quinta-feira, 8 de abril de 2010

Elvis Presley - Flaming Star - Parte 3

As sessões de gravação da trilha sonora do filme "Estrela de Fogo" (Flaming Star, em seu título original) se deram nos estúdios Radio Recorders, em Hollywood, na Califórnia. A sessão foi coordenada e produzida pelo produtor Urban Thielmann, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar. Tudo foi praticamente gravado em poucas horas em agosto de 1960. Elvis já entrava no estúdio com as músicas decoradas, uma vez que a RCA enviava para ele fitas demos com as canções gravadas por cantores da própria gravadora.

Curiosamente a primeira música gravada foi "Black Star". Aliás o filme de faroeste iria ter esse título, mas depois os executivos e produtores da 20th Century Fox pensaram melhor e entenderam que o uso do termo "Black" poderia causar alguma polêmica. Não podemos nos esquecer que a questão racial estava na ordem no dia naqueles tempos. A luta pelos direitos civis da população negra dos Estados Unidos ocupavam todas as manchetes de jornais. E para potencializar ainda mais algum tipo de problema nessa questão o personagem de Elvis no filme era um mestiço. Então para não criar problemas a Fox resolveu mudar o nome do filme para "Flaming Star".

E com essa decisão Elvis precisou voltar ao estúdio para gravar outra faixa título "Flaming Star" que tinha praticamente o mesmo arranjo, a mesma letra, só mudando os termos. Saiu o "Black" e entrou o "Flaming". A versão "Black Star" ficou anos arquivada pela RCA e todo o trabalho que Elvis teve para gravá-la (foram providenciadas até três versões dela) ficaram perdidos.

Outra música que foi gravada para fazer parte dos trabalhos desse filme foi "Summer Kisses, Winter Tears". A grande maioria dos fãs de Elvis, principalmente aqui no Brasil, só veio a conhecer essa gravação quando ela foi lançada no álbum "Elvis for Everyone" de 1965. Sou da opinião de que a RCA Victor deveria ter produzido um álbum desse filme. Uma trilha sonora em LP. Bastava gravar mais cinco músicas para o lado B, o que não seria nada complicado para Elvis na época e pronto, havia um disco de verdade para acomodar todas as faixas desse filme. Infelizmente não foi isso que decidiram e a maioria das músicas de "Flaming Star" simplesmente se perderam e foram desperdiçadas dentro de sua discografia.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Flaming Star - Parte 4

Apesar dos esforços de Elvis, que não queria aparecer cantando de jeito nenhum nesse filme "Estrela de Fogo", o estúdio Fox conseguiu convencer ele a cantar pelo menos uma canção. A escolhida foi a baladinha country "A Cane and a High Starched Collar". Eu gosto dessa música, apesar de ser das mais simples. Basicamente apenas um arranjo acústico, para que soasse verdadeira na cena do filme, pois era um faroeste, onde o personagem contava apenas com um violão.

"Britches" era igualmente simples. Também foi cogitada para ser usada no filme, em outra cena, mas Elvis se recusou com firmeza. Ele queria que esse filme fosse apenas de atuação, não de cantoria. O resultado foi outra faixa gravada e completamente desperdiçada. Ficou anos e anos arquivada, se tornando muito rara. Se nos Estados Unidos passou em brancas nuvens, imagine no Brasil. Os fãs brasileiros nem sabiam que essa canção existia.

"Flaming Star" contou com um grupo musical bem diferente do que Elvis estava acostumado a trabalhar em estúdio. Nada de Scotty Moore e seus músicos da banda usual e tradicional que Elvis usava regularmente em seus discos e singles. Como era um western da Fox, o próprio estúdio cinematográfico escolheu a banda que iria tocar com Elvis na trilha sonora. Só músico contratado da própria companhia.

