Olhando para trás não podemos deixar de reconhecer que foi uma boa ideia colocar "Also Sprach Zarathustra" de Richard Strauss como tema de abertura dos shows de Elvis nos anos 70. Ficou grandioso, épico e impactante. Quando Elvis voltou a se apresentar ao vivo foi composta uma pequena introdução orquestral para sua entrada no palco. Esse tema pode ser ouvido em discos gravados em 1969, no International Hotel.
Embora breve, esse arranjo de entrada era bem produzido. Só que parecia ainda não digno da altura de um artista como Elvis. Apenas Strauss poderia estar em um nível acima. Muitos criticam, porque afinal a canção teria sido tema do clássico de ficção "2001 - Uma Odisseia no Espaço" do mestre Stanley Kubrick. Não estaria associada diretamente a Elvis. Penso de outra forma, acho que ficou muito bem encaixada. Ideal para o shows do cantor.
Outra música inédita dentro da discografia de Elvis em 1973 era essa "It's Over" de autoria da dupla Roy Orbison e Joe Melson, Interessante é que seria uma boa canção para ser gravada em estúdio, contando com todo aquele arranjo de metais bem típico de Felton Jarvis. Elvis porém não se deu ao trabalho, priorizando a execução da canção ao vivo mesmo. Esse tipo de música servia muito bem aos propósitos de Elvis em mostrar toda a potência de sua voz. Nos anos 70 ele inegavelmente procurou por esse tipo de canção, que tivesse um certo tipo de apoteose final. Era bem o momento propício para ele soltar seu vozeirão a plenos pulmões.
Já "See See Rider" não era mais nenhuma novidade para os colecionadores de seus LPs. A música já tinha sido lançada antes no bom álbum "On Stage - February 1970". Assim era já naquela época destituída de maior interesse pelos fãs que compravam seus discos. No selo do vinil original a música foi novamente creditada a Elvis, ou pelo menos seu arranjo. Como já sabemos essa é uma música bem antiga, feita antes do nascimento de Elvis por autores cujos nomes se perderam no tempo. Mesmo assim a RCA Victor decidiu valorizar um pouco o trabalho de Elvis na elaboração de seu arranjo para o palco, o creditando como autor. Valeu pela boa intenção e reconhecimento.
Pablo Aluísio.
domingo, 9 de maio de 2010
Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 8
Eu sempre vou identificar esse álbum com a música "An American Trilogy". Na verdade um medley triplo criado por Mickey Newbury que tencionava revitalizar músicas históricas, algumas provenientes de cultos religiosos, outras que foram populares nos campos de batalha, durante a guerra civil dos Estados Unidos. Elvis, patriota como era e um homem muito religioso, procurava assim por uma identidade musical em seus concertos realizados durante os anos 70.
Como era de complexa execução, essa canção acabou sendo vital para mostrar e identificar os melhores shows de Elvis nesse período de sua carreira. Quando Elvis estava bem, costumava dar tudo de si nela, quando estava mal, isso se refletia como nunca no palco. O interessante é que era mesmo uma música de show, sendo que Elvis não teve a preocupação de gravar uma versão de estúdio para ser lançada em seus álbuns. Parecia que ela funcionava muito melhor com o calor do público, dando resposta ao cantor ali, na hora, ao vivo.
Bem, não poderia deixar de registrar também que nunca gostei da versão que Elvis apresentou de "A Big Hunk O' Love" nesse concerto. Acredito que os arranjos excessivos de metais a descaracterizaram demais. Um rock da primeira fase da carreira de Elvis, deveria ter sido mais fiel aos arranjos originais. Nada de trombetas ou trombones. Não deu certo! Curioso que Felton Jarvis sempre foi criticado por isso, por pesar demais a mão em certos arranjos. Aqui ele poderia ter maneirado mais, deixando a orquestra de lado, incentivando mais os instrumentos mais típicos do rock dos anos 50, a saber, violão, guitarra, baixo e bateria. Nada mais era preciso. O produtor definitivamente errou!
Por fim, finalizando a análise, temos que aqui tecer alguns comentários sobre "Can't Help Falling in Love". A coisa toda aconteceu meio ao acaso. De repente a música romântica do filme "Feitiço Havaiano" acabou se tornando a nota final de todos os seus shows. Funcionava bem, era uma despedida de Elvis que deixava o público querendo mais. Só penso que Jarvis novamente deveria ter trazido mais da trilha sonora original. Eu sempre gostei muito dos arranjos originais do disco de 1961. Tudo soava quase como uma canção de ninar, por mais terno que isso possa parecer. Teria ficado muito bonito em seus concertos, não tenho dúvidas sobre isso.
Pablo Aluísio.
Como era de complexa execução, essa canção acabou sendo vital para mostrar e identificar os melhores shows de Elvis nesse período de sua carreira. Quando Elvis estava bem, costumava dar tudo de si nela, quando estava mal, isso se refletia como nunca no palco. O interessante é que era mesmo uma música de show, sendo que Elvis não teve a preocupação de gravar uma versão de estúdio para ser lançada em seus álbuns. Parecia que ela funcionava muito melhor com o calor do público, dando resposta ao cantor ali, na hora, ao vivo.
Bem, não poderia deixar de registrar também que nunca gostei da versão que Elvis apresentou de "A Big Hunk O' Love" nesse concerto. Acredito que os arranjos excessivos de metais a descaracterizaram demais. Um rock da primeira fase da carreira de Elvis, deveria ter sido mais fiel aos arranjos originais. Nada de trombetas ou trombones. Não deu certo! Curioso que Felton Jarvis sempre foi criticado por isso, por pesar demais a mão em certos arranjos. Aqui ele poderia ter maneirado mais, deixando a orquestra de lado, incentivando mais os instrumentos mais típicos do rock dos anos 50, a saber, violão, guitarra, baixo e bateria. Nada mais era preciso. O produtor definitivamente errou!
