sexta-feira, 6 de junho de 2008

Entre Deus e o Pecado

Baseado na obra homônima do escritor americano Sinclair Lewis - o primeiro americano a ganhar o Nobel de Literatura em 1930 - o clássico, "Entre Deus e o Pecado" (Elmer Gantry - 1960) é uma joia da sétima arte assinada pelo diretor Richard Brooks. Com um roteiro inflamável nas mãos onde religião, dinheiro e pilantragem se misturam no mesmo palco, e quase na mesma proporção, Brooks entrega à Burt Lancaster o protagonismo de um filme espetacular. Com uma atuação vigorosa e arrasadora que lhe rendeu o Oscar de melhor ator, Lancaster vive Elmer Gantry, um sujeito boa pinta, oportunista, imoral, charmoso e falastrão. Desempregado e sem muitas perspectivas, Grant vê sua vida mudar quando, por acaso, conhece num culto evangélico, a bela pregadora, Sharon Falconer (Jean Simmons). A evangélica que comanda uma pequena empresa religiosa, vive de viajar pelo meio-oeste americano levando a palavra de Deus. Neste momento o velhaco Gantry entra em cena com todo o seu charme e talento verborrágico na tentativa de aproximar-se da bela pregadora.

Depois de muitas investidas e tentativas, finalmente o malandro consegue aproximar-se de Falconer. A partir daí, começam a pregar a palavra de Deus por todos os cantos. Com uma ambição desmedida, oratória fulminante e um carisma arrasador. Gantry, não só derrete o coração de Falconer, como também deixa multidões embevecidas. A vida da pregadora muda para sempre. Ela agora é uma celebridade milionária e famosa em todo o país. Os planos de rapinagem do pilantra vão de vento em popa, até que um dia seu passado vem à tona e o coloca cara a cara com a prostituta Lulu Bains (Shirley Jones) seu ex-caso e que pode destruir sua reputação.

Forçado por um destino soberano que emerge entre desejos e interesses, o triunvirato: Grant, Lulu e Falconer, caminha célere para um final de consequências reveladoras e assustadoras. Grant, um furacão impiedoso que destrói tudo a sua volta; Lulu, a prostituta gélida e sedenta por vingança e Falconer, um anjo translúcido, de fé inabalável, olhos contemplativos e alma caridosa. Juntos, elevam à condição de clássico, um filme que tinha tudo para ser comum. O roteiro sensacional que chegou a ser proibido em várias cidades americanas, e até em alguns países, é recheado de surpresas. A fotografia é magnífica e o technicolor, acentuado por cores vibrantes, encaixa-se de forma perfeita com a paisagem e a alegria voluptuosa e histriônica de Grant. O filme abocanhou três Oscars: ator para Burt Lancaster, atriz coadjuvante para Shirley Jones e roteiro adaptado para Richard Brooks. Teve ainda indicações para o prêmio de melhor filme e melhor trilha sonora assinada por André Previn.

Telmo Vilela Jr.

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