segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

João Penca e Seus Miquinhos Amestrados - Sucesso do Inconsciente

O João Penca e Seus Miquinhos Amestrados (que nome hein?) foi um grupo de rockabilly escrachado que até fez muito sucesso no Brasil durante os anos 80. Eu cheguei a ter dois discos deles naquela época, em vinil. Esse foi o primeiro que comprei. Olha, sinceramente, o João Penca se caracterizava por ter ótimos arranjos (bem ao estilo dos anos 50 mesmo), porém acompanhado de algumas das piores letras já escritas dentro do rock Brasil. Se fosse nos dias de hoje eles seriam cancelados tranquilamente. E esse tipo de situação está bem presente nesse álbum de 1989. Era mesmo de péssimo mau gosto as letras das versões de músicas americanas.

As piores letras podem ser encontradas em faixas como "Menino Justiceiro", "Larga Meu Pé", "A Surra" e "Johnny Pirou", onde a péssima letra destruiu um dos maiores clássicos da história do rock. "O Monstro Macho" provavelmente seria crime nos dias atuais, apesar da referência aos velhos filmes de terror soe até divertida. E o que dizer de um medley musical que eles próprios intitularam de "Merdley"? Olha, por mais escrachados que eles fossem, quase como um grupo de comediantes, não precisavam exagerar tanto, descer tanto, vamos convir. Eles mesmos desqualificavam nesse ponto a música que faziam. Diante disso quem vai defender? Foi humor? Se foi essa a intenção, eles poderiam ter sido mais sutis e menos na base da quinta série do primário.

João Penca e Seus Miquinhos Amestrados - Sucesso do Inconsciente (1989)
Menino Justiceiro
Larga Meu Pé
A Surra
O Par
Matinê no Rian
O Velho Tubarão
Johnny Pirou
Cozinho de Noite
O Monstro Macho
S.O.S. Miquinhos (Merdley):
Namoradinha de um Amigo Meu
Esperto É o Coqueiro
Certo ou Errado
Rua Augusta
Vem Quente que Eu Estou Fervendo
Yellow River

Pablo Aluísio. 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Novo Aeon

Esse disco pode ser considerado o terceiro álbum solo do cantor e compositor em sua nova fase na carreira. Não mais o produtor, mas sim o artista, se assumindo completamente. Foi o disco que também herdou a pressão de fazer o mesmo sucesso do álbum anterior, "Gita". O próprio Raul admitiu isso em entrevistas. A gravadora esperava a venda de um grande número de cópias, mas isso não aconteceu. As vendas foram fracas e a crítica especializada caiu em cima, malhando o disco de forma impiedosa. Com isso as relações de Raul Seixas com a gravadora Phillips, que já não eram boas, acabaram levando ao rompimento.

A dupla formada por Paulo Coelho e Raul Seixas retornou com novas músicas, mas sem o mesmo brilho de antes. Raul costumava dizer que eles tinham entre si uma "inimizade íntima" e essa tensão acabou se refletindo no disco. Pelo menos há alguns clássicos no repertório do álbum. O maior sucesso veio com a excelente "Tente Outra Vez", uma injeção de ânimo e otimismo perante o fracasso. Uma bela letra, bem positiva. "A Maçã" também se tornou um sucesso, no ritmo de balada romântica despudorada. Já "Rock do Diabo"  mais parecia uma brincadeira de Raul em cima da velha ideia dos conservadores quadradões de que "o rock era coisa do Diabo". Para Raul Seixas era isso mesmo, eles estavam cobertos de razão! O Diabo era o pai do Rock!

