sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 4

Elvis de Calças Curtas - O local? Pontiac. A data? Ano novo de 1975. Essa seria a primeira vez que Elvis trabalharia durante os feriados de inverno. Durante os anos 60 seus contratos sempre vinham com uma cláusula expressa imposta pelo próprio Elvis que determinava que ele não trabalharia no período compreendido entre as festas de fim de ano e seu aniversário, celebrado no dia 8 de janeiro. Mas agora lá estava Elvis, em pleno réveillon pronto para mais um concerto. Por que ele quebrou a tradição? Por que se sujeitou a executar um show de ano novo em Pontiac no último dia de 1975? A razão era simples de se explicar: Elvis estava quebrado financeiramente (mais um vez!) Suas finanças estavam novamente no vermelho. Mesmo ganhando enormes somas de dinheiro em suas infinitas e intermináveis excursões, Elvis não conseguia colocar sua vida financeira nos eixos!

Sua capacidade de ganhar enormes somas só era superada por sua também inesgotável capacidade de jogar dinheiro fora como se fosse um bilionário ou um dono de poços de petróleo do Oriente Médio. Mas ele não era. Seus gastos tinham um limite, que nem Elvis admitia existir. Por pensar dessa forma, Elvis muitas vezes se via obrigado a aceitar shows realizados em cidades insignificantes no meio do deserto ou então em locais nada apropriados para um superstar como ele colocar os pés. Agora suas contas bancárias estavam praticamente zeradas e Elvis tinha que se virar para conseguir ganhar mais dinheiro. Em vista disso, antigas condições visando seu bem estar, como não trabalhar nas festas de fim de ano, tinham que ser deixadas de lado.

Logo no começo de novembro o Coronel Parker espalhou a notícia de que Elvis iria pela primeira vez fazer um show de despedida de ano e que por essa razão estava aberto a ofertas das cidades que tinham interesse em levá-lo para animar uma festa de réveillon com o Rei do Rock. Prontamente um grupo de empresários do Michigan se interessou pelo evento e foi feita uma proposta muito interessante para Elvis: se apresentar em Pontiac, no grande estádio da cidade, com capacidade para mais de 80.000 pagantes. Seria uma salvação para o cantor. Ele já tinha esgotado seu crédito junto aos grandes bancos e chegou ao ponto de dar como garantia e fiança futuros cachês que receberia em shows que só realizaria no ano que viria.

O Coronel Parker já tinha também acertado com Elvis a venda dos direitos autorais de mais de 350 canções gravadas por ele até 1972 para a RCA. Parker não acreditava mais na possibilidade desse material antigo trazer ainda algum retorno e acertou a venda de mais de 50 álbuns do cantor para a gravadora, além de passar para a multinacional americana o controle das duas grandes editoras musicais que gerenciavam o catálogo do cantor, a Elvis Presley Music e a Gladys Music. O valor da venda foi acertada em seis milhões de dólares (hoje o catálogo de Elvis vale seguramente mais de 200 milhões, o que demonstra como o negócio feito pelo Coronel foi realmente uma péssima idéia!) . Apesar do volume de dólares chegando, isso ainda era pouco.

A verdade era que Elvis estava tão endividado que nem com essa enorme venda, de praticamente tudo o que produziu em sua carreira, iria trazer sossego para sua debilitada vida econômica. Por isso o show em Pontiac poderia ser finalmente sua salvação. Elvis mostrou total desinteresse pela apresentação. Ele foi aconselhado a conhecer o palco e a acústica do local antes do show, mas não quis saber de ensaiar. Ficou trancado em seus aposentos até a hora do concerto. A venda de ingressos demonstrou logo que a apresentação seria um sucesso. Rapidamente 80.000 entradas foram vendidas em poucas horas. Elvis agora podia relaxar. Ele iria embora de Pontiac com os bolsos cheios, sem dúvida.

O Coronel ignorou a cobrança de um cachê e foi ousado, fazendo com que Elvis recebesse parte da renda do espetáculo. Como as vendas foram mais do que satisfatórias, todos estavam tranqüilos e calmos - ou pelo menos quase todos! Os caras da TCB Band tinham visitado o palco do estádio e logo constataram que a acústica era muito ruim, que a temperatura estava muito baixa e que a posição dos músicos não seria do agrado de Elvis, que gostava de ver todo o grupo junto a ele. O pior de tudo era que Elvis não estava sabendo de nada disso, pois ele não quis ensaiar e nem checar tudo antes da apresentação. Caso tivesse feito uma pequena vistoria tudo poderia ter sido sanado rapidamente. Mas ele preferiu passar o dia dormindo mesmo. Erro fatal!