E a banda era formada pelos seguintes músicos: Howard Roberts no violão, Hilmer J. "Tiny" Timbrell na guitarra (esse iria trabalhar em outras ocasiões com Elvis), Michael "Meyer" Rubin no baixo, Bernie Mattinson na bateria e no acordeão James Haskell pois eram músicas de faroeste. Da turma de Elvis mesmo só compareceu na sessão o pianista Dudley Brooks e o grupo vocal The Jordanaires, contando com os vocalistas Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker. A formação clássica dos Jordanaires, como se pode perceber.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Elvis Presley - His Hand in Mine - Parte 1

Elvis gravou esse primeiro álbum gospel em 1960. A RCA Victor, sua gravadora, não achou uma boa ideia. Elvis era um rockstar, um cantor jovem pop. Não tinha nada a ver com músicas religiosas. Ele já havia gravado gospel antes, em um compacto duplo, nos anos 50, mas um álbum inteiro só com canções de teor religioso era algo que fugia dos padrões da gravadora. Só que Elvis já estava decidido. Ele queria gravar um álbum em homenagem à sua mãe. E nada era mais adequado do que gravar um LP gospel em memória da alma de Gladys Smith.

Não é demais lembrar também que um dos sonhos de Elvis era fazer parte de um quarteto gospel. Isso desde os tempos em que era apenas um adolescente que ouvia música religiosa nas estações de rádio de Memphis. A família de Elvis era religiosa, mas não era fanática. Eram crentes comuns, que gostavam de ir aos cultos aos domingos e principalmente ouvir músicas religiosa no rádio, um dos poucos eletrodomésticos que existia em sua casa. Assim não é de se admirar que Elvis tenha criado um vínculo emocional nostálgico com todas essas músicas que ouvia quando era garoto. Era uma lembrança muito presente de sua mãe também, que ouvia ao seu lado todos esses programas.

Assim Elvis cresceu ouvindo gospel. Fazia parte de sua formação musical e cultural. As faixas de "His Hand in Mine" foram selecionadas pelo próprio Elvis. Ele teve que engolir todas aquelas músicas de "G.I. Blues", sem ter poder de veto sobre elas, recebendo um pacote fechado do estúdio e da gravadora, para apenas colocar sua voz. Porém em se tratando desse álbum ele iria ter controle completo. Iria escolher as músicas, cantando aquilo que realmente desejasse cantar. Era um material que ele acreditava.

Eu considero um belo trabalho da carreira de Elvis. Curiosamente não gosto muito da faixa título "His Hand in Mine" que tem uma introdução muito estranha, embora melhore muito depois, em sua melodia bonita. Essa é uma antiga canção religiosa, que apenas pessoas como Elvis conheciam. Sim, ele tinha um vasto conhecimento de gospel music. E também era um colecionador de discos religiosos desde muito jovem. Ao longo dos anos Elvis estava sempre comprando discos desse gênero musical. Também adorava assistir programas religiosos nas manhãs de domingo. Esse era um lado de Elvis que realmente poucos conheciam na época.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - His Hand in Mine - Parte 2

Elvis gravou esse álbum no RCA Studio B, em Nashville, Tennessee. O produtor escolhido pela gravadora para essas sessões foi o bom e velho Steve Sholes. O escolhido para ser o engenheiro de som foi Bill Porter. Esse disco mostrou bem como Elvis era "rápido no gatilho". Em praticamente apenas dois dias (30 e 31 de outubro de 1960) ele finalizou sua participação no álbum. Gravou todas as doze faixas previstas. Sem perda de tempo e dinheiro. Contribuiu para isso o fato de que Elvis conhecia a maioria das músicas desde a adolescência. Então foi apenas questão de acertar o take certo.

A primeira música gravada foi "Milky White Way", que não por acaso também era uma das melhores canções do álbum. Aqui Elvis caprichou mesmo naquele estilo de voz de veludo que seria a característica mais lembrada dessa fase de sua carreira, ali no comecinho dos anos 60. Elvis adotou um estilo de cantar mais suave, mais terno, como bem foi definido por um crítico da época. O velho estilo musical mais áspero e rasgante, de seus anos de roqueiro, nos anos 50, pareciam distantes agora.

