segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 68

"From Elvis Presley Boulevard"
Data: 25 de junho de 1977 / fonte: "Elvis, the final years" / Texto: Pablo Aluísio / Jumpsuit: Mexican Sundial suit / Photo: Steven Willis / Local: Kalamazoo. 

From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee 
Este é o penúltimo LP da carreira de Elvis Presley. Em 1976 o cantor já caminhava tragicamente para sua morte que iria ocorrer no dia 16 de Agosto de 1977 em Graceland, sua mansão em Memphis. O disco traz o nome da rua onde estava situada sua casa, que em sua homenagem passou a se chamar "Elvis Presley Boulevard". Elvis estava muito debilitado quando gravou este LP. As drogas estavam mais presentes do que nunca em sua vida tomando o controle sobre suas ações e sua mente. Deste modo o cantor se recusava a entrar em qualquer estúdio, seja em Nashville ou Memphis. A solução encontrada pela RCA foi montar um caríssimo estúdio de gravação em Graceland para o recluso astro gravar novas canções. 

E foi assim que Elvis gravou este LP: Todas as canções foram gravadas nos salões de Graceland com uma unidade móvel instalada nos jardins da mansão. As "sessões" foram muito confusas pois o cantor não descia para gravar levando seus músicos a ficarem hospedados em sua casa enquanto ele decidia se gravava ou não. Quando finalmente apareceu estava de péssimo humor reclamando do equipamento e apontando seu Revólver para as caixas de som soltando palavrões pelo "estúdio". Ele realmente tinha perdido todo o interesse pelo disco. Dias depois se acalmou e o produtor Felton Jarvis conseguiu gravar algumas músicas entre os dias 2 e 7 de fevereiro. Foi lançado um single extraído deste disco em março de 1976: "Hurt / For the Heart" alcançando um relativo sucesso. O LP foi lançado em maio levando o Rei a receber mais um disco de ouro em sua carreira. Mesmo abusando de drogas Elvis Presley se tornava cada vez mais famoso!!! 

Single nas lojas: 
Hurt (Crane/Jacobs) - Sucesso do cantor Jimi Huro em 1961. Esta versão de Elvis é o carro chefe do disco e também a principal canção do único single extraído do LP. É uma bela canção que mostra a maturidade vocal alcançada pelo cantor em seus anos finais. Pode-se dizer que Elvis se aproximava cada vez mais do estilo de seu ídolo de infância: Mario Lanza. "Hurt" foi gravada no dia 5 de Fevereiro de 1976. 

For The Heart (Dennis linde) - Country do mesmo autor de um dos maiores sucessos de Elvis Presley nos anos setenta "Burning Love". Esta canção foi lado B do single "Hurt" que foi lançado em março de 1976. A música recebeu novos instrumentos na sua mixagem o que sem dúvida deu maior consistência a sua melodia. Ela foi gravada no dia 5 de Fevereiro na "Sala das Selvas" em Graceland. 
Destaques do disco: 

Danny Boy (Weatherly) - Música que faz parte do folclore irlandês composta no início do século sendo gravada diversas vezes por inúmeros intérpretes. Era mais conhecida por "Londoderry Air". Era uma das preferidas do pai do cantor, Vernon Presley, e talvez por esta razão Elvis a tenha gravado. O novo arranjo ficou belíssimo e a interpretação do cantor figura entre as melhores de toda a sua carreira. Aqui fica registrada para sempre um momento único de um artista singular que soube como poucos se expressar através de sua arte transmitindo emoções em forma de notas musicais. A mais recente versão fez parte do filme "Memphis Belle - A fortaleza voadora". 

Blues Crying In The Rain (Rose) - Grande momento do disco. Country delicioso em que Elvis parece demonstrar que apesar de todos os problemas, ele ainda era capaz de cantar de forma maravilhosa. O Acompanhamento vocal ficou simplesmente magnífico contando mais uma vez com J.D.Summer and the Stamps, Myrna Smith e Kathy Westmoreland. No dia de sua morte Presley sentou-se ao piano e cantou esta canção para alguns amigos seus, deste modo esta pode ser considerada uma das últimas músicas que o Rei do Rock cantou em sua vida. A versão definitiva foi gravada em 7 de Fevereiro de 1976.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Setembro de 2003

domingo, 21 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 67

"Elvis, o que aconteceu?"
Data: janeiro de 1977 / fonte: "When Elvis Dead" / Texto: Lu Gomes / Photo: Carl Krieger / Local: Memphis, Tennessee. 

Elvis, o que aconteceu? 
Quando um repórter perguntou a Ginger Alden (foto), a mulher com quem Elvis pretendia se casar pouco antes de morrer, o que ela sentiu ao se encontrar com o grande astro pela primeira vez, ela respondeu: - "Sei lá, a gente espera que as trombetas toquem ou qualquer coisa parecida". E isso era a pura verdade. Apesar de tudo o que aconteceu na vida e na carreira de Elvis, no final de sua vida ocorreu algo que poucos esperavam: ele se tornou mais famoso ainda! Para um jornal local Elvis declarou: - "Pretendo continuar fazendo shows enquanto eu puder e enquanto os fãs me quiserem. Eu realmente adoro cantar para meus fãs. É a minha vida. Quero que eles se divirtam e saiam dizendo "pôxa! uau!". Gosto de pensar que eles se lembram de nós com prazer e ficam esperando que voltemos. É irônico, mas parece que a história está se repetindo. Minha carreira voltou a ser tão agitada como nos anos 50. As pessoas lotam todas as arenas. É apavorante. De algum modo não parece normal. Sou grato por sua lealdade, mas é assustador. O que virá depois?" 