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 3

Após sair da internação no hospital de Memphis, Elvis foi informado pela RCA que ele deveria entrar logo em estúdio para gravar novas músicas. Já fazia muito tempo que Elvis não gravava absolutamente nada e a sua gravadora estava perdendo a paciência. Não era para menos. Elvis passou todo o ano anterior entre promessas e cancelamentos com a RCA. Pela primeira vez em sua longa carreira, ele passara um ano inteiro sem pisar dentro de um estúdio de gravação. Era demais e os impacientes diretores de seu selo mandaram avisar que não haveria mais desculpas, se ele não voltasse ao trabalho a direção em Nova Iorque iria pensar seriamente em processá-lo por quebra de contrato. Pressionado, Elvis então resolveu se dirigir para a costa oeste para gravar as tão cobradas músicas inéditas.

Em razão dos últimos acontecimentos a RCA resolveu pegar mais leve com Elvis. O número de músicas na pauta foi diminuída e um grupo mínimo foi escalado para trabalhar ao seu lado nas gravações. A RCA queria pelo menos um grupo de faixas para compor um novo disco, que seria lançado naquele mesmo ano. Um álbum inédito, nada muito além disso. Os planos iniciais incluíam cinco sessões de gravação, mas lá pelo terceiro dia Elvis se desinteressou completamente pelo material programado e simplesmente foi embora. Foram gravadas apenas 10 faixas, um número bem menor do que era esperado. No último dia em que foi ao estúdio Elvis se mostrou disperso, sem envolvimento. Para aliviar um pouco a tensão de vez em quando contava alguma piada, mas para seus amigos relatava estar sentindo dores e desconforto.

De volta a Los Angeles, Elvis começou a novamente abusar dos medicamentos. A RCA enviou todas as gravações para ele verificar o material antes do lançamento. Pegou ele em dia particularmente ruim, em que estava de péssimo humor, sem a menor paciência para absolutamente nada. Quando terminou de ouvir as fitas Elvis estava furioso. Ele tinha detestado tudo e explodiu num acesso de fúria na frente dos executivos de sua gravadora:

- Sabem de uma coisa? Esse foi o som mais cretino que eu já ouvi na minha vida... Uma porcaria! Sabem, se eu fosse esperto deixava vocês, seus desgraçados e ia procurar emprego em alguma outra gravadora de quinta categoria, como a White Wale... aposto que eu arranjo emprego em algum lugar, juro por Deus que eu arranjo, essa fita não vai voltar para Nova Iorque, enviem para Memphis, façam alguma coisa por lá... está tudo muito ruim, ruim... péssimo!

Então ele se levantou do sofá onde estava e expulsou todos de sua casa. A variação de humor por parte de Elvis já tinha virado uma rotina para os membros da Máfia de Memphis. Quando ele acordava, geralmente no fim da tarde, ninguém do grupo de arriscava a dizer algo antes de checar o humor dele. Elvis poderia aparecer de bom humor, contando piadas ou então o completo oposto disso, gritando e xingando a todos, dando tiros pra cima, vociferando palavrões a plenos pulmões. Certa vez Elvis acordou num mal dia e seu guarda costas Sonny West contou uma piada num momento inadequado. Elvis então, em um acesso de fúria, partiu para cima de Sonny e tentou espancá-lo violentamente. Em outra ocasião jogou um pesado cinzeiro de metal em direção a Red, que por pouco conseguiu se desviar, evitando se machucar. Mas o pior estava por vir. Elvis tinha que cumprir uma nova temporada em Las Vegas e no fim da vida isso tinha se tornado um tremendo aborrecimento. No dia anterior mandou a turma se arrumar e antes de sair para seus aposentos falou para todos: “Odeio Las Vegas, odeio essa cidade”...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 2

Elvis estava tentando sobreviver aos 40 anos! No dia 8 de janeiro de 1975, Elvis celebrou o seu quadragésimo aniversário. Não foi um aniversário feliz. Elvis se sentia velho e preocupado com sua carreira após completar 40 anos de idade. Algumas revistas eram ofensivas e mostravam os problemas que ele vinha enfrentando. Ele estava se sentindo miserável e infeliz. Chegou a perguntar para um dos caras da máfia de Memphis: “Será que os fãs irão me aceitar depois de velho?” O fato de completar 40 anos foi tão negativo na cabeça de Elvis que ele simplesmente resolveu se trancar em casa e não ver ninguém. Se isolou completamente.