Depois de gravar a faixa título do disco, Elvis se concentrou em "I Believe in the Man in the Sky". Essa era uma velha conhecida de Elvis. Um gospel tradicional, muito utilizado nos cultos da Assembleia de Deus, que era a igreja frequentada pela família de Elvis quando ele era apenas um garotinho. Foi uma lembrança nostálgica de seus anos de convivência ao lado de sua mãe Gladys, ainda nos tempos duros de Tupelo. Interessante citar também que a RCA Victor iria utilizar esse mesma música em um single, mas somente alguns anos depois.

Nessa mesma noite de inspiração nos estúdios da RCA, Elvis ainda emplacou sua versão de "He Knows Just What I Need". Esse gospel deu um pouco mais de trabalho para Elvis e seu grupo de apoio pois foi preciso gravar 10 takes para que Elvis se sentisse finalmente satisfeito. Depois que ela foi gravada Steve Sholes sugeriu que Elvis desse um tempo nas músicas religiosas para que eles gravassem a faixa título de seu novo single, "Surrender". Mais complicada de gravar do que era esperado, Elvis levou 17 takes para finalizá-la. Havia uma parte final que cobrou seu preço na voz de Elvis. Ele precisou se empenhar bastante para que ficasse realmente boa a gravação. Ficou excelente. Essa música iria se tornar um hit em sua carreira.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Elvis Presley - His Hand in Mine - Parte 3

"Joshua Fit The Battle" foi baseada em um evento narrado no velho testamento quando Josuè (Joshua) derrubou os muros de Jericó durante uma batalha. Essa vitória foi creditada pelos antigos judeus ao seu Deus único. Essa canção tem ótimo ritmo, bem animada, poderia ser considerado até mesmo um bom rockabilly se não fosse sua letra religiosa. Elvis parece bem empolgado com sua vocalização. É uma das faixas que mais aprecio nesse álbum. Pura energia positiva.

Outra que se destaca por seu excelente ritmo, bem pra cima, bem agitada, é a canção "Swing Down, Sweet Chariot". Um fato curioso é que essa faixa seria regravada por Elvis em 1969, para fazer parte da trilha sonora do filme "Lindas Encrencas, as Garotas" (The Trouble With Girls). No filme Elvis representava um personagem que gerenciava um daqueles parques itinerantes que viajavam de cidade em cidade com seu show.

Na época chegou-se a dizer que o enredo do filme era baseado na vida do Coronel Tom Parker antes dele encontrar Elvis, para se tornar seu empresário. De qualquer maneira entre as duas versões prefiro muito mais a desse disco do que a trilha sonora, que embora inferior também era muito boa. E a cena no filme também ficou excelente, com Elvis em seu terno branco e chapéu de cowboy, figurino inclusive que usa em praticamente todas as cenas do filme, que também considero bom, até acima da média do que ele vinha fazendo em Hollywood.

Outra faixa que merece destaque nesse disco "His Hand in Mine" é  "Working On The Building". Tem um excelente arranjo, mais voltado para o acústico. O violão é o grande destaque e muitos dizem que foi tocado pelo próprio Elvis no estúdio. Não seria uma surpresa. Se houve um álbum em que Elvis fez questão de se envolver nesse ano de 1960 foi justamente esse, que inclusive seria o seu último disco do ano a chegar nas lojas. Assim Elvis esperava fechar seu ano de retorno com belas mensagens cristãs. Nesse aspecto ele foi definitivamente bem sucedido em suas pretensões.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - His Hand in Mine - Parte 4

O gospel  "I'm Gonna Walk Dem Golden Stairs" atualmente é bem associada a Elvis Presley, mas esse hino religioso, ou pelo menos seus primórdios, suas primeiras versões, são bem antigas. Segundo algumas pesquisas os pioneiros já cantavam versões rudimentares dessa música religiosa já por volta de 1750. Esse tipo de gospel vai mudando ao sabor dos tempos, afinal é uma música composta e criada para ser cantada em cultos. Conforme mudam as igrejas, novas versões vão surgindo.

