quinta-feira, 21 de julho de 2005

Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 4

Quando Elvis Presley foi para o exército, ele acabou se convencendo de que muito provavelmente havia chegado no fim de sua carreira. Em sua forma de ver as coisas, ele seria substituído por qualquer outro cantor jovem que surgisse durante sua ausência. Fabian, Rick Nelson ou até mesmo Frankie Avalon. Todos eles tinham o potencial para roubar seu trono de Rei do Rock, isso claro, sob o seu próprio ponto de vista, por mais incrível que isso possa parecer nos dias de hoje. No exército Elvis não faria mais shows, nem filmes e nem muito menos gravaria material inédito. Então ele imaginava esse tipo de coisa, baseado na velha máxima de que "Quem não é visto, não é lembrado".

O Coronel Parker sabia que a situação realmente não era muito boa e em conversação com a RCA planejou uma forma de manter o nome de Elvis sempre em evidência no mundo musical. O plano era relativamente simples. Lançar regulamente singles inéditos no mercado  - geralmente a cada 4, 5 meses – para que Elvis não fosse completamente esquecido. Todo o material já havia sido gravado antes de Elvis ir para o serviço militar. Devidamente arquivado, seria lançado no mercado aos poucos, de forma gradual. Assim as canções certamente iriam se tornar sucesso, tocando nas rádios e criando uma falsa impressão nos fãs de que Elvis ainda estava na ativa, produzindo.

O primeiro single a seguir essa nova estratégia foi “Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time”. O lado A com o rock "Wear My Ring Around Your Neck" era a grande aposta da RCA Victor em colocar Elvis novamente no primeiro lugar entre os compactos mais vendidos. A música tinha ótimo ritmo, muita vibração e energia, em uma bela e inspirada performance de Elvis.  Curiosamente embora fosse um rock com potencial de sucesso, a gravação não conseguiu se destacar nas paradas. O máximo que conseguiu foi alcançar um suado terceiro lugar por uma semana apenas, muito pouco em se tratando de single inédito de Elvis Presley na década de 1950. Para alguns analistas a culpa seria da letra considerada pouco significativa, fraca mesmo. Para outros o que pesou mesmo foi a falta da presença de Elvis na promoção da música em shows e apresentações na TV.

O lado B com "Doncha Think It's Time" não era menos interessante, Essa música tinha um ritmo próprio, sui generis, com uma vocalização muito singular por parte de Elvis. O ritmo soava nervoso, pausado, com explosões vocais em momentos chaves da canção! Infelizmente também não conseguiu chamar a atenção e foi solenemente ignorada na época. De forma injusta acabou virando um “Lado B obscuro”, pouco conhecido e nada mais dentro da discografia do cantor. Aliás o próprio Elvis parece ter esquecido dessas músicas nos anos seguintes, pois jamais as cantou ao vivo e nem as utilizou em qualquer outro projeto de sua carreira.

São duas faixas, que embora sejam muito boas, realmente foram para esquecimento dentro da discografia. A RCA Victor se esforçou bastante na divulgação do compacto, mas os resultados foram desanimadores, sendo o primeiro single de Elvis desde março de 1957 a não chegar ao topo da parada. O resultado comercial morno já indicava os problemas pelos quais a gravadora iria enfrentar, afinal vender canções inéditas de um soldado servindo à pátria na distante Alemanha não era algo fácil, nem mesmo para Elvis Presley!

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 5

O blues está na alma do povo americano e também estava na alma do jovem Elvis Presley. Como teve infância humilde, ele conviveu bastante ao longo de sua vida com a cultura negra. Não é de se admirar assim que o gênero tenha estado tão presente em sua carreira. E isso ficou bem claro no segundo single de canções inéditas lançadas pela RCA enquanto o cantor estava na Alemanha servindo o exército de seu país. A faixa principal era um Rhythm & Blues que curiosamente sofreu auto censura pela própria gravadora, a RCA, que queria algo menos incisivo. Estamos falando da música "One Night". Inicialmente a canção se chamava “One Night of Sin”, título pela qual ficou conhecida dentro da cultura negra na voz do cantor Smiley Lewis (1913 - 1966). Natural de New Orleans, o músico havia destacado a canção nas paradas tanto que conseguiu chegar com ela no cobiçado primeiro lugar da parada R&B da Billboard. 

O problema é que qualquer citação na letra a pecado e coisas afins, soava como uma má idéia por parte dos executivos da RCA, principalmente em relação a Elvis que tanta controvérsia já havia causado. Presley chegou a gravar um Take envenenado, sem qualquer tipo de suavização, mas a gravadora realmente queria algo mais soft, leve, menos provocativo. E foi essa versão que chegou aos seus fãs na década de 1950.