Elvis estava admirado com Ginger, uma garota de 20 anos nascida e criada em Memphis. Assim que aprendeu a andar, sua mãe a levou até Graceland, onde ambas ficaram em frente ao portão musical, esperando Elvis aparecer para assinar autógrafos. Quando Ginger tinha cinco anos sua mãe a levou até o parque de diversões que Elvis havia alugado uma noite. O Rei acariciou a cabeça de Ginger e a levou para um passeio na montanha russa. A primeira vez que Ginger entrou no palácio real, estava acompanhada de uma de suas duas irmãs, sendo que uma delas, Terry, era a nova miss Tennessee e por isso mesmo candidata natural à sucessão de Linda Thompson como preferida de Elvis. Mas quando o rei exerceu o seu direito de escolha, surpreendeu a todos ao ficar com Ginger, tão tímida, pura e inocente. No primeiro encontro, ele a levou até o aeroporto de Memphis, em seu carro preferido, um Stutz Blackhawk. Ao chegarem, Elvis perguntou-lhe casualmente se ela queria dar uma volta em seu jet star. Ginger disse que sim, e quando entraram no grande avião, encontraram-se com a prima favorita de Elvis, Patsy Gambill, filha do tio Vester, e seu marido Gee Gee (ex valete do rei), assim como outros convidados. 

Quando o avião estava levantando vôo, Elvis anunciou que o destino era Las Vegas. Durante a viagem o rei presenteou Ginger com um bracelete de ouro maciço incrustado com pequenos diamantes que formavam a palavra "Elvis". - "Isso vai mostrar para todo mundo que você me pertence" - disse para Ginger. Em Las Vegas, todos foram para o hotel, onde passaram a noite e voltaram a Memphis no dia seguinte. Uma semana depois, Ginger recebeu um telefonema de Elvis. Dessa vez ele estava em San Francisco, morrendo de vontade de vê-la. Ela podia vir assistir o show. Elvis mandaria seu avião ir buscá-la. Poucos dias depois, Elvis lhe deu um carro, um Cadillac Seville, seu modelo feminino predileto. O que Ginger dirigia antes? Uma bicicleta de três marchas. Nove semanas depois de conhecer Ginger Alden, Elvis decidiu que queria se casar com ela. Consultando seu livro de numerologia (Cheiro's Book of Numbers) ele descobriu que a data ideal seria 26 de janeiro de 1977. No dia seguinte ele comprou o anel de diamantes, no valor de 70 mil dólares e pediu Ginger em casamento. Todavia nenhuma data foi marcada para as núpcias. De sua parte, Ginger sentia-se agradecida de ser a rainha de Elvis. - "Começo a sentir que talvez tenha sido para isso que eu vim ao mundo. Se eu puder fazer Elvis feliz, terei cumprido meu objetivo. Ele quer um filho. Ele me quer ao seu lado dia e noite". 

Priscilla Presley, por sua vez, tinha uma outra visão do romance: - "A vida pessoal de Elvis não ajudava em nada. Ele estava namorando Ginger Alden, que era vinte anos mais moça. A diferença de idade se tornava um problema cada vez maior. Elvis dizia: - 'Estou cansado de criar crianças. Não tenho paciência para passar por tudo outra vez". Em julho de 1977 saiu o livro de West Hebler, "Elvis, What Happened?". Pela primeira vez na sua longa e muito bem guardada carreira, Elvis tinha sua vida particular exposta ao grande público. Foi um período sinistro. Elvis ficou na pior, sem saber o que fazer. Uma noite ele recebeu um telefonema de Frank Sinatra, se oferecendo para usar sua "influência" para dar um "jeito" no livro. Elvis detestou Sinatra a vida inteira. Mesmo nesse momento de grande necessidade, ele não podia aceitar a ajuda do rival e recusou a oferta. Enquanto isso ele leu o livro de cabo a rabo, ficando angustiado com a parte que tratava das drogas. Chegou a perguntar a Rick Stanley: - "O que os fãs irão pensar? O que Lisa Marie vai achar de uma coisa dessas?". 

Na imprensa começaram a surgir rumores que a polícia iria investigar seus médicos. Em Denver, por exemplo, alguns oficiais da polícia, conhecidos de Elvis, pegaram no seu hotel uma receita de Dilaudid e reconheceram que seu capitão honorário tinha problemas e se ofereceram para interná-lo em um sanatório. Elvis deixou a cidade como um bandido. Agora com toda essa sujeira pintando, como é que ele iria encarar seus fãs e lidar com toda a avalanche de notas negativas por parte da imprensa? Vive drogado? É por isso que está tão gordo e ofegante? Super sensível em relação aos ataques vindos de todas as partes, ele se sentiu encurralado. 

Elvis só ficou pensando nisso, até que achou a resposta para seus problemas: o Casamento. Aqueles caras ficavam falando que ele era um drogado e que dava tiros na TV. Mas iam ver só quando ele se casasse diante das principais personalidades dos Estados Unidos. Depois disso quem poderia dizer que ele era um Junky? Uau! isso calaria a boca de todo mundo. Elvis não passou um quarto de século com o Coronel Parker sem aprender alguma coisa sobre como manipular a opinião pública. Ginger ficou mais emocionada ainda quando Elvis lhe confidenciou radiante: - "Sabe o que meu pai me disse? Ele disse que nunca me viu tão feliz como homem"

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Agosto de 2003

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 66

"Só mais uma noite de curtição"
Data: 16 de agosto de 1977 / fonte: "When Elvis Dead" / Texto: Pablo Aluísio e Lu Gomes / Photo: Robert Call / Local: Graceland. 

No dia 15 de agosto de 1977, às vésperas de uma excursão, Elvis acordou por volta das 4 horas da tarde e pediu seu breakfast. Como sempre, seu acordar era um processo difícil e vagaroso, uma trabalhosa inversão de seu estado físico e mental virtualmente paralisado por opiáceos e barbitúricos. Ao entardecer ele saiu para ver Lisa Marie, nos fundos de Graceland, brincar com um carrinho elétrico especialmente construído e que era o brinquedo preferido da menina. Sua mãe Priscilla a tinha mandado passar as férias com o pai, para distrair sua atenção do livro de West-Hebler. Para aquela noite Elvis havia planejado alugar um cinema para assistir alguns filmes, mas essa idéia teve que ser abandonada, pois o operador não poderia trabalhar a noite inteira e não tinha ninguém para substituí-lo. Assim Elvis decidiu ir ao dentista. Elvis deixou Graceland, na companhia de Ginger, Charlie Hodge e Billy Smith, quando eram 10 horas da noite. 