Raul Seixas - Novo Aeon (1975)
Tente Outra Vez
Rock do Diabo
A Maçã
Eu Sou Egoísta
Caminhos
Tu És o MDC da Minha Vida
A Verdade Sobre a Nostalgia
Para Noia
Peixuxa (O Amiguinho dos Peixes)
É Fim de Mês
Sunseed
Caminhos II
Novo Aeon

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Giants Of Rock´n´Roll

Estava preparando um novo texto para o blog de Elvis Presley e sai em busca de algum material com Bill Haley para ouvir. No fundo de uma caixa acabei me deparando com esse "Giants Of Rock ´n´Roll" um CD que tenho há muitos anos e que nem me lembrava mais de sua existência. Comprei há 20 anos atrás numa pequena loja de minha cidade. "Giants" reúne 4 grandes nomes do surgimento do Rock em um só lançamento. Obviamente se trata de um bootleg, um lançamento não oficial, de um selo que nunca ouvi falar antes (provavelmente de fundo de quintal). A despeito de sua origem bastarda não deixa de ser uma boa dica para quem estiver com curiosidade de ouvir como soava o Rock ´n´Roll em suas origens. Por definição odeio coletâneas por serem produtos sem qualquer profundidade ou relevância mas abrirei uma pequena exceção aqui recomendando o título para os marinheiros de primeira viagem. As gravações são todas originais, oficiais, da época de seus lançamentos. 

Só grandes sucessos. Na década de 1950 todos esses artistas lançavam suas melhores músicas em singles (compactos de vinil com uma música no Lado A e outra no Lado B). Era um tipo de produto muito charmoso, de fácil venda, baratos e que rendiam um dinheiro imediato aos cantores e às gravadoras. Também eram de produção muito barata, sem grandes riscos, o que ajudava muito no surgimento de novos talentos. Até um caminhoneiro pobre como Elvis Presley tinha grana para lançar a sorte gravando um disquinho desses! Voltando ao CD aqui temos canções interligadas de Jerry Lee Lewis, Little Richard, Bill Haley e Chuck Berry. Todos grandes nomes, grandes mitos da primeira geração roqueira norte-americana. Gosto muito dessas primeiras faixas de Chuck Berry. Seu rock cru, sem firulas, fundado em letras maliciosas e sacanas e eram a alma dessas primeiras gravações do novo ritmo que surgia nas paradas. Jerry Lee Lewis também aqui surge com o melhor de seu repertório, pouco antes de se envolver com sua prima menor de idade o que lhe custaria a fama e o sucesso. Bill Haley, o "tiozão" do Rock também está no título com sua "Rock Around The Clock" e "See You Later Alligator", uma pequena pérola de seu set list. Fechando o festival revival "Little Richard" a contradição em pessoa. Homossexual e religioso, estridente e harmônico, negro e desafiador, o cantor marcou definitivamente o Rock em sua era jurássica. Enfim, comece com CDs com esse, depois vá se aprofundando com os discos oficiais desses artistas. Sem dúvida será uma bela experiência conhecer ou revisitar tantos talentos desse quarteto realmente fantástico!  

The Giants Of Rock ´n´Roll / Jerry Lee Lewis (Whole Lotta Shakin' Goin' On, Great Balls Of Fire, Breathless, High School Confidencial, Drinkin' Wine Spo-de-o-de) Bill Haley (Rock Around The Clock, Shake Rattle and Roll, ABC Boogie, Razzle-Dazzle, See You Alligator) Litte Richard (Long Tall Sally, The Girl Can´t Help, Rip It Up, Lucille, Good Golly Miss Molly) Chuck Berry (Maybelline, Roll Over Beethoven, Rock and Roll Music, Sweet Little Sixteen, Johnny B. Goode)  

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cazuza - Exagerado

Esse álbum foi gravado pelo Cazuza depois que ele deixou o Barão Vermelho. Ele queria fazer outro tipo de som, flertar com outras sonoridades. Os caras do Barão só queriam continuar naquela mesma coisa, gravando aquele tipo de som mais básico e juvenil da geração do Rock Brasil. Então, como novato em sua carreira solo, o Cazuza gravou esse seu primeiro disco completamente autoral. Eu acho um LP fraco. Veja, não quero desmerecer o talento e a importância do Cazuza e tudo o que ele representou naquela geração, mas sob um ponto de vista bem objetivo considero um disco bem fraquinho. Tem poucos momentos dignos de aplausos.