"Known Only To Him" é o que os americanos gostam de chamar de spiritual. E o que seria isso? É uma subdivisão da música gospel. Essa denominação de spiritual era usada para canções mais introspectivas, mais centradas em si mesmo, mais reflexivas, algo como se fosse uma oração interior, um diálogo bem pessoal com Deus. Geralmente esse tipo de song era mais lenta, melancólica até. Feita para se ouvir em grandes crises pessoais.

"Mansion Over The Hilltop" apresenta uma melodia bem mais agradável em meu ponto de vista. O arranjo apresenta uma bela combinação entre o violão (que os americanos gostam de chamar de "guitarra acústica") e o piano, aqui dando o tom de todo o gospel, do começo ao fim. Destaque também, como não poderia de ser, ao grupo vocal The Jordanaires. Aqui eles estavam em casa, em seu habitual, pois nasceram como quarteto gospel, desde seu surgimento. Cantar ao lado de Elvis música pop, rock e comercial, havia sido quase um acidente em sua carreira.

Um aspecto que acho interessante em um álbum como esse é que não é segredo para ninguém o desejo que Elvis tinha, desde que era apenas um adolescente, em se tornar membro de um quarteto vocal gospel. E ao longo de sua carreira ele pareceu nunca desistir de um dia realizar esse tipo de sonho. Tanto que sempre foi acompanhado em suas gravações por grupos vocais que tinham surgido dentro do universo gospel americano. Não importava o tipo de música que gravava, sempre havia um grupo vocal desse estilo ao seu lado fazendo os vocais de apoio.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - His Hand in Mine - Parte 5

Elvis gostava muito dos discos de um pastor batista chamado Thomas Mosie Lister. Tinha em sua coleção particular de discos todos os álbuns e singles desse pregador. Tão admirador do gospel de Mosie Lister se tornou que gravou várias versões de músicas dele, muitas delas presentes nesse seu primeiro LP de músicas religiosas, "His Hand in Mine".

Era até engraçado quando Elvis entrava em alguma loja de discos naquela época. Os vendedores pensavam que ele iria comprar discos de rock ou pop, mas Elvis ignorava completamente a seção desses discos. Ele ia direto para a sessão de gospel music. Inclusive passando os olhos sobre a lista de sua discoteca particular vemos que a grande maioria dos discos era de gospel e country, seus dois ritmos musicais preferidos. Quase não havia nada de rock, a não ser alguns discos dos Beatles.

"In My Father's House", que em tradução livre poderia ser traduzido em nossa língua portuguesa como "Na casa de Meu Pai" era mais uma das músicas religiosas preferidas de Elvis. Aqui, como não poderia deixar de ser, se destacava em relevo as vocalizações de seu grupo de apoio, os bons e velhos membros dos Jordanaires, que poucas pessoas sabem hoje em dia, mas que nasceram como quarteto gospel.

E por falar em quartetos gospel, Elvis tinha verdadeira adoração por esse tipo de vocalização. Ele inclusive chegou a declarar em entrevistas que não havia nada no mundo da música mais belo de se ouvir do que quatro vozes masculinas, em perfeita harmonia, cantando gospel music. Isso talvez explique a inclusão da faixa  "If We Never Meet Again" na seleção musical do álbum. Muito embora a versão de Elvis tenha sido adaptada ao seu estilo. Afinal os fãs queriam ouvir Elvis quando comprava um de seus discos oficiais e não um quarteto gospel ao velho estilo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Elvis Presley - GI Blues - Parte 1

