Guerra Mundial. O cenário é Dunquerque, quando as forças aliadas sofreram uma de suas mais pesadas derrotas, precisando se retirar às pressas antes de todos serem mortos pela máquina de guerra da Alemanha nazista. O roteiro explora a história de três diferentes personagens. Um piloto de caças interpretado por Tom Hardy, um jovem soldado no meio do campo de batalha e um jovem inglês civil que se vê no meio do fogo cruzado, sem esperar por isso. "Dunkirk" está sendo muito elogiado pela crítica internacional. É um bem-vindo retorno aos filmes de guerra, que andavam sumidos dos cinemas nos últimos anos. Que seja o primeiro de muitos que virão.

Os demais filmes que estão sendo lançados são produções menores, sem a massificação de marketing que está sendo usado na produção de Nolan. Kevin Spacey é nome mais famoso do elenco de "Em Ritmo de Fuga". Essa é uma fita policial onde se explora um grupo de assaltantes profissionais. Doc (Spacey) é o chefão. Ele contrata um motorista para dirigir os carros durante as fugas, mas o sujeito não é dos mais comuns. Ele quer ir embora da quadrilha, algo que não será tão fácil como pensa ser.

Já "O Reencontro" é indicado para quem gosta de filmes europeus. Essa produção francesa, com toques de humor e romance, mostra a vida de Claire (Catherine Frot). Ela é uma mulher solitária que vive de realizar partos na cidade onde mora. Sua vida muda quando conhece Béatrice (Catherine Deneuve), que no passado foi amante de seu pai. O grande atrativo desse filme francês é a presença de Catherine Deneuve, considerada um mito do cinema europeu. Fazia tempo que a atriz havia atuado em um filme e seu retorno às telas é sempre um grande atrativo para ir ao cinema nesse fim de semana. Outro filme realizado na França que está sendo lançado nos cinemas brasileiros é o documentário "Foucault Contra Si Mesmo". Aqui vários acadêmicos discutem a importância da obra de Michel Foucault. Uma boa pedida para universitários da área de humanas.

Finalizando as dicas, aqui vão mais duas opções para fugir um pouco do cinema comercial americano. "Esteros" é uma produção argentina que conta a história de dois amigos que se reencontram muitos anos depois. Nesse reencontro eles relembram as velhas histórias do passado ao mesmo tempo que descobrem existir um sentimento maior os envolvendo. E para quem gosta de cinema nacional fica a dica final de "Love Film Festival". O elenco traz Leandra Leal interpretando uma roteirista que se apaixona por um ator durante um festival de cinema. Ao longo dos anos eles voltariam a se reencontrar (em outros festivais) sempre reacendendo a chama da paixão. Uma boa opção para quem deseja ver romance em uma produção brasileira nesse fim de semana.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de abril de 2017

O Regresso

O filme se passa em uma América colonial, praticamente inexplorada pelo homem branco. No velho oeste essas regiões remotas eram exploradas principalmente por caçadores, muitos deles atrás de peles. O problema é que esse era um território dominado por tribos nativas hostis, que, como era de se esperar, recebiam o homem branco da forma mais violenta possível. Leonardo DiCaprio interpreta Hugh Glass, um desses pioneiros que arriscavam a própria vida para explorar o oeste mais selvagem e bravio que você possa imaginar. O roteiro enfoca justamente aspectos da dura vida desses homens nessas lindas, mas mortais regiões. O lado mais romântico dos filmes de western é deixado de lado. A intenção do diretor Alejandro G. Iñárritu foi criar uma obra realista, tanto do ponto de vista histórico, como também humano.