Quando Elvis voltou para casa, era quase meia noite e meia. Uma pequena multidão de fãs concentrava-se diante do portão musical. Um deles era Robert Call, de Princeton, Indiana, que tinha ido a Memphis com a esposa e a filha de quatro anos só para tirarem uma foto diante da famosa mansão, no portão musical. Assim que o carro de Elvis parou em frente ao portão, a Sra Call, com a filha no colo, aproximou-se da janela do carro, Elvis institivamente sorriu e abanou a mão. Nesse instante Robert Call fotografou-o com uma instamatic. Era a última das milhões de fotografias de Elvis Presley (ao lado). Lá pelas duas e meia da madrugada, Elvis chamou Ginger ao seu escritório, onde ficaram construindo castelos no ar. Elvis disse que se casariam numa igreja de forma piramidal. Mas o principal era que Elvis planejava anunciar seu casamento durante o último show da excursão, no dia 27 de agosto, em Memphis. 

Haveria muitos convidados importantes: prefeitos, governadores, congressistas, juízes, altas patentes policiais. Ginger estava sem fôlego. Seria uma resposta ao livro de West-Hebler. Embora fosse 4 horas da manhã, a noite ainda era uma criança para Elvis. Depois dessa longa e esfuziante conversa com a amada, ele apanhou o telefone e chamou Billy Smith em sua casa, nos fundos de Graceland, e disse que acordasse sua esposa Jo, e se reunissem na quadra coberta, para um joquinho de raquetebol. Vestidos com abrigos esportivos, Ginger e o rei encontraram-se com Jo e o marido no ginásio. Elvis estava de muito bom humor e se pôs a jogar com Billy, enquanto as mulheres assistiam. 

Depois de um certo tempo o jogo foi interrompido. Depois de recuperado, Elvis sentou-se ao piano que havia no pequeno ginásio de esportes e cantou algumas canções. Quando os quatro deixaram o local já eram seis horas e o sol estava nascendo. De volta ao quarto Ginger se enfiou na cama de roupa e tudo, enquanto Elvis foi até o banheiro vestir um pijama azul. Depois ele ligou a enorme TV aos pés da cama, apanhou o livro "O Poder de Jesus" e deitou na cama. Mas ele ainda não se sentia inclinado a dormir. Às 6:30hs da manhã ele chamou Ricky Stanley e pediu mais remédios para dormir. Ricky subiu com um par de comprimidos de Dilaudid. Às oito horas, Ginger ainda estava acordada e ouviu Elvis pedir mais comprimidos para dormir. Ela pensava que ele estava por demais nervoso com a excursão, como sempre ficava. Rickey então lhe trouxe a dose padrão de remédios, que incluía Quaaludes, Seconal, Tuinal, Amytal, Velium e dois tabletes de Demerol - oito comprimidos no total, uma dose fatal para qualquer ser humano, mas exatamente o que Elvis tomava toda manhã para conseguir dormir. 

Esta manhã, aparentemente, ele temia não conseguir dormir, porque logo que Rick saiu, Elvis telefonou ao Dr Nichopoulos para encomendar outras drogas (Marty Lacker testemunhou que, entre janeiro de 1971 a outubro de 1976, ele recebeu do Dr Nick mais de 6.464 doses de Placidyl, além de outras numerosas drogas; esse julgamento custou ao Dr Nick sua licença para exercer a medicina, medida que perdura até os dias de hoje). Grogue e quase dormindo, Ginger Alden, viu Elvis apanhar seu livro e se dirigir ao banheiro. - "Querida, vou ler um pouco", ele explicou. - "Está bem", ela respondeu, "mas não vá dormir". Elvis sorriu e disse: - "Não dormirei". Seis horas depois, Ginger acordou e, como Elvis não estava ao seu lado, ela foi procurá-lo no banheiro. Como ele não respondia, ela abriu a porta e o encontrou caído no chão, em posição fetal. Era tarde demais. Tudo foi tentado, mas nada conseguiu revivê-lo. Às 3 horas da tarde do dia 16 de agosto de 1977, Elvis Presley foi declarado morto. Mas o Rei do Rock viverá eternamente, pois onde quer que ele esteja, saberá que nós ainda gostamos dele. E muito. Viva Elvis! 

Single nas Lojas: 
Way Down (Martine) - Grande sucesso de Elvis que quando foi lançado como single em Julho de 1977 chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. Conta com ótimo arranjo e maravilhoso acompanhamento do cantor J.D.Summer. Foi gravada no dia 29 de outubro de 1976 em Graceland. 

Pledging My Love (Robey / Washington) - Canção do mitológico cantor de R&B Johnny Ace que morreu em 1954 vítima de roleta russa. Ela foi gravada em 29 de Outubro de 1976 em Graceland e lançada como lado B do Single de grande sucesso "Way Down".

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Agosto de 2003

sábado, 20 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 65

"Elvis em suas próprias palavras parte 2"
Data: 18 de julho de 1956 / fonte: "Elvis In His Own Words" / Texto: Elvis Presley / Photo: Hermutten Schüller / Local: Los Angeles, Califórnia. 