Tem uma boa música título que fez bastante sucesso nas rádios, a própria "Exagerado". Boa música, bem comercial. Quem viveu os anos 80 certamente conhece muito.  Tem uma obra-prima absoluta chamada "Codinome Beija-Flor", linda melodia, bela letra, mostrando o que ele de melhor conseguia produzir e compor. Porém tirando essas duas faixas o resto é bem ruinzinho. Nenhuma das demais faixas me convenceram. Algumas apelam para vulgaridades desnecessárias como "Só as Mães São Felizes". Outras apresentam letras bem abaixo da média. Pelo que fez e pelo que representou, esse disco não estava mesmo à altura do próprio Cazuza.

Cazuza - Exagerado (1985)
Exagerado
Medieval II
Cúmplice
Mal Nenhum
Balada de um Vagabundo
Codinome Beija-Flor
Desastre Mental
Boa Vida
Só as Mães São Felizes
Rock da Descerebração

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Little Richard - The Wild and Frantic Little Richard

Esse foi o único vinil que tive em minha coleção do grande Little Richard. Eu o comprei ao vê-lo na sessão de promoções em uma loja de discos (nos tempos em que ainda existiam lojas de discos!). Claro que após alguns anos comprei CDs do Richard, mas em vinil, LP, esse foi realmente o único que tive do artista. E, ao que me lembre, era uma edição nacional, o que realmente é algo surpreendente. Pensar que um álbum de 1967, do Little Richard, que nunca foi popular no Brasil, ter um disco lançado em selo nacional, realmente é algo fora dos padrões.

A sonoridade não era muito boa. Esse disco na realidade foi um trabalho de fim de festa para Little Richard. Seu contrato com  Modern Records havia chegado ao final e eles não queriam mais renovar com ele. Assim Littler Richard acabou gravando poucas músicas. A gravadora acabou completando com a inclusão de faixas diversas que tinha em arquivo, algumas delas gravadas ao vivo. Por isso não espere por nada muito caprichado ou bem gravado. A tônica é outra. O que vale é a importância histórica, desse grande nome da história do rock americano. Qualquer tentativa de desvalorizar esse disco, por mais simples que ele tenha sido, será, por isso, em vão.

Little Richard - The Wild and Frantic Little Richard (1967)
Baby What You Want Me to Do (live)
Do the Jerk
Directly From My Heart
I'm Back
Holy Mackerel
Good Golly, Miss Molly (live)
Send Me Some Lovin  (live)
Groovy Little Suzy
Baby Don't You Want a Man Like Me
Miss Ann (live)

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Blitz - Blitz 3

Esse foi o único disco que tive da Blitz. Estou falando da era do vinil, dos anos 80, que foi quando comprei o LP. Na época eu era apenas um adolescente e havia assistido a um show do grupo na cidade onde morava. Mesmo assim devo dizer que nunca fui fã de carteirinha desse grupo. Claro, até gostava das músicas, que tocavam muito nas rádios, mas ser fã de verdade, do tipo de pesquisar sobre a história da banda, etc, isso definitivamente nunca fui. Já nessa época eu gostava de Elvis, dos Beatles, então não havia comparação possível com a Blitz que fazia, vamos ser sinceros, um som muito descartável, coisa até bobinha. Nunca se levaram muito à sério, sempre havia um lance de galhofa mesmo.

Ainda assim tiveram sua importância no rock Brasil, principalmente por terem gravado o primeiro grande sucesso desse renascimento do rock brasileiro com "Você não soube me amar" de 1982. Depois disso lançaram mais alguns discos, sempre fazendo sucesso. Esse terceiro disco da Blitz foi lançado pouco antes do grupo implodir pela primeira vez. Houve brigas entre os membros da banda, alguns foram embora e o grupo acabou. Não há grandes hits nesse disco. As únicas que tocaram um pouco mais nas rádios foram "Xeque-Mate" e "Táxi". Tudo pop reciclável dos anos 80. Hoje em dia, nem preciso dizer, o disco soa completamente datado.