Os nativos são vistos da forma como eram, sem qualquer tipo de revisionismo. Tanto o homem branco que ia para esses lugares, como os indígenas, estavam em uma luta de civilizações. Essa visão politicamente correta que impera nos dias atuais é uma mera visão acadêmica, sem muita ligação com a brutalidade que imperava naqueles tempos. E é esse realismo brutal que marca a maior qualidade desse filme. Além de mostrar a luta entre os homens há também um conflito ainda mais evidente e violento: a luta entre o homem versus a natureza. Essa foi brilhantemente retratada no ataque do urso cinzento contra o personagem de DiCaprio. Poucas vezes uma ataque de uma fera foi tão bem reproduzido nas telas como aqui. Uma cena para não esquecer. Por fim há todos os méritos puramente cinematográficos desse filme. A fotografia é extremamente bem realizada, conseguindo captar toda a beleza da região onde a produção foi realizada. O elenco é dos melhores, não apenas por DiCaprio, em uma atuação extremamente física (que lhe rendeu o tão cobiçado Oscar) como também pelo vilão, em momento inspirado de Tom Hardy (sim, o próprio Mad Max em uma de suas maiores interpretações). O sujeito não tem quaisquer valores morais ou éticos. No ocaso de um mundo que estava prestes a mudar para sempre, o diretor Alejandro G. Iñárritu conseguiu criar mais uma obra prima de sua filmografia.

O Regresso (The Revenant, Estados Unidos, 2015) Direção: Alejandro G. Iñárritu / Roteiro: Mark L. Smith, Alejandro G. Iñárritu / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter / Sinopse: Caçador de peles tenta sobreviver em uma região distante e inóspita do velho oeste americano. Para isso ele precisará enfrentar tribos nativas violentas e ataques de feras selvagens.

Pablo Aluísio.

O Ataque

Título no Brasil: O Ataque
Título Original: White House Down
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: James Vanderbilt
Elenco: Channing Tatum, Jamie Foxx, Maggie Gyllenhaal

Sinopse:
Um grupo terrorista se faz passar por equipe de manutenção e entra no forte sistema de segurança da Casa Branca. Uma vez lá seu objetivo é fazer de refém o próprio presidente dos Estados Unidos. Para isso porém terão que passar por cima de Cale (Channing Tatum), um ex-militar de elite que está na Casa Branca ao lado da filha fazendo um tour turístico. Filme indicado ao MTV Movie Awards na categoria de Melhor Herói (Channing Tatum). Filme também indicado aos prêmios People's Choice Awards (Melhor Thriller de ação) e Teen Choice Awards (Melhor Filme do verão).

Comentários:
É mais um daqueles filmes de ação genéricos que são produzidos para os cinemas comerciais do grande circuito. Nada de muito original no roteiro. A produção só se destaca mesmo por ter um elenco muito acima da média e por ser tecnicamente muito bem realizada, com vários efeitos visuais de excelente nível técnico. Não espere por muita sutileza já que a direção foi assinada por Roland Emmerich, um cineasta que segue os passos de seu mestre Michael Bay, o rei das explosões gratuitas. O argumento é obviamente bem absurdo o que irá exigir do espectador uma certa cumplicidade - afinal de contas encarar uma invasão na Casa Branca com o sistema de segurança que deve existir por lá não é uma coisa simples de aceitar. Jamie Foxx e Maggie Gyllenhaal deixam por um momento o cinema mais sério e abraçam essa diversão sem maiores compromissos. Já Channing Tatum segue sua sina de tentar virar um astro do primeiro time - algo que acredito jamais acontecerá pois o sujeito é desprovido de carisma e talento. Melhor teria sido escalar outro elenco. A cantora Madonna que recentemente disse que queria explodir a Casa Branca bem que poderia ter participado do elenco, como uma terrorista maluca! Iria cair muito bem!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Feminino Cangaço

Título no Brasil: Feminino Cangaço
Título Original: Feminino Cangaço
Ano de Produção: 2016
País: Brasil 
Estúdio: Centro de Estudos Euclydes da Cunha
Direção: Lucas Viana e Manoel Neto
Roteiro: Lucas Viana e Manoel Neto
Elenco: Vários
  
Sinopse:
Documentário que procura mostrar como foi a presença feminina durante o auge do Cangaço no nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. Através de várias entrevistas o período histórico é reconstruído, mostrando como as mulheres participaram de um movimento que até aquele momento era dominado apenas pelos homens, os chamados cangaceiros.

