sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Elvis Presley Recording Sessions - 1968

Hoje publiquei no blog sobre Elvis o texto compilado do álbum Elvis Sings Flaming Star, um disco que poucos dão importância mesmo entre os colecionadores estrangeiros. Há uma certa má vontade em relação a esse álbum por duas razões básicas: foi lançado pelo selo promocional RCA Camden e era, em resumo, uma colcha de retalhos produzida pela RCA com músicas que estavam sobrando em seus arquivos há anos. De novidade apenas uma versão ao vivo com muita energia de "Tiger Man". Nos Estados Unidos o disco na época em que chegou pela primeira vez aos consumidores não despertou muito interesse, mas na Inglaterra ele conseguiu se destacar nas paradas chegando em um fantástico terceiro lugar entre os mais vendidos! Os ingleses sempre amaram o som de Elvis e estavam sempre especulando sobre uma possível turnê do cantor na ilha - algo que infelizmente nunca aconteceria por causa do empresário Tom Parker que, como se sabe, não poderia deixar o país por ser um imigrante ilegal que não podia tirar passaporte! Achou absurdo? Pois é, bem vindo ao mundo de Elvis!

Esse ano de 1968 é emblemático dentro da carreira de Elvis porque hoje em dia é considerado o ano em que ele voltou aos bons e velhos tempos, cantando novamente ao vivo, relembrando seus sucessos no especial de TV que o consagraria novamente. Essa visão é um pouco simbólica demais. Se formos parar para analisar as sessões de gravação de Elvis nesse ano veremos que as coisas não foram bem assim. Durante praticamente todo o ano Elvis fez basicamente o mesmo que estava fazendo nos anteriores: gravando muitas músicas para trilhas sonoras de Hollywood, tentando a todo custo levantar e ressuscitar sua carreira no cinema. Duvida? Então vejamos. A primeira sessão de gravação desse ano aconteceu em janeiro quando Elvis foi a Nashville terminar as músicas do péssimo filme "Stay Away Joe" (um faroeste pastelão, por mais estranho que isso possa parecer!). Claro que nessa sessão em particular ele conseguiu registrar algumas excelentes músicas como "Too Much Monkey Business" e "U.S. Male", mas esse não era o ponto focal principal da sessão.

Depois em março Elvis retornou aos estúdios para a gravação de mais uma trilha sonora medíocre, dessa vez do filme "Live a Little, Love a Little". Essa sessão só não foi um desperdício completo porque afinal de contas nela Presley gravou "A Little Less Conversation" que iria se tornar um hit mundial muitos anos depois com um remix que venderia milhões de cópias ao redor do mundo. Houve também a gravação de "Almost in Love", uma bossa nova, a única composição de um brasileiro (Luiz Bonfá) a ser gravada por Elvis Presley em toda a sua carreira. Pois bem, em junho Elvis foi até a Califórnia para a gravação do NBC TV Special, esse sim um ponto de reviravolta em sua trajetória artística, mas depois disso o que ele fez no resto do ano? Em outubro lá estava Elvis em Hollywood novamente gravando mais trilhas sonoras, dessa vez do faroeste spaguetti "Charro" e da confusa comédia romântica musical "The Trouble with Girls". Trocando em miúdos, mesmo após o NBC, que para muitos significava a volta triunfal do Rei do Rock, ele ainda voltou para a velha fórmula desgastada de sua cambaleante carreira em Hollywood.

A verdade é que em termos de qualidade musical a discografia de Elvis Presley só sofreria mesmo um impacto de verdade no ano seguinte, nas maravilhosas sessões realizadas em Memphis, no American Sound Studios. Ali realmente foi um pico de qualidade sem precedentes. Elvis deixou os temas bobinhos de trilhas de filmes para se concentrar em algo muito mais substancial, canções realmente significativas, relevantes e extremamente bem compostas. Ao invés de ficar posando de eterno adolescente namorador nas telas Elvis finalmente assumia sua idade cronológica, cantando letras sobre relacionamentos e problemas adultos, deixando as musiquinhas de namoricos adolescentes de lado. Afinal ninguém aguentava mais aquilo. Já tinha passado do prazo de validade. Mudar para melhor só aconteceria mesmo dentro do American. Aquele sem dúvida foi um momento crucial em sua carreira. Isso porém aconteceu em 1969 e não em 1968 onde Elvis ainda insistiu em seguir por caminhos equivocados. Todo o resto é apenas uma simplificação simplória da história do cantor.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Elvis Presley - Discografia Oficial Americana

