E lá vamos nós de novo... ano vai, ano vem, e quase sempre temos lançamentos como esse, onde os anos de Elvis em Hollywood são revisitados. É engraçado como alguns sempre criticam as trilhas sonoras de Elvis no cinema, mas ao mesmo tempo exploram ao máximo o potencial comercial dessas faixas gravadas pelo cantor na costa oeste, na ensolarada Califórnia, com seus estúdios de cinema e suas atrizes plastificadas. Aqui o foco vai para os primeiros anos de Elvis na sétima arte, abrangendo os anos de 1956 até 1962. É uma ponte longa entre "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender) até "Garotas e mais Garotas" (Girls, Girls, Girls). As faixas são as oficiais, sem maiores surpresas. Gravações que já conhecemos há anos e (citando meu caso pessoal) já um tanto saturadas pelo passar das décadas. Mesmo assim, para os neófitos, pode ser algo interessante, justamente por ter um pacote grande de 85 músicas em apenas um lançamento. Assim se evita gastar tanto na compra de tantos CDs quando forem as trilhas de Elvis nas colinas de Hollywood.Os gêneros musicais também são diversificados. Aqui você vai encontrar não apenas o rock de "Jailhouse Rock", mas também o pop jazz de "King Creole", as marchas de "GI Blues", o som nativo de "Blue Hawaii", o country em frangalhos de "Love Me Tender", passando pelo mais puro pop pueril dos anos 60 que basicamente imperaram em seus discos de filmes. Elvis o baladeiro romântico convivia perfeitamente com o criador de hits radiofônicos, muitos deles feitos especialmente para a típica família americana, sem choques, sem controvérsias maiores. Elvis, o boneco bonito, de boca torta, em promoção. Leve três, pague dois!
Até porque todos sabemos que o Elvis rebelde e roqueiro dos anos 50, o jovem ameaçador, passou por uma metamorfose quando voltou do exército. Era o momento dele virar um produto comercial de qualidade, para todas as idades, para toda a família. Efeito Lover Doll. E esse CD, até involuntariamente, também traz essa mudança de comportamento musical em suas dezenas de faixas. Ouça e confira todo o esplendor que transformou vísceras em plástico descartável. É a pura química, my friends, a pura química.
Pablo Aluísio.