O uso de drogas prescritas aumentou e Elvis passou dias em torpor. Era óbvio que estava sofrendo uma grande depressão. Nem seus amigos mais próximos lhe tiveram acesso. Elvis foi taxativo: "Não quero ver ninguém". Uma das poucas pessoas a entrar no bunker de Elvis foi Joe Esposito. Numa conversa franca em seu quarto Elvis lhe disse o que pensava de fazer 40 anos: "Joe, estou acabado. Quem vai ligar para um velho rebolando por aí?" Esposito tentou acalmar e lembrou o exemplo de Frank Sinatra, "Elvis, não é motivo para se preocupar tanto assim, veja o caso do Frank Sinatra, foi ídolo adolescente e hoje é mais popular do que nunca!"

Elvis não se convenceu. Vinte dias depois, Elvis entrou no hospital para se internar e se tratar de, entre outros problemas, um cólon inchado e paralisado, muito provavelmente causado pelo abuso de drogas a que se submeteu após seu aniversário de 40 anos de idade, mas esse fato foi escondido da imprensa. Uma versão bem mais amena foi divulgada para a mídia. Ao grande público foi informado que Elvis havia se internado para tratar de stress e pequenos problemas clínicos e de saúde. Ele estava com estafa após tantos shows e compromissos. Nada sério. A informação que foi ocultada da imprensa era que Elvis estava lá também para outra desintoxicação. Isto também seria confirmado anos depois por Dr. Nick [George Nichopoulos].

No julgamento que sofreu após a morte de Elvis, aonde era acusado de receitar doses excessivas de medicamentos, o Dr Nick relembrou esse dia. Ele afirmou que estava há muitos dias tentando convencer Elvis a se internar, pois ele estava relutante em ir para o hospital. Há dias ele estava doente em casa e se recusava a se internar. Finalmente no dia 28 de janeiro, às cinco horas da manhã o Dr Nick finalmente conseguiu levar Elvis para o décimo oitavo andar do hospital. Elvis entrou escondido da imprensa, usando pijamas azul marinho com barba de dias, se parecendo com o pai dele. Uma verdadeira operação de guerra foi montada para que os jornalistas não descobrissem nada. Ele entrou pela porta dos fundos, escondendo o seu rosto para não ser reconhecido por ninguém. Ao dar entrada no hospital Elvis estava péssimo, cambaleante e se segurando em seus guarda costas. Não falava coisa com coisa e parecia alheio ao que estava acontecendo.

Ao seu lado Joe Esposito, Linda Thompson e seus guarda-costas. Parecia muito doente e deprimido. O cólon aumentado e desintoxicação eram dois problemas sérios que teriam de ser tratados durante sua permanência. Elvis ficou três semanas hospitalizado. A imprensa ficou louca, queria saber de todos os detalhes. Funcionários foram subornados para revelar os exames sobre os verdadeiros males que atingiam Elvis. O Coronel Parker não deixou por menos. Montou uma verdadeira rede de segurança em torno de Elvis. Ninguém entrava ou saía do andar em que Elvis estava internado sem passar por um interrogatório. Todos os exames eram rastreados e os homens de Parker começaram a intimidar os funcionários que poderiam revelar alguma coisa. Os caras da máfia de Memphis estavam armados, andando pelos corredores, como se fossem da máfia italiana. A chegada de Elvis mudou a rotina do hospital. De uma hora para outra era fácil esbarrar em um guarda-costas do cantor pelo hospital.

Finalmente depois de três semanas, Elvis simplesmente se levantou e decidiu que já bastava para ele. Vestiu sua roupa, colocou suas armas debaixo do paletó e nas suas botas e caiu fora, sem autorização médica. Mais uma vez ele deixava um tratamento pelo meio do caminho. Mas dessa vez ele tinha deixado algo mais sério para trás. Foi diagnosticado um sério problema em seu cólon causado pelo abuso de drogas e por seus péssimos, péssimos mesmo, hábitos alimentares. Um dia antes de ir embora Elvis foi submetido a uma biópsia com tecido vivo retirado de seu cólon. A agulha que lhe enfiaram era tão grande que Elvis ficou assustado. Depois até brincou com o tamanho da agulha, mas não esperou para ver. Não pagou para ver. Ao sair da sala de exames ele decidiu que tinha que ir embora.