1) ELVIS PRESLEY (1956) #
2) ELVIS(1956) #
3) LOVING YOU (1957) Trilha Sonora #
4) ELVIS CHRISTMAS ALBUM (1957) #
5) ELVIS GOLDEN RECORDS (1958) Coletânea #
6) KING CREOLE (1958) Trilha Sonora
7) FOR LP FANS ONLY (1959) Coletânea
8) A DATE WITH ELVIS (1959) Coletânea
9) ELVIS GOLDEN RECORDS Vol.2 (1959) Coletânea #
10)ELVIS IS BACK! (1960)
11)G.I.BLUES (1960) Trilha Sonora #
12)HIS HAND IN MINE (1960) LP Gospel #
13)SOMETHING FOR EVERYBODY (1961)
14)BLUE HAWAII (1961) Trilha Sonora #
15)POT LUCK (1962)
16)GIRLS,GIRLS,GIRLS (1962) Trilha Sonora #
17)IT HAPPENED AT WORLD'S FAIR (1963) Trilha Sonora
18)FUN IN ACAPULCO (1963) Trilha Sonora
19)ELVIS GOLDEN RECORDS Vol.3 (1963) Coletânea #
20)KISSIN COUSINS (1964) Trilha Sonora
21)ROUSTABOUT (1964) Trilha Sonora #
22)GIRL HAPPY (1965) Trilha Sonora
23)ELVIS FOR EVERYONE (1965)
24)HARUM SCARUM (1965) Trilha Sonora
25)FRANKIE AND JOHNNY (1965) Trilha Sonora
26)PARADISE, HAWAIIAN STYLE (1966) Trilha Sonora
27)SPINOUT (1966) Trilha Sonora
28)HOW GREAT THOU ART (1967) LP Gospel #
29)DOUBLE TROUBLE (1967) Trilha Sonora
30)CLAMBAKE (1967) Trilha Sonora
31)ELVIS GOLD RECORDS Vol.4 (1968) Coletânea #
32)SPEEDWAY (1968) Trilha Sonora
33)ELVIS SINGS FLAMING STAR (1968)
34)ELVIS NBC TV SPECIAL (1968) #
35)FROM ELVIS IN MEMPHIS (1969) #
36)FROM MEMPHIS TO VEGAS/FROM VEGAS TO MEMPHIS (1969) #
37)LET'S BE FRIENDS (1970)
38)ON STAGE (1970) Ao Vivo #
39)WORLDWIDE 50 GOLD AWARDS HITS (1970) Coletânea #
40)ELVIS IN PERSON AT INTERNATIONAL HOTEL (1970) Ao Vivo #
41)BACK IN MEMPHIS (1970)
42)ALMOST IN LOVE (1970)
43)THAT'S THE WAY IT IS (1970) Trilha Sonora #
44)ELVIS COUNTRY (1970) #
45)YOU'LL NEVER WALK ALONE (1970) Coletânea #
46)LOVE LETTERS FROM ELVIS (1971)
47)THE OTHER SIDES-WORLDWIDE 50 GOLDEN HITS (1971) Coletânia #
48)C'MOON EVERYBODY (1971) Coletânia
49)I GOT LUCK (1971) Coletânia
50)ELVIS SINGS THE WONDERFULL WORLD OF CHRISTMAS (1971) #
51)ELVIS NOW (1972) #
52)HE TOUCHED ME (1972) LP Gospel #
53)ELVIS SINGS HITS FROM HIS MOVIES (1972) Coletânia
54)ELVIS AS RECORDED LIVE AT MADISON SQUARE GARDEN (1972) #
55)ELVIS SING BURNING LOVE AND HITS FROM MOVIES Vol.2(1972) #
56)SEPARATE WAYS (1972) Coletânia
57)ALOHA FROM HAWAII VIA SATELITE (1973) Ao Vivo #
58)ELVIS (1973)
59)RAISED ON ROCK/FOR OLD TIMES SAKE (1973)
60)A LEGENDARY PERFORMER Vol.1 (1974) Coletânia #
61)GOOD TIMES (1974)
62)ELVIS AS RECORDED LIVE ON STAGE IN MEMPHIS (1974)
63)HAVING FUN WITH ELVIS ON STAGE (1974)
64)PROMISED LAND (1975)
65)PURE GOLD (1975) #
66)ELVIS TODAY (1975)
67)A LEGENDARY PERFORMER Vol.2 (1975) Coletânia #
68)DOUBLE DYNAMITE (1975) Coletânia
69)THE SUN SESSIONS (1976) Coletânia
70)FROM ELVIS PRESLEY BOULEVARD,MEMPHIS,TENNESSEE (1976) #
71)WELCOME TO MY WORLD (1976) Coletânea #
72)MOODY BLUE (1977) #
73)ELVIS IN CONCERT (1977) LP Póstumo #