Texto escrito por Elvis Presley 
O Rock'n'Roll está por aí há muitos anos. Era chamado de Rhynthm and Blues e tanto quanto possa me lembrar sempre foi grande, embora nos últimos cinco anos tenha se tornado ainda maior. Na verdade o Rock é a fusão de outros estilos como Country, Gospel e Blues. Não acho que o Rock vá morrer completamente porque terão que apresentar algo ainda melhor para tomar seu lugar. Se você sente e gosta de Rock'n'Roll, não pode evitá-lo e sim, dançar com ele. Isto é o que acontece comigo, não posso evitá-lo. Não vejo como qualquer tipo de música possa causar má influência nas pessoas. É somente música. Não posso conceber essa idéia. Muitos jornais dizem que o Rock é um grande fator de influência no aumento da delinqüência juvenil, mas não vejo como a música possa ter algo a ver com isso. 

Quero dizer, como o Rock'n'Roll pode fazer alguém se rebelar contra os pais? Tenho sido o culpado por tudo o que acontece de errado neste país, de que tenho dado idéias aos jovens, seja lá o que for que queiram dizer com isso. Dizem que sou vulgar. Não faria nada de vulgar na frente de quem quer que seja, principalmente de adolescentes e crianças. Meus amigos não falam de mim assim. Não faço nada de mais em meu trabalho. Apenas me movimento de acordo com o ritmo, de acordo com o tempo da música. Se ouço um boa música eu tenho de me movimentar. Se algum dia eu ficar parado em um palco, será porque estou morto. Sinatra atacou a música jovem há alguns dias atrás. Disse que "os entusiastas do Rock'n'Roll são simplesmente um bando de valentões cretinos e o rock era a música marcial de todo delinqüente com costeletas na face da terra". 

Ele tem o direito de pensar o que quer, mas não posso permitir-lhe que vá ofendendo Deus e todo o mundo, sem razão plausível. Eu não malharia Frank Sinatra. Gosto muito dele. Se bem me lembro, também ele fazia parte de uma certa tendência que se parecia exatamente com o Rock'n'Roll. Acho que o Rock'n'Roll é uma música fantástica. Não consigo entender isso. Para mim, delinqüência juvenil significa roubar, apunhalar e assim por diante. Não fiz nada para que me acusassem disso e jamais incentivarei um estilo de vida como esse para que os outros o seguissem. Sempre procuro levar uma vida pessoal digna que lhes dê um bom exemplo. Sempre penso nisso. É difícil explicar o Rock'n'Roll, a energia dessa música. Não é o que se chama de música folk. É a batida que leva você, você a sente. Esse sentimento vem desde os meus primeiros shows e espero nunca perdê-lo. 

Quando você se apresenta tem que mostrar algo para o público. As pessoas podem comprar seus discos e ouvi-los cantar e não têm que sair de casa para isso. Você tem que fazer um show que movimente a platéia. Se eu simplesmente subisse no palco e cantasse sem mover-me, as pessoas diriam: - "posso ficar em casa e ouvir seus discos" Você tem que lhes dar um show, algo que possam comentar: - "Uau, Demais!" Tive realmente muita sorte, muita sorte mesmo. Acontece que apareci numa época em que a música e o seu ramo de negócios estavam sem rumo ou tendência. Tive muita sorte. As pessoas procuravam por algo diferente e eu tive sorte de chegar na hora certa. Hoje a música já tem um rumo certo e ele se chama "Rock'n'Roll".
 (Elvis A. Presley)

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Julho de 2003

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 64

"Don't Be Cruel / Hound Dog"
Data: julho de 1956 / fonte: "A Life In Music: The Complete Recording Sessions" / Texto: Pablo Aluísio e Lu Gomes / Photo: Giulianni Antonely / Local: Nova Iorque. 

Nota: Conta a lenda que a primeira vez que Elvis Presley apareceu na televisão, Ed Sullivan ficou tão escandalizado com o que viu, que afirmou que Elvis jamais apareceria no seu programa. Mas, quando Elvis apareceu no Steve Allen Show, o ibope de seu concorrente subiu tanto que Sullivan resolveu voltar atrás e pagar uma nota para Ter o rei do rock em seu programa. E, para mostrar sua desaprovação, ordenou que Elvis fosse localizado somente da cintura para cima, enquanto que, fora das câmeras, Sullivan o xingava. Noventa por cento desta fábula é ficção. Anteriormente, Sullivan não havia se dado bem com alguns rockeiros, particularmente com Bo Didley. 

Mas, devido ao enorme sucesso de Elvis Presley, Sullivan lhe pagou 50 mil dólares por três apresentações em seu programa. A primeira delas foi em Hollywood, no dia 9 de setembro e Elvis não foi só mostrado da cintura para cima. Esse célebre incidente, que viria simbolizar todo o moralismo dos anos 50, só aconteceu na última apresentação, e não teve nada a ver com a dignidade moral dos americanos, foi só mais um caso de auto censura, com a intenção de sugerir que "lá embaixo" Elvis estava botando para quebrar. E esse papo de que Sullivan o ficou xingando no primeiro show é totalmente inverossímil, pois o apresentador estava doente, recuperando-se de um acidente automobilístico, e quem comandou o programa naquela noite foi Charles Laughton. Só mais uma coisa: não foi Ed Sullivan que tornou Elvis famoso, mas justamente o contrário. 

O programa de Sullivan, Toast of Town, era uma verdadeira porcaria, enquanto que Elvis já se transformara em um verdadeiro fenômeno nacional de que todo o país ouvia falar, graças principalmente ao rádio. O Rock & Roll se difundiu mundialmente através do rádio. O primeiro herói do rock – que deu nome à música, estabelecendo os concertos de rock e conquistando uma ampla faixa de audiência – foi um radialista, o DJ Alan Freed. Junto com outros 1700 DJs americanos, Freed comandou o clima cultural da década de 50. A televisão que até hoje não entende o Rock, significava muito pouco para a juventude da época, pois até o advento de programas como o American Bandstand (onde os cantores dublavam seus rocks enquanto um monte de adolescentes ficava dançando ao redor), que só foi entrar em rede nacional em 1957 a programação da TV era dedicada exclusivamente ao público adulto e infantil, ignorando completamente os adolescentes. 