- “Ta louco! Vocês viram aquela agulha? Que se danem esses médicos!” - Griou Elvis aos seus guarda costas quando se dirigia para fora do hospital. O Dr Nick ficou desapontado com a atitude de Elvis. Ele sugeriu uma dieta nova para o cantor, longe de frituras e comidas gordurosas. Elvis prometeu seguir as prescrições médicas, mas nunca o fez. Também se recusou veementemente a receber qualquer tipo de crítica sobre o uso de drogas. Definitivamente Elvis não iria mudar seu estilo de vida. Uma semana depois ele estava na estrada novamente, ou melhor, na montanha russa. Ele sempre gostou mesmo de jogos perigosos, mesmo aqueles em que a sua vida estava na roleta.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 1

Era um tempo ruim para Elvis. Tudo parecia estar se desmoronando ao seu redor. Seu pai e a sua madrasta, Dee, estavam se separando depois de dez anos. "Vernon me tratou como uma criança; ele me manteve presa em uma gaiola" - afirmaria Dee depois. Mas esse era apenas um dos muitos problemas familiares enfrentados por Elvis naquele período. Priscilla também havia declarado que tinha se sentido sufocada e restringida em sua relação com Elvis. Agora, com Dee fazendo as malas e deixando a casa de Vernon ao lado de Graceland, Elvis tinha que dar todo o apoio ao seu pai. Mas se Vernon tinha problemas, Elvis não ficava atrás em sua conturbada vida amorosa. Ao mesmo tempo em que via Dee ir embora, Elvis ia percebendo que Linda aos poucos ia levando suas coisas para Graceland, se instalando lá! Elvis não disse nada, isso era uma coisa que Linda tinha decidido fazer por conta própria, pois essa ideia nunca havia sido sequer sugerida por ele. A relação entre ambos era muito passional pois tinham gênios parecidos.

No campo profissional Elvis também tinha perdido o seu pianista preferido, que estava com ele há um longo tempo. David Briggs, mesmo recebendo U$3000 por semana como membro da banda de Elvis, preferiu voltar à Nashville para se tornar um músico de estúdio. A saúde de Elvis também não ia nada bem. O cantor tinha grandes variações de peso ao longo dos meses. Em alguns shows Elvis conseguia se apresentar esbelto e em boa forma, para logo depois voltar a comer muito e aparecer muito obeso e cansado nos concertos seguintes, suando excessivamente. Um caso que retrata bem as dificuldades que Elvis estava enfrentando aconteceu na Universidade de Maryland no dia 27 de setembro de 1974, durante uma de suas inúmeras excursões. Quando ele chegou para se apresentar em Maryland, naquela manhã, ficou evidente que ele estava muito doente novamente, obeso e desnorteado. Quando as novas medidas da roupa de Elvis chegaram para os figurinistas logo se constatou que não havia uma só jumpsuit do guarda roupa de sua equipe que lhe caberia para fazer a apresentação! Foi feita uma às pressas naquela tarde, para Elvis fazer o show durante à noite. Ele estava tão mal, que alguns amigos daquela cidade, que não o tinham visto ultimamente nem sequer o reconheceram ao encontrá-lo pessoalmente no hotel. Elvis ficou visivelmente embaraçado com a reação deles!

O pior aconteceu depois quando Elvis foi para o ginásio fazer o show. Tony Brown, que estava no lugar de Briggs, se lembrou de ter visto Elvis caindo no chão, ao sair de seu carro, lá atrás, nos bastidores do concerto. Os guardas costas logo correram para acudir Elvis caído no chão, mas quando ele enfim se levantou empurrou cada um deles, gritando: “Não me ajudem! Saiam daqui!” Atrás do palco era óbvio que alguma coisa estava acontecendo com Elvis. Todos iam e vinham, entrando e saindo dos camarins do Rei. A agitação era enorme e o medo de cancelar a apresentação era visível. O Coronel e o médico particular de Elvis tentavam acima de tudo ressuscitar Elvis atrás do palco. Ele estava muito mal, não conseguia nem sequer falar! Os caras da banda comentaram entre si, baixinho: “Como é que ele vai se apresentar desse jeito?” Quando a banda deu os primeiros acordes do show, Elvis perdeu sua deixa e entrou atrasado. Na verdade ele mal conseguia caminhar em direção ao microfone. Olhou para frente, tentou visualizar para onde deveria ir e entrou, sendo ovacionado pelo público. Segurou o microfone como se estivesse se segurando nele para não cair!