Todos os Lps Foram Lançados Pela RCA Victor
# LPs Premiados com Disco de ouro e/ou Platina

Lisa Marie Presley - Now What

Infelizmente dessa vez não deu. O segundo CD da filha de Elvis, Lisa Marie Presley, foi um grande fracasso de vendas nos Estados Unidos, com menos de 100 mil cópias vendidas. Lisa Marie tem talento de sobra, mas parece faltar a ela uma assessoria mais presente, evitando por exemplo que ela se exponha demais na mídia. Ao se apresentar mais como celebridade do que como artista, Lisa Marie não consegue se impor e conquistar novos fãs. E olha que ela até se esforçou, fazendo uma turnê universitária, se apresentando em campus de universidades por todos os Estados Unidos.

Parece que passada a curiosidade inicial sobre sua voz e seu modo de cantar, os fãs de Elvis não voltaram às lojas para repetir o sucesso do disco anterior dela. Mesmo assim é de se indicar algumas faixas desse trabalho. Lisa Marie Presley parece demonstrar afinidade com um estilo musical que eu poderia até mesmo denominar de "Country Dark". As letras muitas vezes são pessimistas, com teor sombrio. Ao que tudo indica a filha única do Rei do Rock também tem seus próprios demônios pessoais para superar.  

Lisa Marie Presley - Now What (2005)
 1. I'll Figure It Out;
2. Turbulence;
3. Thanx;
4. Shine (featuring Pink)
5. Dirty Laundry
6. When You Go
7. Idiot
8. High Enough
9. Turn To Black
10. Raven

Pablo Aluísio. 

Lisa Marie Presley - To Whom It May Concern

A questão principal é: a filha de Elvis Presley tem talento? A resposta é sim. Gostei muito de todo o CD, acho que é um trabalho que vai surpreender muita gente. De boba a garota não tem nada, se cercou de gente competente e mandou ver em uma dúzia de canções que surpreendem de tão bem escritas. Não vou comparar com Elvis porque aí é covardia, mas merece uma boa nota pelo álbum, principalmente por ser o primeiro CD dela.

As faixas possuem uma certa melancolia. Não é um trabalho pop como muita gente está acostumada a ouvir por aí. E nesse aspecto a Lisa Marie se sai bem, principalmente por optar em não imitar ninguém, nem seu pai famoso e nem muito menos outras estrelas da pop music. Assim ela escolheu de forma certa seguir por seu próprio caminho. Depois com o tempo a Lisa Marie meio que se decepcionou com sua carreira e após problemas envolvendo drogas deixou a profissão de cantora de lado, o que foi uma pena. Ela deveria ter insistido mais por seguir esse lado de artista. Uma grande perda mesmo ela ter largado tudo cedo demais. Teria sido uma cantora realmente muito boa.

Lisa Marie Presley - To Whom It May Concern (2003)
1.S.O.B.
2.The Road Between
3.Lights Out
4.Better Beware
5.Nobody Noticed It
6.Sinking In
7.Important
8.So Lovely
9.Indifferent
10.Gone
11.To Whom It May Concern
12.Excuse Me
13.Lights Out

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Sinatra '57 in Concert

Ao contrário de Elvis que lançou muitos discos gravados ao vivo, principalmente na década de 1970, poucos foram os álbuns lançados nesse estilo por Frank Sinatra. O cantor era muito perfeccionista e não se sentia confortável ou confiante para lançar discos gravados ao vivo, uma vez que a qualidade sonora nem sempre ficava muito boa, além das eventuais falhas que sempre ocorriam nesse tipo de apresentação, onde o imprevisto e o erro eram a regra. Assim apenas muito mais tarde na carreira foi que Sinatra sentiu-se seguro o suficiente para autorizar o lançamento de discos gravados em concertos na sua discografia oficial. Por tudo isso esse CD tem um valor e tanto para os fãs do The Voice. Afinal de contas ele traz um concerto de Sinatra gravado em Seatlle no ano de 1957. Ao ouvir a íntegra do show não posso ficar surpreso com a boa qualidade sonora. Certamente passa longe da perfeição pois de certa maneira a maravilhosa orquestra que acompanhava Sinatra ficou um pouco abafada ao fundo, mesmo assim considerei realmente excelente o tratamento que foi realizado nas fitas originais. Não é preciso lembrar que nos anos 1950 a técnica de gravação de shows era muito precária, quase primitiva. Apenas faixas gravadas em estúdios profissionais apresentavam boa qualidade sonora.