A trilha sonora do filme "Saudades de um Pracinha" tem altos e baixos. Na época em que esse álbum foi produzido os produtores procuraram por uma sonoridade que lembrasse as marchas militares. Nem preciso dizer que Elvis odiou essa ideia. Dono de um senso musical único, Elvis achou essa uma péssima premissa, porém acabou no final aceitando, por livre e espontânea pressão de ter assinado um contrato leonino com a Paramount Pictures e a RCA Victor. Nesse tipo de contrato era estipulado que Elvis iria receber o pacote já fechado com as músicas dos filmes. Ele apenas teria que cantar as músicas, sem poder opinar ou recusar gravar qualquer uma delas.

O disco foi sucesso de público e crítica, fazendo com que Elvis resolvesse se calar pelo resto dos anos 60. O álbum com as músicas do filme se tornaram seu título mais vendido em 1960, superando e muito o "Elvis is Back!" que tinha maiores pretensões artísticas. A crítica também gostou. Achou o material criativo, lembrando inclusive de peças da Broadway em Nova Iorque. O disco foi até mesmo indicado ao Grammy, algo que não mais se repetiria em relação às trilhas sonoras de Elvis em Hollywood. Com tão boa receptividade, com tanto lucro, Elvis enfiou definitivamente suas opiniões no saco. Ele não mais reclamaria do material que lhe era enviado para gravar, por mais medíocres que fossem as músicas. Se estava fazendo sucesso, quem seria ele para contrariar?

Uma das curiosidades desse novo lote de músicas que ele teria que gravar é que Elvis teria que fazer uma nova versão de seu próprio clássico 'Blue Suede Shoes" de 1956. Lançada inicialmente em seu primeiro disco na RCA Victor, ele precisou voltar aos microfones para cantar esse novo arranjo, bem mais acústico e menos cru do que a versão original. Eu particularmente gostei da sonoridade dessa nova versão. É bem melhor produzida, não há como negar, embora com menos energia do que a primeira gravação, quando Elvis, aos 21 anos, estava no pique da sua fase roqueira.

E se formos parar para pensar bem foi até bem desnecessária a produção dessa nova versão. Ela é usada numa cena do filme quando um soldado resolve interromper Elvis, que está cantando no palco de um night club. O pracinha liga o jukebox e dele sai justamente a nova "Blue Suede Shoes". Momento ideal para uma briga de Elvis e seu opositor. Praticamente todo filme de Elvis tinha uma cena de briga. Era padrão em seus filmes. Os roteiristas usavam uma determinada fórmula em seus roteiros. O público já chegava no cinema sabendo que haveria uma cena assim.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - GI Blues - Parte 2

"What's She Really Like" foi composta pela dupla Abner Silver e Sid Wayne e gravada no dia 28 de abril de 1960. Considerada uma boa balada do disco, diria até que é uma das melhores faixas da trilha sonora, com uma sonoridade agradável e relaxante aos ouvidos. A letra é interessante, onde um amigo conta ao outro sobre sua nova namorada. Só elogios, dizendo que ela é maravilhosa em todos os sentidos, que tem lábios excitantes! E vem também o orgulho em dizer ao amigo que "ela é minha". Pois é, orgulho de namorado em romance recente.

"Big Boots" foi um caso curioso dessa trilha sonora. Foram gravadas duas versões diferentes da música. A primeira e a principal, que acabou entrando no disco e sendo usada numa cena do filme, veio em ritmo de canção de ninar. Muito terna, muita doçura e fofura. A outra versão que foi arquivada vinha em ritmo de rock, ou melhor dizendo, em ritmo pop aceleradinho. Ficou ótima essa versão B, mas infelizmente os produtores da época acharam que não havia espaço nela no disco oficial. Coloque mais esse na longa lista de erros da RCA Victor.

