sexta-feira, 27 de maio de 2011

Leo Jaime - Sessão da Tarde

Esse disco "Sessão da Tarde" foi muito provavelmente o melhor álbum da carreira de Leo Jaime. Lançado em 1985, bem no meio da efervescência do Rock Brasil, é um dos mais criativos LPs do cantor. Claro que naquela época as músicas eram bem mais simples (e até ingênuas) do que as que ouvimos atualmente, isso porém não chega a ser um problema, até porque Leo Jaime também podia ser bem irônico e sarcástico quando queria. Um exemplo disso vem da primeira faixa "O Pobre". O refrão dizia: "Ela não gosta de mim / Mas é porque eu sou pobre!". Divertido não é mesmo? Eu gosto bastante dos arranjos desse álbum porque o Leo Jaime preferiu algo menos modinha, sem a cara da sonoridade típica dos anos 80. Isso poupou o disco de ficar completamente datado. Se ele tivesse usado uma infinidade de sintetizadores a coisa teria piorado e muito com o passar dos anos.

"A Fórmula do Amor" trazia Leo em parceira com a turma do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens.  Paula Toller, uma das melhores vozes do rock nacional, esbanja versatilidade e carisma. Ela inclusive ressuscitou a música recentemente, a trazendo de volta para o seu repertório de shows, mas claro com novos arranjos, nada parecido com o que ouvimos aqui. Bom, quem conhece o rock nacional dos anos 80 sabe que onde o Kid Abelha estava, também estava o sax onipresente de George Israel. Aqui nem incomoda muito, até que ficou legal. A letra é bobinha, mas de acordo com o estilo da época. Vale pela nostalgia envolvida. Em suma, são muitas músicas boas. Esse é provavelmente o melhor disco do Leo Jaime, mesmo tendo passado tantos anos de seu lançamento original.

Leo Jaime - Sessão da Tarde (1985)
1. O Pobre
2. A Fórmula do Amor
3. A Vida Não Presta
4. As Sete Vampiras
5. Só
6. O Regime
7. Amor Colegial
8. Solange (So Lonely)
9. O Crime Compensa
10. Abaixo a Depressão

Pablo Aluísio.

Ultraje a Rigor - Sexo!!

Voltei a ouvir, dia desses, esse segundo disco do grupo Ultraje a Rigor. Obviamente fica muito abaixo do primeiro disco (que só tem músicas boas), mas consegue se destacar em algumas momentos. O trio de canções que realmente fez sucesso nos anos 80 era formado por "Eu Gosto de Mulher", "Sexo!!" e "Pelado". O problema é que tirando esses hits radiofônicos pouca coisa se salva. Ainda são agradáveis de ouvir as músicas "Ponto de Ônibus"  e "Terceiro" . O restante é descartável, gravações feitas para preencher o disco (antigo vinil).

"Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?" é fraca em letra e melodia. "A Festa" não se sustenta e "Maximillian Sheldon" não diz a que veio. Apenas "Will Robinson e Seus Robots" se salva um pouquinho, mas aí por causa da associação com a nostálgica série espacial "Perdidos no Espaço" (certamente o Roger deveria ser fã). Então é um disco mesmo de altos e baixos. No geral passa na média, porém fica longe de "Nós Vamos Invadir Sua Praia", aquele sim um clássico absoluto da geração que ficaria conhecida como Rock Brasil.  Ah... e antes que me esqueça, essa capa, no mais puro estilo anos 80 é realmente muito boa, uma das melhores da época - e a própria definição de ironia com sarcasmo!

Ultraje a Rigor - Sexo!!
1. Eu Gosto de Mulher
2. Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?
3. Terceiro
4. A Festa
5. Prisioneiro
6. Sexo!!
7. Pelado
8. Ponto de Ônibus
9. Maximillian Sheldon
10. Will Robinson e Seus Robots

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

David Gilmour - Live At Pompeii

Há algum tempo David Gilmour deixou claro que o Pink Floyd acabou. A banda nunca mais vai se reunir novamente. Isso não significa que o guitarrista não utilizará esse grande legado em seus lançamentos na carreira solo. Um exemplo vem nesse box "David Gilmour - Live At Pompeii". Pois é, Gilmour voltou à Pompeia, a cidade romana que foi arrasada pelo vulcão Vesúvio no ano 79. O Pink Floyd já havia estado nesse anfiteatro na década de 1970. Foi um evento marcante na história da banda. Eles fizeram um show histórico na ocasião, sem público, muito respeitoso com o lugar milenar. Acabou virando um documentário que foi lançado nos cinemas.