Outro aspecto que merece destaque é a própria postura de Sinatra no palco. Não há espaço para maiores improvisos ou brincadeiras. Nesse ponto Sinatra era realmente um profissional admirável. Ele tinha um repertório para interpretar e o fazia com extrema maestria e cuidado técnico. Como eu escrevi, para alguém tão perfeccionista não havia espaço para falhas. No máximo ele se dava o prazer e privilégio de cantar alguma música com uma entonação mais divertida. Em pequenos momentos ele se divertia mais como em "I Get a Kick Out of You", onde acabava perdendo por um momento o fio da meada do acompanhamento de seus músicos. É interessante que esse tipo de show era bem diferente do que ele estava mais acostumado a realizar em Las Vegas. Ao lado do Rat Pack a proposta era bem outra. Quando estava acompanhado de Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford ou Joey Bishop, o cantor com copo de whisky na mão adotava outra postura, outro comportamento, quase como um comediante. A intenção não era apenas cantar bem, mas acima de tudo divertir o público, contando piadinhas e histórias engraçadas. Nem sempre esse tipo de material foi bem apreciado pelos críticos, já que todos queriam mesmo ouvir o talento de Sinatra com a devida perfeição e profissionalismo. Se esse for o seu caso então recomendo esse CD sem receios.

Frank Sinatra - Sinatra '57 in Concert
1. Introduction / You Make Me Feel So Young
2. It Happened in Monterey
3. At Long Last Love
4. I Get a Kick Out of You
5. Just One of Those Things
6. A Foggy Day
7. The Lady Is a Tramp
8. They Can't Take That Away From Me
9. I Won't Dance
10. Sinatra Dialogue
11. When Your Lover Has Gone
12. Violets For Your Furs
13. My Funny Valentine
14. Glad to Be Unhappy
15. One For My Baby
16. The Tender Trap
17. Hey Jealous Lover
18. I've Got You Under My Skin
19. Oh! Look at Me Now

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Too Much Monkey Business

É uma pena que o mito e pioneiro do rock Chuck Berry tenha nos deixado. Ele morreu no dia 18 de março de 2017. Estamos sempre comentando sobre Berry aqui no blog, pois sua música, seus discos e suas gravações estão sempre vivas nesse espaço, na ordem do dia. Pois bem, para homenagear esse grande roqueiro, um dos verdadeiros pais do rock ´n´ roll, nada melhor do que falar sobre sua arte. Em 1956, em pleno auge da explosão do rock, Berry lançou mais esse single pela Chess.

O compacto era extraído de seu álbum "After School Session" (um dos ícones da primeira geração de roqueiros americanos) e trazia dois clássicos absolutos, com "Too Much Monkey Business" no lado A e "Brown Eyed Handsome Man" no lado B. A letra, como convinha a Berry nessa época, usava de gírias da época, pois a expressão "Monkey Business" era muito utilizada entre os jovens. A música fez bastante sucesso, chegando ao quarto lugar da Billboard e entrou definitivamente no panteão de grandes clássicos do rock ´n´ roll, ganhando versões posteriores de grandes astros da música como os Beatles e Elvis Presley. Algum tempo depois um outro single seria lançado com a canção "Let It Rock" no lado A, mostrando como essa faixa era popular na carreira de Chuck Berry.