Pelo final de 1956 Elvis Presley era universalmente aclamado como o Rei do Rock & Roll. O rapaz que havia começado o ano como um obscuro cantor country, que era escutado através de um programa caipira transmitido de Shreveport , era agora um herói da juventude americana. Ninguém na história do Show business havia subido tão depressa. Nem mesmo os Beatles, quando comparados com ele, tiveram que batalhar bastante para atingir o estrelado. 

Single nas lojas 
Don't be Cruel (Presley / Blackwell) - Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinqüenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana. 

Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita". Foi a primeira gravação de Elvis com o apoio vocal do grupo The Jordanaires.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Julho de 2003

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 63

"Olá! Sou Elvis Presley"
Data: 07 de junho de 1956 / fonte: "Elvis In His Own Words" / Texto: Elvis Presley / Photo: Teddy Oswald / Local: Los Angeles, Califórnia. 

Texto escrito por Elvis Presley 
"Olá! Sou Elvis Presley. Acho que a primeira coisa que as pessoas querem saber é porque não consigo ficar parado quando estou cantando. Algumas pessoas batem os pés, outros estalam os dedos e outras simplesmente se movimentam para frente e para trás. Eu apenas comecei a fazer todas estas coisas ao mesmo tempo, creio. Cantar Rhythm and Blues realmente mexe com a gente. Eu observo meu público e o escuto. Sei que todos estamos sentindo algo que vem de fora de nosso ser, mas nenhum de nós sabe o que é. O importante é que voltamos ao normal e ninguém se machuca. Em muitas das cartas que recebo, as pessoas fazem perguntas sobre o tipo de coisas que faço e questões do tipo. Bem, eu não fumo e não bebo e gosto de ir ao cinema. Talvez algum dia eu tenha minha própria casa e família e não vou fugir disso. Eu sou filho único mas talvez meus filhos no futuro não o sejam. Suponho que este tipo de assunto levante outra questão: Estou apaixonado? Não, eu achei que estava, mas creio agora que não. Tudo passou. Creio que ainda não conheci a garota para isso, porém a vou encontrar e espero que não demore muito, porque às vezes me sinto solitário. Sinto-me solitário bem no meio de uma multidão. 

Acredito que com essa garota, seja ela quem for, não estarei solitário nunca mais. Bem, obrigado por deixar-me falar a vocês sobre coisas que há muito gostaria de conversar. Quero agradecer a todos os meus fiéis fãs que assistem aos meus shows e que de alguma forma tornam-se meus amigos. Fico muito contente por saber que vocês têm ouvido meus discos da RCA Victor e quero agradecer aos Disk Jockeys por tocá-los. Tenho medo de acordar de manhã. Não acredito que tudo isso tenha acontecido a mim. Só espero que isso possa durar e que não seja um sonho. Obrigado a todos os meus fãs jovens e fiéis. Sabe, há duas semanas atrás eu dirigia um caminhão por trinta e cinco dólares semanais em Memphis, no Tennessee, sendo que antes disso eu cheguei a trabalhar por catorze dólares por semana como lanterninha de cinema. Então, um dia meu pai me deu um violão. Muito embora eu não distinguisse um Dó de um Ré, com esforço aprendi a tocar sozinho. 

Minha carreira como cantor começou acidentalmente. Eu fui a uma gravadora para fazer um disco para dar de presente à minha mãe, somente para surpreendê-la. Uns caras ali me ouviram cantar e disseram que eu deveria procurá-los algum dia. Então eu fiz isso... um ano e meio mais tarde! Muitas pessoas me perguntam onde adquiri meu estilo de cantar. Bem, eu não copiei meu estilo de ninguém. Não tenho nada em comum com Johnny Ray, exceto o fato de que ambos cantamos - se é que se pode chamar isso de cantar. Eu fico pulando e dançando porque é assim que me sinto. Não poderia cantar uma nota sequer parado. A garotada é realmente maravilhosa com o jeito como eles reagem ao meu estilo. Recebo cerca de dez mil cartas de fãs toda semana. Muitas pessoas por todo o país estão abrindo fãs clubs para mim, por isso agradeço de coração a todos. Certamente eu sou muito grato a todos eles e, em resposta a algumas das perguntas que recebo deles, aqui vão alguns dados sobre mim mesmo: Eu nasci em Tupelo, no Mississipi, no dia 08 de janeiro de 1935. Cresci e estudei em Memphis, que ainda é o meu lar. 

Nunca tive aulas de canto e a única prática que tive foi com uma vassoura, antes que meu pai comprasse o meu primeiro violão. Tenho 1,82m de altura e peso 88 Kgs. Ganhei perto de dez quilos no ano passado. Não posso entender isso porque meu apetite já não é tão bom quanto antes. Não tenho tempo para refeições regulares, pois estou sempre viajando pelo país, trabalhando numa cidade diferente a cada dia. Normalmente tenho engolido um sanduíche rápido entre os shows, mas quando posso, gosto de um belo jantar com três pedações de carne de porco com muito molho e purê de batatas. Eu entendo que deve haver muitos boatos a meu respeito. Começo a pensar que há mais boatos do que fatos. Não tenho tido muito descanso ultimamente e minhas horas de sono tem diminuído terrivelmente. Quando muito consigo dormir realmente por duas ou três horas por noite. Bem, uma das coisas mais importantes para mim é a minha família. Minha mãe é a minha namorada mais querida.