Agora David Gilmour resolveu voltar por lá, cantando velhas e novas canções, mas apoiado por uma grande produção de palco, luzes, tudo classe A. O guitarrista também fez questão que a apresentação ocorresse durante à noite e não de dia como no show original. Obviamente só assim o público iria aproveitar toda a produção do concerto. O box traz dois DVDs. Além do show em si, na íntegra, temos ainda um documentário sobre a última turnê de Gilmour, entrevistas com uma historiadora especializada na história da cidade romana e muitas informações. O box traz igualmente os dois CDs gravados no mesmo evento, além de um livreto com tudo sobre a produção do show, cartões postais e posters da apresentação. Um produto de excelente qualidade, muito recomendado para quem gosta do Pink Floyd e, é claro, de David Gilmour, que sempre considerei o maior guitarrista da história do rock, em todos os tempos.

David Gilmour - Live At Pompeii (2017)

DVD 1
1. 5 A.M.
2. Rattle That Lock
3. Faces Of Stone
4. What Do You Want From Me
5. The Blue
6. The Great Gig In The Sky
7. A Boat Lies Waiting
8. Wish You Were Here
9. Money
10. In Any Tongue
11. High Hopes

DVD 2
1. One Of These Days
2. Shine On You Crazy Diamond (Parts 1-5)
3. Fat Old Sun
4. Coming Back To Life
5. On An Island
6. Today
7. Sorrow
8. Run Like Hell
9. Time/Breathe (In The Air)(Reprise)
10. Comfortably Numb
11. Pompeii Then And Now

Pablo Aluísio.

The Beach Boys - All Summer Long

A grande resposta comercial da indústria fonográfica americana contra a chamada invasão britânica não foi Elvis Presley como muitos pensam. Foi o grupo The Beach Boys. Por isso sempre considerei muito subestimado o papel que esse grupo ocupa nos dias de hoje quando se olha para trás na história da música popular mundial. Eles quase sempre são encarados como surfistas despreocupados que faziam um som de praia, para a moçada da época se divertir nas areias em noites de luar. Uma visão simplista.

Esse álbum foi lançado no auge da Beatlemania, quando o grupo inglês conseguia ocupar praticamente todos os primeiros lugares da parada. Era um fenômeno sem precedentes dentro da indústria. Para combater os cabeludos de terninho a gravadora Capital (ironicamente a mesma que lançava os discos dos Beatles nos Estados Unidos) investiu pesado na panelinha da casa. E onde estava Elvis, o Rei do Rock nesse mesmo período? Ora, estava afundando em Hollywood, estrelando coisas como "Kissin Cousins", filmes ruins que não conseguiam mais chamar a atenção dos jovens. Por isso grupos mais antenados com eles, como o próprio Beach Boys, ocupavam cada vez mais espaço, crescendo no vácuo real deixado por Presley.

O disco é inegavelmente divertido, agradável e com ótima sonoridade. A capa é uma das mais simpáticas da história de rock, como se fosse um recorte de memórias das férias de verão. Assim que se coloca para rodar o ouvinte se depara logo com um dos maiores sucessos do grupo, o clássico "I Get Around", uma faixa que fez muito bonito nas paradas de 64. É sem dúvida uma vocalização perfeita, com uma melodia que lembra um carrossel sonoro. Impecável. Depois dela não temos nada tão talentoso e inspirador. A música que dá nome ao álbum até que é bonitinha, mas nada demais. Sempre implico com seu arranjo que mais parece de canções infantis. Coisas dos garotos da praia. Se você ainda não sabe direito o que é uma beach music sugiro que ouça com atenção a terceira música do disco, "Hushabye". É uma bobagem sentimental que quase sem letra ainda consegue criar um clima de nostalgia no ouvinte. Realmente impressiona pelo clima, nos levando mentalmente a ver um casal de namorados adolescentes passeando pela praia à noite, trocando juras de amor!

"Little Honda" que vem depois foi muito promovida nas rádios, apresentando duas ousadias em se tratando de Beach Boys: tinha um ritmo realmente cortante, de puro rock dos anos 50 e uma duração que era uma verdadeira eternidade para os padrões do grupo: quase sete minutos de duração! Não era assim um Pink Floyd, mas impressionava os brotos dos anos 60. O resto do disco infelizmente é apenas uma repetição de fórmulas, com nenhum momento marcante. Apenas "Drive-In" conseguiu me chamar a atenção, com um bom arranjo e uma letra pra lá de divertida. Enfim é isso. Tudo tão descontraído e descompromissado como um grupo como esse poderia soar naqueles tempos, apesar da grande responsabilidade de ter que encarar o maior conjunto de rock da história nas paradas de sucesso.