Blitz - Blitz 3 (1984)
01. Eugênio
02. Xeque-Mate
03. Egotrip
04. Amídalas
05. Tarde Demais
06.Táxi
07. Sandinha
08. Você Vai , Você Vem
09. Louca Paixão
10. Dali De Salvador
11. Trato Simples
12. Cresci ,Mamãe Cresci

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Leo Jaime - Direto do Meu Coração pro Seu

O disco anterior do cantor foi muito elegante, até com requintes de jazz, mas não vendeu bem. Então Leo Jaime procurou fazer algo mais comercial com esse álbum. É um daqueles discos feitos para vender, o que era justamente o que a CBS queria na época. A música título do disco é um bom blues chamado "Direto do Meu Coração Pro Seu", porém não virou hit. O que fez sucesso mesmo foi a música "Conquistador Barato" que virou tema de novela da Globo. Sucesso garantido. Em minha percepção a gravadora também quis posicionar Leo Jaime dentro de um campo ali formado por cantores românticos. A própria capa do disco sugeria isso, quase caindo em um estilo brega romântico, que aliás sempre vendeu muito bem no Brasil.

Outros destaques vieram com "Gatinha Manhosa" que também tocou muito nas rádios e "Coração Vagabundo", bela versão de uma música composta por Caetano Veloso. E quem sempre gostou do Leo Jaime rockabilly havia duas gravações novas de velhos clássicos do rock americano. "Hot Dog (Hound Dog)" teve a preciosa participação de Cazuza e "Tutti Frutti" tentou reviver os bons tempos do surgimento do rock na América. Enfim, um bom disco, mesmo sendo um pouco irregular na qualidade de seu repertório.

Leo Jaime - Direto do Meu Coração pro Seu (1988)
1. Direto do Meu Coração Pro Seu
2. Adoro
3. Gatinha Manhosa
4. Sob o Domínio da Paixão
5. Coração Vagabundo
6. Na Estrada
7. Todas as Honras do Presidente
8. Hot Dog (Hound Dog)
9. Tutti Frutti
10. Conquistador Barato
11. Junto

Pablo Aluísio.

James Brown - I Got You (I Feel Good)

James Brown - I Got You (I Feel Good)
Em 1965, em pleno auge da invasão britânica nas paradas americanas, chegou nas lojas o single "I Got You (I Feel Good)" de James Brown. Foi um sucesso espetacular! Realmente esse foi um artista diferente. James Brown conseguiu unir vários elementos da música norte-americana e quando todos pensavam que nada de novo surgiria no horizonte ele inovou! Misturando elementos do R&B, folk e soul, ele acabou criando algo único!

O single, como era de se esperar, subiu como um foguete nas paradas, sendo até hoje a música mais conhecida da longa e produtiva carreira de Brown. E para incendiar ainda mais as paradas o cantor criou uma coreografia própria para apresentar na TV americana. A partir daí Brown, com seu jeito único de dançar e cantar se tornou um dos maiores ícones da cultura negra dos Estados Unidos, sendo um dos artistas mais influentes da história! Michael Jackson? Ele em diversas entrevistas afirmou que um dos seus maiores ídolos era justamente James Brown, que unia a força de sua música com apresentações de palco memoráveis.

O compacto chegou nas lojas em outubro de 1965 e ficou entre os mais vendidos por doze semanas, um marco, já que o single chegava nas lojas através de um pequeno selo chamado King. Houve problemas de distribuição por causa da grande demanda e procura nas lojas. Anos depois James Brown diria que mesmo nos momentos mais complicados de sua vida ele sempre podia contar com o dinheiro dos direitos autorais dessa música, que nunca saiu de cena, sendo usada em comerciais, trilhas sonoras de filmes e todos os tipos de produtos. Canção imortal é isso aí!

James Brown - I Got You (I Feel Good) 
Lado A - I Got You (I Feel Good)
Lado B - I Can't Help It (I Just Do-Do-Do)

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Snow Patrol - A Hundred Million Suns