Chuck Berry - Too Much Monkey Business (1956)
Single: Too Much Monkey Business / Brown Eyed Handsome Man / Cantor: Chuck Berry / Álbum: After School Session / Selo: Chess Records / Data de Lançamento: Setembro de 1956 / Produção: Leonard Chess, Phil Chess / Músicos: Chuck Berry (vocais e guitarra), Johnnie Johnson (piano), Willie Dixon (baixo), Fred Below (bateria).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Chuck Berry In London

Recentemente foi anunciado que Chuck Berry gravaria um novo disco apenas com canções inéditas, algo que ele não faz há muito tempo. Eu recebi essa notícia com bastante reserva. Chuck Berry tem sido explorado por sua família já há bastante tempo. Ele está com 90 anos de idade e não deveria estar mais em um palco ou em um estúdio de gravação e sim curtindo sua aposentadoria em paz. Ele já fez tudo o que deveria fazer em sua carreira. Recentemente ele fez alguns concertos realmente desastrosos, causados justamente por causa de sua idade avançada e da falta de condições de se apresentar bem. É hora do bom e velho Berry descansar.

Dito isso deixa aqui a dica desse excelente álbum ao vivo gravado em Londres quando Berry visitou a Inglaterra para uma série de concertos para seus fãs ingleses (que definitivamente não são poucos). O disco foi lançado originalmente em 1965 e naquela época Berry ainda era uma explosão em cima de um palco. O curioso da seleção musical desse concerto é que Chuck Berry fugiu completamente da set list habitual que costumava usar em seus shows. Ao invés de apostar nos velhos sucessos que todos conheciam ele optou por um repertório completamente fora dos padrões, focado principalmente em canções de blues. Isso é interessante porque ele já sabia que o material seria usado em um disco a ser lançado, por isso caprichou, tanto do ponto de vista em escolher as músicas certas, como também na hora de tocar e cantar, procurando dar sempre o melhor de si. O resultado é ótimo. Eis aqui um álbum que definitivamente não pode faltar na coleção de nenhum roqueiro que se preze.

Chuck Berry - Chuck Berry In London (1965)
My Little Love-Lights / She Once Was Mine  / After It's Over / I Got A Booking / Night Beat / His Daughter Caroline  / You Came A Long Way From St. Louis / St. Louiis Blues / Jamaica Farewell / Dear Dad / Butterscotch / The Song Of My Love / Why Should We End This Way / I Want To Be Your Driver.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool

Chuck Berry ficou vários anos na prisão. Finalmente em 1963 ele ganhou a liberdade. Quando saiu da cadeia ele percebeu que os grupos de rock que mais faziam sucesso nas paradas, como Beatles e Rolling Stones, estavam gravando vários de seus antigos clássicos. Assim o interesse em sua música estava renascendo. Ao ser preso nos anos 50 uma das coisas que Berry havia dito era que jamais voltaria a gravar pela gravadora Chess, pois era, em suas próprias palavras, uma empresa comandada por um bando de ladrões. Pois bem, ao sair da prisão, falido e sem muitas perspectivas, ele acabou cedendo às pressões e voltou para a Chess para gravar esse álbum. Ele engoliu seu orgulho pessoal para ter uma nova oportunidade na carreira.

O título procurava fazer uma ponte entre o legado de Berry e as novas bandas, por isso a referência a Liverpool, a terra dos Beatles. É claro que havia ali um oportunismo barato por parte dos produtores, mas para Berry o importante era voltar à ativa, voltar a trabalhar. E como era de se esperar o resultado era genial. Em seus anos preso, Berry aproveitou para compor vários temas, muitos deles gravados aqui pela primeira vez. Um repertório fantástico, capaz de derrubar dúzias de bandinhas da moda. Ele era realmente genial. Basta dar uma olhada na seleção para verificar que novos clássicos da geração rocker eram lançados nesse álbum como, por exemplo, "Promised Land" (que Elvis Presley regravaria alguns anos depois), "Merry Christmas Baby" (outra que Elvis aproveitaria, um autêntico blues de natal, composto na amargura de se passar uma noite de natal atrás das grades) e "Little Marie", uma espécie de continuação de "Memphis, Tennessee". Enfim, o disco era mais uma obra prima da discografia de Berry, produzido em uma época complicada de sua vida. A despeito de tudo contra, Chuck Berry mais uma vez provava que ainda era capaz de produzir rock de extrema qualidade. Ser genial é isso aí.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool (1964)
1. Little Marie 2. Our Little Rendezvous 3. No Particular Place to Go 4. You Two 5. Promised Land 6. You Never Can Tell 7. Go Bobby Soxer 8. Things I Used to Do 9. Liverpool Drive (instrumental 10. Night Beat (instrumental) 11. Merry Christmas Baby 12. Brenda Lee