The Beach Boys - All Summer Long (1964)
1) I Get Around
2) All Summer Long
3) Hushabye
4) Little Honda
5) We'll Run Away
6) Carl's Big Chance
7) Wendy
8) Do You Remember?
9) Girls On The Beach
10) Drive-In
11) Our Favorite Recording Sessions
12) Don't Back Down

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Madonna - True Blue

 Não faz muito tempo vi uma entrevista da Madonna falando mal de seus primeiros discos, definindo eles como algo "pré-histórico", primitivo e que atualmente ela se sentia muito mais confiante em seu trabalho. Não seja tão pretensiosa querida Madonna. Em relação ao seu trabalho eu gosto de compará-lo com os primeiros discos dos Beach Boys. Quando eram despretensiosos (e tinha um ar de adolescentes assumidos) eram muito mais divertidos. Depois que passou a se considerar uma espécie de "Mozart de saias" ficou chata até dizer chega. O pop só sobrevive se for bem descartável mesmo, tipo um chiclete que você compra na esquina. Nos tempos de "True Blue" Madonna era bem isso - provavelmente por isso fez tanto sucesso na época! "Papa Don't Preach" que abre o disco tinha justamente esse sabor de "desabafo adolescente". A letra é uma afirmação de independência de uma adolescente ao seu pai. Nada mais adequado já que a público da Madonna nos anos 80 era formado por garotas de 16 anos. Nada de muito anormal. O problema é que nem todas as garotinhas que resolveram fugir com seus namorados para terem suas próprias famílias se deram tão bem na vida. De qualquer forma essa é uma canção pop teen. O ritmo é muito bom e nostálgico. Bons tempos - você pensará!

Desse disco a minha canção preferida é a que dá título ao álbum. "True Blue" parece uma melodia saída de algum compacto de Buddy Holly. Uma delícia. O clipe serviu para que Madonna adotasse um visual a la Marilyn Monroe, algo que sempre achei muito adequado. Ambas inclusive tinham mais em comum do que muitos pensavam. Também sempre considerei a imagem de Madonna dançando como uma pin-up dos anos 50 um verdadeiro ícone da música e do nascimento dos videoclips. A letra é bobinha, para não fundir a cabecinha das fãs, mas tudo bem. Esse é um daqueles pops que ficaram para sempre na cabeça de quem viveu os anos 80. O disco também é cheio de bobagens que não sobreviveram ao tempo. "White Head" é um desses momentos absurdamente datados. Cheio de sintetizadores, com uma parte falada - como se um filme estivesse sendo exibido ao fundo - a canção é um exemplo de como o tempo arrasa certas canções quando elas adotam instrumentos e efeitos sonoros que com o tempo ficam completamente ultrapassados e fora de moda. "Love Makes the World Go Round" também ficou velha, mas seu ritmo latino a salvou da mediocridade total. Vale pelo refrão bem alto astral. Madonna, que nunca foi boba, sabia como levantar uma pista de dança.

Madonna - True Blue (1986)
Papa Don't Preach / Open Your Heart / White Heat / Live to Tell / Where's the Party / True Blue / La Isla Bonita / Jimmy Jimmy / Love Makes the World Go Round.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Madonna - Like a Prayer

Que Madonna é uma sobrevivente poucos duvidam. Um dos segredos de sua longa carreira é a forma como ela manipula a mídia em seu favor. Madonna nunca deixou de ser, ao longo de todos esses anos, uma notícia quente! Sua vida pessoal e profissional no fundo se resumem a uma só coisa pois tudo no final das contas vai virar produto da mídia. Ela é de certa forma herdeira de Marilyn Monroe nesse sentido, pois a loira ícone do cinema clássico também transformava aspectos de sua vida privada em forma de autopromoção na grande mídia. Nunca saindo das manchetes, mantendo sempre seu nome em evidência (não importando se de forma positiva ou negativa) Madonna foi sobrevivendo como artista. Assim queiramos ou não lá está Madonna de volta ao noticiário, seja causando polêmica contra a Igreja Católica, ou passeando com seu novo namorado garotão fingindo não ver os paparazzis, ora se envolvendo em alguma troca de farpas com outros artistas. Foi sempre assim, eternamente aparecendo na imprensa de alguma forma que Madonna se sustentou por tantos e tantos anos. Um exemplo que ela aprendeu bem cedo na carreira como bem demonstra esse álbum "Like a Prayer".