No lado B do compacto a RCA escolheu colocar a faixa "I Got Stung", outra inédita composta pela dupla Schroeder e Hill que havia caído nas graças de Elvis no estúdio, pois os 1compositores a criaram pensando justamente no estilo vocal característico de Elvis naquela fase de sua carreira, algo como se estivesse mastigando as palavras ou como resumiu um irônico crítico musical do New York Times: “Elvis ao cantar parece estar também mascando chicletes”.

O single chegou nas lojas americanas e tal como o anterior também não conseguiu alcançar o topo da parada Billboard, chegando no máximo ao quarto lugar entre os mais vendidos, o que não o impediu de ser premiado com um disco de ouro. Com Elvis distante, sem condições de apresentar a música em filmes e nem em programas de TV, a situação ficava mais complicada pois a máquina publicitária da RCA tinha que trabalhar apenas com as emissoras de rádio, o que nem sempre era muito fácil ou barato. De fato as performances ao vivo de Elvis Presley eram vitais para os sucessos de suas gravações no mercado como bem foi provado por essa época.

Já na Inglaterra o single se saiu melhor finalmente atingindo o topo da parada daquele país. Infelizmente a RCA optou pelo caminho mais fácil nos Estados Unidos e fez uma promoção preguiçosa do single, não se dando nem ao trabalho de confeccionar uma capa decente pois o material foi retirado das fotos promocionais do álbum “Elvis Christmas Album”. De qualquer modo o que transparece é que apesar do certo descaso de sua gravadora, Elvis parece ter realmente acreditado na música tanto que a resgatou dez anos depois em seu especial de TV no canal NBC. Um reconhecimento tardio mas que trouxe o devido tratamento a uma de suas canções mais marcantes antes de ir para o exército.

Pablo Aluìsio.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 6

Esse disco é uma coletânea de singles de sucesso. Ao mesmo tempo pode ser considerado um álbum convencional de estúdio da carreira de Elvis porque as músicas foram gravadas na mesma ocasião. É um caso bem único dentro da discografia de Elvis Presley. Pois bem, nessas faixas temos também o terceiro e penúltimo single de Elvis Presley trazendo canções inéditas durante seu serviço militar. As duas músicas que saíram originalmente no compacto singles foram incorporadas ao repertório desse "Gold Records 2". Uma velha tática do Coronel Parker que sempre dizia o seguinte: "Venda a mesma música pelo menos duas vezes. Use novas capas, crie novos discos, mas venda duas vezes! Não podemos perder essa oportunidade comercial". Lançamentos em dobro, lucros em dobro. Assim pensava o veterano empresário.

O lado A do compacto vinha com a conhecida “A Fool Such As I”. A música havia sido lançada originalmente em 1952 pelo popular cantor Hank Snow (1914 – 1999) um dos maiores nomes da história do country americano, com mais de 50 anos de carreira e 140 discos lançados em sua vasta discografia. Elvis cuja formação musical se deu principalmente devido ao rádio, conhecia muito bem o artista desde a década de 1940. Era uma cria do Grand Ole Opry, um dos programas mais ouvidos no sul. A versão de Elvis é maravilhosa. O cantor colocou em seu vocal anos e anos de aprendizado radiofônico. Aqui se nota muito bem seu espírito country, uma característica que nunca o abandonou, em nenhuma fase de sua carreira. Country music certamente sempre foi um dos pilares da trajetória de Elvis e aqui, em plena fase roqueira de sua discografia, ele ressurgia cantando um clássico country de Hank Snow. Depois do sucesso da versão de Elvis outros artistas a gravaram também, em especial Petula Clark, Mickey Gilley, Rodney Crowell e Baillie & the Boys

E talvez para não deixar seus fãs roqueiros confusos, o lado B trazia o excelente rock “I Need Your Love Tonight”. Essa canção ficou muito conhecida no Brasil porque fez parte do popular “Elvis – Disco de Ouro” de 1977, o vinil mais vendido do cantor em nosso país. Já nos EUA ela mantém seu status de boa gravação, mas ainda assim um Lado B. Elvis a registrou na última sessão antes de ir embora para a Alemanha. Havia muita pressa em deixar músicas inéditas arquivadas, mas isso em nada impediu o excelente nível técnico da gravação. Particularmente considero esse um dos melhores arranjos da década de 1950.