"Didja' Ever" é uma marcha militar. Sim, uma marcha militar, mas com claro sabor pop music. Nada tão surpreendente assim, uma vez que o personagem de Elvis era um soldado americano na Alemanha, servindo por lá no pós-guerra, sendo um bom patriota e tudo mais. No filme a música ganhou certo destaque. A força aérea dos Estados Unidos até colaborou, cedendo um de seus caças para fazer parte do cenário. Afinal tanto o filme como o disco poderiam ser usados como propaganda para as forças armadas americanas. Algo meio trágico pois em pouco tempo os Estados Unidos iriam se envolver na Guerra do Vietnã e toda aquela tragédia humana e militar que foi aquela intervenção.

Não há como ignora a bela melodia da balada "Doin' the Best I Can". A letra é de resignação e também de decepção. O enamorado personagem canta em primeira pessoa a decepção de se fazer tudo pela amada e não ter reconhecimento nenhum por isso. Ele faz tudo por ela, mas não parece ser suficiente. Uma carta de sonhos não realizados, afinal quando elas agem dessa maneira, uma coisa parece certa, o romance está prestes a desmoronar. Boa faixa, sendo que em minha opinião não foi bem usada no filme, aparecendo muito timidamente.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de abril de 2010

Elvis Presley - GI Blues - Parte 3

O maior sucesso dessa trilha sonora de Elvis foi a canção "Wooden Heart". É a bela música que foi apresentada no filme quando Elvis contracenou com uma marionete, no show para crianças. Cena muito legal do filme. Dois aspectos curiosos rondam essa música. A primeira é que foi a única música gravada por Elvis com palavras da língua alemã, o que era natural acontecer pois a versão aqui que ouvimos é uma adaptação de uma antiga música do folclore da Baviera. Como Elvis havia servido na Alemanha e como o seu personagem também servia na Alemanha na história do filme era impossível ignorar a cultura alemã na seleção musical do disco.  Os produtores do disco então se apressaram em providenciar algo nesse sentido. O resultado ficou muito bom, acima do esperado. E Elvis caprichou em sua performance.

O segundo aspecto digno de nota é que essa foi a única música dessa trilha sonora que Elvis cantou ao vivo, em um palco, durante a década de 1970. Claro que foi apenas uma pequena versão, muito limitada, de poucos minutos, algo que Elvis sempre fazia em se tratando de suas antigas gravações, mas mesmo assim ela foi cantada. Nenhuma outra ganhou esse privilégio. Sucesso na Alemanha e nos demais países ali vizinhos, como Holanda e Suíça, "Wooden Heart", apesar de sua singeleza, segue sendo um dos maiores hits europeus do cantor.

"Pocketful of Rainbows" ganhou uma cena bem romântica entre Elvis e sua parceira Juliet Prowse. É a cena do teleférico. Essa cena foi rodada em estúdio, em Hollywood. As cenas das montanhas que aparecem nas costas do casal é apenas o velho método de black projection (alguns chamam de back projection) onde os atores atuavam na frente de uma grande tela de cinema, com cenas filmadas por uma segunda unidade de direção da Paramount que foi até a Alemanha para gravar as cenas que seriam usadas nos cenários do filme.

Já no estúdio da gravadora RCA Victor Elvis precisou gravar duas versões diferentes da música. A primeira foi utilizada pela RCA na trilha sonora oficial do filme. Apenas Elvis cantando, em solo. A segunda foi gravada alguns dias depois quando a atriz Juliet Prowse apareceu nos estúdios para gravar um dueto ao lado de Elvis. Embora a voz de Prowse fosse bonita sempre preferi a versão que contava apenas com a vocalização de Elvis. Muito mais perfeita do ponto de vista técnico. Outro aspecto digno de nota é que essa canção deu muito trabalho para Elvis, resultando em incríveis 28 takes! Em se tratando de Elvis isso era um verdadeiro absurdo!

Pablo Aluísio.