O alvo da vez, um dos preferidos da diva, foi a Igreja Católica. Como toda descendente de italianos a cantora sempre teve essa relação de amor e ódio com o catolicismo (afinal seu próprio nome vem da tradição católica romana). Na época Madonna criou polêmica com o clip da música, colocando um Jesus negro em uma igreja de um bairro pobre de Nova Iorque, sofrendo mais uma vez a violência das ruas. Para ser mais ousada ainda surgiu beijando na boca o Messias. Um escândalo! Era o tipo de polêmica que ela queria na época pois se mostrar como uma artista ousada, desafiadora, sempre rendeu bons dividendos de popularidade. E a Igreja Católica com toda sua tradição milenar se mostrou um alvo certeiro mais uma vez. No fundo essas exibições polêmicas de Madonna não possuem qualquer valor mais à sério para se debruçar, pois é queiram ou não seus admiradores, apenas mais uma jogada de marketing. A diva sabe se promover, isso é um fato incontestável. Deixando isso tudo de lado temos aqui uma boa seleção musical com faixas que viraram grandes hits nas rádios. Por essa época de extrema popularidade praticamente todas as canções dos álbuns de Madonna viravam mais cedo ou mais tarde hits radiofônicos. Musicalmente os arranjos, como não poderiam deixar de ser, seguem o receituário da época, ou seja, muitos sintetizadores, melodias dançantes e letras derivativas. Mesmo assim são gravações deliciosamente descartáveis que hoje funcionam como pura nostalgia para quem viveu na época. Uma receita de sucesso que se mostrou imbatível por anos e anos a fio.

Madonna - Like a Prayer (1989)

Like a Prayer / Express Yourself / Love Song / Till Death Do Us Part / Promise to Try / Cherish / Dear Jessie / Oh Father / Keep It Together / Spanish Eyes / Act of Contrition.

Pablo Aluísio.

Madonna - Like a Virgin

Madonna volta ao Brasil agora e por essa razão resolvi escrever um pouco sobre o disco que a transformou na estrela que ainda é hoje em dia. Like a Virgin é o álbum da vida de Madonna. Seu primeiro disco é interessante mas ela ainda surgia muito crua e inexperiente. Em Like a Virgin porém veio a grande transformação em superstar. Era os anos 80 e quando mais exagerado fosse o visual e os sintetizadores melhor. Uma dose de polêmica também era muito bem-vinda. Pois bem, Like a Virgin tinha tudo isso em doses generosas. Madonna se aliou ao produtor Nile Rodgers e ele conseguiu com raro brilhantismo transformar as ideias de Madonna para o disco em um LP muito bem produzido, com raro faro para estourar nas paradas. Cada música foi exaustivamente trabalhada por Rodgers. A intenção era obviamente alcançar um estouro de vendas e ele ao lado de sua artista conseguiu isso. Like a Virgin vendeu 35 milhões de cópias, um número praticamente inimaginável para as cantoras de hoje em dia. Na época não havia pirataria, nem internet, assim quem quisesse ouvir Madonna tinha que necessariamente comprar o vinil nas lojas. Hoje em dia o tal LP é algo estranho para as novas gerações mas para os jovens da década de 80 ele era a única alternativa para ouvir seus ídolos.

Como não poderia deixar de ser o álbum Like a Virgin é lotado de hits. "Material Girl", "Like a Virgin", "Into the Groove" (que foi incluída depois em uma segunda tiragem do disco), "Over and Over","Shoo-Bee-Doo" e "Dress You Up". Essas faixas tocavam o tempo todo, em todas as rádios, o dia inteiro. É literalmente impossível alguém que tenha vivido na década de 80 que não conheça todas elas."Material Girl" e "Like a Virgin" trazem a essência de Madonna. As letras falam de uma nova mulher, mais livre, dona de si, que deixa as amarras moralistas de lado para assumir um lado mais feminino, mais despudorado até. A própria Madonna usava "Like a Virgin" como uma paródia para os costumes e tabus sexuais da época. A virgindade, a suposta pureza que a sociedade exigia das mulheres, tudo isso era satirizado pela cantora. Nem preciso dizer que esse tipo de mensagem, aliada a um visual ousado e uma campanha muito bem pensada de marketing por parte da Warner, transformaram Madonna em um sucesso musical só comparado na época a Michael Jackson, que vinha de seu ultra sucesso "Thriller" (falaremos sobre ele em breve aqui no blog). O curioso é que muitos diziam que Madonna definitivamente não iria durar muito, que era uma estrela juvenil que logo seria esquecida. O tempo provou que ela tem uma forte resistência aos modismos e às modas musicais que vão e vem. De fato Madonna sobrevive. Hoje em dia ainda é considerada uma estrela, mesmo após tantos anos desse seu "Like a Virgin".  Por essa razão se você estiver mesmo a fim de entender Madonna em sua mais pura essência não deixe de ouvir Like a Virgin. Um disco fundamental nesse aspecto.

