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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Capone

O que aconteceu no último ano de vida de Al Capone? O que achei muito interessante nesse filme é que ele tem como ponto de partida justamente essa pergunta. De certa maneira ele começa onde todos os demais filmes de Capone terminavam. Aqui encontramos a ruína de um homem. Depois de passar muitos anos na cadeia, ele consegue sair da prisão por causa da doença que o destruía. Ele sofria de neurossífilis, ou seja, a Sífilis estava destruindo seus neurônios, o deixando praticamente demente. Um mal sem cura. De certo modo Capone, nos seus últimos dias, tinha apenas lampejos de quem era. Na maior parte do tempo ficava em uma cadeira, praticamente imóvel, perdido em seus delírios. E isso não significava que a máfia não estava por perto. Embora estivesse inválido, sendo cuidado pela esposa e filhos, havia um boato de que ele teria escondido dez milhões de dólares antes de ir para Alcatraz. Só que agora não conseguia mais lembrar onde havia deixado todo esse dinheiro. Claro que os demais gângsters queriam saber. E nesse meio termo ele ia sofrendo com alucinações, pesadelos e visões, inclusive daqueles que havia matado quando era o maior gângster de Chicago. De repente ele se via entrando em um grande salão de baile, com Louis Armstrong se apresentando, onde toda a plateia era formada por pessoas que ele havia assassinado em sua longa carreira de crimes no submundo.

Tom Hardy interpreta Capone. Fizeram uma maquiagem em seu rosto para se parecer mais com o famoso criminoso. Seus lábios ficaram bem grossos, como os de Capone. Gostei do resultado. Houve quem acusasse o ator de fazer uma interpretação que mais se parecia com uma caricatura, mas discordo dessa opinião. Afinal aquele Capone já era uma sombra. Estava demente e senil. O roteiro também ajudou bastante nessa caracterização. O foco vai de uma visão objetiva para uma subjetiva em questão de segundos. De repente estamos dentro da mente de Capone, vendo o que ele vê. Numa das melhores sequências ele pega sua metralhadora "Machine Gun", toda banhada a ouro, para metralhar todo mundo. Isso resulta numa das melhores sequências do filme. Enfim, bom filme, resgatando um lado da vida de Capone que ainda não havia sido explorada adequadamente pelo cinema.

Capone (Capone, Estados Unidos, 2020) Direção: Josh Trank / Roteiro: Josh Trank / Elenco: Tom Hardy, Linda Cardellini, Matt Dillon, Gino Cafarelli, Mason Guccione / Sinopse: Em 1946 o gângster Alphonse Gabriel Capone, também conhecido como Scarface ou Al Capone, é finalmente liberado da justiça para cumprir o resto de sua pena em casa. Ele sofre de uma doença sem cura. Em sua mansão na Flórida passa seus últimos dias, entre alucinações, delírios e pesadelos causadas pela sífilis.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Green Book: O Guia

Dos filmes que estão concorrendo ao Oscar de melhor filme nesse ano, esse é seguramente um dos melhores. O roteiro aproveita uma situação até básica para passar sua mensagem, seus bons sentimentos e valores. Temos aqui dois protagonistas. O primeiro deles é o motorista italiano Tony Lip (Viggo Mortensen). Ele trabalhava numa das melhores casas noturnas de Nova Iorque, o Copa. Atuando como leão de chácara colocava os bêbados e valentões para fora, os jogando na rua. Quando a casa fecha por alguns meses, para reforma, ele fica desempregado. Uma oportunidade de trabalho surge com o pianista negro Dr. Don Shirley (Mahershala Ali). Ele vai fazer uma excursão pelas cidades do sul e como todos sabemos essa região dos Estados Unidos sempre foi conhecida pelos movimentos racistas. Para um negro como ele nada seria mais conveniente do que ter um italiano bom de briga para lhe proteger. Então acertado o acordo eles seguem viagem em um antigo Cadillac azul - um carro muito bonito, estiloso e cheio de charme.

O roteiro assim vai explorando as diversas situações pelos quais eles passam. Em uma região onde os negros eram segregados dos brancos, onde eles não podiam ir em certos lugares, se hospedarem em hotéis, ir a restaurantes, etc, Tony começa a seguir um guia impresso, trazendo o itinerário certo para um homem negro viajar em segurança por aqueles rincões. Agora imagine o tamanho do preconceito racial que existia na época (a história do filme se passa em 1962). Outro aspecto que o roteiro desenvolve muito bem é o choque de personalidades entre um músico negro culto, excelente pianista, de gestos e hábitos educados e refinados e um italiano de Nova Iorque meio grosseirão, falastrão, inconveniente, mas também prático para resolver problemas que vão surgindo pela estrada.

Como eu disse é um dos melhores filmes do Oscar. Roteiro muito bem escrito, baseado em fatos reais, boa interpretação dos dois atores principais e aquele tipo de mensagem que vale a pena reforçar nos dias de hoje. O único deslize da produção, ao meu ver, vem em certos momentos onde a Nova Iorque de Tony Lip surge meio artificial, ali no comecinho do filme. Isso porém é algo tão superficial que nem vale a pena prestar muito atenção. Foque-se nos valores de amizade e tolerância que o filme passa e curta o filme pelo que ele tem de melhor.

Green Book: O Guia (Green Book, Estados Unidos, 2018) Direção: Peter Farrelly / Roteiro: Nick Vallelonga, Brian Hayes Currie / Elenco: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini / Sinopse: O filme mostra a viagem de um músico negro chamado Dr. Don Shirley (Mahershala Ali) e um italiano bom de briga, Tony Lip (Viggo Mortensen), pelo sul racista dos Estados Unidos durante a década de 1960. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Viggo Mortensen e Mahershala Ali), Melhor Roteiro Original e Melhor Edição (Patrick J. Don Vito). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Mahershala Ali) e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.