Comprei uma casa para ela e para meu pai em Memphis, onde espero que vivam por muito, muito tempo. Fiz meu pai aposentar-se alguns meses atrás. Não havia muito sentido em seu trabalho, pois eu posso ganhar em um dia mais do que ele em um ano. Também houve boatos de que iria me casar. Bem, eu não tenho planos para isso agora e não estou comprometido. Acho que ainda não encontrei a garota certa. Além dos discos e shows ao vivo, estou ansioso para fazer um filme. Fiz um teste, dois meses atrás, e assinei contrato com a Paramount Pictures. Devo fazer meu próprio filme até o final do ano! Por fim quero agradecer a Deus por tudo, por tudo mesmo. Na verdade, tudo está tão bem comigo que custo acreditar que não seja um sonho. Espero nunca acordar!" 
(Elvis A. Presley)

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Junho de 2003

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 62

Heartbreak Hotel / I Was The One"
Data: 10 de janeiro de 1956 / fonte: "A Life In Music: The Complete Recording Sessions" / Texto: Pablo Aluísio e Lu Gomes / Photo: Chris Nill / Local: Memphis. 

Nota: A esta altura de sua vida, Elvis havia entrado para a galeria de heróis violentos, sádicos e enlouquecidos, que eram idolatrados pela juventude da década de 50. Elvis estava lado a lado com o ameaçador Marlon Brando em "O Selvagem", ou com o psicótico Vic Morrow de "Sementes da violência". Elvis era o próprio delinqüente juvenil , encarnando toda a rebeldia dos jovens do mundo. O que o genial Elvis Presley fez foi combinar estes mitos rebeldes do cinema com a música Rock & Roll e criar uma nova forma de entretenimento – o concerto de Rock . Foram suas poses desafiadoras, sua dança endiabrada e seu psicodrama espontâneo que deram início a toda uma tradição no rock pesado. Da noite para o dia a imagem do "cantor jovem" ficou sendo a daquele carinha muito louco, que arrebentava a guitarra enquanto dançava como um demônio. 

Tão profunda e difundida é essa imagem atualmente, que não conseguimos imaginar um astro de rock agindo de outra maneira. Em conseqüência, podemos afirmar que a imagem de Elvis como performer ultrapassou em muito sua influência na música do planeta (mesmo porque ele logo abandonaria o rockabilly, esse novo e revolucionário idioma musical). A prova disso é que todos os astros de rock dos quarenta anos seguintes, derivaram diretamente dessa sua "retórica" de palco, dessa sua sexualidade e energia incontroláveis. O grande artista estava pronto, mas antes de tudo, Elvis precisava de um grande sucesso, em nível nacional, e um dia essa canção chegou até ele. A compositora do primeiro grande sucesso de Elvis Presley o conheceu em Nashville, onde estava acontecendo a convenção nacional dos disc-jockeys. Ela foi até lá com a intenção de vender a canção. 

Elvis ouviu a fita e seus olhos brilharam. Assim que percebeu que ele havia gostado, Mae Axton propôs que, se Elvis concordasse em fazer de "Heartbreak hotel" o seu primeiro disco pela RCA, ela lhe daria parceria na música. O resto a gente já sabe. "Heartbreak Hotel" estabeleceu Elvis Presley como o novo herói da música pop. O disco foi lançado em 28 de janeiro de 1956 num programa de televisão, e na primeira semana de abril era o primeiro lugar em todas as paradas de sucesso – country, R&B e pop, um fato inédito até então. E assim nascia um Rei! 

Single nas Lojas 
Heartbreak Hotel (Axton / Durden / Presley) - O primeiro grande sucesso de Elvis em nível nacional foi lançado em Janeiro de 1956 com "I was the one" no lado B alcançando o primeiro lugar na parada americana e européia. A música foi escrita especialmente para ele e se tornou uma de suas marcas registradas. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 no estúdios da RCA em Nashville, na primeira sessão de Elvis na RCA. Para tentar reproduzir o som das gravações da Sun Records, o engenheiro Bob Ferris construiu uma câmara no prédio do novo estúdio, buscando eco de telhas e vidro. Inacreditáveis as guitarras acústica e elétrica de Chet Atkins e Scotty Moore na gravação. A companhia de discos a considerou "um desastre", imprópria para tocar no rádio. Cinco semanas depois, tornava-se seu primeiro hit número 1.

 I Was The One - (Schroder / DeMetrius / Blair / Peppers) - Lado B do single "Heartbreak Hotel" lançado em Janeiro de 1956. O single alcançou o primeiro lugar nas paradas e esta música em si chegou ao vigésimo terceiro lugar na Top 100 da Billboard. É uma terna balada que sem dúvida figura entra as melhores do Rei. Muitos anos depois fez parte de um dos primeiros singles de Elvis em CD.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Junho de 2003

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 61

"Elvis Agora!"
Data: 22 de fevereiro de 1971 / fonte: "A Life In Music: The Complete Recording Sessions" / Texto: Pablo Aluísio / Jumpsuit: "Now Suit" / Photo: Carl Anderton / Local: Las Vegas, Nevada. 

Elvis Now (1972) - 1972 foi um ano de grande correria para Elvis. Além de lançar vários LPs e Singles o cantor ainda gravou um filme registrando seus Shows, "Elvis On Tour" (Elvis triunfal, 1972) e também cruzou os Estados Unidos de costa a costa, sem contar ainda com suas temporadas anuais em Las Vegas. Tudo isso aliado a diversos outros problemas que ocorriam em sua vida pessoal como a separação definitiva de sua esposa Priscilla e o encontro com o Presidente Nixon em Washington. Este Disco foi gravado em meio a este turbilhão de acontecimentos e registra de certa forma o cansaço físico e emocional de Presley. Deve-se ressaltar porém que mesmo em momentos difíceis Elvis conseguia produzir grandes momentos que sem dúvida estão presentes neste disco. 

A vida de Elvis Presley nesta época se resumia a viajar de cidade em cidade, um show a cada noite, em um ritmo tão frenético, que às vezes, o cantor nem sabia direito onde se encontrava. Nos anos 70 Elvis fez mais de mil shows, nos cinqüenta Estados da federação americana. A rotina do Rei do Rock era sempre a mesma: viagem, hotel, show, viagem, hotel, show... Muita correria, o que fazia muitas vezes Elvis perder o controle do que estava acontecendo. O crítico do jornal Los Angeles Times escreveu na edição de 25 de fevereiro de 1972: "O novo disco de Elvis Presley é bom, na realidade é muito melhor do que alguns outros lançamentos deste mês, mas Elvis está ficando intimista demais, romântico demais, country demais, a hora é de Presley lançar um disco de Rock 'n' Roll e sustentar o título que ele sempre ostentou". 