Por fim, finalizando a análise, temos que aqui tecer alguns comentários sobre "Can't Help Falling in Love". A coisa toda aconteceu meio ao acaso. De repente a música romântica do filme "Feitiço Havaiano" acabou se tornando a nota final de todos os seus shows. Funcionava bem, era uma despedida de Elvis que deixava o público querendo mais. Só penso que Jarvis novamente deveria ter trazido mais da trilha sonora original. Eu sempre gostei muito dos arranjos originais do disco de 1961. Tudo soava quase como uma canção de ninar, por mais terno que isso possa parecer. Teria ficado muito bonito em seus concertos, não tenho dúvidas sobre isso.
Pablo Aluísio.
sábado, 8 de maio de 2010
Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 1
A primeira vez que ouvi esse álbum fiquei realmente impressionado como Elvis conseguia ir da fúria roqueira aos momentos mais intimistas, em questão de segundos! No palco Elvis era realmente magistral nesse aspecto. Um exemplo vem do blues "Never Been To Spain". Ele havia acabado de balançar o Madison Square Garden com a vibração e a empolgação de "Proud Mary" e então recebidos os aplausos emendou com essa excelente canção blueseira. Elvis, um fruto cultural do vale do Delta do Mississippi, tinha plena familiaridade com esse tipo de sonoridade. Afinal ele foi criado bem ali e em Memphis acabou tendo ainda mais contato com esse estilo musical puramente americano, forjado nas plantações de algodão do sul. Era um branco com negritude cultural correndo em suas veias.
Outro ponto importante a se dizer sobre "Spain" era que essa era efetivamente a primeira vez que essa música pintava em um disco oficial de Elvis. Ela era assim uma das "inéditas" do álbum, um canção não gravada por Mr. Presley em estúdio antes. Para o fã que havia ido na loja de discos em 1972 era uma novidade e tanto! A outra ótima notícia era que, tecnicamente, essa faixa se mostrava, desde os primeiros acordes, como uma das mais perfeitas gravações do concerto - chego inclusive a dizer que ela tinha mesmo as qualidades, as matizes, de uma gravação em estúdio, de tão perfeita que saiu. Elvis e banda, entrosados e afinadíssimos, tiveram uma performance simplesmente impecável, uma obra prima ao vivo. Para essa performance "live" eu realmente tiro o meu chapéu. E para quem gosta dos solos de James Burton, aqui ele foi de fato excepcional. A TCB Band atingiu em 1972 um amadurecimento e um primor técnico que poucas vezes seria repetido ao longo dos anos. O que dizer? Eles foram perfeitos.
Depois desse grande momento Elvis entra direto em "You Don't Have To Say You Love Me". Já escrevi antes e repito, essa bela música italiana, lançada originalmente no álbum "That´s The Way It Is" não teve uma boa versão de estúdio lançada. Complicado entender o que os executivos da RCA Victor tinham na cabeça, mas o fato é que eles escolheram o take errado como master, para ser lançado no disco oficial. Não era bem aquela versão em particular a ser escolhida. Curiosamente no Madison Square Garden Elvis voltou a ela. Não entendo a razão. Essa gravação de Elvis nunca foi um hit em sua voz. Ele poderia ter escolhida outras faixas mais representativas e populares. De qualquer maneira essa versão ao vivo consegue ser bem superior à que ouvimos no disco gravado em Las Vegas em 1970. Ela tem mais fluidez, mais qualidade musical. No comecinho Elvis ainda parece um pouco tímido, porém conforme a música vai avançando ele vai soltando a voz e quando chega no momento final apoteótico, Elvis consegue alcançar todas as notas necessárias sem problemas. Aplausos mais do que merecidos.
E dentre tantas versões de "Polk Salad Annie" que Elvis gravou ao longo dos anos 70 gosto particularmente muito dessa! Ela tem uma vibração poucas vezes ouvida. Sem maiores delongas Elvis vai direto na veia, deixa para lá a introdução falada e explicativa e pula logo para o puro ritmo. Problemas de microfonia foram captados pelos equipamentos da RCA, mas nem isso atrapalha o excelente resultado. Obviamente o público de Nova Iorque não deve ter entendido bulhufas da letra, afinal quando foi que aqueles nova-iorquinos de terno e gravata estiveram nos pântanos da Louisiana, não é mesmo? Embora Elvis tenha ficado claramente inspirado nessa performance, não podemos deixar de poupar elogios para o barbudo baixista Jerry Scheff. Quando esteve com os Doors, o próprio Jim Morrison teve dúvidas se aquele cara esquisito com óculos fundo de garrafa fazia rock de verdade! Bastou poucas sessões em Los Angeles para que ele se convencesse de que Jerry era mesmo um grande músico com seu instrumento. Aqui no Madison está outra prova de seu talento, pois "Polk" tinha excelentes solos de baixo, onde Scheff podia ter a oportunidade de mostrar o quanto era fera também no palco! Nesse momento do show ele foi de fato a grande estrela! Quem diria...
Pablo Aluísio.