Durante os trinta primeiros minutos Elvis ficou ali, parado, segurando o microfone como se fosse um poste em que ele se encostava para não cair. Todo mundo da banda ficou assustado. James Burton saiu de sua posição original para ficar mais perto de Elvis, para socorrê-lo, caso ele caísse para trás, por exemplo. Ficou a uns dois passos dele, esperando qualquer coisa e preparado para o pior. Percebendo a situação, John Wilkinson também foi para perto de Elvis. Era óbvio que alguma coisa estava muito errada com Elvis naquele dia. Havia algo terrivelmente errado com seu corpo. John relembra aquela factível noite: “Ele tinha problemas de intestino, entre outros males, e estava em um estado tão ruim que mal conseguíamos entender o que ele cantava ou dizia. As canções eram pouco inteligíveis. Apenas torcíamos para que ele terminasse as músicas! Era óbvio que Elvis estava muito medicado. Dessa vez era óbvio que os remédios estavam atrapalhando sua coordenação motora. Os músicos da banda estavam em estado de choque com o estado deplorável de Elvis” - relembrou Wilkinson. Elvis percebeu as coisas, fazendo uma apresentação curta e encerrou rapidamente o concerto. O resto da excursão foi uma montanha-russa, com muitos altos e baixos. Um dia tudo ia bem e no seguinte era um desastre.

Durante três noites em Detroit e em St Paul Elvis parecia sob controle, ainda havia vida em seus olhos nesses concertos, ele estava animado e os shows eram enérgicos, dando esperanças ao grupo de que as coisas iriam melhorar. Mas no último dia de Elvis em Detroit, quando ele voltou para a cidade para uma última apresentação, o cantor deslizou novamente. O mesmo guitarrista relembra: “Eu o encontrei no camarim, praticamente comatoso em cima de uma cadeira, incapaz de mover um único músculo de seu corpo. Fiquei muito assustado. Quando me viu ao seu lado Elvis fez um sinal de positivo para mim. Resolvi perguntar a ele: ‘Chefe, porque não cancela a excursão e tira um ano de férias?’ Elvis me deu um tapinha nas costas e disse: ‘Não se preocupe com isso. As coisas vão se acertar...” As coisas não melhoraram. Sempre havia muita confusão e tumulto em seus concertos. . Dayton, Wichita, San Antonio, Abilene... Limusines, quartos de hotel, gente gritando não deixando ninguém dormir, auditórios enormes e o jato da revista Playboy reservado para que o levassem de cidade em cidade. Isso se tornou o único ambiente em que ele vivia naqueles tempos. Era infernal e altamente estressante. Foi quando o próprio Elvis resolveu dar um tempo. Ele parou e por cinco meses não retornou aos palcos. Estava mesmo exausto, fisicamente e psicologicamente falando.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Elvis Presley - Rocker

Elvis Presley morreu em 1977, Como revitalizar sua imagem perante um público mais jovem, dos anos 80? Ora, a solução veio em álbuns como esse. A gravadora (ainda era a RCA Victor na ocasião) resgatou a imagem de um Elvis jovem e rebelde, roqueiro, para que essa imagem se comunicasse com a juventude daquela época. Some-se a isso uma bonita direção de arte, moderna, com um Elvis de moto (Harley-Davidson) na capa e pronto, havia novamente um bom produto para se colocar no mercado. Sucesso garantido.

Eu me recordo que nunca cheguei a ver esse álbum no formato LP. Só conheci ele em CD. Em minhas memórias o primeiro lançamento desse título no Brasil só se deu na era do CD, lá por volta da primeira metade dos anos 90. Eu me recordo de ver esse CD brilhando nas prateleiras das lojas da época. E era um preço bastante salgado, tanto que nunca comprei. Só que o motivo era outro. O Rocker não passava de uma coletânea, só com versões oficiais, sendo a maioria hits. Era um tipo de lançamento que já naquele tempo não me interessava muito. Por isso deixei passar. Tirando a capa moderninha, não havia mesmo nenhuma outra novidade digna de nota.