Single nas lojas 
Until It's Time For You To Go (Marie) - Sucesso na voz de Neil Diamond em 1971, mas lançada antes por Buffy Sainte-Marie pelo selo Vanguard no mesmo ano. A Versão de Elvis foi lançada como lado principal de um single em Janeiro de 1972 com "We Can Make the Morning" no lado B. Elvis resolveu regravá-la pois achou a sua primeira versão ruim. Mas no final a nova versão ficou pior e Felton Jarvis, seu produtor resolveu usar a original mesmo. 

We Can Make the Morning (Jay Ramsem) - Canção que fez parte do Single lançado no começo de 1972 junto com "Until It's Time For You To Go". Nestas sessões de gravações que deram origem a este disco o cantor gravou mais de trinta músicas que deram origem a quatro Discos de sua carreira: "Elvis Now", "Elvis", "He Touched Me" e "Elvis sings the Wonderfull World of Christmas". Sem dúvida nos anos 70 Elvis Presley foi o maior "Hit Maker" da Indústria fonográfica. 

Single no Brasil 
Sylvia (Geoff Stephens/Les Reed) - Grande sucesso de Elvis Presley no Brasil. Assim como "Kiss me Quick" esta música somente alcançou todo este sucesso em terras Brasileiras. Tamanho foi seu sucesso por aqui que a RCA Brasileira a colocou abrindo o Lado 2 do Disco. Foi gravada em junho de 1970 junto com as canções do disco "That's The Way It Is". 

Put Your Hand in the Hand (Gene McLellan) - Sucesso de Anne Murray. Elvis gravou esta canção no dia 08 de junho de 1971 nos Estúdios B da RCA em Nashville. Esta sessão é histórica porque se tornou a última de Presley em Nashville, a capital mundial da música country. Sem dúvida nesta cidade Elvis gravou algumas das músicas mais populares do século XX. A partir desse momento Elvis iria gravar seus LPs somente em Memphis, seja em estúdios localizados na cidade ou em sua casa Graceland.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Maio de 2003

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 60

"A terra prometida de Chuck Berry"
Data: 19 de março de 1975 / fonte: "Elvis in the Morning" / Texto: Pablo Aluísio / Jumpsuit: "Sunlight Metallic suit" / Photo: Rubens Saintersden / Local: Las Vegas, Nevada. 

Nota: Promised Land foi o disco da maturidade de Elvis. Em 1975 o Rei do Rock completava 40 anos de idade, este fato foi amplamente explorado pela imprensa norte-americana. As reportagens nem sempre eram favoráveis a Elvis e questionavam como o cantor iria determinar os rumos da sua carreira agora que ele entrava numa idade mais avançada. Sem dúvida Elvis sentiu muito o fato de completar esta idade pois ele sempre foi um ídolo jovem e um símbolo da juventude mundial. Mal sabiam aqueles que o atacavam que Presley teria apenas dois anos de vida pela frente, talvez se soubessem disto o teriam poupado das pesadas críticas. Elvis ainda enfrentava problemas de saúde e pessoais como o divórcio de sua esposa Priscilla. Apesar de toda esta onda negativa Elvis Presley continuava a se apresentar ao vivo em Las Vegas e em diversas cidades dos Estados Unidos. 

Este disco foi gravado no final de 1973 nos estúdios Stax em Memphis, o mesmo que ele utilizou para gravar o disco "Raised On Rock / For Ol'Times Sake", meses antes. Elvis estava sendo pressionado pela RCA para gravar músicas de estúdio, pois os executivos da gravadora achavam que os lançamentos de discos ao vivo estavam se repetindo em demasia. Este é um ótimo LP e demonstra o grande artista que Elvis Presley foi. Entre as principais canções do disco "Promised Land" (APL1 0873) podemos lembrar das duas músicas que fizeram parte do compacto do LP. 

Single nas Lojas 
Promised Land (Chuck Berry) - O cantor e compositor Chuck Berry foi um dos pais do Rock'n'Roll. Suas músicas foram gravadas por inúmeros cantores e grupos musicais ao longo da história. Entre os principais nomes que interpretaram Berry estão os Beatles e os Rolling Stones. Elvis gravou várias canções de Berry como "Johnny B. Goode", "Too Much monkey Bussiness" e outras. Aqui Elvis interpreta uma canção gravada em 1964 pelo próprio Chuck Berry. É sem dúvida a melhor canção gravada por Elvis nos anos setenta. Destaque para o show do guitarrista James Burton. O single "Promised Land / It's Midnight" foi lançado antes do LP, em outubro de 1974 e se tornou um grande sucesso. 

It's Midnight (Billy Ed Wheler / Jerry Chesnut) - Esta canção foi lançada como lado B do Single "Promised Land" em Outubro de 1974. Ela abre o Lado B da edição norte americana do LP, sendo que no Brasil a canção que abria o Lado B era o sucesso "My Boy", aliás esta música faz parte mesmo é do LP "Good Times" americano. Esta alteração só ocorreu no Brasil pela impossibilidade da RCA nacional lançar o disco "Good Times" e em decorrência desta canção alcançar um grande sucesso em terras Brasileiras

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Maio de 2003

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 59

Indianapolis 1977, o Último Show!
Data: 26 de junho de 1977 / fonte: "Elvis Presley the final years" / Texto: Lu Gomes e Pablo Aluísio / Jumpsuit: Mexican Sundial suit / Photo: Bob Heis / Local: Market Square Arena, Indianapolis. 