Outro ponto importante a se dizer sobre "Spain" era que essa era efetivamente a primeira vez que essa música pintava em um disco oficial de Elvis. Ela era assim uma das "inéditas" do álbum, um canção não gravada por Mr. Presley em estúdio antes. Para o fã que havia ido na loja de discos em 1972 era uma novidade e tanto! A outra ótima notícia era que, tecnicamente, essa faixa se mostrava, desde os primeiros acordes, como uma das mais perfeitas gravações do concerto - chego inclusive a dizer que ela tinha mesmo as qualidades, as matizes, de uma gravação em estúdio, de tão perfeita que saiu. Elvis e banda, entrosados e afinadíssimos, tiveram uma performance simplesmente impecável, uma obra prima ao vivo. Para essa performance "live" eu realmente tiro o meu chapéu. E para quem gosta dos solos de James Burton, aqui ele foi de fato excepcional. A TCB Band atingiu em 1972 um amadurecimento e um primor técnico que poucas vezes seria repetido ao longo dos anos. O que dizer? Eles foram perfeitos.
Depois desse grande momento Elvis entra direto em "You Don't Have To Say You Love Me". Já escrevi antes e repito, essa bela música italiana, lançada originalmente no álbum "That´s The Way It Is" não teve uma boa versão de estúdio lançada. Complicado entender o que os executivos da RCA Victor tinham na cabeça, mas o fato é que eles escolheram o take errado como master, para ser lançado no disco oficial. Não era bem aquela versão em particular a ser escolhida. Curiosamente no Madison Square Garden Elvis voltou a ela. Não entendo a razão. Essa gravação de Elvis nunca foi um hit em sua voz. Ele poderia ter escolhida outras faixas mais representativas e populares. De qualquer maneira essa versão ao vivo consegue ser bem superior à que ouvimos no disco gravado em Las Vegas em 1970. Ela tem mais fluidez, mais qualidade musical. No comecinho Elvis ainda parece um pouco tímido, porém conforme a música vai avançando ele vai soltando a voz e quando chega no momento final apoteótico, Elvis consegue alcançar todas as notas necessárias sem problemas. Aplausos mais do que merecidos.
E dentre tantas versões de "Polk Salad Annie" que Elvis gravou ao longo dos anos 70 gosto particularmente muito dessa! Ela tem uma vibração poucas vezes ouvida. Sem maiores delongas Elvis vai direto na veia, deixa para lá a introdução falada e explicativa e pula logo para o puro ritmo. Problemas de microfonia foram captados pelos equipamentos da RCA, mas nem isso atrapalha o excelente resultado. Obviamente o público de Nova Iorque não deve ter entendido bulhufas da letra, afinal quando foi que aqueles nova-iorquinos de terno e gravata estiveram nos pântanos da Louisiana, não é mesmo? Embora Elvis tenha ficado claramente inspirado nessa performance, não podemos deixar de poupar elogios para o barbudo baixista Jerry Scheff. Quando esteve com os Doors, o próprio Jim Morrison teve dúvidas se aquele cara esquisito com óculos fundo de garrafa fazia rock de verdade! Bastou poucas sessões em Los Angeles para que ele se convencesse de que Jerry era mesmo um grande músico com seu instrumento. Aqui no Madison está outra prova de seu talento, pois "Polk" tinha excelentes solos de baixo, onde Scheff podia ter a oportunidade de mostrar o quanto era fera também no palco! Nesse momento do show ele foi de fato a grande estrela! Quem diria...
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 2
A versão ao vivo de Elvis para seu grande clássico "Love Me Tender" nesse show realizado no Madison Square Garden é inegavelmente fraca. Apenas um minuto e trinta segundos de performance. Nada muito inspirador. Na verdade Elvis sempre transparecia um certo desleixo no que se referia ao seu repertório mais antigo, dos anos 50. Ele parecia ter pouco apreço por esses grandes sucessos do começo de sua carreira. Qual seria a razão? Complicado descobrir. Um pista porém pode ser encontrada numa frase que ele disse nos anos 70, ao afirmar que não queria ser um cantor de 40 anos rebolando ao som de "Hound Dog"!
Provavelmente Elvis entendia que isso significava que ele não havia avançado musicalmente em sua carreira, vivendo apenas dos velhos sucessos do passado. E por falar em "Hound Dog", essa também foi cantada nesse show. Outra versão de pouco mais de 1 minuto de duração. Outra que ele não levou nada à sério. Provavelmente só entrou na seleção de repertório do show para relembrar aos nova-iorquinos de onde ele vinha, de seu passado glorioso nos primeiros dias do rock ´n´ roll americano. Melhor se saiu (mas apenas um pouquinho melhor) com o medley "Teddy Bear / Don't Be Cruel", Aqui Elvis demonstrou um pouco mais de foco - porém nada muito digno de nota. Ele parecia mesmo incomodado de trazer de volta esses "Oldies", as velharias de um passado remoto.
Realmente, se formos pensar no pior lado desse grande show da carreira de Elvis Presley vamos perceber que todas as antigas músicas de sua fase mais roqueira, justamente nos anos 50 quando ele foi chamado de "O Rei do Rock", foram negligenciadas nesse palco. A versão de "All Shook Up" não tem nem 1 minuto de duração! Que lástima! Essa música foi sem dúvida um dos grandes hits de Elvis em 1957. Uma canção essencial, que ganhou discos de ouro e platina. Como é possível Elvis apresentar um número tão medíocre para um clássico tão importante? Lamentável em todos os aspectos.
"Love Me" do disco "Elvis" de 1956 só não foi mais desprezada por Elvis porque afinal de contas seu sabor mais ao estilo country music se adequava mais ao direcionamento que Elvis vinha tomando em seus shows. Mesmo assim essa versão live não conseguiu ter nem dois minutos de duração! "Heartbreak Hotel" me soa bem melhor. Aliás sempre gostei bastante desse novo arranjo dos anos 70. Embora a versão de estúdio dos anos 50 seja excepcional, era mesmo de se esperar que sua sonoridade um tanto sombria fosse deixada de lado nesse momento. Por fim, fechando esse levantamento de seus antigos clássicos roqueiros cantados no palco em Nova Iorque, é importante citar a canção que deu começo a tudo, "That's All Right". Aqui o pique de ser a primeira canção da apresentação (logo após os acordes de "Also Sprach Zarathustra") a salvou da banalidade. Ótima performance embalada por arranjos novos, com muita energia e vibração. Para realmente levantar o público.