Madonna - Like a Virgin (1984)
Material Girl / Angel / Like a Virgin / Over and Over / Love Don't Live Here Anymore / Into the Groove / Dress You Up / Shoo-Bee-Doo / Pretender / Stay.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Madonna - Madonna

Esse foi o primeiro disco de Madonna. Ela era uma aposta da Warner para vencer no concorrido mercado pop que naquela época começava a ganhar destaque nas paradas de sucesso. O rock já demonstrava sinais de saturação e com o advento do Heavy Metal ganhava ares de nicho muito específico. As gravadoras por sua vez queriam algo mais genérico e a Pop Music se mostrava muito adequada para isso. Madonna assim foi ao mercado com o firme objetivo de fazer muito sucesso e vender muitos discos. Com uma pose de jovem rebelde sem freios logo conquistou uma legião de fãs, principalmente entre as adolescentes dos anos 80. Usando um figurino próprio e exótico a cantora praticamente criou a imagem da cantora pop que iria ser imitada à exaustão nos anos seguintes. Ao ouvir novamente esse álbum logo descobrimos que dentre todos os gêneros musicais o Pop seja talvez o que tenha a data de validade mais fugaz. Praticamente todas as faixas soam hoje em dia completamente datadas, com arranjos ultrapassados, cheios de sintetizadores que não fazem mais o menor sentido. Mesmo assim para quem foi jovem naquela época o disco ainda funcionará com um belo retrato nostálgico dos 80´s, embora não consiga ser muito mais além disso.

Entre as faixas destacaria "Lucky Star" que tinha um clip bem básico, com Madonna e dois bailarinos com um fundo branco atrás. Nada mais do que isso, apenas dança e o vocal da cantora, sem "estorinhas" a serem contadas. Destaque para o figurino dela. Que cabelo era aquele?! Mas enfim... um típico produto de divulgação da Warner em uma fase pré surgimento da MTV. Como ela ainda não era uma estrela o orçamento desse primeiro clip foi bem econômico. Já o grande hit do disco, "Bordeline", ganhou um clip bem mais elaborado. Ela já havia conquistado a confiança da gravadora com algumas milhares de cópias vendidas. Como era praxe naquela década o enredo é bem bobinho. Madonna no clip interpreta uma garota em duas fases de sua vida, como modelo (onde as cenas aparecem em um preto e branco estilizado, com glamour e cenários bem elaborados) e como uma garota normal, de Los Angeles, que acaba levando o fora de seu crush, um latino de periferia. A letra não é sobre pessoas que sofrem de síndrome de personalidade bordeline, como alguns chegaram a dizer, mas apenas sobre os sentimentos de uma garota cansada de tantos joguinhos com o namorado, vivendo no limite. Nada de desvios psicológicos, é bom salientar. Então é basicamente isso. Um bom LP para a época, com uma Madonna ainda em formação. A grande estrela só iria surgir mesmo pra valer no disco seguinte, esse sim um fenômeno de vendas em todo o mundo.

Madonna - Madonna (1983)
Lucky Star / Borderline / Burning Up / I Know It / Holiday / Think of Me / Physical Attraction / Everybody.

Pablo Aluísio.

Madonna - Blond Ambition

Madonna - Blond Ambition
Documentário que acompanha a cantora Madonna durante sua turnê mundial "Blond Ambition" durante o ano de 1990. O principal foco do filme é mostrar os shows da famosa cantora pop nos palcos japoneses, onde lotou estádios e levou centenas de milhares de fãs ao delírio. "Blond Ambition" foi uma das turnês mais bem sucedidas de Madonna em sua carreira. Ela estava realmente em ótima forma e com ousadas performances chamava a atenção da imprensa e do público. Cada show foi um acontecimento e tanto no mundo do show business. Aqui temos um documentário muito bem realizado mostrando a passagem da turnê pelo Japão. 