Elvis Presley - Rocker (1984)
Jailhouse Rock
Blue Suede Shoes    
Tutti Frutti    
Lawdy Miss Clawdy    
I Got A Woman    
Money Honey    
Ready Teddy    
Rip It Up    
Shake, Rattle & Roll
Long Tall Sally
(You're So Square) Baby I Don't Care
Hound Dog    

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de novembro de 2005

Elvis Presley - That's The Way It Is - Special Edition

Se você gosta desse período da carreira de Elvis Presley e principalmente do filme musical documentário, então esse é o seu CD. Na verdade se trata de uma pequena caixa com 3 CDs em formato luxuoso lançado nos Estados Unidos em comemoração aos trinta anos de lançamento da trilha sonora do filme "Elvis é Assim" (That's The Way It Is). O filme também foi relançado na ocasião com nova edição trazendo cenas inéditas dos shows de Elvis Presley em Las Vegas no ano de 1970. O CD traz muito material inédito de ótima qualidade, como ensaios de Elvis e banda em Vegas e nos estúdios da RCA e da MGM. E como os fãs de Presley bem sabem as versões (ótimas por sinal) que são mostradas no filme não são, em sua esmagadora maioria, as que ouvimos na trilha sonora oficial.

Assim, a pedidos, a RCA resolveu trazer em um só pacote a trilha sonora tal como chegou ao mercado em 1970 acrescida das versões de palco que aparecem no filme, tudo com rico trabalho de restauração dos registros originais. E no CD 3 ainda temos um belo pacote com várias canções diversas cantadas por Elvis em Vegas naquela temporada que nunca tinham sido lançadas antes. Achou pouco? Que tal terminar o CD com uma série de ensaios? Nada mal não é mesmo? Enfim, em minha opinião esse box foi o definitivo sobre o projeto That's The Way It Is. Impossível não ter em sua coleção.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Elvis Presley - Guitar Man

O produtor Felton Jarvis trabalhou por longos anos ao lado de Elvis Presley. Praticamente todos os discos do cantor que foram gravados e lançados nos anos 70, contaram com a produção de Jarvis. Quando Elvis morreu ele teve uma ideia... uma péssima ideia em minha opinião. Ele convenceu a RCA Victor a dar carta branca para que ele modificasse as gravações originais de Elvis. Isolou os vocais do cantor e gravou novos arranjos, para dar um ar de modernidade na obra do falecido artista.

E o que o fã ganhou com isso? Nada de bom. As gravações deveriam ser mantidas tais como foram gravadas. Faz parte de seu contexto histórico e isso é importante. Elvis não precisava ser modernizado coisa nenhuma. Ele vale pelo que fez na sua carreira, com a sonoridade que existia quando era vivo. Todo o resto me soa como puro desrespeito. De qualquer forma não pensaram assim e lançaram esse LP nos anos 80. Fruto de um ponto de vista equivocado só fez sucesso na parada country americana. O repertório era de country music, de músicas ao estilo "Lado B" da discografia de Elvis. Um disco, ao meu ver, inútil. Não precisava existir mesmo.

Elvis Presley - Guitar Man (1981)
Guitar Man
After Loving You
Too Much Monkey Business
Just Call Me Lonesome
Lovin' Arms
You Asked Me To
Clean Up Your Own Backyard
She Thinks I Still Care
Faded Love
I'm Moving On

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis sings Memphis, Tennessee

Lançamento do selo FTD que traz as sessões que deram origem ao projeto que anos depois ficou conhecido como The Lost Album. Como se sabe durante a década de 1960 Elvis ao lado de seu empresário Tom Parker resolveu apostar todas as suas fichas no cinema. Rodando três filmes ao ano, com longas trilhas sonoras, pouco espaço acabou sobrando para o Elvis Presley cantor. Assim ele praticamente se afastou de discos convencionais de estúdio, independentes, sem qualquer relação com os filmes que fazia na época. Uma exceção ocorreu aqui. Elvis foi até Nashville e gravou mais de uma dezena de faixas, sem qualquer relação com filmes, Havaí e abacaxis Made in Hollywood. A audição serve principalmente para mostrar o quão interessante poderia ainda ser Elvis sem as amarras das produtoras cinematográficas.