Pablo Aluísio.
Provavelmente Elvis entendia que isso significava que ele não havia avançado musicalmente em sua carreira, vivendo apenas dos velhos sucessos do passado. E por falar em "Hound Dog", essa também foi cantada nesse show. Outra versão de pouco mais de 1 minuto de duração. Outra que ele não levou nada à sério. Provavelmente só entrou na seleção de repertório do show para relembrar aos nova-iorquinos de onde ele vinha, de seu passado glorioso nos primeiros dias do rock ´n´ roll americano. Melhor se saiu (mas apenas um pouquinho melhor) com o medley "Teddy Bear / Don't Be Cruel", Aqui Elvis demonstrou um pouco mais de foco - porém nada muito digno de nota. Ele parecia mesmo incomodado de trazer de volta esses "Oldies", as velharias de um passado remoto.
Realmente, se formos pensar no pior lado desse grande show da carreira de Elvis Presley vamos perceber que todas as antigas músicas de sua fase mais roqueira, justamente nos anos 50 quando ele foi chamado de "O Rei do Rock", foram negligenciadas nesse palco. A versão de "All Shook Up" não tem nem 1 minuto de duração! Que lástima! Essa música foi sem dúvida um dos grandes hits de Elvis em 1957. Uma canção essencial, que ganhou discos de ouro e platina. Como é possível Elvis apresentar um número tão medíocre para um clássico tão importante? Lamentável em todos os aspectos.
"Love Me" do disco "Elvis" de 1956 só não foi mais desprezada por Elvis porque afinal de contas seu sabor mais ao estilo country music se adequava mais ao direcionamento que Elvis vinha tomando em seus shows. Mesmo assim essa versão live não conseguiu ter nem dois minutos de duração! "Heartbreak Hotel" me soa bem melhor. Aliás sempre gostei bastante desse novo arranjo dos anos 70. Embora a versão de estúdio dos anos 50 seja excepcional, era mesmo de se esperar que sua sonoridade um tanto sombria fosse deixada de lado nesse momento. Por fim, fechando esse levantamento de seus antigos clássicos roqueiros cantados no palco em Nova Iorque, é importante citar a canção que deu começo a tudo, "That's All Right". Aqui o pique de ser a primeira canção da apresentação (logo após os acordes de "Also Sprach Zarathustra") a salvou da banalidade. Ótima performance embalada por arranjos novos, com muita energia e vibração. Para realmente levantar o público.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 3
Existem aqueles sucessos que obrigam o cantor a interpretar a mesma música show após show, sem interrupções. Isso claramente causa um desgaste psicológico em quem canta. Não é fácil ficar cantando a mesma música anos a fio. E quando se escolhe o tema para ser o final dos concertos a coisa piora ainda mais. "Can't Help Falling In Love" foi escolhida para encerrar os shows de Elvis. Isso significa que ele a cantou milhares de vezes durante os anos 70. Conforme o tempo foi passando a pressa foi estragando a linda melodia da gravação original. No palco Elvis mostrava certa impaciência com ela, como se quisesse encerrar mais um show (algo até bem compreensivo). Por essa razão não considero essa uma grande performance. Segue basicamente a ansiedade de todas as demais versões desse período.
Outro sucesso que martelou Elvis foi "Suspicious Minds". Quando Elvis voltou aos palcos em 1969, em suas temporadas de Las Vegas, ele a usou bastante em seu repertório. Era algo bem fácil de explicar. A música tinha se tornando seu maior sucesso mais recente, chegando ao primeiro lugar da Billboard, algo que não acontecia desde 1962! Assim Elvis jamais poderia ignorar tamanho sucesso. Nos primeiros shows daquele ano a performance de Elvis estava em alta. Ele estava realmente empolgado com a música, porém os anos se passaram e o entusiasmo decaiu. Nesse show no Madison Square Garden ainda temos uma boa apresentação de "Suspicious Minds", afinal Elvis a estava cantando pela primeira vez em Nova Iorque. Porém essa também foi uma das últimas grandes interpretações dele. Dentro de poucos anos Elvis foi tirando a canção de seu repertório, até que ela se tornou apenas esporádica em seus concertos. Chegou uma hora em que ele realmente cansou dela.
Uma das melhores razões para se comprar o disco na época era a inclusão de "The Impossible Dream" na lista das músicas desse álbum. Era uma música inédita dentro da discografia de Elvis, nunca antes lançada, nem em versão de estúdio, nem ao vivo. O colecionador simplesmente batia os olhos nessa faixa e levava o LP para casa. Era uma nova versão de um sucesso mais recente (do ano de 1968) na voz do cantor Andy Williams. Elvis dizia que era um "country dos bons". Sua versão, apesar de ser "live", é muito boa. Concentrada, bem executada, caprichada. Elvis sabia que a música iria aparecer pela primeira vez em um de seus discos oficiais e por isso deu o melhor de si. Uma performance realmente muito acima da média, elevando a qualidade do disco como um todo.