A banda, muito entrosada, não perdeu o pique. Além disso Elvis se mostrou comprometido em realizar uma boa versão. O single chegou nas lojas americanas em março de 1959 alcançando o quarto lugar da parada Billboard e sendo, assim como o single anterior, premiado com um disco de ouro. Isso apesar de nunca ter chegado ao número 1, que era o desejo da RCA. As noticias sobre sua volta já começavam a surgir na imprensa, trazendo seu nome de volta aos holofotes o que de certa forma ajudou na promoção do compacto. De qualquer modo não há como negar a ótima qualidade desse material. Os fãs certamente gostaram muito dessas boas músicas.
 
Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 7

Finalizando os comentários sobre esse álbum de Elvis Presley, vamos falar sobre as últimas músicas referentes a esse disco. "I Beg Of You" seguiu a linha básica das canções que fizeram parte desse repertório. Ela foi gravada antes de Elvis ir para a Alemanha, em uma de suas últimas sessões de gravação antes de partir para o serviço militar. É uma boa canção, diria até que um bom momento roqueiro da carreira de Elvis, mas que nunca chegou a se tornar um hit. Tanto que foi deixada de lado. Com os anos Elvis nunca se lembrou dela para usar em shows, etc. Um bom momento que a despeito disso ficou inteiramente no passado de sua carreira.

O curioso é que as dez músicas que fizeram parte do disco original de vinil lançado em 1959 não foram as únicas que Elvis gravou naquela ocasião. Ele registrou outras músicas, mas a RCA Victor resolveu arquivá-las, só as lançando na década seguinte, nos anos 60, quando a música jovem americana já havia trilhado por outros caminhos. Foi uma falha da gravadora no meu ponto de vista. Elas deveriam ter chegado no mercado ainda nos vibrantes anos 50, nos chamados anos dourados do rock americano.

Uma dessas músicas foi "Your Cheatin' Heart" do lendário cantor country Hank Williams. Considerado um dos pais do country and western dos Estados Unidos, ele teve presença marcante em diversas ocasiões dentro da discografia de Elvis Presley. A influência de Williams certamente era enorme na época, sendo que Elvis simplesmente não poderia ignorar o seu legado musical. Essa boa gravação foi para os arquivos da RCA, só chegando ao mercado como música de abertura do disco "Elvis For Everyone" em 1965. Um erro, mas que ao menos foi corrigido, mais de cinco anos depois de ter sido produzida. Como diz o ditado "Antes tarde do que nunca".

Pior aconteceu com "Ain’t That Loving You Baby". Grande música com enorme potencial de se tornar um hit. Só que aqui a RCA Victor errou duas vezes. Primeiro por não lançar a música durante os anos 50, já que ela só chegou ao mercado de forma equivocada em um single obscuro e sem qualquer divulgação nos anos 60. Segundo, por ter escolhido o Take errado. Ora, basta ouvir a versão que foi lançado no disco "Reconsider Baby" de 1985, para entender que aquela era a versão certa para lançamento, não a que foi escolhida para o single, que tinha um ritmo muito estranho e fora do compasso. Enfim, erros e mais erros da gravadora de Elvis. Hoje em dia só podemos lamentar mesmo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2005

Elvis Presley

 

Elvis Presley na Loja de Discos


Elvis Presley na Loja de Discos - Essa foto pode até parecer banal para alguns, mas em meu caso ela é bem significativa. Traz Elvis olhando para as novidades em um loja de discos da época. Logo um dos maiores vendedores de discos de vinil da história. Inclusive um de seus álbuns, o segundo de sua carreira, pode ser vista logo ali ao lado. Tem também álbuns de Little Richard, Perry Como, entre outros. Todos itens que entrariam em extinção, inclusive as próprias lojas de discos, o rock e os discos de vinil (pelo menos por um tempo já que  andam na moda, voltando a vender bem nos últimos tempos). 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley

 

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Elvis Presley - Loving You


Elvis Presley - Loving You - Fotos do cantor e ator Elvis Presley no filme "Loving You" de 1957. Assim finalizo essa série de textos sobre o álbum "Loving You" que foi o terceiro LP de Elvis pelo selo RCA Victor. Lançado em 1957 o disco alcançou o primeiro lugar nas paradas, demonstrando o grande sucesso que Elvis vinha colecionando naquele começo brilhante de carreira. Independente de ser uma trilha sonora o disco ainda hoje é bastante elogiado pela crítica musical, afinal de contas capturou Elvis e sua voz em um de seus melhores momentos. Uma obra-prima em forma de vinil. Para ter na coleção, sem dúvida alguma. (Pablo Aluísio).