Essa foi uma tentativa por parte de Elvis em produzir material de qualidade superior ao que estava sendo apresentado nas trilhas sonoras dos anos 1960. Infelizmente muitas dessas próprias canções seriam desperdiçadas como bônus songs perdidas nas mesmas trilhas sonoras por determinação de Tom Parker e a RCA. A velocidade em que seus filmes eram lançados se tornou tão grande que não havia sobrado nem tempo para gravar álbuns completos para as trilhas. Assim ao invés de lançar essas faixas como um álbum próprio, solo, a gravadora decidiu, de forma absurda, usar muitas das canções como meros "tapa buracos" das trilhas sonoras. O LP de estúdio inicialmente planejado, que viria para trazer um sopro de ar fresco para a carreira musical de Elvis, foi deixado de lado e o material acabou sendo retaliado entre trilhas, singles sem divulgação e Lados B obscuros. Uma grande pena. De uma forma ou outro esse CD do selo FTD procura trazer essas canções de volta à tona, tais como foram gravadas. Qualidade sonora excelente aliada a repertório agradável.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Elvis Presley - FTD Follow That Dream

A trilha sonora de "Follow That Dream" foi lançada em um EP (compacto duplo) em 1962 e teve um impacto modesto até mesmo para os fãs. Certamente eram canções simpáticas mas não tiveram a sorte de serem agraciadas com o sucesso. Assim depois que foram lançadas na véspera do lançamento do filme entraram em um vácuo de mercado ficando por décadas fora de catálogo. Nem mesmo nas coletâneas mais banais alguma dessas faixas foi aproveitada. A era do CD aliviou tudo isso. Um exemplo é esse título do selo FTD que procura resgatar as faixas principais (melhoradas e remasterizadas) e os takes alternativos que sobreviveram ao desafio do tempo. Eu me recordo que assim que chegou nas mãos de colecionadores muitos reclamaram do excesso de algumas canções e falta de outras, algo normal de acontecer nesse tipo de lançamento pois é fato que nem sempre a sessão completa consegue ser preservada. Como as gravações originais eram feitas em tapes, esses ficavam à mercê do tempo e alguns se deterioraram, mofaram ou foram jogados fora por engano.

Em relação ao "FTD Follow That Dream" houve bastante críticas em relação ao excesso de takes de "Angel". Para piorar a sensação de cansaço o produtor Ernst a distribuiu entre a seleção fazendo com que o ouvinte de vez em quando tivesse que ouvir mais uma versão da canção. Se tivesse concentrado todos os takes juntos esse tipo de situação seria evitada. Já "A Whistling Tune" é um dos destaques. Como escrevi antes a música foi deliberadamente deixada de lado por anos e anos. A RCA a considerou sem relevância. Bom, isso pode ser até verdade mas para os fãs de Elvis qualquer registro  que contenha sua voz é precioso. Passa muito longe de ser uma obra prima ou uma música que valha a pena mas de qualquer modo seu resgate histórico é muito bem-vindo. No mais é isso, ainda bem que temos aqui um CD único já que mesmo que existisse a íntegra das sessões de gravação seria muito cansativo ouvir dois CDs com repetições e mais repetições dessas canções. Seria exaustivo e nada produtivo, do jeito que está ficou de bom tamanho.

FTD Follow That Dream
1: Follow That Dream
 2: Angel
 3: What A Wonderful Life
 4: I'm Not The Marrying Kind
 5: Sound Advice
 6: A Whistling Tune
 7: Angel (1, 2)
 8: Follow That Dream (1, 2)
 9: What A Wonderful Life (2, 1)
10: A Whistling Tune (2, 3)
11: Angel (4)
12: I'm Not The Marrying Kind (2, 3, 4, 6)
13: Follow That Dream (3)
14: Sound Advice (1)
15: Angel (5)
16: What A Wonderful Life (3, 4, 5, 6)
17: Angel (6)
18: Follow That Dream (4)
19: Angel (7)
20: Angel (vocal overdubs)
21: A Whistling Tune (master com overdubs)
22: On Top Of Old Smokey

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - FTD Blue Hawaii

As sessões de gravação de "Blue Hawaii" sobreviveram ao tempo e estão praticamente completas como se pode perceber nesse CD duplo lançado pelo selo FTD. Essa foi uma trilha sonora meio problemática para Elvis e banda uma vez que ele jamais havia cantado nada parecido na carreira. Música havaiana certamente ficava muito longe do universo musical de um artista do interior dos EUA como Elvis. Mesmo assim o cantor aos poucos foi se adaptando ao material e como sempre acontecia deu o melhor de si. 