Outro momento do álbum que considero muito bom é essa versão de "You've Lost That Lovin' Feelin'". Em relação a essa canção minha opinião continua a mesma: a melhor versão é realmente a do LP "That´s The Way It Is". Simplesmente irretocável. Essa versão do Madison Square Garden porém tem um outro pique, um outro sentimento. O público de Nova Iorque era bem diferente do público em Las Vegas. Enquanto que em Nevada Elvis se apresentava para uma plateia bem mais comportada, aqui na chamada "Big Apple" as coisas eram diferentes. Havia mais troca, mais intensidade entre Elvis e seus fãs. Isso acabou se refletindo nessa versão, muito embora seja ainda inferior ao que ouvimos no disco de 1970.
Pablo Aluísio.
Outro sucesso que martelou Elvis foi "Suspicious Minds". Quando Elvis voltou aos palcos em 1969, em suas temporadas de Las Vegas, ele a usou bastante em seu repertório. Era algo bem fácil de explicar. A música tinha se tornando seu maior sucesso mais recente, chegando ao primeiro lugar da Billboard, algo que não acontecia desde 1962! Assim Elvis jamais poderia ignorar tamanho sucesso. Nos primeiros shows daquele ano a performance de Elvis estava em alta. Ele estava realmente empolgado com a música, porém os anos se passaram e o entusiasmo decaiu. Nesse show no Madison Square Garden ainda temos uma boa apresentação de "Suspicious Minds", afinal Elvis a estava cantando pela primeira vez em Nova Iorque. Porém essa também foi uma das últimas grandes interpretações dele. Dentro de poucos anos Elvis foi tirando a canção de seu repertório, até que ela se tornou apenas esporádica em seus concertos. Chegou uma hora em que ele realmente cansou dela.
Uma das melhores razões para se comprar o disco na época era a inclusão de "The Impossible Dream" na lista das músicas desse álbum. Era uma música inédita dentro da discografia de Elvis, nunca antes lançada, nem em versão de estúdio, nem ao vivo. O colecionador simplesmente batia os olhos nessa faixa e levava o LP para casa. Era uma nova versão de um sucesso mais recente (do ano de 1968) na voz do cantor Andy Williams. Elvis dizia que era um "country dos bons". Sua versão, apesar de ser "live", é muito boa. Concentrada, bem executada, caprichada. Elvis sabia que a música iria aparecer pela primeira vez em um de seus discos oficiais e por isso deu o melhor de si. Uma performance realmente muito acima da média, elevando a qualidade do disco como um todo.
Outro momento do álbum que considero muito bom é essa versão de "You've Lost That Lovin' Feelin'". Em relação a essa canção minha opinião continua a mesma: a melhor versão é realmente a do LP "That´s The Way It Is". Simplesmente irretocável. Essa versão do Madison Square Garden porém tem um outro pique, um outro sentimento. O público de Nova Iorque era bem diferente do público em Las Vegas. Enquanto que em Nevada Elvis se apresentava para uma plateia bem mais comportada, aqui na chamada "Big Apple" as coisas eram diferentes. Havia mais troca, mais intensidade entre Elvis e seus fãs. Isso acabou se refletindo nessa versão, muito embora seja ainda inferior ao que ouvimos no disco de 1970.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 4
Eu gosto bastante da versão de "Proud Mary" para esse álbum. A música em si não era mais novidade para os fãs de Elvis, já que havia sido lançada no repertório do disco "On Stage - February 1970". A diferença básica entre as duas versões era que a do álbum gravado em Las Vegas apresentava uma performance mais técnica, bem tocada, por Elvis e banda. Aqui no show do Madison Square Garden a música é apresentada mais no calor do momento, na vibração do público. Não é tecnicamente tão perfeita, mas tem um ótimo pique, uma energia que poucas vezes foi repetida por Elvis.
Já a aclamada "American Trilogy" surgia pela primeira vez em um disco de Elvis Presley. Em minha opinião a melhor versão ainda seria lançada, seria a do "Aloha From Hawaii", um ano depois. Essa versão do Madison Square Garden tem seus méritos, porém também não a acho muito bem executada. Essa canção aliás quebrou um pouco o ritmo do show, que vinha em um ritmo rápido, de pura energia. Já Trilogy pedia por outra postura, algo reflexivo, diria até épico. O público em Nova Iorque, muito cosmopolita, não comprou bem a ideia de uma canção histórica que louvava os ideais do sul confederado na guerra civil. Era algo tão distante da realidade daquele público como a Lua!
O country "Funny How Time Slips Away" certamente teve uma melhor receptividade. É fácil de entender isso. Sem o background histórico e o peso de tentar ser épico de "American Trilogy", essa canção era bem mais leve, soft, evocando aquela imagem do lirismo do caipira apaixonado do interior dos Estados Unidos. Uma figura mais agradável do que a de um soldado confederado com seu uniforme cinza e rifle da música "American Trilogy", que aliás deveria ter sido tirada por Elvis da seleção musical desse concerto. Essa "Funny" já tinha sido lançada antes no "Elvis Country" por isso também não era novidade, pelo menos em sua versão "Studio".
De inédito mesmo o disco trazia "For The Good Times". Elvis não a tinha gravado em estúdio, estava apresentando pela primeira vez em Nova Iorque (e em um álbum de sua discografia oficial), por isso era um bom motivo para se comprar o LP na época. Imagine você sendo um fã de Elvis, entrando numa loja de discos, pegando esse vinil nas mãos e percebendo que havia ali uma música de Elvis que você nunca tinha ouvido antes. Certamente compraria o disco. Por isso também esse álbum foi um dos mais vendidos durante os anos 70. Além de ser o registro de um show marcante em sua carreira, ainda trazia como bônus músicas inéditas em sua discografia. Duas ótimas razões para comprar o disco.
Pablo Aluísio.