Comentários:
Esse é um documentário muito interessante porque resgate a figura, muitas vezes desconhecida, da cangaceira nordestina. Quando se fala em cangaço se lembra imediatamente de Virgulino Ferreira, o Lampião. Pois é justamente no estudo em seu bando que conhecemos a presença de várias mulheres que entraram para o mundo do cangaço. Não apenas Maria Bonita, a esposa do capitão, mas também de Dadá, a mulher de Corisco, e várias outras. O curioso é que o espectador acaba descobrindo que as mulheres cangaceiras eram muito mais independentes e donas de si, do que as demais mulheres da época. Elas não faziam serviços domésticos dentro do grupo e tampouco cozinhavam para o bando. Tinham suas próprias armas e se defendiam sempre que era necessário. Em algumas situações se tornavam as líderes, como no caso de Dadá, que assumiu o bando de seu marido Corisco após ele se ferir gravemente durante um confronto com as chamadas volantes, as forças policiais que caçavam os cangaceiros pelo sertão nordestino. O filme também mostra o lado negativo dessa vida. Muitas mulheres foram mortas em combate e as que sobreviveram deixam claro que esse não era o melhor modo de uma mulher viver na época. Elas não podiam criar seus filhos, que eram dados para outras pessoas, fazendeiros e vaqueiros por onde passavam. Havia também o chamado rapto, quando cangaceiros raptavam mulheres à força para segui-los pelos sertões. Enfim, um documentário bem realista daquele período histórico, mostrando não apenas o lado bom dessa presença feminina (como o desenvolvimento de uma verdadeira "moda" nas roupas dos cangaceiros) como também seu lado cruel e violento. O documentário está disponível para se assistir no Youtube no canal do CEEC. Basta acessar para conferir. De nossa parte deixamos a recomendação.

Pablo Aluísio.

Em Busca da Verdadeira Cruz

Título no Brasil: Em Busca da Verdadeira Cruz
Título Original: The Quest for the True Cross
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Discovery Channel
Direção: Justin Cartright
Roteiro: Justin Cartright
Elenco: Dr. Carsten Peter Thiede, Matthew D’Ancona, Jim Hertwight

Sinopse:
Documentário do canal Discovery que procura discutir a veracidade histórica do "Titulus Crucis", a inscrição feita em madeira que o governador Pôncio Pilatos mandou colocar em cima da cruz de Jesus Cristo. Um artefato que se diz o original se encontra em uma igreja católica localizada na Itália. Seria esse o verdadeiro objeto histórico? Para se chegar na resposta a essa pergunta o documentário ouve especialista, historiadores e arqueólogos dos tempos bíblicos. A conclusão a que chegam não deixa de ser surpreendente.

Comentários:
Muito bom esse documentário que revela a veracidade histórica de uma relíquia muito famosa entre os cristãos. Em uma igreja romana se encontra aquele que teria sido parte da inscrição "Jesus, Rei dos Judeus" que Pilatos havia mandado colocar na cruz de Jesus. Esse objeto histórico teria sido trazido a Roma imperial por Helena, mãe do imperador Constantino. Ela teria ido até Jerusalém e entre outras coisas teria descoberto a verdadeira cruz de Cristo. O lugar onde hoje se situa essa igreja foi no passado a casa de Helena, nos arredores de Roma. Teria esse objeto alguma validade histórica real? Historiadores renomados e especialistas em escrita dos tempos da dominação romana na Judeia afirmam que sim! Esse aliás é o grande atrativo desse documentário, pois ao contrário de muitos outros, esses especialistas defendem que o artefato seria real e não fruto de uma falsificação da Idade Média. A pesquisa só não se tornou completa por causa das restrições da própria igreja, não não autorizaria a retirada de material do titulus para pesquisa em laboratório. Mesmo assim tudo se caminha para a autenticidade dessa verdadeira relíquia sagrada dos tempos da paixão de Jesus Cristo.

Pablo Aluísio.