A produção ficou a cargo do maestro Joseph Lilley mais uma vez. O grupo ao redor de Elvis contou ainda com outros instrumentistas que não faziam parte do grupo habitual que gravava com o cantor. Eram especialistas nesse tipo de material mais Hollywoodiano (e falso havaiano para dizer a verdade). A trilha conta com alguns grandes clássicos da carreira de Elvis como por exemplo "Can't Help Falling In Love" e "No More" mas infelizmente temos que reconhecer também que no meio do repertório havia várias bobagens como a bem ruim "Ito Eats", canção bizonha com letra pior ainda que só funcionava mesmo no filme (se é que alguém riu com uma letra sobre um cara gordinho chamado Ito que comia o tempo todo, ora depressa, ora devagar...). Santa abobrinha Batman!

O problema é que o disco vendeu milhões de cópias, aliás foi o disco mais vendido durante a vida de Elvis e isso selou suas perspectivas tanto em Hollywood como no mundo da música durante os anos seguintes. Elvis, apesar dos excelentes resultados comerciais, não gostou muito da sonoridade, tanto que só levaria poucas canções para seus shows nos anos 70. "Can't Help Falling In Love" se tornaria a canção de despedida de todos os seus concertos e esporadicamente cantaria coisas como "Hawaiian Wedding Song" em algumas ocasiões (uma versão ao vivo pode inclusive ser conferida no disco oficial "Elvis in Concert", lançado após sua morte). Em minha forma de entender não seria necessária a edição de um álbum duplo desse título. O fato é que a audição dessa trilha logo se torna cansativa ao ouvinte, pois as músicas, não há como negar, não são tão marcantes ou relevantes. 

Temos aqui uma típica trilha sonora de Elvis Presley na década de 60 com tudo de bom e ruim que isso significava. Há excesso de versões de canções como "Steppin' Out Of Line" e "Slicin' Sand" (outra bobagem), que nada acrescentam. Enquanto isso não se deu a atenção devida ao maior clássico do repertório que é a badalada "Can't Help Falling In Love", afinal a grande maioria dos takes presentes aqui já tinham sido lançados em outros CDs. No final das contas o que faltou mesmo foi mais organização e poder de síntese na escolha das canções. Já para os fãs de vinis uma boa notícia: o título também ganhou uma edição luxuosa em vinil, com capa dupla e muitas fotos de ótima qualidade gráfica no encarte. Item de colecionador certamente.

CD-1: Original release and outtakes - Blue Hawaii / Almost Always True / Aloha Oe / No More / Can't Help Falling In Love / Rock-A-Hula Baby / Moonlight Swim / Ku-U-I-Po / Ito Eats / Slicin' Sand / Hawaiian Sunset / Beach Boy Blues / Island Of Love / Hawaiian Wedding Song / Steppin' Out Of Line (movie) / Beach Boy Blues (movie) / Can't Help Falling In Love (movie) / Moonlight Swim (undubbed master) / Steppin' Out Of Line (record version) / Blue Hawaii (1, 2, 3)  / Almost Always True (3)  / Aloha Oe (sec #2) (1)  / No More (7) / Can't Help Falling In Love (13) / Rock-A-Hula Baby (1, 2, 3) / Moonlight Swim (2) / Ku-U-I-Po (1) / Ito Eats (1, 2) / Slicin' Sand (1, 2, 3) / Hawaiian Sunset (1) / Island Of Love (8) / Hawaiian Wedding Song (1)

CD-2: Outtakes - Hawaiian Sunset (2) / Hawaiian Sunset (6, 3)  / Aloha Oe (sec #2) (6) / Aloha Oe (sec #2) (splice 7/5) / Ku-U-I-Po (2, 4, 5) / Ku-U-I-Po (6, 7)  / No More (1, 2, 4, 8) / No More (11, 15 (insert ending) / Slicin' Sand (4) / Slicin' Sand (5, 6, 7) /  Slicin' Sand (8, 13, 15, 16, 14) / Blue Hawaii (4, 5, 6) / Ito Eats (4, 6, 5) / Island Of Love (1, 2, 4, 6) / Island Of Love (7, 9)/ Steppin' Out Of Line (movie) (4, 5, sp7/8) / Steppin' Out Of Line (record) (10, 11, 16, 15) / Steppin' Out Of Line (tag for movie) (18/19) / Always Almost True (2, 4, 5) / Almost Always True (7, 6) / Moonlight Swim (1, 4) / Can't Help Falling In Love (14, 15, 16) / Can't Help Falling In Love (17, 19, 20, 21, 22, 24) /  Can't Help Falling In Love (25, 26)

Pablo Aluísio.