Já a aclamada "American Trilogy" surgia pela primeira vez em um disco de Elvis Presley. Em minha opinião a melhor versão ainda seria lançada, seria a do "Aloha From Hawaii", um ano depois. Essa versão do Madison Square Garden tem seus méritos, porém também não a acho muito bem executada. Essa canção aliás quebrou um pouco o ritmo do show, que vinha em um ritmo rápido, de pura energia. Já Trilogy pedia por outra postura, algo reflexivo, diria até épico. O público em Nova Iorque, muito cosmopolita, não comprou bem a ideia de uma canção histórica que louvava os ideais do sul confederado na guerra civil. Era algo tão distante da realidade daquele público como a Lua!
O country "Funny How Time Slips Away" certamente teve uma melhor receptividade. É fácil de entender isso. Sem o background histórico e o peso de tentar ser épico de "American Trilogy", essa canção era bem mais leve, soft, evocando aquela imagem do lirismo do caipira apaixonado do interior dos Estados Unidos. Uma figura mais agradável do que a de um soldado confederado com seu uniforme cinza e rifle da música "American Trilogy", que aliás deveria ter sido tirada por Elvis da seleção musical desse concerto. Essa "Funny" já tinha sido lançada antes no "Elvis Country" por isso também não era novidade, pelo menos em sua versão "Studio".
De inédito mesmo o disco trazia "For The Good Times". Elvis não a tinha gravado em estúdio, estava apresentando pela primeira vez em Nova Iorque (e em um álbum de sua discografia oficial), por isso era um bom motivo para se comprar o LP na época. Imagine você sendo um fã de Elvis, entrando numa loja de discos, pegando esse vinil nas mãos e percebendo que havia ali uma música de Elvis que você nunca tinha ouvido antes. Certamente compraria o disco. Por isso também esse álbum foi um dos mais vendidos durante os anos 70. Além de ser o registro de um show marcante em sua carreira, ainda trazia como bônus músicas inéditas em sua discografia. Duas ótimas razões para comprar o disco.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 5
"I Can't Stop Loving You" também entrou na seleção musical desse show. Um registro tão country assim certamente não iria fazer a cabeça do público de Nova Iorque, o mais cosmopolita dos Estados Unidos. Mesmo assim todos aplaudiram respeitosamente. Elvis parece ter percebido no palco que a canção não empolgou muito os ouvintes, por isso a encurtou, para uma versão rápida de pouco mais de dois minutos. Faltou mesmo alguém para dar um toque para Elvis, para não incluir a faixa na apresentação. Não iria funcionar mesmo, em nenhuma hipótese. Aquilo era encarado em Nova Iorque como música de caipira.
"Elvis as Recorded at Madison Square Garden" foi gravado em Nova Iorque e lançado o mais rapidamente possível. A RCA Victor queria aproveitar toda a agitação dos concertos de Elvis na cidade para transformar o LP em um sucesso de vendas. Realmente o disco se saiu bem, vendendo muito durante os dois meses seguintes. Foi o primeiro álbum da discografia de Elvis que se propunha a trazer um show ao vivo praticamente na íntegra. Não eram apenas gravações ao vivo esporádicas como havia acontecido nos discos anteriores. Nem era uma seleção de canções gravadas em temporadas de Las Vegas. Era um novo modelo de álbum vivo, algo que a gravadora queria explorar dali para frente (esse mesmo modelo se repetiria no "Aloha From Hawaii" e no disco gravado em Memphis em 1974).
O problema desse disco em minha opinião não tem nada a ver com sua existência em si, mas sim pelo fato de que para ele ser lançado a RCA Victor teve que desistir de lançar um disco com a trilha sonora do filme "Elvis On Tour". Os executivos acreditavam que o lançamento de dois discos tão parecidos entre si poderia fazer com que um deles fracassasse nas lojas, ou pior do que isso, que ambos vendessem mal. Uma preocupação que hoje em dia soa estranha para o fã, uma vez que todos os anos são lançados dezenas de CDs de Elvis. Era uma outra época, uma outra mentalidade. Para a RCA era importante manter o prestígio de Elvis em alta, vendendo muitos discos, para que todos ainda o vissem como um campeão de vendas. Hoje em dia, do ponto de vista atual, isso obviamente já não tem a menor importância. Seria bem melhor ter também um álbum oficial do "Elvis On Tour". Pena que isso não aconteceu.
Pablo Aluísio.
"Elvis as Recorded at Madison Square Garden" foi gravado em Nova Iorque e lançado o mais rapidamente possível. A RCA Victor queria aproveitar toda a agitação dos concertos de Elvis na cidade para transformar o LP em um sucesso de vendas. Realmente o disco se saiu bem, vendendo muito durante os dois meses seguintes. Foi o primeiro álbum da discografia de Elvis que se propunha a trazer um show ao vivo praticamente na íntegra. Não eram apenas gravações ao vivo esporádicas como havia acontecido nos discos anteriores. Nem era uma seleção de canções gravadas em temporadas de Las Vegas. Era um novo modelo de álbum vivo, algo que a gravadora queria explorar dali para frente (esse mesmo modelo se repetiria no "Aloha From Hawaii" e no disco gravado em Memphis em 1974).
