Temos aqui um clássico dos filmes de guerra, estrelado pelo astro da época em Hollywood, o ator Humphrey Bogart. A história do filme se passa durante a II Grande Guerra Mundial. Um tanque das forças armadas americanas sob o comando do Sargento Joe Gunn (Humphrey Bogart) acaba perdido no meio das areias do deserto do norte da África. Cercados por tropas alemãs por todos os lados, Gunn e seus homens tentam desesperadamente encontrar algum poço com água na região pois suas reservas estão quase no final. No caminho acabam fazendo dois prisioneiros, um soldado italiano e um oficial alemão, que se recusam a colaborar com seus inimigos americanos. A despeito de ter sido feito durante o esforço de guerra dos Estados Unidos, ainda no meio dos acontecimentos, em plena II Guerra Mundial, e ter como principal objetivo levantar a moral das tropas aliadas, "Sahara" é um belo retrato dos militares que lutaram nas areias escaldantes do deserto africano. O sargento interpretado por Bogart é um exemplo disso. Eles encontram um soldado italiano no meio do deserto. Como havia escassez de água e comida, levar o inimigo não seria uma boa ideia. Deixá-lo no Sahara também não, pois o condenaria à morte certa. Por uma questão de humanidade decide então salvar a vida do soldado, mesmo sendo seu inimigo. É o bom mocismo das tropas americanas colocada em primeiro plano no roteiro, uma forma de deixar claro que aqueles homens estavam lutando pelos verdadeiros ideais, pelo lado certo do conflito.
Outro aspecto interessante em "Sahara" é a linha dramática que o filme explora. Após procurar por um poço de água no meio daquele inferno de areias sem fim, os soldados americanos descobrem um que está praticamente vazio, apenas no fundo encontram uma gruta que pinga algumas gotas de água para finalmente matarem sua sede. O local assim passa a ser disputado de forma violenta por americanos e alemães que também sofrem com o clima hostil da região. O personagem de Bogart mesmo sabendo que há pouca água no poço, resolve transformar o local numa moeda de troca com as tropas de soldados alemães que estão em maior número, mas sedentos de sede. O que se desenrola a partir daí é umas melhores coisas do filme, pois os americanos, como se estivessem num jogo de poker, começam a blefar com os oficiais alemães, prometendo água (que na realidade não possuem em abundância) em troca da rendição das tropas do III Reich. Um brilhante jogo de tensão psicológica então se impõe entre os inimigos, revelando um roteiro muito bem escrito, acima da média, para um filme da época. Assim deixo a dica para quem gosta de filmes sobre a II Guerra Mundial. "Sahara" mostra que acima das ideologias e das doutrinas políticas, existe apenas a luta pela sobrevivência do homem contra as forças da natureza ao qual ele não tem o menor controle.
Sahara - Em Busca da Sobrevivência (Sahara, Estados Unidos, 1943) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Zoltan Korda / Roteiro: John Howard Lawson, Zoltan Korda / Elenco: Humphrey Bogart, Bruce Bennett, J. Carrol Naish / Sinopse: Um tanque do exército americano se perde nas areias do deserto do norte da África, durante a II Guerra Mundial. Eles fazem prisioneiros entre os inimigos e procuram por água de forma desesperada, pois estão sem ela para conseguir sobreviver naquele inferno quente e seco. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (J. Carrol Naish), melhor direção de fotogtafia (Rudolph Maté) e melhor som (John P. Livadary).
Pablo Aluísio.