Indianapolis, 1977 - fim de jogo - A única coisa que tirava Elvis de sua interminável crise existencial era a necessidade de cumprir seus contratos e voltar à estrada. Dificilmente Elvis parecia ter condições de cumprir uma série de shows pelos Estados Unidos. Tão gordo ele estava que até suas famosas roupas de 10 mil dólares, adornadas com pedras preciosas do Brasil, ficavam apertadas e não lhe serviam mais. De repente o sangue lhe sobe à cabeça e um caríssimo relógio de ouro Piaget, decorado com opalinas e rubis, explode contra a parede do banheiro. Seu pobre pai abaixa-se para catar os pedaços, mas Elvis o impede, murmurando com desdém: "- Deixa pra lá, Daddy...isso é só dinheiro." Trajando um roupão com capuz, óculos escuros, pijama de náilon preto e botas de vaqueiro Vossa Majestade desce lentamente as escadas, degrau por degrau. Dois volumes de cada lado de seu tórax indicam que ele está usando seus revólveres Colt 45 com cabos de marfim, que pertenceram ao general Patton na II Guerra Mundial. 

Elvis despede-se de sua querida avó e se dirige para fora de seu palácio, imediatamente Al Strada sai em disparada e abre a porta traseira da limousine escura. Nada mais do que a maior Mercedes já fabricada, feita especialmente para Elvis. Seu valete real toma o volante e segue em direção ao portão musical onde um bando de admiradores esteve de vigília a noite toda. Assim que a limusine sai para a rua, uma fila de carros se põe em seu encalço, só pelo prazer de acompanhar o rei do rock até o aeroporto, criando uma verdadeira procissão atrás do carro real. Assim que o comandante do avião recebe a mensagem, acende as luzes traseiras do jato, iluminando a cauda onde está pintado a sigla "TCB". Vossa Majestade, devidamente escoltado, sobe à bordo e cumprimenta a tripulação. Enquanto o majestoso avião cruza os céus dos Estados Unidos em direção à Indianapolis, os controladores de tráfego aéreo dos aeroportos vão saudando o Rei do Rock: -"Alô oito oitenta eco papa!... Como gostaríamos de estar aí com vocês!... Diga a Elvis que nós o amamos!" 

No final de sua vida Elvis Presley fora abençoado ainda mais pela fama e acabou se transformando numa espécie de santidade. Embora o homem estivesse moribundo o mito estava incrivelmente vivo. Elvis poderia morrer pronunciando as mesmas palavras de César em seu momento final: - "Sinto que estou me transformando em um Deus". Uma pequena multidão espera Elvis no aeroporto de Indianapolis; para evitar maiores confusões Presley desce de seu palácio voador pela porta de trás e imediatamente segue em direção ao Market Square Arena, agora totalmente lotado esperando pela visita real. No camarim, com Elvis só de tanga e sentado numa cadeira estofada, Hamburguer James inicia seu trabalho. Primeiro gruda dois grandes band aids em cada um dos joelhos, protegendo-os em seguida com um par de joelheiras elásticas, para amortecer o choque quando Elvis se apoiar em apenas um dos joelhos, durante uma daquelas famosas saudações de sua majestade imperial. 

Depois James coloca um band aid comum em cada um dos dedos das mãos de Elvis, para proteger sua pele e segurar melhor os anéis que ele pretende distribuir durante o show. É chegado o grande momento e Elvis veste sua roupa de show, no caso a famosa Jumpsuit Mexican Sundial, que traz a reprodução de um antigo calendário Azteca, não esquecendo de colocar uma pequena pistola em uma das botas; depois de anos sendo ameaçado de morte, Vossa Majestade sempre entra armado no palco durante essa fase de sua vida. Red West relembra: "Elvis nunca seria assassinado como John Lennon, pois ele sempre estava armado, sabia usar uma arma e confiava nelas, tinha servido o exército, ele mataria o cara antes dele tentar fazer alguma coisa, além disso ele era faixa preta oitavo grau em Karatê, sabia desarmar uma pessoa". Finalmente é colocada a capa e depois de alguns retoques no cabelo Elvis está pronto para entrar! Ele se olha no espelho por alguns minutos, conferindo se tudo está certo. 

A movimentação é intensa fora dos camarins, com uma grande quantidade de seguranças, policiais e até agentes do FBI, amigos do Rei. Todos o acompanham no caminho para o palco, lançando boas vibrações sobre Elvis. Mesmo depois de todos esses anos Presley ainda se sente muito nervoso antes de um show. Ele caminha lentamente e encara a grande cortina, enquanto os acordes da orquestra anunciam sua entrada. Elvis olha para seus ajudantes, faz um pequeno sinal de ok e vai em direção a milhares de fãs que esperam ver o maior cantor de rock de todos os tempos. Era 20:30hs da noite em Indiana, uma noite mais quente do que o normal, com ginásio lotado. Elvis faz uma apresentação memorável. As pessoas presentes, sem saber, tiveram a última oportunidade de assistir ao superstar ao vivo. No final da apresentação o Rei do Rock fez uma saudação imperial e se dirigiu aos seus leais súditos se despedindo de uma maneira que nunca tinha feito antes: "Adios", foram suas últimas palavras em um palco. Nunca mais Elvis Presley pisaria em um palco novamente e nunca mais uma legião de fãs do cantor ao redor do planeta teria a oportunidade de assistir ao show do maior cantor de rock da história. 

O fato de ter sido o último local a assistir ao concerto de Elvis Presley ainda é um grande orgulho para os moradores da cidade. Logo na entrada de Indianapolis o visitante se depara com uma grande placa: "Indianapolis, a cidade que disse adeus a Elvis Presley" O conceito de "nunca mais" é algo presente em muitos momentos de nossas vidas, mesmo que seja difícil aceitar essa realidade. Mas grandes pessoas e momentos sempre deixarão saudade, para sempre. E assim fica a saudade de todos mesmo sabendo a grande verdade dita pelo próprio Elvis no crepúsculo de sua vida: "Na vida não voltamos para um bis".

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Abril de 2003