O problema desse disco em minha opinião não tem nada a ver com sua existência em si, mas sim pelo fato de que para ele ser lançado a RCA Victor teve que desistir de lançar um disco com a trilha sonora do filme "Elvis On Tour". Os executivos acreditavam que o lançamento de dois discos tão parecidos entre si poderia fazer com que um deles fracassasse nas lojas, ou pior do que isso, que ambos vendessem mal. Uma preocupação que hoje em dia soa estranha para o fã, uma vez que todos os anos são lançados dezenas de CDs de Elvis. Era uma outra época, uma outra mentalidade. Para a RCA era importante manter o prestígio de Elvis em alta, vendendo muitos discos, para que todos ainda o vissem como um campeão de vendas. Hoje em dia, do ponto de vista atual, isso obviamente já não tem a menor importância. Seria bem melhor ter também um álbum oficial do "Elvis On Tour". Pena que isso não aconteceu.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Elvis Presley - He Touched Me - Parte 1
"He Touched Me" foi o terceiro e último álbum gospel da carreira de Elvis. Também foi o menos vendido, o que menos causou repercussão. Em minha opinião pessoal também é o disco religioso menos inspirado de Elvis. As belas sonoridades que ouvimos em "His Hand in Mine" e "How Great Thou Art" não se repetiram aqui. Houve de certa maneira um certo desleixo nos arranjos e produção. Ao invés de procurar por um novo tipo de som, mais de acordo com o tema religioso do disco, o produtor Felton Jarvis apenas trouxe a banda de palco de Elvis para o estúdio, sem muito capricho ou inovação.
Claro que há no repertório algumas gravações bonitas e belas, mas no conjunto geral não consigo ouvir nada muito relevante, que fuja do tipo de sonoridade que Elvis já vinha utilizando em seus discos convencionais. Não há maiores cuidados nos arranjos, como já escrevi, nem a tentativa de criar algo novo, com novos instrumentos e linhas melódicas. O disco sempre me pareceu terrivelmente comum, sem inovações ou cuidados técnicos. Em termos de qualidade há também uma montanha russa, que vai do belo ao ordinário, sem pausas. Hoje em dia a audição do álbum soa até mesmo um pouco cansativa, um mal sinal para um trabalho de estúdio de qualquer artista.
Nem tudo porém foi perdido. Um dos destaques positivos desse disco vem justamente de "Amazing Grace", um dos maiores clássicos religiosos da cultura norte-americana. Penso até que o disco deveria ter sido nomeado de "Amazing Grace", não apenas porque essa faixa é muito superior a "He Touched Me" como também pela força comercial do nome da música. Provavelmente não foi escolhida para nomear o álbum por questões de direitos autorais, ou então porque os executivos da RCA Victor acreditavam que esse gospel já havia sido gravado tantas vezes antes, por tantos artistas diferentes ao longo dos anos, que estaria simplesmente saturado no mercado. De qualquer maneira esse gravação é uma das que justificam a existência do disco como um todo. Mesmo com problemas, etc, "Amazing Grace" na voz de Elvis é sem dúvida um belo momento de sua discografia. Algo muito inspirador e belo. Pena que seja uma exceção no meio convencional dominante que impera no disco.
Pablo Aluísio.
Claro que há no repertório algumas gravações bonitas e belas, mas no conjunto geral não consigo ouvir nada muito relevante, que fuja do tipo de sonoridade que Elvis já vinha utilizando em seus discos convencionais. Não há maiores cuidados nos arranjos, como já escrevi, nem a tentativa de criar algo novo, com novos instrumentos e linhas melódicas. O disco sempre me pareceu terrivelmente comum, sem inovações ou cuidados técnicos. Em termos de qualidade há também uma montanha russa, que vai do belo ao ordinário, sem pausas. Hoje em dia a audição do álbum soa até mesmo um pouco cansativa, um mal sinal para um trabalho de estúdio de qualquer artista.
Nem tudo porém foi perdido. Um dos destaques positivos desse disco vem justamente de "Amazing Grace", um dos maiores clássicos religiosos da cultura norte-americana. Penso até que o disco deveria ter sido nomeado de "Amazing Grace", não apenas porque essa faixa é muito superior a "He Touched Me" como também pela força comercial do nome da música. Provavelmente não foi escolhida para nomear o álbum por questões de direitos autorais, ou então porque os executivos da RCA Victor acreditavam que esse gospel já havia sido gravado tantas vezes antes, por tantos artistas diferentes ao longo dos anos, que estaria simplesmente saturado no mercado. De qualquer maneira esse gravação é uma das que justificam a existência do disco como um todo. Mesmo com problemas, etc, "Amazing Grace" na voz de Elvis é sem dúvida um belo momento de sua discografia. Algo muito inspirador e belo. Pena que seja uma exceção no meio convencional dominante que impera no disco.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Elvis Presley - He Touched Me - Parte 2
"He Touched Me", a música que dá título ao álbum, foi um lançamento original de Bill Gaither em 1963. Porém a versão que fez Elvis efetivamente se interessar por ela foi outra, mais tardia, gravada pelo grupo vocal The Imperials. Elvis admirava bastante esse quarteto gospel, sempre comprava seus singles e álbuns, então acabou sendo algo natural para ele gravar a música alguns anos depois. A letra foi inspirada nas páginas do próprio evangelho, nos milagres que Jesus fazia usando apenas suas próprias mãos. Basta lembrar da cura do cego e outras passagens. Também há o toque inspirativo de sua própria mensagem que tocava o coração dos homens.
"Lead Me, Guide Me", por sua vez, era uma velha composição da cantora e compositora gospel Doris Mae Akers. O auge de sucesso de sua carreira aconteceu no pós guerra. Ela decidiu se mudar para Los Angeles em 1946 e lá tirou a sorte grande ao ser contratada pela gravadora RCA Victor, que começava a apostar no mercado gospel, na produção de discos voltados mais para o público religioso. Provavelmente Elvis conhecia suas músicas desde a infância pois Gladys gostava de ouvir música evangélica no rádio, na estação local de Memphis. Foi assim uma forma de Elvis voltar no passado, nos bons tempos que passou ao lado de sua mãe.