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Chuck Berry Is on Top

Bom, se eu fosse indicar algum álbum da discografia original de Chuck Berry para algum marinheiro de primeira viagem em sua obra certamente apontaria para esse "Chuck Berry Is on Top". Aqui Berry resolveu unir alguns singles de sucesso com gravações novas, inéditas. O resultado mais uma vez é excelente. Uma pena que na carreira e na vida pessoal Berry estivesse vivendo um verdadeiro caos, um inferno astral. Profissionalmente ele estava brigando com a gravadora Chess Records. Havia acusações para todos os lados, mas Berry insistia que estava sendo roubado pelos irmãos Leonard Chess e Phil Chess! A coisa toda iria atingir um ponto em que eles iriam partir para as raias dos tribunais, tamanho o nível de atrito que havia se instalado. Na vida pessoal as coisas também não iam nada bem. Chuck Berry vinha enfrentando acusações pesadas, em processos criminais, que culminariam em sua prisão alguns meses depois.

Com tanto coisa jogando contra não é de se admirar que ele tenha tido vários problemas para colocar um disco completamente inédito nas lojas. Particularmente abomino coletâneas em geral que considero resumos incompletos das obras dos artistas de que gosto. É um produto comercial para vender e nada mais. Em relação a roqueiros como Chuck Berry e Little Richard a coisa ficou ainda mais feia pois a partir dos anos 60 sairiam uma infinidade de títulos como "Golden Hits" e coisas do gênero que apenas procuravam relançar velhas gravações com novas capas. Uma verdadeira praga. Mesmo assim ainda consigo indicar - com certa reserva - um álbum como esse, afinal de contas em seu favor temos o fato dele ter sido parte da discografia original de Berry nos anos 50. Uma prova que sua carreira foi realmente meteórica, de poucos anos. Depois ele infelizmente se tornaria mais um artista ao estilo revival, vivendo de glórias passadas e pouco produzindo algo de novo.

Chuck Berry - Chuck Berry Is on Top (1959)
Almost Grown / Carol / Maybellene / Rock Sweet Little & Roller / Anthony Boy / Johnny B. Goode / Little Queenie / Jo Jo Gunne / Roll Over Beethoven / Around and Around / Hey Pedro  / Blues for Hawaiians.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - Chuck Berry Blues

Há um certo consenso sobre a carreira de Chuck Berry sobre o fato dele ser muito mais do que apenas um roqueiro celebrado pelos anos pioneiros do surgimento do Rock americano, lá nos distantes anos 50. Na verdade Chuck deve ser celebrado também como um talentoso intérprete de blues. Até porque não há como separar o rock original de todos aqueles gêneros que lhe deram origem com especial destaque para o próprio blues, o gospel e até mesmo o jazz. Cada um desses estilos deram sua contribuição para o surgimento daquele novo idioma musical que ficaria conhecido popularmente como Rock ´n´ Roll.

Uma boa oportunidade para conhecer o blueseiro Berry vem justamente desse álbum chamado muito apropriadamente de "Chuck Berry Blues". A edição em CD vem com 16 faixas, quatro a mais do que o LP original. No repertório vemos o cantor tentando resgatar suas origens. Berry não se sai mal em nenhuma das gravações, mas temos que reconhecer que ele não também não consegue ser tão brilhante como em seu lado rocker, já que como roqueiro ele foi um dos mais importantes da história. Como blueseiro, devo dizer, ele é apenas um músico esforçado, embora como eu escrevi, talentoso. Berry chega a até mesmo, em momentos ocasionais, a brilhar como em "I Just Want To Make Love To You", "The Things I Used To Do" e principalmente "St. Louis Blues". Mesmo assim há momentos que deixam a desejar como na preguiçosa "Still Got The Blues", onde Berry parece se contentar em ficar no piloto automático, apelando para clichês. Dentro do blues o grande mentor de Berry, como ele sempre admitiu, sempre foi Willie Dixon. Na prática porém Berry chega mais próximo do estilo de Muddy Waters, o que convenhamos também não é nada mal.

Chuck Berry - Chuck Berry Blues
House Of Blue Lights / Wee Wee Hours / Deep Feeling / I Just Want To Make Love To You / How You've Changed / Down The Road Apiece / Worried Life Blues / Confessin' The Blues / Still Got The Blues / Driftin' Blues / Run Around / Route 66 / Sweet Sixteen / All Aboard / The Things I Used To Do / St. Louis Blues.

Pablo Aluísio.