É curioso notar como essa cultura secular se rendeu facilmente à invasão cultural americana durante aqueles anos. Por essa época Madonna adotou o visual ao estilo Marilyn Monroe, o que sempre achei muito interessante e curioso. Os shows são movimentados, com ótimas coreografias e passos de dança. Sinceramente falando acredito que nesse nicho pop nenhuma cantora ainda hoje conseguiu superá-la, tanto em termos de sucesso como em impacto na mídia. Assim fica a dica para os curiosos e a lembrança para os fãs de que se trata de um item essencial em suas coleções, não vá perder!

Madonna - Blond Ambition
Ano de Produção: 1990 / País: Estados Unidos, Japão / Estúdio: Sony Pictures / Direção: Mark Aldo Miceli / Roteiro: Mark Aldo Miceli, Madonna / Elenco: Madonna, Donna DeLory, Niki Harris.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de maio de 2011

Michael Jackson - Invincible

Esse foi o último álbum da carreira de Michael Jackson. Na época de seu lançamento houve uma grande ansiedade por parte de fãs e imprensa pois já fazia quatro anos que o cantor não lançava material realmente inédito no mercado. Nem é preciso lembrar que a vida de Michael continua caótica, enfrentando problemas de toda ordem, inclusive complicados processos envolvendo acusações de pedofilia. Por isso Michael se considerava naquela altura de sua vida uma pessoa realmente invencível, uma vez que havia conseguido sobreviver a todos esses problemas. Jackson estava em uma nova gravadora, a Sony, e tinha grandes expectativas em relação ao disco mas logo se mostrou desapontado com os resultados comerciais. Três singles foram lançados, "You Rock My World", "Cry" e "Butterflies" mas nenhum deles conseguiu ser efetivamente um impacto nas paradas como os antigos sucessos de sua carreira. O álbum também se mostrou tímido em termos de vendagens, vendendo meras cinco milhões de cópias nos Estados Unidos, um número bom para qualquer artista mas não para Michael Jackson que conseguira vender estimadas 100 milhões de cópias por Thriller. Em vista disso o rótulo de "fracasso" comercial começou a rondar Invincible. Em represália Michael culpou a Sony pelos resultados fracos. Chegou ao ponto de acusar a gravadora de ser racista e ter boicotado seu material por ele ser um astro afro-americano. O rompimento depois de acusações tão pesadas logo se tornou inevitável.

Eu sempre digo que quando o artista perde o foco de sua arte se preocupando apenas com números ele acaba perdendo sempre o que tem de melhor. É isso é algo bem claro nesse "Invincible". De repente todos estavam falando das poucas cópias vendidas, esquecendo de analisar o CD apenas por seus méritos artísticos. Olhando sobre esse ângulo considero "Invincible" um bom trabalho de Jackson. Não é uma obra prima mas certamente é um trabalho acima da média. Talvez sua preocupação em flertar com artistas do estilo rap tenha ofuscado um pouco o conjunto das canções do álbum mas há outros estilos presentes no disco que o salvam da mediocridade. R&B, hip hop e dance-pop estão presentes na seleção musical para amenizar esse aspecto negativo. Curiosamente Jackson só volta a brilhar mesmo quando retoma seu bom e velho estilo em faixas como "You Are My Life", "Break of Dawn" ou até mesmo a ótima "Speechless" que tem uma linda melodia. Já quando tenta se auto imitar como em "Threatened" derrapa feio pois definitivamente os dias de Thriller estavam há muito superados. A participação de grandes músicos, como Slash, o mitológico guitarrista do Guns and Roses, em "Privacy" também ajudam a manter o interesse. Michael também não deixou o lado mais social de lado dedicando o disco para o garoto negro Benjamin "Benny" Hermansen, morto por grupos neonazistas na Noruega em 2001. Assim no final das contas não importa se o álbum foi ou não um estouro de vendas pois hoje em dia isso não tem qualquer importância. O que é relevante é a música de Jackson, que aqui ressurge não tão brilhante como um dia foi, mas mesmo assim mantendo um nível de qualidade digno de sua posição dentro da música mundial. Sem dúvida ele foi um artista que deixou uma lacuna que dificilmente será preenchida. Era um cantor e compositor realmente fora de série.

Michael Jackson - Invincible (2001)
Unbreakable / Heartbreaker / Invincible / Break of Dawn / Heaven Can Wait / You Rock My World / Butterflies / Speechless / 2000 Watts / You Are My Life / Privacy / Don't Walk Away / Cry / The Lost Children / Whatever Happens / Threatened.

Pablo Aluísio.