Para quem não consegue entender a ligação entre o rock e a música gospel indico a audição de "Bosom of Abraham", Como se sabe o rock em seus primórdios foi uma fusão de diversos ritmos musicais, entre eles o gospel. A rapidez, a vibração do ritmo, principalmente nos hinos mais enérgicos cantados nas capelas do sul, trouxe muito ao novo ritmo que nascia. Essa música mais se parece um velho rockabilly se formos pensar bem. A única diferença obviamente vem no teor de sua letra. Essa foi uma das gravações de Elvis que penso poderia ter sido muito bem aproveitada nos palcos. Pena que ele não pensou dessa forma, a relegando apenas nessa versão em estúdio, muito bem gravada por sinal.
Pablo Aluísio.
"Lead Me, Guide Me", por sua vez, era uma velha composição da cantora e compositora gospel Doris Mae Akers. O auge de sucesso de sua carreira aconteceu no pós guerra. Ela decidiu se mudar para Los Angeles em 1946 e lá tirou a sorte grande ao ser contratada pela gravadora RCA Victor, que começava a apostar no mercado gospel, na produção de discos voltados mais para o público religioso. Provavelmente Elvis conhecia suas músicas desde a infância pois Gladys gostava de ouvir música evangélica no rádio, na estação local de Memphis. Foi assim uma forma de Elvis voltar no passado, nos bons tempos que passou ao lado de sua mãe.
Para quem não consegue entender a ligação entre o rock e a música gospel indico a audição de "Bosom of Abraham", Como se sabe o rock em seus primórdios foi uma fusão de diversos ritmos musicais, entre eles o gospel. A rapidez, a vibração do ritmo, principalmente nos hinos mais enérgicos cantados nas capelas do sul, trouxe muito ao novo ritmo que nascia. Essa música mais se parece um velho rockabilly se formos pensar bem. A única diferença obviamente vem no teor de sua letra. Essa foi uma das gravações de Elvis que penso poderia ter sido muito bem aproveitada nos palcos. Pena que ele não pensou dessa forma, a relegando apenas nessa versão em estúdio, muito bem gravada por sinal.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - He Touched Me - Parte 3
"An Evening Prayer" abria o lado B do vinil original de "He Touched Me" em sua versão oficial, da discografia americana. É uma composição da dupla C. Maude Battersby e Charles Hutchison Gabriel, Era uma das faixas que a RCA Victor promoveu como uma gravação original de Elvis Presley na época de lançamento do disco. Como o próprio título deixa claro se trata de uma oração cantada, com uma letra composta de poucas linhas, mas que funciona perfeitamente aos seus propósitos. Orações são assim, puro sentimento. Elvis, por sua vez, tem uma excelente performance vocal. Ele sempre ficava muito inspirado cantando gospel.
Nunca cheguei a gostar muito de "A Thing Called Love", Acredito que seja uma das músicas mais datadas do álbum, por causa dos arranjos. A primeira versão, a original, foi lançada em 1968 por Jerry Reed, cantor country. Depois Jimmy Dean (não confundir com o famoso ator morto nos anos 50) também gravou sua versão. Curiosamente a canção se tornou sucesso mesmo com Johnny Cash, chegando a ficar em primeiro lugar na parada country. Era bem a especialidade do bom e velho Cash. Em suma, é uma country music em essência, mas com uma letra também religiosa sob certos aspectos.
"I, John" é excelente. Outra que tem uma sonoridade bem rockabilly, mostrando que o rock é mesmo uma mistura, um caldeirão de outros ritmos musicais que se fundiram e lhe deram origem. Uma canção bem rápida, com excelente trabalho coletivo entre Elvis e seu grupo de apoio. É interessante que muitos que viviam ao redor de Elvis sempre afirmaram que a canção era uma de suas preferidas nas reuniões e pequenas festas que ele dava em seu apartamento após os shows. Era uma forma dele relaxar. Sempre nessas ocasiões ele puxava o coro dos seus vocalistas, aproveitando cada nota. Então fica a questão: por que ele não a usou mais em concertos já que gostava tanto da canção? Essa é uma daquelas perguntas que apenas Elvis poderia mesmo responder.
Pablo Aluísio.
Nunca cheguei a gostar muito de "A Thing Called Love", Acredito que seja uma das músicas mais datadas do álbum, por causa dos arranjos. A primeira versão, a original, foi lançada em 1968 por Jerry Reed, cantor country. Depois Jimmy Dean (não confundir com o famoso ator morto nos anos 50) também gravou sua versão. Curiosamente a canção se tornou sucesso mesmo com Johnny Cash, chegando a ficar em primeiro lugar na parada country. Era bem a especialidade do bom e velho Cash. Em suma, é uma country music em essência, mas com uma letra também religiosa sob certos aspectos.
"I, John" é excelente. Outra que tem uma sonoridade bem rockabilly, mostrando que o rock é mesmo uma mistura, um caldeirão de outros ritmos musicais que se fundiram e lhe deram origem. Uma canção bem rápida, com excelente trabalho coletivo entre Elvis e seu grupo de apoio. É interessante que muitos que viviam ao redor de Elvis sempre afirmaram que a canção era uma de suas preferidas nas reuniões e pequenas festas que ele dava em seu apartamento após os shows. Era uma forma dele relaxar. Sempre nessas ocasiões ele puxava o coro dos seus vocalistas, aproveitando cada nota. Então fica a questão: por que ele não a usou mais em concertos já que gostava tanto da canção? Essa é uma daquelas perguntas que apenas Elvis poderia mesmo responder.
Pablo Aluísio.
Assinar:
Postagens (Atom)