Algumas coisas me irritam profundamente. O Snow Patrol estava prestes a se tornar a minha banda preferida até alguns meses atrás. Seus dois trabalhos anteriores, Final Straw e Eyes Open, eram brilhantes. Ótima instrumentalização, arranjos de extremo bom gosto, melodias para grudar na cabeça. Todo o ABC que uma banda iniciante deve trilhar seguido à risca. Embora não fossem seus primeiros trabalhos - os dois primeiros CDs são extremamente experimentais - o Snow Patrol tinha tudo para se firmar com brilhantismo no cenário do rock britânico. Por essa razão esperei até com certa ansiedade por A Hundred Million Suns. Se estivesse em um jogo de azar diria até que estava com coragem de jogar altas somas no sucesso da nova obra do grupo. Bem, ainda bem que não estamos em Las Vegas, pois perderia uma pequena fortuna se tivesse realmente apostado neles. A Hundred Million Suns é decepcionante. A razão que levou um dos mais promissores grupos a não vingar em seu novo CD tem nome: Coldplay.

Os escoceses do Snow Patrol parecem que esqueceram tudo de interessante que tinham apresentado em seus CDs anteriores para se transformarem numa cópia bastarda da banda mais bunda mole do planeta, o Coldplay. Imitar o Coldplay é realmente o fim da picada. Convenhamos: O Coldplay faz muito mal para o Rock atual. Eles são extremamente chatinhos, deprimidinhos, tristinhos. Nada mais longe do verdadeiro espírito roqueiro que um dia existiu. Infelizmente seu enorme sucesso tem contaminado outros grupos, como o Snow Patrol, que aqui afunda artisticamente em busca do sucesso fácil. Na primeira audição já se mata a charada de A Hundred Million Suns. Pianinho ao estilo bunda mole de ser do Chris Martin, levada fácil para ser digerida pelas fanzocas do Coldplay, refrãos pegajosos para tocar na BBC, entre outras bobagens. Que decepção. Só resta torcer para que um dia o Snow Patrol reencontre o caminho da boa música, coisa complicada de acontecer já que seu A Hundred Million Suns já se converte em sucesso imediato, tocando inclusive na MTV. Por enquanto o Snow Patrol apenas segue seu caminho pelo ralo onde grandes músicos são engolidos pelo sucesso fácil. Maldito Coldplay.

Snow Patrol - A Hundred Million Suns (2008)
1. If There’s a Rocket Tié Me to It
2. Crack The Shutters
3. Take Back The City
4. Lifeboats
5. The Golden Floor
6. Please Just Take These Photos From My Hands
7. Set Down Your Glass
8. The Planets Bend Between Us
9. Engines
10. Disaster Button
11. The Lightning Strike

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Leo Jaime - Vida Difícil

O maior sucesso (e único) desse disco do roqueiro Leo Jaime foi a faixa "Nada Mudou", o que poderia ser visto como uma ironia, porque na realidade tudo havia mudado. O disco anterior "Sessão da Tarde" trazia um tipo de sonoridade rockabilly meio gaiata. Talvez por isso tenha feito tanto sucesso. Então Leo resolveu mudar tudo, o teor das letras, os arranjos, partindo para algo mais sofisticado. Com produção de Luiz Carlos Maluly, que trabalhara ao lado do RPM, para o selo CBS, o disco chegou nas lojas e surpreendeu muita gente. Também havia elementos de ironia, a começar pela capa. O disco se chamava "Vida Difícil" ao mesmo tempo em que mostrava um sujeito com os pés em cima da cadeira, em belos sapatos italianos de luxo. 

Eu considero pessoalmente um excelente álbum. O comprei em vinil ainda na época. Uma seleção de boas músicas, todas agradáveis ao ouvido. Se não fizeram sucesso o problema, o azar, era do público mesmo. Perderam muita sofisticação sonora. Os arranjos contaram com a preciosa colaboração do saxofonista Léo Gandelman, que usa seu bonito instrumento em praticamente todas as faixas. Agora, o maior absurdo ocorreu mesmo por causa de um erro da gravadora. Não colocaram no vinil o sucesso "A Lua e Eu", que só saiu na versão em K7. Imagine a cara de decepção de quem comprou o disco nos anos 80.

Leo Jaime - Vida Difícil (1986)
Nada Mudou
Briga
Contos De Fadas
Prisioneiro Do Futuro
Amor
Sem Futuro
Mensagem De Amor
Vida Difícil
Um Telefone É Muito Pouco
Cobra Venenosa

Pablo Aluísio.